Revolta no Mundo Árabe

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Lusitano89

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #300 em: Junho 26, 2012, 05:23:34 pm »
NATO considera «inaceitável» ataque da Síria a avião turco


A NATO considerou hoje «inaceitável» a destruição de um avião de combate turco pela Síria na sexta-feira e manifestou apoio e solidariedade a Ancara, afirmou o secretário-geral da Aliança, Anders Fogh Rasmussen.  «Consideramos este ato inaceitável e condenamo-lo nos termos mais enérgicos. Os Aliados expressaram o seu forte apoio e solidariedade à Turquia», declarou Rasmussen, sublinhando que a NATO continua envolvida na questão.

Rasmussen assegurou que na reunião dos embaixadores, solicitada pela Turquia no fim de semana, «não se discutiu» o artigo 5º do Tratado da Aliança Atlântica, que estabelece que os aliados podem recorrer ao uso da força caso um dos seus Estados-membros seja atacado.

Segundo fontes da Aliança, no encontro de hoje as autoridades da Turquia especificaram que não têm intenção, pelo menos no momento, de invocar o artigo 5º, e fizeram questão de esclarecer que as mensagens nesse sentido não passaram de especulações.

O secretário-geral da NATO salientou que a «segurança da Aliança é indivisível» e sublinhou que todos os países-membros estão «com a Turquia num espírito de clara solidariedade».

Segundo Rasmussen, a NATO acompanhará «de perto e com grande atenção» tudo o que está a acontecer na Turquia, principalmente, na sua fronteira sudeste.

Questionado sobre que medidas poderiam ser tomadas em caso de um novo incidente deste género, Rasmussen respondeu que espera que algo assim «não volte a repetir-se», salientando que a situação não deve agravar-se neste sentido.

«Se algo ocorresse, os aliados estariam ao corrente dos eventos, seguindo de perto e, se necessário, consultando e discutindo o que mais poderia ser feito», explicou.

Rasmussen insistiu que o ocorrido é «completamente inaceitável» e disse esperar «que a Síria tome todas as medidas necessárias para evitar novos incidentes deste género no futuro».

O jato F-4 Phantom turco foi derrubado pela Síria na sexta-feira, e enquanto Damasco alega que o aparelho tinha invadido o respectivo espaço aéreo, a Turquia diz que o avião estava em espaço aéreo internacional.

O governo turco descreveu o acto como «uma séria ameaça» à paz regional, que ocorre enquanto se agravam as tensões relacionadas com o conflito sírio e se especula sobre uma intervenção internacional no país árabe.

Numa carta ao Conselho de Segurança da ONU, a Turquia descreveu o incidente como «um ato hostil das autoridades sírias contra a segurança nacional turca».

O governo turco disse que o incidente «não ficará sem punição», mas salientou que Ancara não visa adoptar qualquer ação militar contra a Síria.

No âmbito da NATO, a Turquia - que é membro da aliança militar - pediu uma reunião dos embaixadores em Bruxelas, invocando o artigo 4º do organismo, que permite que qualquer país-membro faça consultas caso acredite que a sua segurança esteja ameaçada.

É a segunda vez que aquele artigo é invocado na história da NATO, tendo a primeira vez sido também pela Turquia, em 2003, quando Ancara pediu assistência para garantir a respetiva segurança face à iminente guerra do Iraque.

Qualquer medida da NATO dependeria da aprovação dos seus 28 países-membros.

O secretário-geral da NATO disse diversas vezes que a aliança precisaria de um mandado internacional - além de apoio regional - para iniciar qualquer ofensiva internacional na Síria.

No ano passado, a aliança comandou ataques aéreos contra alvos líbios após receber um mandato do Conselho de Segurança da ONU, com apoio da Liga Árabe.

No caso da Síria, porém, a Liga Árabe não concordou com uma intervenção militar, temendo que o conflito sírio pudesse ter efeitos profundos no Médio Oriente. Além disso, a Rússia e a China - membros com poder de veto no Conselho de Segurança da ONU - têm constantemente protegido a Síria de sanções internacionais.

