A vivência das pessoas que viveram tanto no Estado Novo como no pós 25 de Abril, é de facto o melhor relato, e possivelmente o mais imparcial que se pode obter sobre este tema.
Também eu já tive a oportunidade de ouvir essas pessoas, e apesar de divergências, há algo que todos, em termos gerais acabam por concordar:
- O "25 de Abril" enviesou fortemente muito dos aspectos relacionados com com o Estado Novo e Salazar para os tornar negativos, e por conseguinte, assim criar um escudo protector para a aparente decadência política que se seguiu à revolução.
Se havia desemprego, fome, emigração, e o interior empobrecido? Concerteza que sim, tal como houve antes da chegada de Salazar ao poder, ou como ainda o existe hoje.
E tanto o houve e existe em Portugal, como em Espanha, Itália, etc.
Culpar Salazar por esses males é historicamente errado.
A censura, controlo, e repressão da PIDE havia também, mas não existia nem por sombras um clima de medo ou horror nas ruas, que fizesse alguém ter medo de sair de casa. Nada disso. Não exageremos.
Tal como afirmou o Foxtroop, também as pessoas com quem falei relataram que a vinda de Marcello Caetano trouxe de facto uma nova "ordem", digamos que este não partilha tanto do rigor e autoridade de Salazar, o que trouxe uma certa onda de entusiasmo.
Agora, como já tive oportunidade de referir anteriormente, as opiniões convergem-se quando toca à segurança do País.
E nenhum deles rejeita, mas que elogia e recorda com saudade, os tempos em que brincava na rua, com a porta de casa aberta, até pelas altas horas da noite, sem qualquer receio de qualquer tipo de assaltante ou criminoso.
Bem como a libertinagem e vadiagem que hoje anda para aí.
"Não havia", é a resposta.
Neste ponto o elogio é maioritariamente endereçado a Salazar e à PIDE.
Sobre a corrupção, quem quiser analisar isto friamente, verá que esse é uma mal de que sofre Portugal, há muito e muito tempo, desde os seus primórdios.
Relembro a todos, que desde os Descobrimentos, há relatos que muitos capitães dos navios eram escolhidos com base em títulos e amizades, bem como por subornos às autoridades régias. O caso torna-se ainda mais grave, quando muitos desses homens nem sequer tinham uma ínfima noção da arte da navegação...Adivinhava-se o desastre...
Há no entanto a sensação expressa pelas pessoas com quem falei, da honestidade de Salazar.
Bem como da sua política rigorosa e "poupadinha", o que dava azo a muitas anedotas, contadas pelos cafés, um pouco em segredo, como a célebre da nova forma de cozinhar bacalhau.
"Sabes como se cozinha "Bacalhau à Salazar"?
Como?
Só batatas."
O 25 de Abril, veio trazer coisas positivas, nisto todos concordam.
Mas houve algo que uma destas pessoas me disse, que me deixou a pensar.
"Nós somos um país complicado, com pessoas boas mas complicadas.
É preciso alguém com espiríto forte, rigorosa e honesta para nos manter juntos. E esse alguém era Salazar.
Estes do 25 de Abril, além de aproveitarem para põr algum ao bolso, optam por nos separar.
É o chamado separar para governar."