O facto de neste momento Portugal atravessar uma crise, é conhecido. Mas isso nem sempre foi assim.
Ainda há pouco tempo, a extremadura era mais pobre que o Alentejo...
(as coisas que se aprendem quando se lê um pouco).
No entanto, nos ultimos anos creio que com a continuação da crise e da politica restritiva do governo a situação alterou-se negativamente para Portugal.
Mas a realidade de 200 anos não pode ser alterada por causa da realidade de três ou quatro anos.
E a realidade contradiz o que o José M. diz, embora eu aceite que nos últimos anos o argumento procede. Mas procede por razões conjunturais e nada mais que isso.
Quando fazia parte de Portugal, Olivença era uma cidade que rivalizava com Elvas em termos de tamanho.
Esse tipo de argumento, não é exactamente válido. Partir do principio de que é o dinheiro que determina a quem pertence um território é partir do principio de que as nações não têm nacionais mas sim mercenários, que trocam de pátria conforme o salário que se aufere de um ou de outro lado.
Infelizmente o argumento, é argumento de espanhol...
Mas creio que já estamos habituados.
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Nota:
Nunca é demais referir que tudo o que digo neste fórum tem por base a leitura de livros de História, na sua esmagadora maioria de autores espanhóis.
É por causa disso que estou absolutamente convicto do que digo relativamente aos separatismos em Espanha.
Eles são normais, porque a junção dos vários países é por definição contra-natura e isso notou-se logo no periodo dos reis católicos e está expresso pelos historiadores em toda a história do periodo dos Habsburgos.
A Espanha unida, só existia na cabeça dos subditos de Castela, a quem Filipe III chamou de "os meus fieis e pobres contribuintes".
Era Castela que pagava as contas de «Espanha» e os outros países pura e simplesmente nem queriam saber de pagar impostos para uma monarquia que não entendiam como Estado ou Nação.
É porque não há uma ideia de Estado ou Nação, que Portugal faz parte dos reinos da dinastia austriaca durante 60 anos. E é quando se torna evidente que a decadência da monarquia é inevitável que Portugal se separa.
Diz Fernandéz-Armesto, que a Espanha nunca foi mais que uma ténue aliança entre Estados, sempre à beira da dissolução. A crise existiu ainda em vida dos Reis Católicos e a União Dinástica esteve à beira de terminar quando morreu Isabel a Católica.
A União Dinástica foi salva quando um holandês chegou ao trono e embora castela tenha visto com muito desagrado (vide revolta dos comuneros) os primeiros Áustrias, a ideia acabou por pegar e a espanha dos Áustrias comprou cerca de dois séculos de vida.
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O problema do José M. e de outros nacionalistas castelhanos (ou espanholistas se quiser) é que não são capazes de entender nas suas cabeças, que a palavra Espanha pode querer dizer outra coisa que não um Estado ou um País.
Não entendem que da forma como as coisas sempre existiram, a morte anunciada do actual Estado-Espanhol, pode ditar o fim desse estado mas nunca poderia implicar o fim de uma realidade que ao longo de milénios se chamou Hispania.
Mas recusam-se a aceitar que a "España" que Francisco Franco forçou até ao exagero (declarando Isabel a Católica como fundadora de Espanha) é na realidade uma mentira.
Existe uma outra Hespanha. E essa Hespanha está à espreita. Pessoalmente desconfio dela, porque acho que coloca em causa a nossa tradicional independencia. O que é incrivel é que os nacionalistas castelhanos não tenham ainda entendido o óbvio.
Não é a Hespanha que está em crise. O que está em crise é o estado Bourbónico/francês que consistiu em destruir a Hespanha, para criar "La sagrada Castilla".
Os nacionalistas castelhanos recusam-se a entender a História e insistem no seu dominio, que se baseia no seu ódio ao que não é castelhano, porque para eles para ser espanhol é necessário ser bom castelhano.
O actual Estado Espanhol balança à séculos entre estas duas Hespanhas.
Pessoalmente acredito que com a evolução europeia, o que foi feito em 1714 terá que acabar mais cedo ou mais tarde.
O que os nacionalistas castelhanos devem entender é que o termo Hespanha dentro de 100 anos, pode voltar a ter o mesmo significado que tinha há 300 ou 400.
Se isso acontecer, isso não implica nenhum problema. Será apenas a volta à normalidade de séculos e séculos de história comum dos vários países da peninsula ibérica.
Cumprimentos