Segunda Guerra Mundial

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Lusitano89

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Lusitano89

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Carlos Rendel

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Re: Segunda Guerra Mundial
« Responder #197 em: Abril 12, 2010, 10:16:50 pm »
Voltando á questão do bunker de Hitler,que era protegido pela sua Guarda Pessoal,nos últimos dias os soldados alemães foram todos licenciados para irem para casa,sem dar nas vistas,e os voluntários estrangeiros da Wehrmacht,nórdicos,
franceses,croatas,russos,e até japoneses disseram que não tinham casa para ir,
dispondo-se a lutar pelo Fuhrer até à morte.E alguma razão tinham porque os franceses capturados pelos americanos e entregues a França,foram mandados executar por De Gaulle.Retornemos á guerra no Norte de África para falar de um record:o piloto de Me-109 Joachim-Hans Marseille (o nome afrancesado deriva dos
huguenotes franceses que se refugiaram na Alemanha para continuar protestantes),
adstrito ao "Afrika Korps"abateu 158 aviões britânicos e americanos,e "record dos
records"no dia 1 de Setembro de 1942 num só dia 17 Spitfires e Curtissnum
record que provávelmente nunca será batido.Conhecido por "Estrela de África" chegou a fazer sombra ao próprio Rommel,e morreu com 22 anos.Para acabar uma
perguntinha:Qual foi o conflito de que foram publicados mais livros que na I eII guerras mundiais juntas?.................................Guerra Civil  de Espanha!     C.R.
CR
 

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papatango

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Re: Segunda Guerra Mundial
« Responder #198 em: Abril 12, 2010, 10:33:36 pm »
Citação de: "Carlos Rendel"
Voltando á questão do bunker de Hitler,que era protegido pela sua Guarda Pessoal,nos últimos dias os soldados alemães foram todos licenciados para irem para casa,sem dar nas vistas,e os voluntários estrangeiros da Wehrmacht,nórdicos,
Quando foi dada tal ordem de licenciamento ?

Citação de: "Carlos Rendel"
Retornemos á guerra no Norte de África para falar de um record:o piloto de Me-109 Joachim-Hans Marseille
É muito interessante o dado, mas em que medida é que esse piloto contribuiu para evitar que as divisões alemãs e italianas fossem derrotadas ?
E um detalhe: O autor de todos esses «abates» apenas reclamou a autoria de sete aviões abatidos. Todos os outros 151, foram-lhe atribuidos...  :roll:  :roll:
Temos que ter cuidado com estas descrições sobre os super-hiper-mega ases. Na verdade há razões que explicam que os alemães tivessem mais vitórias: Ao contrário dos aliados eles voavam até morrer, enquanto que os ocidentais, limitavam o numero de missões. Após um numero fixo de missões, o piloto era retirado, porque a probabilidade de morrer aumentava.

Além disso, como provam os resultados da guerra, os «ases» ficam muito bem nas estatísticas, mas normalmente não têm qualquer importância para o resultado final de uma guerra.
Quando se discute um conflito, discutem-se as operações em que um e o outro lado ganharam vantagem táctica, e o resultado final do conflito, as prestações isoladas não constituem normalmente referência para formar uma opinião.

Cumprimentos
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
Contra a Estupidez, não temos defesa
https://shorturl.at/bdusk
 

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Carlos Rendel

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Re: Segunda Guerra Mundial
« Responder #199 em: Abril 13, 2010, 11:34:35 pm »
Pergunta o sr.Papatango quando foram licenciados os soldados alemães do bunker de Hitler.Há uma teoria com algum fundamento que decorre da última visita de H. Himmler ao bunker,onde teve uma reunião com oficiais superiores e a seguir a entrevista com Hitler.Ao saír do gabinete todos ouviram"traidor".O que leva a crer que H.H. que não tinha a cabeça segura,tentou a paz a Ocidente com os americanos,dando em troca um cessar fogo que levasse á paz.Entretanto o gen.Krebs CEMFA procurava militares para a defesa da chancelaria situada muito perto do bunker.O licenciamento dos alemães era mais um conselho para desandarem,e foi comunicado entre 30 de Abril (suicídio de Hitler)  e 2 de Maio. O
emissário do general topou com 90 franceses que não queriam voltar a França,70 nórdicos da Div. Nordland,um punhado de ucranianos que sabendo o que os esperava se bateram com convicção,e dois regimentos de Polícia Militar,reserva ninguém sabia de quê.E aqui está a oposição a um milhão de russos.Quero frisar que dois franceses foram os últimos condecorados
do III Reich com a cruz de cavaleiro.Este grupo ao vêr da inutilidade de mais mortos tentou render-se aos americanos o que
só conseguiram em parte.
Outra questão que gostaria de vêr abordada no Forum é o comporamento dos italianos na guerra que para todos suscita dúvidas.                                                                                                                            Os meus cumprimentos C.R.
CR
 

