Retomados voos tripulados para Estação Espacial Internacional
A Rússia lançou hoje um foguetão «Soyuz» com três cosmonautas a bordo, marcando o reinício dos voos tripulados para a Estação Espacial Internacional (EEI) suspensos em Agosto.
Os russos Anton Chklaperov e Anatoli Ivanichin, bem como o norte-americano Dan Burbank descolaram às 04:14 TMG (mesma hora em Lisboa) do cosmódromo russo em Baikonur, no Cazaquistão, a bordo de uma nave «Soyuz-TMA» transportado por um foguetão «Soyuz-FG».
A «Soyuz» deverá chegar à EEI na quarta-feira às 05:33 TMG após dois dias de voo. «Tudo está a decorrer normalmente e estamos bem», declarou a tripulação por rádio ao centro de controlo.
Os três homens, que vão passar cerca de cinco meses no espaço, vão juntar-se na estação ao norte-americano Mike Fossum, ao japonês Satoshi Furukawa e ao russo Serguei Volkov.
As missões tripuladas para a EEI foram suspensas após o fracasso em Agosto do lançamento de uma nave de abastecimento «Progress».
O acidente levou ao adiamento de dois meses do envio de uma nova tripulação, inicialmente previsto em Setembro, enquanto a Rússia revia os foguetões «Soyuz».
A 22 de Novembro, a tripulação russa-norte-americana-japonesa regressa à Terra e a 21 de Dezembro um novo voo levará os três substitutos para a EEI, completando assim os tripulantes.
«O próximo lançamento do 'Soyuz-TMA' está previsto para 21 de dezembro. Depois disso, a estação funcionará normalmente», indicou o chefe da agência espacial russa, Roskosmos, Vladimir Popovkin.
A perda da «Progress», que pôs em causa a reputação de fiabilidade dos «Soyuz», ameaçou o futuro da EEI, dado que o foguetão era o único capaz de realizar voos habitados desde que os Estados Unidos abandonaram, este ano, o programa do vaivém.
O setor espacial russo sofreu vários acidentes desde a perda em Dezembro de 2010 de satélites do sistema de geolocalização «Glonass», concorrente do GPS norte-americano.
O último acidente ocorreu na passada semana com o lançamento da sonda «Phobos-Grunt», cuja viagem para um satélite de Marte devia marcar o regresso da Rússia às missões de exploração interplanetárias, abandonadas há 15 anos.
A sonda não conseguiu deixar a órbita terrestre e rumar à lua de Marte, Phobos. A Roskosmos reconheceu que as hipóteses de salvar o aparelho eram muito diminutas, dado que em Janeiro podia entrar na atmosfera terrestre e desintegrar-se se os especialistas russos não conseguirem resolver o problema até essa data.
«Há muito poucas hipóteses de (a sonda) atingir a Terra», garantiu Popovkin. «Não temos quaisquer dúvidas a este respeito, vai desintegrar-se ao entrar na atmosfera», explicou.
Os cientistas têm até Dezembro para tentar reprogramar o aparelho e colocar os propulsores da sonda em funcionamento. «Há uma hipótese mas até ao momento não conseguimos obter os dados telemétricos para compreender o que se passou», acrescentou.
A «Phobos-Grunt», cuja missão devia prolongar-se por três anos, tinha previsto pousar na lua marciana e efectuar análises e colher amostras que um módulo devia, em seguida, trazer para a Terra em 2014, o que teria marcado o primeiro voo de ida e volta ao sistema marciano.
Lusa