O governo turco tem sido um dos mais fortes críticos à repressão síria às manifestações contra o regime do país árabe.

Lusa
 

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Luso

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #301 em: Junho 27, 2012, 07:03:04 pm »
A este último do Lusitano, respondo com este:

http://www.guardian.co.uk/politics/2009 ... blair-bush




Confidential memo reveals US plan to provoke an invasion of Iraq

Jamie Doward, Gaby Hinsliff and Mark Townsend
The Observer, Sunday 21 June 2009

A confidential record of a meeting between President Bush and Tony Blair before the invasion of Iraq, outlining their intention to go to war without a second United Nations resolution, will be an explosive issue for the official inquiry into the UK's role in toppling Saddam Hussein.

The memo, written on 31 January 2003, almost two months before the invasion and seen by the Observer, confirms that as the two men became increasingly aware UN inspectors would fail to find weapons of mass destruction (WMD) they had to contemplate alternative scenarios that might trigger a second resolution legitimising military action.

Bush told Blair the US had drawn up a provocative plan "to fly U2 reconnaissance aircraft painted in UN colours over Iraq with fighter cover". Bush said that if Saddam fired at the planes this would put the Iraqi leader in breach of UN resolutions.

The president expressed hopes that an Iraqi defector would be "brought out" to give a public presentation on Saddam's WMD or that someone might assassinate the Iraqi leader. However, Bush confirmed even without a second resolution, the US was prepared for military action. The memo said Blair told Bush he was "solidly with the president".

The five-page document, written by Blair's foreign policy adviser, Sir David Manning, and copied to Sir Jeremy Greenstock, the UK ambassador to the UN, Jonathan Powell, Blair's chief of staff, the chief of the defence staff, Admiral Lord Boyce, and the UK's ambassador to Washington, Sir Christopher Meyer, outlines how Bush told Blair he had decided on a start date for the war.

Paraphrasing Bush's comments at the meeting, Manning, noted: "The start date for the military campaign was now pencilled in for 10 March. This was when the bombing would begin."

Last night an expert on international law who is familar with the memo's contents said it provided vital evidence into the two men's frames of mind as they considered the invasion and its aftermath and must be presented to the Chilcott inquiry established by Gordon Brown to examine the causes, conduct and consequences of the Iraq war.

Philippe Sands, QC, a professor of law at University College London who is expected to give evidence to the inquiry, said confidential material such as the memo was of national importance, making it vital that the inquiry is not held in private, as Brown originally envisioned.

In today's Observer, Sands writes: "Documents like this raise issues of national embarrassment, not national security. The restoration of public confidence requires this new inquiry to be transparent. Contentious matters should not be kept out of the public domain, even in the run-up to an election."

The memo notes there had been a shift in the two men's thinking on Iraq by late January 2003 and that preparing for war was now their priority. "Our diplomatic strategy had to be arranged around the military planning," Manning writes. This was despite the fact Blair that had yet to receive advice on the legality of the war from the Attorney General, Lord Goldsmith, which did not arrive until 7 March 2003 - 13 days before the bombing campaign started.

In his article today, Sands says the memo raises questions about the selection of the chair of the inquiry. Sir John Chilcott sat on the 2004 Butler inquiry, which examined the reliability of intelligence in the run-up to the Iraq war, and would have been privy to the document's contents - and the doubts about WMD running to the highest levels of the US and UK governments.

Many senior legal experts have expressed dismay that Chilcott has been selected to chair the inquiry as he is considered to be close to the security services after his time spent as a civil servant in Northern Ireland.

Brown had believed that allowing the Chilcott inquiry to hold private hearings would allow witnesses to be candid. But after bereaved families and antiwar campaigners expressed outrage, the prime minister wrote to Chilcott to say that if the panel can show witnesses and national security issues will not be compromised by public hearings, he will change his stance.

