Pois, a quantidade de mentiras debitadas é de facto preocupante, estando algures entre alguém que está completamente iludido com as capacidades reais dos meios ao dispor da Marinha, e alguém que mente propositadamente para não afectar os seus objectivos políticos.
Tendo em conta essa possibilidade de escalada, até que ponto é que a Marinha neste momento está melhor preparada do que estava, por exemplo, há dois anos?
A Marinha está mais pronta e mais preparada. A preparação tem a ver com o treino, a prontidão e os meios materiais. A Marinha tem cerca de 60% dos seus navios em estado operacional, o que é um valor bastante significativo.
Alguém que explique que mesmo que a Marinha tivesse 100% operacional, continuava a ter 95% dos seus meios sem qualquer valor militar, exceptuando os 2 submarinos. Até as 2 BD são lixo, já que dependem da escolta de navios de outros países, para terem a mínima utilidade em combate.
A Marinha está preparada? Não. Tirando os submarinos, a Marinha não dura 1 semana em conflito, sendo que os submarinos duram mais, porque podem manter-se escondidos, se no início de um ataque já estiverem no mar (se estiver algum em doca seca ou atracado, lá se vai metade da força submarina). Como se apenas 2 submarinos já não fossem poucos, acrescentamos a falta de munições para os ditos. Isto de ter uns 24 torpedos e 8 sub-Harpoon, não dá para muita coisa.
E porque é que o chefe do Estado-Maior da Armada tinha de estar a bordo nesta missão?
Por diversos motivos. Porque era uma missão difícil, muito mais difícil até em termos psicológicos do que em termos de preparação. Porque sou o decano dos submarinos na Marinha Portuguesa, porque fui eu que dei a ordem. Esta ordem, esta missão era uma ideia minha há 14 anos atrás quando fui o comandante da Esquadrilha de Submarinos.
Das duas uma, ou está a mentir aqui também, e a ideia foi da NATO... ou confirma-se que afinal a ideia surgiu do próprio CEMA, tal como é altamente provável que o passeio no Atlântico Sul também tenha sido.
Mas voltando ao que interessa...
O almirante acentua muitas vezes que o grau de sofisticação dos sistemas que são operados na Marinha é muito elevado. A modernização da Marinha de Guerra está a acompanhar as necessidades?
É claro que está a acompanhar. Temos dificuldades em pessoal, como se sabe.
Mais mentiras. Voltamos ao mesmo, achar que um MLU da tanga nas VdG, em cima de um MLU de treta das BD, e a aquisição de 17 navios "semi-civis", representam uma modernização que acompanhe as necessidades de uma Marinha de Guerra, é completamente delusional.
A Marinha até podia não ter dificuldades com pessoal, estar até à pinha de marinheiros, que com os meios que temos hoje e com os que se planeia adquirir, continuava a ser uma Marinha completamente incapaz de fazer face a ameaças militares modernas. Enquanto esta mentalidade, do "só nos falta pessoal, de resto estamos bem", continuar, vai ser impossível qualquer avanço tecnológica na Marinha e nas FA.
A tecnologia IA e maior robotização ajudam a mitigar problemas de falta de pessoal e por aí fora, mas não resolvem a obsolescência dos meios de combate, nem fazem magicamente com que um SeaSparrow seja capaz de abater mísseis balísticos. Também não é com dronezinhos baratos e extremamente limitados, que se arranja um substituto de uma real capacidade "Land Attack", ou ASuW, ou AAW, ou o que seja.
Ele fala numa "Marinha equilibrada", naquela que avança a passos largos para uma das Marinhas mais desequilibradas do mundo, em que a maior parte da frota não possui qualquer capacidade de combate (e a pequena porção que possui, tem uma bastante limitada), e que segundo ele, terá ainda mais navios com pouca ou nenhuma capacidade de combate.