O anterior CEMA nunca disse que os navios combatentes iam acabar o que deu a entender é que o conceito atual de fragatas ia precisar de sofrer fruto do desse novo vetor que são os drones.
O anterior CEMA disse explicitamente que as fragatas como as conhecemos estavam obsoletas, e que no futuro iam ser substituídas por navios tipo PNM militares. Escusado será dizer que não existe um só tipo de fragata, ou um só conceito.
Um colega do CEMA, um Contra-Almirante, disse que o futuro seria substituir fragatas de 1000 milhões, por OPVs de 100 milhões.
Tal como também nunca disse que os drones iam substituir os navios Combatentes (Fragatas, corvetas, submarinos, Crusadores para quem os tem). Os drones são um multiplicado de força mas precisam de algo para multiplicar (0 * 100 = 0)
Não disse, mas deixou subentendido várias vezes que os drones iam substituir mísseis e outro armamento convencional. E disse que ia ser tudo substituído por porta-drones (mesmo que isso afecte o design, comportamento e missões do navio). Não podemos esquecer que ele quando viu o PNM, mencionou que a Marinha ia ter navios daqueles para substituir fragatas, e que iam ser muito mais baratos que elas.
Neste momento ninguém sabe qual será a melhor solução (contra vetor) para a nova realidade que apareceu com a vinda dos drones baratos, nem qual as doutrinas na forma de utilizar os drones em diferentes ambientes.
Com o tempo têm surgido mais e mais formas de combater os drones. A lista de "contramedidas" tem aumentado de mês para mês. A questão agora passa por perceber que sistemas são eficazes e adequados para instalar em navios (no caso da Marinha), para enfrentar a ameaça. E isto não implica substituir fragatas por navios logísticos glorificados, mas sim equipar os navios combatentes com os meios adequados à ameaça.
O anterior CEMA nunca falou em capacidade C-UAS, centrou-se sim na utilização de drones por parte da Marinha. São duas coisas completamente diferentes.
Quem acha que o conceito tradicional (Pós guerra fria) de fragatas não vai sofrer alterações ainda não entendeu o potencial dos drones, continuo a dizer as fragatas e os cruzadores actuais (em especial estes últimos) passam pelo mo mesmo desafio que a batleships passaram na 2ª Grande Guerra, desafios esses que só vão tender a piorar no futuro com o avançar da tecnologia de IA.
Qual é o conceito tradicional de fragata? Um navio, com um casco, com dimensões entre X e Y, e com armamento em cima? O que vai mudar no conceito de fragata? Receber armamento e sensores mais modernos e que contemplem a ameaça, não é uma mudança de conceito. Aumentar ou reduzir o tamanho não é uma mudança de conceito, é transitar para contra-torpedeiro ou corveta respectivamente. Tudo o resto serão adaptações tecnológicas, como acontece em todas as gerações de meios militares.
O que poderá/deverá acontecer, é a crescente necessidade das marinhas terem mais navios combatentes, para contrariar o maior número de ameaças. Isto poderá passar pela utilização mais militar de OPVs e outras embarcações mais pequenas e baratas, que se centrem na protecção dos navios maiores contra drones. O que deverá também acontecer, é um maior ênfase nos meios aéreos embarcados, que não terão apenas funções de transporte/ASW (caso português), e passarão a ter que combater ameaças de drones aéreos e navais.
Isto, no caso português, implica que a Marinha tenha fragatas modernas, complementadas por NPOs/USVs adequadamente equipados com sistemas C-UAS, como por exemplo RWS, mísseis leves (LMM), módulos contentorizados com com foguetes (Vampire), etc, e que os Lynx sejam substituídos por um helicóptero mais bem armado, com a integração dos mísseis LMM, e/ou Hellfire + APKWS II.
O CEMA nunca mencionou nada disto, na protecção da força contra a ameaça, nem em soluções nenhumas.
Para exercermos alguma coisa remotamente parecido com domínio naval nas nossas águas com 5 fragatas precisamos de MUITOS drones e navios que os transportem e controlem.
Domínio naval, com os drones do CEMA? Não pescas nada disto.
Não vais dominar absolutamente nada com drones low-cost civis. Muito menos face a uma frota adversária minimamente composta.
1 único submarino adversário, afunda-te o PNM que estivesse no local, antes sequer da Marinha saber que o submarino lá estava.
Queres "dominar" a nossa parte do Atlântico? Então prepara-te para comprar:
-fragatas modernas e quiçá Crossovers de combate
-2 SSK a sério, ao invés dos submarinos litorais do CEMA, totalizando 4 submarinos
-mais armamento e melhores sensores nos NPOs
-drones embarcados realmente capazes, não drones civis desarmados
-reforçar o armamento dos F-16, incluindo mísseis anti-navio
-reforçar o armamento dos P-3
-adquirir UCAVs, tipo SkyGuardian
-adquirir 2 MRTT, para aumentar o alcance dos F-16
-e a isto tudo, tens que juntar capacidade AA em terra, para defender minimamente as bases de operação destes meios.
Em alternativa, podes fantasiar com o brinquedo do CEMA, que como todos sabemos, terá alguma capacidade para vigiar uma área específica dos cabos submarinos, mas a Marinha continuará a não ter qualquer capacidade de responder a quem tente realizar uma sabotagem, ou qualquer outro ataque.
Ter "muitos drones" não adianta de muito se estes só servirem de CCTV e mais nada.