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Lusitano89

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Re: Segunda Guerra Mundial
« Responder #200 em: Abril 14, 2010, 12:28:46 am »
A Itália na Segunda Guerra Mundial - Parte 1


Matéria de grande descrédito é o estudo da participação italiana na Segunda Guerra Mundial. A generalização da covardia italiana face à coragem dos seus aliados alemães é até hoje uma verdade absoluta na mente de diversos estudiosos, muito embora essa suposta “verdade” esconda aspectos visíveis somente a um olho treinado. Na verdade, a “covardia” italiana durante o conflito não passa de uma inverdade, que foi incutida no pensamento mundial desde o tempo da guerra, levada a diante principalmente pela imprensa inglesa.

O passar dos anos, porém, começou a revelar falhas na teoria da covardia, ainda que muito lentamente. Vê-se então, necessidade intrínseca de corrigir um erro histórico, e não repassar para as próximas gerações as opiniões preconceituosas que hoje são regra.

Após um estudo mais aprofundado dos fatos, é plenamente possível entender o desenrolar dos acontecimentos, e começar a descartar a “incompetência pessoal” dos oficiais magistrados italianos. É esperado que tal estudo seja fonte de pesquisa para os novos estudiosos, assim como novo ponto de vista para os que já estão em atividade.

Podemos encontrar as origens da questão “Segunda Guerra” no Risorgimento [unificação] italiano. Essa manifestação, concluída na década de 1870, sob Giuseppe Garibaldi e o futuro monarca Vittorio Emmanuele II, unificou os antigos pequenos reinos da península em um único governo, o Reino da Itália, governado pela Casa Real de Savoia. Juntamente com a Alemanha, a Itália completou seu processo de unificação com séculos de atraso sobre seus vizinhos europeus. Isso acarretou uma considerável perda de vantagem na atividade que marcou o século XIX: o Imperialismo. A busca por colônias além-mar gerou enorme disputa e em muitos casos animosidade entre os países europeus. Estando atrasada então, a Itália somente pôde buscar territórios de pequeno valor e extensão. Mas os objetivos de grandeza italianos não estavam refreados.

No início do século XX, o outrora poderoso Império Otomano caía em ruínas, gradualmente perdendo controlo de seus territórios longínquos. Em 1911 os italianos aproveitaram a oportunidade e desembarcaram uma força na Líbia, visando tomar esse vasto território das mãos turcas. Uma bem-sucedida campanha se desenrolou para os italianos, que ainda tiveram o mérito de utilizar pela primeira vez em combate uma máquina revolucionária: o avião.

Quando, em 1915, a Itália juntou-se à guerra contra os Impérios Centrais; esperavam os italianos ganhar muito com o fim do conflito. Apesar de uma derrota pesada na Batalha de Caporetto em 1917, a Itália pôde comemorar a vitória em novembro do ano seguinte. Comemoração esta que teve um gosto um pouco amargo, visto que os ganhos territoriais concedidos pelos tratados de paz nem de longe satisfaziam às expectativas. Além da Líbia, os italianos possuíam somente mais duas pobres e pequenas colônias, a Eritréia e a Somalilândia Italiana, ambas no chamado “Corno da África”, o leste africano.

Gabriele D’Annunzio, famoso poeta e guerreiro durante a Primeira Guerra Mundial, ficou extremamente decepcionado com a ordem de entrega da cidade de Fiume, no Adriático, durante a Conferência de Paris em 1919. D’Annunzio reuniu 2.000 homens e tomou então o controlo da cidade, expulsando as forças de ocupação inglesa, francesa e norte-americana lá baseadas. O governo de Roma enviou ordem a D’Annunzio para que entregasse a cidade, o que foi respondido com uma negativa e declaração de independência de Fiume. Foi implantado um estado com uma constituição muito similar à adotada por Benito Mussolini mais tarde, e o próprio D’Annunzio se declarou “Duce” [líder] de Fiume. Foi então declarada guerra à própria Itália, que terminou após o bombardeamento naval da cidade em 20 de dezembro de 1920.