Lord Guthrie, a former chief of the defence staff under Blair, described the memo as "quite shocking". He said that it underscored why the Chilcott inquiry must be seen to be a robust investigation: "It's important that the inquiry is not a whitewash as these inquiries often are."

This year, the Dutch government launched its own inquiry into its support for the war. Significantly, the inquiry will see all the intelligence shared with the Dutch intelligence services by MI5 and MI6. The inquiry intends to publish its report in November - suggesting that confidential information about the role played by the UK and the US could become public before Chilcott's inquiry reports next year.



A coisa na Síria tresanda, fede a subversão Anglo-americana.
É uma zona engraçada. Meggido é ali ao ladeco.
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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PereiraMarques

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #302 em: Junho 28, 2012, 12:16:00 am »
Citação de: "Luso"

fly U2 reconnaissance aircraft painted in UN colours

LOL?
 

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Lusitano89

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #303 em: Junho 28, 2012, 01:10:31 am »
Erdogan diz que Turquia não tem intenção de atacar a Síria


O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, assegurou hoje que a Turquia não tem a intenção de atacar a Síria, depois de um caça turco ter sido derrubado na sexta-feira pelo país vizinho.  «A Turquia, o povo turco, não tem intenção de atacar» a Síria, disse o primeiro-ministro, citado pela agência de notícias Anatolia, no lançamento do primeiro avião militar de fabrico turco, designado por Hurkus.

Na véspera, num discurso perante os deputados do seu partido Justiça e Desenvolvimento (AKP, islamita), o primeiro-ministro disse que a Turquia responderá «com determinação» a qualquer violação da sua fronteira e classificou como «ditador sanguinário» o presidente sírio Bashar al-Assad.

«Qualquer elemento militar procedente da Síria que represente um risco e um perigo de segurança para a fronteira turca será considerado um alvo» militar, afirmou.

«Este último acontecimento mostra que o regime de Assad se converteu numa ameaça aberta e próxima tanto para a segurança da Turquia como para o seu próprio povo», disse Erdogan referindo-se à queda do avião.

Lusa
 

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Lusitano89

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #304 em: Junho 28, 2012, 06:47:09 pm »
Rússia entrega três helicópteros de guerra à Síria


«A Síria é nossa amiga e cumprimos as nossas obrigações para com os nossos amigos», foi assim que a Rússia justificou a entrega de três helicópteros de ataque ao regime de Bashar al-Assad. Quem o disse foi Alexander Fomin, chefe do serviço de operações técnico-militares russo, que explicou à RIA, agência noticiosa da Rússia, que a entrega das armas de guerra se refere a um «contrato de 2008, que estipulava a reparação de três helicópteros Mi-25». Ora, Fomin, explica que os mesmos estão, agora, «prontos para serem entregues».

De acordo com o The Guardian, já no mês passado a Rússia tinha procurado fazer chegar, por mar, à Síria não só três helicópteros, como também sistemas de defesa aérea. O navio que transportava o material bélico, e que navegava com uma bandeira das ilhas Curaçao, ter sido interceptado e exposto pela marinha britânica junto da costa da Escócia.

O navio regressou à Rússia e foi 'reequipado' com uma bandeira russa. Ainda assim, a Rússia pode optar por entregar o material de guerra não só por mar, mas também pelo ar, terá avançado uma fonte diplomática e militar não identificada à Interfax.

Apesar de isolada na cena internacional, a Rússia recusa retirar o seu apoio ao regime de Assad, um dos seus últimos aliados no Médio Oriente.

SOL
 

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FoxTroop

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #305 em: Junho 28, 2012, 10:07:23 pm »
Citação de: "Lusitano89"
O navio que transportava o material bélico, e que navegava com uma bandeira das ilhas Curaçao, ter sido interceptado e exposto pela marinha britânica junto da costa da Escócia.

O navio não foi interceptado por ninguém. O seu seguro foi cancelado por pressão do governo britânico o que obriga o navio a regressar ao porto de origem pois fica impedidio de entrar em qualquer outro porto podendo ser apresado.


