Segunda Guerra Mundial

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João Vaz

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Re: Segunda Guerra Mundial
« Responder #240 em: Setembro 29, 2010, 11:24:25 am »
SCHWERE GUSTAV



O gosto particular de Hitler pelas super-armas concretizou-se neste canhão de longo alcance sobre carris.
Fruto do estudo concebido pela KRUPP AG em 1935 para a artilharia pesada necessária para penetrar a Linha Maginot, as dificuldades de produção desta arma inédita atrasaram a sua entrega, já após a queda da Linha francesa em 1940. Entrou em combate apenas em 1942 durante o cerco de Sebastopol, com efeito decisivo inflingindo destruição massiva nas fortificações russas. A pesada logística necessária à deslocação, montagem e manutenção da peça limitaram consideravelmente a sua utilização. Varsóvia sublevada em 1944 terá sido a derradeira intervenção da super-arma.
Três ou quatro composições ferroviárias transportavam as equipes de construção para o canhão e a carreta (cerca de 1.000 homens) e um pequeno comboio carregado de ferroviários, que completava a posição de tiro e linhas especiais em 3 a 6 semanas, envolvendo aproximadamente 250 homens da bateria de apetrechos do canhão, eletricistas e assentadores de trilhos.

Apesar do imenso tamanho, os componentes pré-fabricados permitiam que o canhão e a carreta fossem montados em 3 dias. O guindaste da munição e a elevação do cano eram operados electricamente, o aríete e o bloco da culatra eram operados hidraulicamente.A movimentação da arma era feita por duas locomotivas Diesel de 1.000 cavalos.
Ao nome oficial de Pesado ou Colossal Gustav, em honra ao proprietário da fábrica Krupp, a guarnição alemã preferiu a alcunha DORA.



Calibre: 800 mm
Comprimento da peça: 32,4 m
Peso do obus: 4.800 kg
Alcance: 47.000 m
Peso da peça: 400.000 kg

Veja-se, entre outros:

World War 2 Database
« Última modificação: Setembro 29, 2010, 11:27:00 am por João Vaz »
"E se os antigos portugueses, e ainda os modernos, não foram tão pouco afeiçoados à escritura como são, não se perderiam tantas antiguidades entre nós (...), nem houvera tão profundo esquecimento de muitas coisas".
Pero de Magalhães de Gândavo, História da Província Santa Cruz, 1576
 

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Cabeça de Martelo

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Re: Segunda Guerra Mundial
« Responder #241 em: Setembro 29, 2010, 11:26:23 am »
Mais um projecto megalómano que fica bem para a fotografia, mas na prática não era uma mais valia para o Exército Alemão.
Contra a Esquerda woke e a Direita populista marchar, marchar!...

 

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Carlos Rendel

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Re: Segunda Guerra Mundial
« Responder #242 em: Outubro 05, 2010, 11:47:46 am »
Recentemente dei com um forum na NET,britânico de origem,dedicado à História Militar,em que um dos participantes lançou uma pergunta que desencadeou uma polémica viva e para mim interminável,a saber:

                                                                                                       
Suponhamos que a Alemanha nazi enfrentava a Rússia soviética sem qualquer intervenção estrangeira a favor de um ou outro dos beligerantes- é evidente que estamos em 1941. Qual dos dois venceria?

Não me venham agora dizer que "o que é que isso tem a vêr com Portugal ?" Parece fora de dúvida que o vencedor,além de engolir o seu oponente,mostrava os dentes e fazia caír a Europa,acabando nós todos como nazis ou comunistas.
Partindo do princípio que as outras  nações abriam o guarda chuva da neutralidade,designadamente os E.U.A. Agora,se me permitem, vou dar a minha opinião: a Rússia detinha o hinterland na Àsia,bem como meios humanos quase inesgotáveis e os nazis melhor tecnologia e pessoal militar mais treinado.Julgo que após verter o sangue de milhares de homens se chegaria a um armistício.
Caros Amigos do forum,dou a vós agora a palavra solicitando que justifiquem sucintamente a vossa opinião.
Cumprimentos do C.R.
CR
 

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papatango

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Re: Segunda Guerra Mundial
« Responder #243 em: Outubro 05, 2010, 07:33:53 pm »
Citar
Suponhamos que a Alemanha nazi enfrentava a Rússia soviética sem qualquer intervenção estrangeira a favor de um ou outro dos beligerantes- é evidente que estamos em 1941. Qual dos dois venceria?