Foi nesse cenário sócio-político que o Partido Fascista apareceu. Insatisfeitos com a aparente inanição do governo italiano perante aos “ultrajes” inferidos pelos seus próprios aliados na Grande Guerra, e vendo com admiração a atitude de seus “camaradas” em Fiume, os fascistas, liderados pelo ex-jornalista Benito Mussolini, fizeram uma campanha de extremo apelo popular, e forçaram o rei a colocar-lhes no poder após a “Marcha sobre Roma” em 1922. Cabe aqui uma explicação do nome “Fascismo”. Este termo deriva de fascio, que era o símbolo de poder na Roma antiga. Constava de um feixe de varas amarrados juntamente com um machado. As varas representavam o povo unido, e o machado representava o governo. Os dois juntos eram a combinação perfeita para o estado. É a política do “Tudo pelo Estado, todos pelo Estado, nada fora do Estado”.

Mussolini adota o título antes utilizado por D’Annunzio, “Duce”, e forma tropas semelhantes às por ele formadas em Fiume, os Camisas Negras. O governo tem por objetivo final implícito o expansionismo territorial. É o objetivo de Mussolini levar a Itália a um “Segundo Império Romano”. O país é o primeiro a se rearmar após a Primeira Guerra Mundial, fazendo o seu exército crescer e treinando nativos africanos para as suas fileiras, os chamados askaris. Estes constituiriam a base do exército colonial italiano até o início da Segunda Guerra Mundial.

Porquê é que as colónias eram tão importantes para a Itália? Porquê a necessidade de expansão? Ora, a Itália é um estado pobre em matérias-primas básicas como carvão, ferro e petróleo. A grande maioria do seu comércio é realizado com fornecedores de além-mar, principalmente a Inglaterra. O cenário da década de 1930 deve então ser analisado. A Itália tinha uma relação de amor/ódio com a Inglaterra, pois esta era o seu principal fornecedor, mas ao mesmo tempo ousava dominar posições no que deveria ser a sua zona de influência: o Mediterrâneo. Este estreito mar que liga a Europa à África sempre foi considerado pelos italianos como “seu quintal”, e não era com bons olhos que viam os ingleses dominarem as suas duas portas de entrada/saída, em Gibraltar e Suez; o Mare Nostrum (“Nosso Mar”) estava ameaçado, ao mesmo tempo em que as suas rotas vitais de comércio também estavam. Na verdade, os italianos sempre se sentiram “com a faca no pescoço” pela poderosa presença naval britânica no Mediterrâneo, que mantinha esquadras em Alexandria, Gibraltar e numa pequena ilha de crescente importância no centro daquele mar, Malta. Essa pequena ilha era um incómodo constante para os italianos, pois estava localizada a meio caminho entre a Sicília e a Líbia, podendo representar um perigo imediato às comunicações da metrópole com Trípoli. Mussolini fez com que uma ilha vizinha de posse italiana, chamada Pantelleria, fosse fortificada para que pudesse combater a eventual força inimiga; chegou-se a chamá-la de “Ilha de Mussolini”, devido ao número de reforços para lá destinado.

Para controlar o Mediterrâneo, a Itália tinha as suas esperanças na sua portentosa marinha de guerra, a Regia Marina (Marinha Real). Baseada taticamente em grupos de batalha liderados por pesados couraçados, a Regia Marina era uma força respeitável e temida durante os anos 1930. A sua força submarina, composta por mais de uma centena de aparelhos, também impunha respeito. Apesar de ser numericamente muito maior, a Royal Navy [Marinha Real Inglesa] estava dispersa por todo o globo cobrindo suas colónias, nunca podendo colocar números equivalentes aos italianos no Mediterrâneo.