Citação de: "Lusitano89"
O navio regressou à Rússia e foi 'reequipado' com uma bandeira russa.

A mensagem que os russos estão a dar é por demais clara. Ao hastear o pavilhão russo o navio passa a ser território russo. Ao embarcar como capitão um oficial da Armada Russa e uma força de protecção armada deixa claro o que significará qualquer tentativa de bloqueio ou abordagem ao navio por parte de outra nação.

A Síria é vital para a Rússia e creio que uma "linha vermelha" está a ser pisada muito para além do aconselhado.
 

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Luso

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #306 em: Junho 28, 2012, 11:55:12 pm »
Citar
A Síria é vital para a Rússia e creio que uma "linha vermelha" está a ser pisada muito para além do aconselhado.

Nem mais.
Andam a por tudo a jeito para uma guerra a sério. Para certos moços é uma situação "win-win".
Vamos estar também atentos ao Vaticano, que pelos vistos está mesmo interessado em controlar Jerusalém. Há muita coisa a convergir para aquela zona.
Ai de ti Lusitânia, que dominarás em todas as nações...
 

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Lusitano89

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #307 em: Julho 02, 2012, 07:55:07 pm »
Um Governo de Transição para a Síria?
Alexandre Reis Rodrigues


Kofi Annan conseguiu que o “Action Group on Syria” aprovasse um novo plano para tentar trazer a paz e estabilidade à Síria, procurando combinar o plano original com novas medidas, incluindo a criação de um governo de transição, englobando representantes do actual regime e da oposição. Poderá este passo significar que o fim da crise está agora mais próximo?

No entanto, continua a haver muitas “nuvens” no horizonte. A Rússia bloqueou qualquer menção a exigências de saída de al Assad e a China esclareceu que não aceitaria soluções impostas. A oposição não quer ouvir falar em acordo que admita a permanência de al Assad no poder. Não é conhecida qualquer reacção da Síria. Ao certo só se sabe que, no conjunto, as razões de pessimismo levam vantagem quase total sobre as de optimismo. Basta ver o que aconteceu ao anterior plano de seis pontos de Annan, também recebido de braços abertos por todos mas que cedo se revelou um fracasso. Teve, porém, uma vantagem importante, como, certamente, terá também este. Uniu a comunidade internacional num esforço diplomático para levar al Assad a dar o devido espaço à oposição e pôr fim à forma brutal como lida com a insurreição.
 
De resto, o que se alterou, desde a primeira iniciativa de Annan, foi apenas para pior. O número de vítimas e de refugiados continuou a aumentar de semana para semana, com notícias de cada vez mais violência. Nem sequer foram garantidas condições de segurança mínimas para permitir a actuação dos observadores que a ONU tinha no terreno, tendo a missão acabado por ser suspensa. Al Assad não se mostrou sensível a pressões diplomáticas, nem disposto a honrar compromissos.
 
É difícil imaginar porque poderá reagir de forma diferente, desta vez. O que, normalmente, dita mudanças de postura neste tipo de situações é uma nova avaliação da relação de forças. Como veremos seguidamente, não é evidente que a situação tenha evoluído ao ponto de levar al Assad a concluir que chegou a altura de fazer compromissos. Acresce que tendo as partes chegado a um ponto em que o confronto se tornou uma questão de sobrevivência, o primeiro a ceder correrá grande risco.

A minoria, alauita e os seus apoiantes druzos, cristãos e os homens de negócios que vivem à sombra do regime, sabe que a partir do momento que perder o controlo da situação será dizimada ou terá que abandonar o país. A oposição está sob o risco de ver a história a repetir-se com algo semelhante ao que fez, em 1982, o então presidente Hafez al Assad, pai do actual presidente: uma repressão brutal que fez mais de vinte mil vítimas.