Sem o apoio do ocidente, a União Soviética não teria qualquer possibilidade de resistir.
Ainda que tenha sido capaz de resistir em 1941 em Moscovo, a URSS enfrentava um exército alemão que estava armado com armas de segunda categoria. A maioria dos Panzer estavam armados com canhões de 20mm e 37mm. A principal arma anti-tanque era o canhão de infantaria de 37mm e havia uns poucos de 50mm.

Só a partir de 1941 os alemães desenvolveram as suas armas mais eficientes, ou adaptaram as que tinham. A partir do final de 1941, sem o apoio maciço dos americanos a URSS não teria tido comida para os soldados, fardamento, milhares de camiões e  locomotivas para transporte de víveres e armas, nem combustível adequado para os aviões.
Se quisesse produzir esses equipamentos, a URSS não poderia ter produzido todos os tanques e armas de guerra que produziu.

Poderia ter rechaçado os alemães em 1941, mas depois, seria o colapso.
A somar a tudo isso, se não tivesse sido devastadoramente atacada pelos bombardeiros aliados, a produção alemã seria muito maior ao longo de 1942 e 1943.
Até 1944, quando os americanos desembarcaram na Normandia, os alemães ainda estavam a menos de 500km de Moscovo.

Hoje, podemos considerar para tirar conclusões, o que foi até há pouco tempo o mais bem guardado segredo soviético.
Os russos teriam aceite render-se logo em Setembro de 1941. Quando souberam da intenção russa de negociar com Hitler, os ingleses e mesmo os americanos (que nem estavam na guerra ainda) apressaram-se a dar garantias de fornecimentos aos russos, porque sem a pressão da Rússia a guerra não poderia ser ganha.

A URSS seria derrotada, sem qualquer sombra de dúvida. Se teriam morrido tantos russos, não sabemos. Se a URSS se rendesse em 1941, isso implicaria ter que matar milhões de russos e eslavos e arrastar a URSS para lá dos Urais, onde o estado seria estabelecido provavelmente com um governo fantoche na dependência de Berlim.

A questão, é sem a intervenção americana na guerra, o Japão acabaria enfrentando a Alemanha.
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Edu

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Re: Segunda Guerra Mundial
« Responder #244 em: Outubro 05, 2010, 11:04:36 pm »
Bem então na sequência da anterior pergunta gostaria de colocar outra.

Qual seria o possivel desfecho da guerra se a Alemanha nunca tivesse atacado a URSS?
 

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papatango

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Re: Segunda Guerra Mundial
« Responder #245 em: Outubro 06, 2010, 02:38:47 pm »
O não ataque da Alemanha contra a Rússia implicaria uma outra realidade.
O ataque alemão, é uma consequência da visão que Hitler tinha sobre a Europa e o mundo. O ataque à Rússia é uma inevitabilidade a partir do momento em que Hitler chega ao poder.
A invasão da Polonia em 1939, é para muitos, apenas uma forma de a Alemanha conseguir estabelecer uma fronteira terrestre com a Rússia.

E se Hitler não tivesse chegado ao poder, naturalmente que o mundo teria sido diferente...
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Re: Segunda Guerra Mundial
« Responder #246 em: Outubro 06, 2010, 04:52:28 pm »
Não creio que a URSS alguma vez fosse derrotada pela alemanha, os Russos tinham uma reserva quase infindável de homens para as suas fileiras, só para a defesa de Moscovo o Marechal Zukhov tinha 40 divisões siberianas, além disso Estaline transferiu toda a sua industria pesada para o oriente, bem longe dos alemães, além de que os russos possuiam quase todas as matérias primas que necessitavam, sobretudo petróleo, algo que escasseava nos alemães, a ajuda americana só começou a chegar em força quando os russos já estavam a rechassar os alemães, a capacidade industrial russa no seu auge durante a guerra ultrapassava em muito a da alemanha. Se juntar-mos a isto a extensão do território da URSS e o seu clima depressa se verá que é quase impossível conquistar a URSS com armamento convencional.
 