A questão da indústria italiana deve ser abordada nesse ponto. A Itália tinha a indústria mais atrasada entre as potências européias. Os seus processos de montagem não seguiam os preceitos da produção em massa fordista, e os centros industriais, concentrados no norte do país, eram pouco numerosos. Além disso, a poderosa Fiat tinha conexões políticas no governo fascista, sempre levando vantagem em concorrências governamentais, mesmo apresentando projetos inferiores. Sendo assim, a produção era sempre demorada e difícil. Esse aspecto se refletia na doutrina das forças armadas, e mais ainda na marinha, que era a mais “independente”: os almirantes sempre se mantiveram a certa distância dos fascistas. Ainda durante a Primeira Guerra Mundial, o Comandante em Chefe da Regia Marina, Grande-Almirante Paolo Thaon di Revel estabeleceu a doutrina da “Fleet in Being” [Frota em potencial], que rezava pela conservação da frota, evitando comprometê-la em batalha para poder usá-la como instrumento de barganha em possíveis negociações; essa doutrina, particularmente no caso italiano, visava também proteger os seus preciosos e insubstituíveis vasos de guerra, já que a indústria não os poderia substituir em tempo útil. Thaon di Revel passou essa doutrina aos seus dois pupilos, que viriam a ser os Comandantes na próxima guerra, Almirante Domenico Cavagnari e Almirante Arturo Riccardi. Estes almirantes utilizaram-se dessa doutrina, então, para dar liberdade a pequenos grupos de ataque armados com lanchas torpedeiras, as famosas MAS [Motoscafo Anti Sommergibile / Lancha anti-submarina]. que tinham afundado couraçados austríacos na Primeira Guerra Mundial. Essas Flottiglia Mezzi d’Assalto [Flotilhas de Meios de Assalto (Flottiglia MAS)]. estavam espalhadas por toda a costa italiana. A mais famosa delas seria a Decima Flottiglia MAS, lar dos fantásticos homens-rãs italianos.

A força aérea italiana fora criada em 1923, sob a designação de Regia Aeronautica (Força Aérea Real). O seu desenvolvimento durante os anos 1920 e 1930 se deu no sentido de mostrar ao mundo o poder da Itália, ou seja, a Regia Aeronautica era uma arma de propaganda, e das mais eficientes. Um dos quatro homens-chave de Mussolini durante a Marcha de 1922, o Marechal Italo Balbo era um aviador de grande prestígio dentro e fora da Itália, quando liderou enormes esquadrilhas de hidroaviões Savoia-Marchetti S.55 através do Atlântico até o Brasil e Estados Unidos no início dos anos 1930. Outro campo em que brilhou a Regia Aeronautica foi na disputa do Troféu Schneider. Essa disputa era exclusiva de hidroaviões, visando estabelecer o recorde da categoria. O vencedor de três edições consecutivas levaria o troféu definitivamente. Embora os ingleses tenham vencido três vezes e levado o troféu em 1931, o avião italiano daquela edição, o Macchi MC.72 de Mario Castoldi, estabeleceu em 1934 o recorde de velocidade que continua até hoje, de 705 km/h. A Itália tinha, na verdade, o melhor caça do mundo na primeira metade da década de 1930, o Fiat CR.32 projetado por Celestino Rosatelli. A doutrina da força aérea italiana pode ser explicada aqui: na área dos caças, era dado prioridade ao poder de manobra sobre todos os outros, seja armamento, blindagem, ou potência. Sendo assim, a indústria aeronáutica italiana nunca havia dado prioridade ao desenvolvimento de motores de alta performance, nem armas de grosso calibre, ou canhões. As aeronaves italianas eram biplanos leves, sem blindagem, pois esta prejudicaria a manobrabilidade, deixando a aeronave muito pesada. Outro fator característico eram os cockpits abertos, sem teto envidraçado. A ala de bombardeio seguia os preceitos formulados pelo General Giulio Douhet, que durante a Primeira Guerra Mundial fora defensor do uso de aeronaves como forma de destruir a indústria inimiga, levando o país inimigo a procurar um armistício. Sendo assim, a doutrina do “domínio do ar” de Douhet afirmava que o inimigo deveria ter sua indústria destruída pelo poder aéreo, sendo este o método mais adequado para vencer o conflito. Segundo Douhet “Existem países sem costas litorâneas, mas nenhum sem o sopro do ar”. Não é para menos que mais da metade de todas as aeronaves da Regia Aeronautica eram bombardeiros; eram, porém, pequenos e carregavam bombas leves, além de lançarem sua carga a uma altura demasiado elevada, dispersando as bombas e diminuindo a eficiência do ataque. Era a doutrina de Douhet aplicada de forma “teórica”; os ingleses e norte-americanos levariam as idéias do General bem mais a fundo...