Assad sabe que a possibilidade de o regime ter que se confrontar com uma intervenção externa é algo remoto. Porque hão-de os EUA intervir agora, se não o fizeram em 1982? Nada se conjuga em favor dessa eventualidade. Intervenções humanitárias passaram a ser uma opção pouco provável depois da aprovação da nova estratégia de segurança americana que orienta o foco da atenção americana para a Ásia. Em ano de eleições, o Presidente Obama não vai envolver-se numa “aventura” que possa fazer perigar a sua recandidatura. Rússia e a China opõem-se frontalmente a essa eventualidade.

Não obstante o inconformismo que a França e o Reino Unido têm mostrado para com a situação, com insistentes recomendações à necessidade de intervir, não se espera qualquer acção unilateral dos europeus, quer por motivos políticos, quer por razões essencialmente militares. As condições no terreno são quase o oposto das da Líbia: território cerca de dez vezes mais pequeno, população três vezes maior e concentrada sobretudo em duas grandes cidades, fáceis de controlar pelo regime: Damasco e Aleppo. Ou seja, risco muito elevado de uma campanha aérea provocar danos colaterais, e falta de espaço onde a oposição se possa organizar com segurança.
 
As condições militares, propriamente ditas também diferem muito das encontradas na Líbia; em grande parte, graças ao reequipamento que tem sido assegurado pela Rússia, nas áreas da defesa anti-aérea (mísseis “Pantsyr S1” e “Bunk M2”), anti-navio (míssil de cruzeiro “Yakhont”) e aviação (aviões de combate “Yak-130” e helicópteros “MI 25”). Moscovo, defendendo-se das críticas, tem argumentado que se trata de meios exclusivamente destinados auto-defesa o que, na generalidade, é verdade mas os helicópteros podem ter um papel no combate às forças da oposição.
 
O sistema sírio de defesa aérea é, no mínimo, um sistema capaz. O abate de um “Phantom” (F-4) turco no passado dia 22 junho, embora por si só não chegue para avaliar a eficácia das defesas é, em qualquer caso, um sinal de credibilidade e uma indicação de que o regime tem as suas forças em alerta permanente. Tratou-se de uma situação de onde a Síria saiu com uma imagem militar reforçada. Tudo isto combinado torna improvável uma intervenção externa.
 
Como evoluirá a situação no futuro próximo depende do grau de coesão que al Assad conseguir manter, quer nas Forças Armadas, quer nas elites do País, que, regra geral, o apoiam. Estas últimas não quererão, sobretudo, arriscar uma mudança para o desconhecido mas regularão a sua postura em função da situação; segundo o Jerusalem Post de 22 de Junho, algumas estarão preparadas para “desertar” se a situação se complicar. O que será decisivo, neste sector, é a forma como decorrerá a aplicação de sanções económicas e financeiras, que, como é habitual, com as habituais conivências externas, não têm resultado tão eficazmente quanto seria desejável.

No que respeita às Forças Armadas, no essencial a integridade tem sido mantida, não obstante algumas deserções recentes. Houve duas mais significativas: um coronel piloto-aviador que desertou para a Jordânia no seu avião e um general que procurou refúgio na Turquia. Globalmente, terão havido mais algumas centenas, talvez milhares, de desertores, mas a níveis de responsabilidade que não são decisivos para alterar o desfecho da situação. No entanto, não existe informação credível sobre este assunto. A oposição tende a empolar os números; o regime a desvalorizá-los. Em qualquer caso, tudo o que é essencial está nas mãos da etnia alauita ou sob a sua dependência; por exemplo, os pilotos de aviões de caça são maioritariamente sunitas mas as equipas de apoio em terra são aluitas; oficiais generais que não são alauitas (caso do que desertou) não detêm cargos operacionais relevantes. Os pilotos dos helicópteros, que podem ser decisivos para deter a insurreição, são todos alauitas!