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papatango

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Re: Segunda Guerra Mundial
« Responder #247 em: Outubro 06, 2010, 08:32:48 pm »
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Não creio que a URSS alguma vez fosse derrotada pela alemanha, os Russos tinham uma reserva quase infindável de homens para as suas fileiras, só para a defesa de Moscovo o Marechal Zukhov tinha 40 divisões siberianas, além disso Estaline transferiu toda a sua industria pesada para o oriente, bem longe dos alemães, além de que os russos possuiam quase todas as matérias primas que necessitavam, sobretudo petróleo,
Mas isso é uma questão de acreditar ou não acreditar. É uma questão de Fé.
A Russia tinha reservas que estavam limitadas pela capacidade de as explorar. Isso implica destinar grande parte dos recursos para a exploração, em vez de gastar recursos a fabricar armas.
Estaline não transferiu a industria pesada toda. Transferiu parte dela, e a transferência começou antes da invasão alemã.
Estaline possuía petróleo mas não tinha capacidade para refinar o petróleo.
A Rússia não tinha por exemplo acesso a combustível de alta octanagem, necessário para fazer voar os aviões.
Estaline tinha de facto as divisões siberianas que foram utilizadas em 1941, mas era o resto. Não tinha mais.
A prova, é que o contra-ataque soviético foi detido pelos alemães no inicio de 1942 e como os russos não tinham reservas, tiveram que recuar até Estalinegrado.
Nessa altura, os americanos já estavam na guerra havia um ano.

O apoio inglês começou a chegar em Agosto de 1941, dois meses depois da invasão alemã.
Também em Agosto de 1941, os soviéticos com o apoio dos britânicos invadem o Irão, abrindo a segunda rota de auxilio.
Outra rota foi posteriormente aberta via Pacífico.
Quando começaram a ser fornecidos aviões (milhares deles) foi aberta uma rota através do Alaska até à Sibéria.

A dimensão do auxilio à URSS foi de tal ordem, que a ideia de que sem aqueles milhões de toneladas de abastecimentos a URSS poderia ter ganho a guerra, é pouco mais que uma impossibilidade matemática.
Sem as locomotivas, sem os camiões, o exército vermelho não andaria. Sem o trigo, sem a carne enlatada e as rações de combate, o exército vermelho não comeria. Sem as botas, metade do exército vermelho não estaria calçado. Sem os pneus, os russos não teriam viaturas sobre rodas porque a Russia não tinha borracha natural e não tinha borracha sintética.
Em todos estes casos, os ocidentais cobriram a quase totalidade das necessidades russas.
Se a isso somamos os ataques aéreos, e a pressão sobre a Alemanha, que concentrou a ocidente o grosso da Luftwaffe, creio que mesmo que houvesse qualquer dúvida, essa dúvida teria que passar a certeza.

Os soviéticos perderiam a guerra!
E foi o próprio Estaline que ficou claramente convencido disso quando pediu clemência a Hitler através da embaixada da Bulgária em Berlim em Setembro de 1941.
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gaia

