É o que há...
Sempre é melhor só dois helis a operar 12h.
Sem dúvida que é, isso não está em causa. O que está em causa é esta prática reiterada de se fazer sempre tudo em cima do joelho, e da tutela optar também quase sempre optar pela solução o menos onerosa possível.
Querem que a FAP assuma também esta missão a tempo integral? Pessoalmente, acho muitíssimo bem. Agora, para isso é necessário aumentar a dotação orçamental do ramo para que não faltem efetivos, verbas para a manutenção e readequação das aeronaves, e quiçá mesmo aquisição de meios adicionais se for esse o caso.
O melhor era mesmo tirar as funções militares à FAP e transformar numa agência civil de gestão de coisas.
Só neste retângulozito é que as organizações não têm nem meios nem recursos para assumir as suas competências core mas dedicam-se a fazer mais coisas além das suas competências. O resultado do "nem peixe nem carne" significa que temos montes de entidades a fazer de tudo mas nenhuma faz bem.
Inventaram um Instituto Nacional para gerir a emergência médica, que tem um orçamento de mais de 150 milhões de euros, mas quem responde a 90% das chamadas de emergência médica são os Corpos de Bombeiros e a Cruz Vermelha, as viaturas médicas são em grande parte responsabilidade dos hospitais locais e agora passamos também a gestão de ambulâncias aéreas para a tropa. Acho muito bem gastar 150 milhões de euros para ter um Instituto a atender chamadas e pouco mais.
Temos uma ANEPC com um orçamento de 188 milhões de euros, quem combate os incêndios e responde a outras emergências são os corpos de bombeiros, havendo cerca de 30 000 bombeiros no país, entre profissionais e voluntários, mas ANEPC também tem que ter a sua forcinha ridícula de 217 bombeiros para o país todo.
E como se isto não bastasse, temos uma polícia, a GNR, que se queixa de falta de guardas, que ainda andam com Nissan Patrol dos anos 90, que tem uma força com 1000 bombeiros de Glock, irrelevante comparando com 30 mil bombeiros mas 5 vezes superior à da agência que gere o socorro.
E como se isto não bastasse também, passamos a gestão dos meios aéreos de combate a incêndios para a tropa.
Uma tropa que não tem meios aéreos modernos, que não decide se evolui os caças ou não, que não tem mísseis que vê os pilotos a abandonar porque não lhes paga bem, gere as ambulâncias aéreas quando há um instituto com orçamento de 150 M€ e que pouca emergência médica faz, faz a gestão de meios aéreos para combate a fogos quando há uma agência com um orçamento de 188M€ e que tem a força de socorro mais pequena do país, e ainda ajuda com meios aéreos as operações polícias porque as polícias não têm meios aéreos, apesar do orçamento da GNR ser de 3 000 000 000 €, e tem recursos para brincar aos bombeiros.
Acho isto tudo fantástico! Extremamente eficiente, contribui para o princípio da especialização dos recursos e se houver um conflito militar ou as forças armadas necessitarem de mobilizar os seus recursos aéreos para a sua alegada função core, ou ser tiver problemas nos recursos humanos, está garantido que não havendo redundâncias também não há problemas (sarcasmo, caso alguém não perceba)