É verdade que o “Exército Livre da Síria” tem conseguido ultimamente causar alguns reveses ao regime, graças a melhor organização e maior disponibilidade de meios, mas não parece que isso possa chegar para uma mudança radical na postura de al Assad. Vai ser necessário continuar a ajudar a oposição, mas esse é precisamente um dos desafios sobre o qual os principais intervenientes ainda não têm um entendimento comum. A Turquia pretende favorecer a facção da Irmandade Muçulmana; a Arábia Saudita confia mais nos salafitas que tem estado a infiltrar e quer a Irmandade sob estreito controlo; os EUA preocupam-se com o aproveitamento da situação pela al Qaeda, tendo reservas sobre a posição saudita. Enquanto esta situação se mantiver, Assad beneficiará de um espaço de manobra que não deveria ter.

Jornal Defesa
 

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Lusitano89

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #308 em: Julho 03, 2012, 12:35:32 pm »
Centros de tortura multiplicam-se na Síria

 :arrow: http://www.hrw.org/interactive-map-syri ... re-centers

Antigos reclusos e dissidentes do regime sírio de Bashar al-Assad falaram e deixaram o pior cenário a descoberto: as prisões arbitrárias, os desaparecimentos forçados, os locais, as agências responsáveis e os métodos utilizados nas sessões de tortura que se multiplicaram por mais de 27 centros criados para esse efeito durante os últimos 16 meses de conflito. O cenário foi denunciado pela Human Rights Watch, que se baseou em 200 entrevistas conduzidas desde o deflagrar da revolução anti-regime em Março de 2011.

Reunidos os testemunhos e cruzadas as informações, a organização dos Direitos Humanos redigiu um relatório multimédia intitulado 'Arquipélago de Tortura', onde inclui mapas com a localização dos centros de tortura, vídeos divulgados por antigos detidos e esboços das técnicas utilizadas nas sessões.

«Publicando a sua localização, identificando os responsáveis e descrevendo os seus métodos, estamos a deixá-los sob observação para que não escapem a responder por estes crimes horríveis», afirmou Ole Solvang, investigador no Observatório dos Direitos Humanos.

Divulgado esta terça-feira, o relatório de 81 páginas desenha padrões sistemáticos de maus-tratos - já classificados como crimes contra a humanidade - que apontam claramente para uma política de tortura levada a cabo pelas forças de segurança do governo sírio.

Os principais pólos de tortura reúnem-se ao longo de toda a região ocidental do país, destacando-se cidades como a capital Damasco e alguns dos principais redutos rebeldes que mais têm sido afectados ao longo do conflito. São eles Aleppo, Idib, Homs, Daraa e Latakia.

Entre os métodos descritos pelas testemunhas incluem-se espancamentos prolongados, muitas vezes com objectos como cabos e cassetetes, uso de electricidade, queimaduras com ácido, agressões sexuais e extracção de unhas.

Apesar de a maior parte das vítimas entrevistadas se tratar de homens entre os 18 e os 35 anos de idade, também se incluem mulheres, crianças e idosos.

SOL
 

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #309 em: Julho 04, 2012, 02:30:16 pm »
Autoridades turcas localizaram corpos de pilotos de caça abatido pela Síria


Os corpos dos dois pilotos do caça F-4 da Força Aérea turca abatido a 22 de Junho pelas forças sírias sobre o Mediterrâneo foram localizados, anunciaram esta quarta-feira as autoridades turcas.As operações de busca decorriam desde o dia do incidente, que gerou uma forte tensão entre Ancara e Damasco.

Esta semana foi enviado para a área de buscas um navio especializado, que irá permitir a recolha dos destroços do aparelho, que se encontram a cerca de mil metros de profundidade.

Lusa
 

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #310 em: Julho 06, 2012, 03:15:25 pm »
General sírio desertou e segue para Paris, confirma MNE francês


O ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Laurent Fabius, confirmou hoje que um general sírio que era bastante próximo do ditador Bashar al Assad desertou e está a caminho de Paris.
 