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Re: Segunda Guerra Mundial
« Responder #248 em: Outubro 06, 2010, 11:20:04 pm »
A maioria dos historiadores, esquece a ajuda gigantesca dos americanos, que foi determinante , até em livros que tenho lido falam nisso.
Mas é preciso não esquecer , o factor demográfico , Stalin , ainda dispunha de reservas de recrutas da repúblicas não afectadas, que depois foram utilizadas na ofensiva de Estalinegrado , e aí que acontece situações caricatas , em que muitos tartaros ( siberianos, etc) passam para o lado alemão, e combatem os russos, segundo algumas estimativas seriam 50.000.
A campanha do verão de 1942 , foi espectacular, milhões soldados soviéticos são capturados, principalmente na queda de Kiev , aonde é capturado o general Vaslov , foi uma campanha impressionante .
É preciso não esquecer, que o general inverno fez muitas mossas no exercito alemão , e material utilizado era demasiado sofisticado, comparado com a robustez e simplicidade do T-34 .
Os alemão tinham calçado que não era adequado , os próprios finlandeses  ficaram espantados, os russos utilizavam palha nas botas.
O soldado russo estava mais habituado á dureza , e tinha os comissários da NKVD , que não hesitavam em matar pelas costas os seus próprios soldados, e depois havia as brigadas de condenados de campos de trabalhos ou disciplinares, que eram carne para canhão.
Segundo um autor até chegaram ao décimo romano, para disciplinar, o clima de terror era completo, motivo pelo qual passaram muitos para o lado contrário.
O erro principal alemão , foi a paranóia dos judeus, tal como na I Guerra , teriam lutado na II, como muitos o fizeram, mesmo assim, e deveriam ter tratado muito bem as populações dos territórios que ocupavam, para terem as populações do seu lado, principalmente na Ucrânia. Mesmo assim , muitos ucranianos , letões, cossacos, lituanos, e polacos, lutaram no seu campo, até a divisão de Vaslov, só no fim da guerra, é que passa para o lado soviético .
Como papatango diz , e bem os bombardeamentos limitaram muito a  logística alemã , mas em 1943 e 1944, atinge o máximo de produção, embora muitas fábricas checas e francesas , também estavam a trabalhar para o esforço de guerra.
Havia a frente de norte áfrica, a derrota e depois a invasão da Itália, que obrigou a desvio de recursos, nomeadamente dos panzers.
A guerra só ficou decidida em Kursk , porque a capacidade industrial alemã , ainda estava boa, mas o recuo foi fatal, o general alemão insiste com Hitler , em uma nova ofensiva, e ele recusa.
Se a batalha de Kursk tivesse sido ganha pelos alemães, eles teriam tido mais dois anos guerra de folga, não esquecer que o programa da bomba atómica alemã estava em curso.
 

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Carlos Rendel

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Re: Segunda Guerra Mundial
« Responder #249 em: Outubro 07, 2010, 09:46:18 am »
Estranhamente,o pico de produção de aeronaves pela Alemanha situa-se em 1944 com 40 593 unidades incluídos 25 285 caças,não obstante os bombardeamentos anglo-americanos.
Quanto à batalha de Kursk fosse qual fosse o resultado,perdedores eram os nazis porque não conseguiam,em tempo útil
reconstituir  a força blindada destruída,deixando aberto um corredor para um contra-ataque.Por seu turno os soviéticos
tinham as fábricas para lá dos Urais e não estavam sujeitos a bombardeamentos-erro fatal de Hitler ao não constituir
uma força de bombardeiros de longo alcance.Resumindo,o resultado da batalha de Kursk é o que menos interessa,
embora a maioria  dos observadores se incline para um empate (não haver um vencedor indiscutível).Mérito sim do Estado Maior Soviético ao induzir o inimigo a uma batalha que mudou o curso da guerra a Leste.                         C.R.
CR
 

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HaDeS

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Re: Segunda Guerra Mundial
« Responder #250 em: Outubro 07, 2010, 09:49:42 am »
Um clima rigoroso no inverno e um país de proporções continentais, fazem da Rússia ou na época da URSS um pesadelo logístico para qualquer exército invasor, dificilmente Hitler venceria. Apesar de ter a máquina de guerra mais poderosa da época.
 

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HaDeS

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Re: Segunda Guerra Mundial
« Responder #251 em: Outubro 07, 2010, 09:56:16 am »
Citar
Qual seria o possivel desfecho da guerra se a Alemanha nunca tivesse atacado a URSS?
Tinha dominado toda europa ocidental, e talvez feito um acordo de não agressão com os EUA.
 