O Regio Esercito (Exército Real) italiano era também uma força que aparentava mais do que realmente era. Mal equipado de todo tipo de material, o exército não foi capaz de se atualizar após a Primeira Guerra Mundial. A suas peças de artilharias datavam (quase em totalidade) daquela época e estavam obsoletas em relação às estrangeiras. Para os soldados, faltavam materiais básicos, como botas. O poder de mobilização era lento e o número de veículos motorizados era insuficiente. Embora contando com tropas de elite como os Bersaglieri [infantaria leve] e os Alpini [tropas de montanha] o moral geral da tropa não era dos melhores. Os primeiros tanques de nova geração somente apareceram em 1933 na forma do Fiat L 3/33, um pequeno veículo de dois tripulantes baseado num desenho inglês da Carden-Lloyd. O L 3 seria a espinha dorsal da força blindada italiana até 1940, quando se provaria um total desastre perante os britânicos. Os generais italianos baseavam as suas táticas em fórmulas do passado, o que justifica até certo grau a afirmação de Maquiavel no seu clássico “O Príncipe”:

“Aqui existe grande valor no povo, enquanto ele falta nos chefes. Observei nos duelos e nos combates individuais o quanto os italianos são superiores na força, na destreza ou no engenho. Mas, quando se passa para os exércitos, não comparecem. E tudo resulta da fraqueza dos chefes, porque aqueles que sabem não são obedecidos, e todos julgam saber, não tendo surgido até agora alguém que tenha sabido instigar-lhes o valor...”

Em 1935 Mussolini virou a sua atenção para a Abissínia (Etiópia), então o único país africano independente, governado pelo Imperador Hailé Selassié. Era a oportunidade que o Duce precisava para finalmente ter o seu tão sonhado “Império”. Segundo algumas pesquisas, o solo etíope continha petróleo e outros minerais preciosos, algo que Mussolini queria muito. Os italianos então usaram como pretexto a “necessidade de reformas” do estado etíope, que estaria totalmente atrasado sob o domínio de Selassié; de fato, a Abissínia era um país muito pobre e pouco desenvolvido. De suas forças armadas, a única parte não-tribal era a Guarda Imperial, treinada por uma missão militar belga, e uma força aérea de três aviões. Em fins de 1935, duas forças de invasão italianas estavam às portas da Abissínia, uma pelo norte na Eritréia, sob o comando do Marechal Emilio De Bono, e outra pelo sul na Somalilândia Italiana sob o comando do Marechal Rodolfo Graziani. De Bono atacou primeiro em outubro, avançando lentamente território inimigo adentro; lentamente demais para Mussolini. Pouco depois foi substituído pelo Marechal Pietro Badoglio, que ordenaria o uso de gás mostarda contra as forças etíopes, atitude que caracterizou crime de guerra perante a Liga das Nações. Os italianos, por seu lado, acusaram os etíopes de estarem usando munição dum-dum [bala deformável que abre uma ferida muito maior na vítima].

Nessa guerra, diversos líderes do regime fascista combateram como representantes do Duce. O ousado Ettore Muti, que havia combatido com os Arditi [Tropas de elite reunidas por Gabriele D’Annunzio] na Primeira Guerra Mundial, era o miúdo de ouro de D’Annunzio, e dele ganhou o apelido de “Gim de Olhos Verdes” [alusão a artistas americanos]. Na década de 1930, Muti aprendeu a pilotar e entrou para a Regia Aeronautica, como um de seus mais audaciosos expoentes. Em 1936 Muti, pilotando um bombardeiro na Abissínia, resolveu fazer o inusitado e realizar um pouso na capital Adis Abeba, ainda em poder de Selassié. Ao seu lado, como co-piloto, um assustado Ciano...

Gian Galeazzo Ciano, filho do companheiro de guerra de D’Annunzio, Constanzo Ciano, casara-se em 1930 com a primogênita do Duce, Edda Mussolini. Ganhou diversas posições na hierarquia fascista, chegando a ser considerado “o nº 2 da Itália”. “Gallo”, como Edda o chamava, foi para a Abissínia pilotando bombardeiros da Esquadrilha La Disperata, junto, também, com o “literato feroz” Alessandro Pavolini, o último homem a ficar ao lado de Mussolini antes de sua morte em 1945.

Os etíopes renderam-se em 1936, com Badoglio num cavalo branco entrando em Adis Abeba. Graziani foi feito Vice-Rei da colônia. Sob o comando do General Guglielmo Nasi, os italianos fariam uma perseguição tenaz aos rebeldes etíopes, que só cessaria com a chegada do Duque de Aosta em 1939. Mas muito foi investido em infra-estruturas na Abissínia durante os anos de domínio italiano. Escolas, hospitais e outras obras públicas foram construídas, em grande parte com material desviado de obras na própria metrópole.