«Posso confirmar que ele desertou e está a caminho de França», disse Fabius durante um encontro dos Amigos da Síria, que reuniu líderes mundiais e rebeldes sírios em Paris.
 
O general Manaf Tlas - comandante da Guarda Republicana Síria e que estudou no colégio militar com Assad - voou para a Turquia esta semana. Trata-se do oficial de maior prestígio a desertar do exército desde o início da crise.
 
Tlass foi afastado das suas funções há mais de um ano por ser considerado «pouco fiável».
 
O oficial, filho do general Mustafah Tlass, ex-ministro da Defesa e amigo de Hafez al-Assad, pai do atual chefe de Estado, integrou a classe privilegiada do regime.
 
Natural de Rastan, na província de Homs (centro), hoje nas mãos dos rebeldes, este sunita de 40 anos foi amigo de infância de Bashar al-Assad.
 
Tlass tentou coordenar missões de conciliação entre o poder e os rebeldes em Rastan e em Deraa (sul), mas não teve sucesso. Há meses abandonou o uniforme e estava em Damasco, onde deixou crescer o cabelo e a barba.
 
Outra fonte na capital síria afirmou que a ruptura do general com o regime aconteceu após um ataque em março contra Baba Amr, um bairro de Homs controlado pelos rebeldes. Ele recusou-se a liderar a unidade que recebeu a missão de reconquistar o setor e Bashar al-Assad tê-lo-á afastado do cargo.
 
De acordo com amigos do general, toda a família de Tlass está no estrangeiro, incluindo o seu irmão Firas, um empresário que mora no Dubai.

Lusa
 

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Lightning

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #311 em: Julho 11, 2012, 11:50:38 pm »
Citar
Navios de guerra russos dirigem-se para porto sírio de Tartus

Lusa 10 Jul, 2012, 17:21 / atualizado em 10 Jul, 2012, 17:21

Um grupo de navios de guerra russos, com destaque para o Admiral Tchabanenko, um vaso de luta antissubmarina, deixou hoje Severomorsk, no noroeste da Rússia, rumo ao porto sírio de Tartus, a única base naval russa no Mediterrâneo.

Segundo a agência Interfax, citando uma fonte político-diplomática, o grupo é também composto por três navios de transporte de fuzileiros navais.

Dois outros navios, entre os quais o Iaroslav Mudri, vaso patrulha da Frota do Báltico, irão juntar-se a esse grupo.

"Está programado que esse grupo naval entrará no porto sírio de Tartus, onde se encontram instalações para a manutenção de navios de guerra", precisa a fonte, sublinhando que esta operação "não está ligada ao agravamento da situação na Síria".

"No porto de Tartus, os navios irão reabastecer combustíveis, água e víveres", sublinhou a fonte político-diplomática.
 

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #312 em: Julho 12, 2012, 07:45:53 pm »
Embaixador sírio em Bagdad deserta e convoca exército à «revolução»


O embaixador da Síria no Iraque, Nauaf Fares, pediu ao exército sírio que se «una imediatamente às fileiras da revolução», em comunicado difundido pela estação de televisão Al-Jazeera após a «deserção» do diplomata.«Declaro a minha deserção como representante da República Árabe Síria no Iraque e a minha saída do partido Baas» (no poder), diz o diplomata num vídeo divulgado pela Al-Jazeera no Qatar.

«Peço a todas as pessoas dignas e livres da Síria, especialmente aos militares, que se unam de imediato às fileiras da revolução», afirma o embaixador - que não revela o seu paradeiro - acrescentando: «voltem os canhões contra os criminosos deste regime que mata o seu povo».

«Todos os jovens da Síria devem unir-se imediatamente à revolução para afastar o pesadelo e este bando que tem semeado a corrupção e a destruição do Estado e da sociedade na Síria por mais de 40 anos», incitou.

Fares pede ainda aos militantes do Baas que desertem porque o regime transformou o partido «num instrumento de repressão do povo e às suas aspirações de liberdade e dignidade».