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papatango

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Re: Segunda Guerra Mundial
« Responder #252 em: Outubro 07, 2010, 03:55:06 pm »
Gaia →

A Queda de Kiev ocorreu em 1941, antes dos alemães chegarem às portas de Moscovo e não em 1942.
A batalha decorre entre o fim de Agosto de 1941 e o fim de Setembro desse mesmo ano. É o esmagamento dos exércitos soviéticos que leva Estaline a pedir a Paz a Hitler nesse mesmo Setembro de 1941.

É normalmente aceite que foi a ordem de Hitler para conquistar a Ucrânia, desviando poderosas forças blindadas para sul, que inviabilizará a conquista de Moscovo ainda em Outubro de 1941, conforme previsto pelo plano Barbarossa.
A verdade é que as forças alemãs a sul tiveram muito mais dificuldade em avançar e um avanço em direcção a Moscovo quando grande parte da Ucrânia ainda estava nas mãos dos russos, abriria a possibilidade de um ataque no flanco sul das forças que avançavam contra a capital soviética.

Citação de: "gaia"
Os alemão tinham calçado que não era adequado , os próprios finlandeses ficaram espantados, os russos utilizavam palha nas botas.
O soldado russo estava mais habituado á dureza , e tinha os comissários da NKVD , que não hesitavam em matar pelas costas os seus próprios soldados, e depois havia as brigadas de condenados de campos de trabalhos ou disciplinares, que eram carne para canhão.

O plano «Barbarossa» previa a conquista de Moscovo em 12 semanas e a desarticulação completa do estado soviético que seria empurrado para lá dos Urais.
Por essa razão, quando ainda em Setembro os comandantes alemães pedem roupas de inverno, são respondidos com notas a dizer «não faça pedidos desnecessários»[1].

Quanto ao terror instituído pelos comunistas, ele é conhecido, e era muito mais brutal que o dos alemães. A facilidade com que os soviéticos matavam os seus próprios soldados, demonstra que mais rapidamente atingiriam um limite. Não esquecer que a questão demográfica.

URSS - 180,000,000 de habitantes (incluindo regiões anexadas).
III Reich - 110.000.000 de habitantes (contando com as regiões «germânicas» anexadas Áustria, Sudetas, Boemia e Morávia).
Uma proporção de 1,6 : 1 não é assim tão esmagadora, nem mostra recursos humanos tão inesgotáveis.
A ideia das reservas inesgotáveis de soldados, é uma «treta», mais uma das inumeras tretas destinadas a manter uma mentira.

A diferença numérica tem outras razões:
Hitler, ao contrários de Estaline, não queria declarar uma guerra total. Não autorizou por exemplo, o recrutamento de mulheres para as fábricas, para libertar mão de obra para o exército.

Isso só vai acontecer após a batalha de Estalinegrado, a primeira vez que o III Reich reconheceu ter sido derrotado. É o famoso discurso de Goebbels em 18 de Fevereiro de 1943, com a frase «Agora, levanta-te povo e desencadeia a tempestade» que marca a mobilização da Alemanha, quase dois anos e meio depois do inicio do conflito.
Só a partir de aqui, a Alemanha entra efectivamente em pé-de-guerra, ao declarar a Guerra Total e a utilização de todos os recursos para a industria militar.
É por isto que é no ano seguinte, 1944, que se atingiriam os valores mais altos de produção. Foi resultado da Guerra Total.

Isto parece incrivel para quem não estudou a questão, mas em 1942, quando as tropa alemãs avançavam contra Estalinegrado, tomava-se chá nos boulevards de Berlim ao som de música clássica, enquanto que em Nova Iorque e em Chicago, se racionava combustível, se contratavam mulheres para as fábricas de aviões e se trabalhava num fernesim terrível para construir mais fábricas de armamentos e para construir milhares de navios.

