Tens toda a razão, mas também temos de entender que num país onde faltam os médicos, os enfermeiros, os professores, os polícias... que dizer da parte militar. Só nas ditaduras é ao contrário.
Portugal anda a brincar ao sabor de politiquices e corrupção há 50 anos com a anuência de um povo amorfo.
Nós habituámo-nos tanto à propaganda de jornalistas incompetentes e de politicos desonestos que não queremos saber dos números:
https://worldpopulationreview.com/country-rankings/doctors-per-capita-by-countryNão contando com os micro-estados, nós estamos em quarto lugar no que respeita ao número de médicos por 10.000 habitantes.
É engraçado estabelecer a meta dos cinquenta anos, dando a impressão de que antes do 25 de Abril este país era um mar de rosas.
A expressão ZERO NAVAL não é de agora e não tem nada a ver com o atual estado de coisas.
Foi uma expressão utilizada no final do século XIX e inicio do século XX para designar a total decadência da marinha.
Aquando do ultimatum britânico, o país teve que fazer uma subscrição pública para comprar dois navios de guerra...
As pessoas não olham para a realidade da história e depois fazem afirmações deste tipo.
Na década de 1930, tentou-se reorganizar o exército e concluiu-se que o exército não era um gigante de pés de barro...
Primeiro não era gigante, e depois era todo ele feito de barro...
Isto são palavras da altura... não são de agora.
O país, quando o governo do Estado Novo (primeiro com a ditadura militar e depois com o Salazar) tenta reorganizar a marinha, tinha como navios de guerra mais poderosos uns contra-torpedeiros que deslocavam pouco mais de 700 toneladas. Foram substituidos por sete navios mais modernos na década de 1930, dois dos quais foram vendidos à Colombia, tendo portanto Portugal ficado com cinco navios do tipo.
E até ao final da guerra estavam obsoletos, porque não tinham capacidade para detetar submarinos (não tinham ASDIC nem tal sistema foi instalado até que a guerra terminou).
Os portugueses não são amorfos, são como todos os outros povos... E acima de tudo são cautelosos. Essa cautela, garantiu que o país ainda cá anda, quase novecentos anos depois de pela primeira vez um lider ter dito que se calhar era ele que mandava.
O D. Afonso Henriques era tão amorfo, que nunca se declarou Rei, foi indo com o fluir das coisas. Umas vezes era senhor, outras era conde que cunhava moeda, outras era principe...
O país é assim desde o inicio, e a verdade é que se durou tanto tempo, e ainda continua por aqui, alguma coisa estamos a fazer bem feito.
Quando se desenterra o passado, na maior parte dos casos encontramos pessoas levadas pelo desespero a fazer grandes coisas. Quando há outros caminhos, normalmente seguimos o caminho mais facil...
Pergunte aos que abriram as portas de Lisboa ao exército do Duque de Alba em 1580.
Não nos apressemos a falar mal de nós hoje, sem primeiro ver como realmente fomos ontem e antes de ontem...
Os portugueses de hoje, vivem inimaginavelmente melhor que os portugueses de há 50 anos e os de há 50 anos viviam seguramente muito melhor que os do inicio do século XX.