Não sei onde foi buscar essa ideia, mas pronto...
De muitas e variadas fontes. É inegável que a sociedade norte-americana era já nos anos 60/70 muito mais urbana do que a pobre sociedade rural portuguesa.
Há e havia muito, mas mesmo muitos Americanos tanto ou mais rustico do que os nossos.
Claro que sim, basta ir aos sítios certos.
Eu acho que as pessoas têm uma ideia muito errada do tipico Americano de campo. São rapazes rijos como o caracas, habituados a andar à porrada nos bares da sua aldeia, habituados a condicoes meteriologicas adversas, habituados a praticar desportos duros, etc etc.
Claro que sim, e também os nossos rapazes do campo fazem isso tudo. Eu posso falar à vontade porque sou de uma região relativamente urbana, uma região que tem recebido milhares de pessoas de fora (citadinos) e infelizmente está a ficar completamente descaracterizada. Hoje em dia ambos os países têm problemas de sedentarismo e obesidade infantil, ambos os países tem alguma população viciada no ferro (e nas tretas inerentes a isso), etc.
Posso dizer-te que uma realidade do interior de Portugal que tanto tu como muitas pessoas cá do fórum desconhecem por completo. Eu só tive a noção do que é a vida de muito rapaz do interior de Portugal quando ingressei. Tive contacto com uma realidade que pensava que já não existia em Portugal. Enquanto às condições meteorológicas, não há ano que não haja pessoal a ir para o hospital em hipotermia porque as semanas de campo na minha tropa é mesmo no campo, não é num barracão como nos Marines, as rações enlatadas são comidas frias (todas elas com o prazo expirado), não era permitido o uso de mais roupa expecto a farda manhosa que era constituída por umas calças, uma T-shirt e um dólmen…o casaco ficava na unidade!
Onde é que isso existe hoje em Portugal, a malta estuda até ao 9º ano e pouco é o desporto que fazem, não há mau tempo em Portugal, os putos já não sabem andar à briga que estão preocupados é em tirar os pelos do peito e mandar fotos as namoradas pela net, quase todos fumam ganzas e são contra as Touradas que é uma coisa muito violenta, os que jogam futebol estão preocupados em usar Dolce gabana, etc etc etc
Isso é uma realidade urbana, anda uns quantos quilómetros para o lado e vais ver outra realidade. Eu desconto desde os meus 19 anos, mas trabalho desde sempre, tanto na horta familiar, como numa empresa de um familiar a carregar com caixas, pintar coisas, etc. Na minha tropa havia um grupinho da ganza, quase todos desistiram no final da recruta, houve uns poucos que foram apanhados, mas aposto que houve pessoal que passou pelo crivo, mas aí é um mal que acontece em Portugal, na Europa, nos EUA, etc.
Não há mau tempo em Portugal? Portugal não é só Lisboa meu caro.
Em relação a andar à pancada...tens a certeza? Eu participei numa cena muito pouco digna onde não faltou porrada à discrição (na Tropa), para além disso cheguei a trocar umas mensagens privadas com um militar britânico que estava chocado com a atitude de uma certa Tropa Portuguesa no Afeganistão (porrada) e se disseres que um militar da 82nd Airborne Division leva com mais instrução a esse nível eu digo-te claramente, TRETAS! Eles não fazem o teste de agressividade que nós fazemos, não têm os instrutores que nós temos. Eu orgulho-me de ter sido um militar disciplinado e no meu tempo já não se fazia nem metade das cenas que se fazia no tempo da FAP e no entanto... posso dizer-te que o graduado mais fo$%& a esse nível era um certo Oficial que todos diziam que já não iam deixar meter novo contracto e no entanto anos depois vejo uma fotografia dos comandantes de Pelotão da Companhia Pára-quedista que estava no Afeganistão num briefing e lá estava ele todo sorridente.
Em relação às Touradas, já fui alguém que consentia agora sou cada vez mais contra esse tipo de coisa. Não por ser algo violento, mas por ser algo que é basicamente a tortura e a morte de um animal. Não vejo que tipo de divertimento que possa advir disso. Gosto da tradicional uma garreada, gosto de uma chega de bois, até gosto dessa coisa tão Portuguesa que são os Forcados. O resto parece-me tudo um pouco de influências espanholas trazidas com os Filipes de Espanha.
Mas acima de tudo, o militar Português vai para a tropa para ter um emprego. Enquanto o Americano vai para dar o seu contributo ao País e lutar contra os seus inimigos.
O Americano vai para matar, o Português vai para ganhar um ordenado que não conseguia de outra maneira e porque sabe que não vai para Guerra nenhuma arriscar o coiro...
Olha que não é nem 8 nem 80. Sim é verdade que a maior parte vai para a Tropa para arranjar um trabalho, uma outra parte vai porque o pai, ou o irmão foi para a Tropa “X” ou “Z”, só uma pequena parte vai por um sentido de dever patriótico (o trouxa que está a escrever estas linhas foi uma dessas aves raras). E também é verdade que há muitos Norte-Americanos que ingressam devido a esse mesmo sentido de dever patriótico, alimentado por anos de filmes com a Bandeira americana no fundo do ecrã e muita publicidade à mistura. MAS também há os que ingressam porque não arranjavam trabalho de outra forma, porque querem ir para a universidade e não querem/podem pagar, porque é uma forma mais rápida e segura de conseguir a nacionalidade norte-americana (conheço um caso desses que se reformou dos US Marines já no topo da carreira na classe de Sargentos).
Essa de saber que não vai para a guerra…quando eu ingressei havia muito militar que dizia mais tarde ou mais cedo iriamos entrar em guerra com a Indonésia e no entanto foi uma altura em que as Tropas Especiais estavam cheios de voluntários (os Fuzos até recusaram a entrada a pessoal dado o excesso de procura).
Uma coisa que é
inegável, é a forma como eles dão a oportunidade a
todos que tenham capacidade e vontade de fazer uma carreira militar e não só aos Oficiais formados na Academia e a Sargentos formados numa Escola específica. Ali qualquer militar de qualquer classe pode fazer carreira. Quantos Guardas e Policias deixaram as Forças Armadas porque não tinham oportunidade de fazer carreira na tropa? Eu aposto que muitos, mesmo muitos. Nem todos têm capacidade de serem Sargentos e entrar numa ESE, nem todos pensam nas Academias quando acabam o liceu e quando acabam a sua formação universitária já não têm essa possibilidade a não ser Oficial contractado e passado uns anos rua.
A tão aclamada profissionalização das Forças Armadas Portuguesas foi e é uma palhaçada em dois tempos!!!