Citação de: "Carlos Rendel"
Quanto à batalha de Kursk fosse qual fosse o resultado,perdedores eram os nazis porque não conseguiam,em tempo útil
reconstituir a força blindada destruída,deixando aberto um corredor para um contra-ataque.Por seu turno os soviéticos
tinham as fábricas para lá dos Urais e não estavam sujeitos a bombardeamentos-erro fatal de Hitler ao não constituir
uma força de bombardeiros de longo alcance.
A batalha de Kursk não foi ganha, porque exactamente ao mesmo tempo os americanos invadiram a Itália e Mussolini foi demitido, levando o país a sair da guerra.

Hitler desviou preciosos recursos para a Itália ! ! !
Se a América não tivesse entrado na guerra (e essa é a questão que discutimos), quando os generais alemães pediram mais reforços, esses reforços teriam sido cedidos, porque não teria havido ataque americano.

Citação de: "Hades"
Um clima rigoroso no inverno e um país de proporções continentais, fazem da Rússia ou na época da URSS um pesadelo logístico para qualquer exército invasor, dificilmente Hitler venceria. Apesar de ter a máquina de guerra mais poderosa da época.
Se você se desse ao trabalho de ler Barbarossa e entender os objectivos estratégicos dos alemães, teria percebido que a Alemanha estava interessada na Rússia Europeia até aos montes Urais.
Hitler queria o Trigo da Ucrânia, o petróleo do Cáucaso, as regiões ricas em minerais da bacia do Donetz.
A Alemanha fortificaria os Urais e controlaria daí qualquer veleidade do Estado Russo-Asiático, que provavelmente se auto-extinguiria após o colapso da URSS.
A partir daí, a Rússia asiática, teria como principal inimigo as veleidades expansionistas do Japão, que poderia atacar a Rússia a partir da Manchuria.



Mais uma vez:
A fábricas dos Urais não podiam ser atacadas, mas precisavam de matérias primas. Os fardamentos dos russos foram fabricados com milhões de toneladas de algodão americano, os aviões russos utilizavam combustiveis americanos. Se as fábricas dos Urais estavam a produzir ao máximo para fabricar tanques e canhões, que fábricas iam fabricar as dezenas de milhares de camiões, locomotivas, carruagens de carga, jipes, tanques e aeronaves que os americanos forneceram ?

Se as fábricas nos Urais produzissem esses camiões e aviões, então não teriam produzido os tanques canhões e armamento ligeiro sem os quais a URSS teria sido derrotada.

A vitória russa seria sempre impossível. A dimensão do auxilio americano, a conjugação das principais ofensivas russas (Kursk com a Invasão da Itália em 1943 e Bagration com a Invasão da Normandia em 1944) tornam a possibilidade de vitória dos soviéticos em absolutamente nada mais que uma impossibilidade matemática.

Não se fazem omoletes sem ovos. Quem fornecia os ovos, eram os americanos.
O resto, são resquícios da maior mistificação histórica do século XX, a «História da grande guerra patriótica soviética», que não passou de um gigantesco monumento à mentira.



[1] – Quando Hitler atacou a Russia, P.Rondiere / Publicações D.Quixote.
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João Vaz

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Re: Segunda Guerra Mundial
« Responder #253 em: Outubro 07, 2010, 05:06:00 pm »
Citação de: "Carlos Rendel"
                                                                                                     
Suponhamos que a Alemanha nazi enfrentava a Rússia soviética sem qualquer intervenção estrangeira a favor de um ou outro dos beligerantes- é evidente que estamos em 1941. Qual dos dois venceria?

Os meus 2 cêntimos...

Sobre este cenário virtual, tenho de concordar com o papatango e também concordo com alguns pontos apresentados pelo gaia.