Lusa
 

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #313 em: Julho 19, 2012, 11:30:42 pm »
Portugal recusa argumento do veto russo e chinês na ONU


Portugal rejeitou hoje no Conselho de Segurança o principal argumento da Rússia e da China no veto à resolução dos países ocidentais sobre a Síria, e previu «consequências graves» da inacção do organismo.

Apresentado pelo Reino Unido, e subscrito por Portugal, Alemanha e Estados Unidos, o projecto de resolução teve hoje votos favoráveis de 11 membros do Conselho de Segurança, as abstenções de África do Sul e Paquistão e o voto contra da Rússia e da China, que defenderam que a ameaça de sanções abria caminho a uma intervenção militar no país.

Para o embaixador de Portugal junto da ONU, Moraes Cabral, o texto «excluía claramente qualquer possibilidade de intervenção militar».

«Ao contrário do que alguns argumentaram, a imposição de sanções na eventualidade de incumprimento continuado não seria automática, requereria outra resolução do Conselho de Segurança», adiantou o diplomata.

O principal objectivo, afirmou, era dar mais força ao Plano Annan, prevendo consequências para o seu incumprimento, por forma a «assegurar o fim da violência imediato e promover um ambiente no terreno sem o qual a reconfigurada UNSMIS não poderá levar a cabo tarefa mandatada».

O projecto renovava o mandato da missão de observadores da ONU para a Síria (UNSMIS) por 45 dias e ameaçava aplicar sanções, caso o governo sírio não deixe de usar armas pesadas e não retire dos centros populacionais no prazo de dez dias.

A intervenção do diplomata português foi mais moderada que a de outros pares ocidentais, sobretudo da embaixadora norte-americana.

Susan Rice considerou o veto duplo «ainda mais perigoso e deplorável» do que os anteriores, em Outubro de 2011 e Fevereiro deste ano.

Perante o assunto mais importante na agenda, o Conselho de Segurança «falhou totalmente» e teve «outro dia negro», adiantou Rice, prometendo «intensificar o trabalho» fora do órgão da ONU para «pressionar o regime de Bashar al-Assad e prestar ajuda aos carenciados».

Mark Lyall Grant, embaixador britânico na ONU, defendeu que as preocupações russas e chinesas em relação a uma intervenção militar eram irracionais e o veto significa «mais sangue derramado e uma descida para a guerra civil».

Para o embaixador francês, Gerard Araud, o veto foi mais uma manobra «para ganhar tempo para o regime esmagar a oposição», e Peter Wittig, embaixador da Alemanha, afirmou que a resolução era uma «hipótese realista, talvez a última, de quebrar o ciclo vicioso de violência» na Síria.

Após a votação, o embaixador português sublinhou que a violência tem tendência a agravar-se e que as forças armadas sírias continuam a usar «indiscriminadamente tanques, artilharia pesada e helicópteros» contra populações civis.

Lamentou «não tenha sido possível» manter uma pressão «unida, sustentada e eficaz» do Conselho de Segurança «sobre todas as partes e as autoridades sírias, em particular, à luz das responsabilidades primárias que tem no plano Annan».

«Portugal está profundamente desapontado que o Conselho não tenha conseguido manter-se unido em torno Plano Annan e dos esforços do enviado especial», disse.

A incapacidade de o fazer tem «consequências graves», afirmou Moraes Cabral.

Os países ocidentais «tentaram ao máximo manter a unidade do Conselho», afirmou, e Portugal continua disponível para alcançar dentro do Conselho de Segurança medidas de «apoio significativo e eficaz aos esforços» do enviado especial.

Os últimos acontecimentos em Damasco «sublinharam dramaticamente a necessidade de uma acção urgente e concertada do Conselho», declarou.

Lusa
 

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HaDeS

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Re: Revolta no Mundo Árabe
« Responder #314 em: Julho 20, 2012, 05:24:35 am »
Portugal segue aquilo que seus lideres dizem (EUA e as grandespotências da europa ocidental), nada mais!