MAN SUP – Mais que um míssil, um aprendizado
Ao menos até onde nossa capacidade de imaginação alcança, enquanto houver guerra entre embarcações um míssil antinavio sempre será útil. Um míssil capaz de engajar um alvo no limite dos sensores do navio então, mais bem vindo ainda! E tão necessária quanto a arma, é a capacidade de possuí-la na quantidade que se precisa, a hora que for.
Não limitando esta lógica a mísseis antinavio, mas qualquer arma independente de seu tamanho ou uso só pode ter essa disponibilidade se for produzida pelo próprio país. E este é, basicamente, o raciocínio norteador do projeto do primeiro míssil antinavio brasileiro, o MAN SUP (Míssil Antinavio – Superfície).
Muito mais que apenas o ganho de capacidade bélica, o projeto MAN SUP visa à independência da Marinha do Brasil em relação a outros países no que tange ao tipo de arma em questão.

É um sonho antigo da Marinha do Brasil possuir um míssil nacional. Desde os anos 70 a força vem analisando as possibilidades para tornar este sonho realidade, porém só encontrou mesmo o incentivo necessário para tal a partir de 2001, quando a MBDA, fabricante dos mísseis Exocet anunciou que deixaria de prestar apoio ao modelo MM38, utilizado na época pela MB.
O fato de a força ter ficado da noite para o dia sem o suporte de uma de suas armas mais importantes, fez com que o projeto de um míssil nacional ganhasse força. Em 2005, após 4 anos de pesquisas, a Marinha foi capaz de lançar um míssil MM40 a partir de um lançador de MM38, o que representou o primeiro passo para a compreensão do funcionamento de uma arma tão complexa. No final de 2007 teve início o recrutamento de especialistas para gerenciar o projeto de míssil nacional que teria início em 2008, como de fato ocorreu.
De lá para cá muita coisa aconteceu, e o míssil foi amadurecendo. Mudanças radicais no projeto foram sugeridas, principalmente pelas empresas participantes do desenvolvimento, porém nada tão diferente foi aceito, pois como o próprio Vice Almirante Ronaldo Fiuza, Gerente do Projeto e entrevistado pelo Portal Defesa diz, “é preciso ter foco, caso contrário não se faz nem uma coisa e nem outra com qualidade”.

E foco é algo que este projeto possui. Temos hoje no mercado mísseis com capacidades muito acima do projeto MAN SUP, e temos tecnologia nacional para nos aventurar a produzir um míssil capaz de rivalizar com estes, porém é sempre bom ter em mente que este não é o objetivo do MAN SUP, não desta primeira versão.
O MAN SUP é como um “míssil escola”, que após concluído vai nos deixar um legado capaz de nos impulsionar para o desenvolvimento de armas mais complexas e modernas. Além do fato de que, segundo o Vice Almirante Fiuza, a MB não possui atualmente sistemas capazes de detectar e engajar um alvo a uma distância compatível com o uso de um míssil com 180km e micro-turbina.
O míssilMíssil Antinavio Superfície, esse é o nome da arma. O termo “superfície” significa que esta versão é lançada a partir de navios. O projeto também visa o desenvolvimento de duas variantes da arma, o MAN AER, lançado de aeronaves, e o MAN SUB, lançado de submarinos.
Por ser massivamente baseado no Exocet, principalmente por conta da parceria com a MBDA e a comunalidade obrigatória do projeto quanto ao uso dos lançadores do míssil francês já instalados em diversos navios da MB, o MAN SUP acaba por herdar muitas de suas características do citado míssil europeu, como similaridade de alcance, modo de busca, modo de voo e principalmente na parte externa, tendo virtualmente como diferenças óbvias entre o MAN SUP e o Exocet MM40 Block 1, somente a bandeira do Brasil e a logomarca da Avibras pintados na lateral. Possui o mesmo diâmetro de cerca de 330mm, e o mesmo comprimento de 4.7 metros.

Sua propulsão será por combustível sólido, tal qual o Exocet, porém utilizará um componente propulsivo desenvolvido pela Avibras e que possui ligeiramente mais força que o MM40 Block 1. Isso lhe garante um alcance próximo da versão Block 2, cerca de 70km ou 5 minutos de queima. Este alcance, porém pode ser estendido para 75km caso seja considerado o voo com o motor já apagado, que pode alcançar cerca de 5km com o míssil compensando a queda de velocidade para se manter no ar e na trajetória. O voo “planado”, por assim dizer, é um pouco menor no MAN SUP do que no Exocet por conta do maior peso do conjunto propulsor, com um isolamento térmico mais grosso, e que gera a tendência de queda da seção traseira do míssil.
Por ser um míssil baseado em uma versão hoje considerada básica do Exocet (MM40 Block 1), o MAN SUP não terá capacidade de realizar manobras mais sofisticadas e modernas antes do impacto, como movimentos de espiral por exemplo. Porém a arma terá uma ogiva potente, com cerca de 150kg. Terá capacidade incendiária, já que incêndio a bordo é a consequência mais destrutiva de um impacto de míssil antinavio. Existe também a intenção de que a ogiva tenha características termobáricas, a fim de aumentar sua potência.
A versão lançada por aeronaves, o MAN AER que também se encontra em desenvolvimento e deve ficar pronta em 2020, tem previsão para ser utilizada no EC725 (UH-15) e na nova aeronave de caça que deverá ser adquirida pela MB, seja o Sea Gripen ou outro modelo. Segundo o Vice Almirante Fiuza, não há a possibilidade de uso no AF-1 por vários motivos como tamanho da arma e principalmente por não ser a aeronave ideal para isso, tendo sido adquirida principalmente para a criação de doutrina na operação de aeronaves de asa fixa na força.
O desenvolvimento do MAN AER se beneficia pela existência de mísseis AM39 no arsenal da Marinha, que eram utilizados nos hoje aposentados SH-3 SeaKing e portanto ficaram sem uso. Em um contrato publicado no Diário Oficial no último dia 28 de Outubro no valor de 131.739.000,00 EUROS, foi fechada a compra de 3 mísseis AM39 Block 2 Mod 2 sem os motores, além da contratação do serviço de modernização de 4 mísseis AM39 já existentes na MB também para o padrão Block 2 Mod 2.
Modelo do SM39 Exocet em seu casulo tipo torpedo. O MAN SUB será muito similar.Fonte: http://portaldefesa.com/3474-man-sup-ma ... rettyPhoto