De facto, a hipótese de uma dança de morte entre ambas as potências conduzidas por dois dementes não é totalmente descabida.
A Alemanha, desprovida de fronteiras naturais com a Rússia/URSS, necessitaria sempre de invadir outros Estados para chegar a vias de facto com o gigante sovietico. Mas o resto da Europa não simpatizava com "bolcheviques" nem regimes obscuros e estava bem acomodada à paz imposta pelo Tratado de Versailles em 1919. O desinteresse e a impreparação eram, portanto, totais. O alarme geral foi despoletado só após a invasão da Polónia mas, mesmo assim, foi sobretudo a França que fez levantar toda a gente das cadeiras. Até aí, a "coisa" resolvia-se via diplomacia e negociações de parte a parte.

No tabuleiro estratégico, o domínio da Inglaterra era condição absolutamente decisiva para o domínio da Europa. Por isso se tornou no principal objectivo previsível do Reich. Mas nem a KriegsMarine nem a Luftwaffe conseguiram impôr superioridade, ou sequer dispôr de meios adequados à prossecução da Operação Seelöwe (Leão Marinho) para invasão das Ilhas Britânicas em 1940. Seguiu-se na lista a potência militar seguinte: a descomunal, mas primária, URSS.



O enfrentamento Alemanha vs. URSS caracterizou-se essencialmente pela tecnologia e profissionalismo germânicos detentores do mais moderno exército europeu contra a imensa vastidão humana daquele império soviético. Estaline dispunha de reservas quase inesgotáveis de carne para canhão (apenas comparável aos EUA assumindo cada uma destas potências perdas colossais de centenas de milhares de soldados no decurso da guerra, incomportáveis para qualquer outra potência europeia).









Assim sendo, a estratégia soviética resumir-se-ia a pouco mais do que submergir as forças invasoras debaixo de marés humanas. Uma espécie de Blitzkrieg mecanizado vs. Tsunami humano ou vantagem numérica contra superioridade táctica.

Os números dizem tudo: foi a maior ofensiva da História.
148 divisões alemãs foram reunidas (114 de infantaria, 15 mecanizadas e 19 blindadas), além de diversas forças auxiliares menores (finlandeses, romenos, franceses, cossacos, entre outros) num impressionante total de 3.050.000 homens (embora haja estimativas superiores). http://worldwar2database.com/html/barbarossa.htm
Só nos primeiros 3 ou 4 meses da ofensiva, a URSS sofreu quase igual número de mortos e outros tantos feitos prisioneiros.
Em contrapartida, os alemães perderam qualquer coisa como 734.000 baixas no mesmo período.
Porém, até ao final da guerra as províncias soviéticas terão contribuído perto de meio milhão de novos recrutas a cada mês, mais coisa menos coisa.
http://en.wikipedia.org/wiki/Operation_Barbarossa#cite_note-11

Assim, se não levarmos em linha da conta a dispersão simultânea de meios no Norte de África (a Operação BarbaRossa é iniciada em 1941, quase em simultâneo com o envio dos exércitos do Afrika Korps), a ocupação de França enquanto se organizavam raides aéros intensos contra Inglaterra e se procedeu à intervenção em Creta, creio que, concentrando os recursos da excepcional e dispersa máquina militar alemã numa frente única, teria sido possível alcançar a vitória total antes mesmo do Inverno de 1941, cumprindo os objectivos principais: tomada de Moscovo, posse dos campos petrolíferos do Cáucaso e afastamento das forças soviéticas do Báltico e das proximidades da Europa. Mesmo deixando "de fora" do domínio físico da ocupação alemã quase 3/4 do território soviético, não seria de descartar uma solução de compromisso à francesa, estilo Vichy, pois a região mais importante estaria facilmente dominada pelos exércitos alemães.  

Uma grande dificuldade desequilibrou a ofensiva alemã: exigências logísticas.
Tratou-se da frente de guerra continental mais afastada da metrópole alemã, que neutralizou um exército baseado na grande mobilidade. Nem mesmo a superioridade aérea alemã poderia compensar completamente as dificuldades no terreno. Os exércitos alemães que desfizeram facilmente a resistência inicial russa desviaram-se dos arredores de Moscovo para ir em busca dos vastos reservatórios de combustível algures nos campos do Cáucaso. Pelo caminho ficaram atolados pelo General Inverno e enterraram-se numa luta urbana infindável em Estalinegrado.

Some-se a isso as cruciais debilidades devidas àquela ave-rara de nome Hitler que insistiu em assumir directamente o controlo estratégico dos seus exércitos, cujos erros crassos (abertura de múltiplas frentes de guerra, falta de logística para campanha de Inverno e a diversão estratégica da ofensiva alemã para Estalinegrado, quando Moscovo já se encontrava ao alcance) são bem conhecidos e estudados.

Fica, ainda assim, uma dúvida final quanto a um factor de "desequilíbrio" decisivo: o projecto militar da "água pesada" que resultaria (caso não tivesse sido sabotado em 1943 por comandos noruegueses apoiados e treinados pelos ingleses) na obtenção de plutónio para produção do protótipo da bomba nuclear alemã.



http://en.wikipedia.org/wiki/German_nuclear_energy_project

É que, se isto funcionasse... Dasvidanya, tovaritch  c34x

P.S. Quanto à segunda questão, estou de acordo com o Hades, lá em Belo Horizonte.
"E se os antigos portugueses, e ainda os modernos, não foram tão pouco afeiçoados à escritura como são, não se perderiam tantas antiguidades entre nós (...), nem houvera tão profundo esquecimento de muitas coisas".
Pero de Magalhães de Gândavo, História da Província Santa Cruz, 1576
 

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gaia

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Re: Segunda Guerra Mundial
« Responder #254 em: Outubro 07, 2010, 08:56:48 pm »
Os números das populações apresentados , pelo papatango, demonstra que de facto , não foi o factor demográfico, que determinou o curso da guerra, pelo lado alemão estavam Italianos, Romenos, divisão azul,etc. Os alemães tinham soldados , provenientes  de diversos países, Franceses, Belgas,Polacos,Croatas, Letões, países escandinavos, e muitos deles incorporados nas SS.
Curiosamente , foi uma guerra ideológica, a proveniência de diversas nacionalidades , durante a guerra na frente leste , é muito curiosa, havia muita gente idealista.
Temos recuar, para perceber , tinha havido uma grande purga exercito soviético, a guerra com Finlândia, foi um desastre, embora tenham ganho  só devido á desproporção de forças  , mas o brilhante desempenho dos Finlandeses , foi uma motivação para Hitler.
Porque motivo stalin , não deu importância, aos diversos avisos da preparação da Barbarosa, desde a fuga de um soldado alemão , que avisa os soviéticos
Acho o que falhou , foi excesso de optimismo de Hitler , face á brilhantes campanhas anteriores.
Falta de coordenação com os japoneses, em vez de atacarem Pearl Harbour , mas sim a sibéria através da manchúria , aí Stalin não poderia dispor dessas divisões preciosas .
Se não tivessem o Africa Korps , mais umas divisões disponíveis, com Rommel na frente leste, poderia  ter alterado o curso da história.
A ambição alemã de ocupar a Ucránia , já é antiga , existiam aldeias de descendentes de alemães , e foi ela que salvou de fome na I guerra , Viena.
Acho que se tivessem tratado muito bem os ocupantes, e mesmo assim ,tinham muito apoio nos países ocupados.
Num documentário , antes da batalha de Kursk , mostra ucranianos a apoiar os soldados alemães.
Concordo com o papatango ,se fosse um confronto sem a ajuda americana ,e os alemães tinham ganho.
Outro aspecto importante é a guerra total, a filosofia ideológica alemã não contemplava,que a mulher poderia lutar ou trabalhar nas fábricas.A confiança era total, é um erro típico alemão.
Enquanto os russos estavam obrigados a todos os sacrifícios, até a ofensivas suicidas .
Papatango a seguir a Kursk , Hitler decide que algumas divisões panzer, tinham de seguir para Itália, contrariando a opinião dos seus generais, em lançar outro ataque.
Lógico que a partir da invasão da sicilia , começou a complicar-se dramaticamente a situação, embora os alemães tenham conseguido aguentar-se muito bem.