O mesmo ano de 1936 viu nascer outro conflito, desta vez na península ibérica. O general espanhol Francisco Franco rebelou-se contra o governo de Madrid, e precisava urgentemente transportar as suas tropas do Marrocos Espanhol para a Espanha. Itália e Alemanha então ofereceram ajuda com aviões, no que constituiu o primeiro transporte aéreo de tropas em tempo de guerra do mundo. Os “Nacionalistas”, como se chamavam as tropas de Franco, começaram a sua guerra civil contra o governo de Madrid, conhecido como “Republicano”, mas logo o conflito fugiu às fronteiras espanholas e diversos países enviaram auxílio. Os republicanos foram auxiliados pelos ingleses, franceses e principalmente os soviéticos; já os nacionalistas receberam ajuda de Portugal, da Alemanha e da Itália. Os italianos enviaram inicialmente um contingente aéreo, a Aviazione Legionaria, com bombardeiros e caças. Depois, chegou à Espanha uma força terrestre italiana, inclusive com tanques L 3, que ainda operavam com sucesso no contexto daquela guerra. No ar, Fiat CR.32 provou-se um caça muito bem-sucedido, batendo os rivais franceses, ingleses e soviéticos; o bombardeiro Savoia Marchetti SM.79 Sparviero também se saiu muito bem na Espanha, tendo somente 3 dos 100 aparelhos enviados sido perdidos, e mesmo assim, por acidentes de voo, nenhum foi derrubado pelos inimigos.

Com a tomada de Madrid por Franco, a Guerra Civil Espanhola chegou a um fim em 1939. Ela ratificou a vitória do totalitarismo, que agora ameaçava toda a Europa. A Espanha foi uma grande “plataforma de testes” para o conflito muito maior que seria desencadeado mais tarde naquele mesmo ano. Para a Itália, mais particularmente para as suas forças armadas, foi uma armadilha mortal, pois apesar da evidente vitória, serviu para reforçar a crença de que os seus aparelhos eram capazes de aguentar as demandas da década seguinte.

Mas muita coisa aconteceu no fim dos anos 30... Os últimos desenvolvimentos do crescente rearmamento europeu apontavam para um aumento considerável de blindagem e poder de fogo. A Itália pagou o preço pelo seu pioneirismo, não sendo capaz de acompanhar essas mudanças. E somente o teste de fogo na Segunda Guerra Mundial é que diria a magnitude desse abismo de diferença.

Em 1937 a Itália firmara um acordo com a Alemanha, que em 1939 se estendera a um acordo de cooperação militar, o chamado “Pacto de Ferro” [assinado por Ciano e Joachim von Ribbentrop ]. Esse acordo previa o auxilio mútuo em caso de guerra, algo que a Itália não podia cumprir nos próximos três anos. Badoglio, então Chefe de Estado-Maior das Forças Armadas, apresentou um relatório a Mussolini, dizendo que o país não estaria preparado para entrar numa guerra antes de 1942, tempo suficiente para concluir os programas de modernização.

A Regia Aeronautica lançara em 1937 o “Programa R”, que visava substituir os velhos biplanos CR.32 por aeronaves de desenho mais moderno, no que constituía uma tentativa de acompanhar a tendência europeia. Diversos projetos foram apresentados, sendo que três foram considerados finalistas: o Macchi MC.200, Fiat G.50 e Reggiane Re.2000. A decisão final, que caracteriza de certa forma o pensamento industrial italiano então vigente, é até hoje objeto de muita discussão. As três fábricas uniram-se com o argumento de que a lenta produção de cada uma justificava a encomenda dos três tipos de caças, o que foi aceite pelo governo. Essa decisão provocaria mais tarde enormes atrasos por falta de padronização, tanto de peças quanto de mecânicos, reduzindo a operacionalidade dos esquadrões de caça. Outra decisão ainda mais polémica, e que mostra o poder da Fiat, foi a de construir um “caça de transição”, mais especificamente o Fiat CR.42 Falco, o último biplano produzido no mundo. O Falco seria o caça mais numeroso nas fileiras da Regia Aeronautica em 1940.

Em matéria de tanques, o exército havia determinado em 1937 um programa de desenvolvimento de construção de três tipos: os Leggero (leves), Medio (médio) e Pesante (pesado). Somente em 1939 foi aprovado para produção o M 11/39, tanque médio com armamento obsoleto e péssima mobilidade. Juntamente com o L 3/35, seriam esses os tanques disponíveis no início das hostilidades. Em 1938 as divisões de infantaria receberam nova configuração, colocando dois regimentos por divisão, ao invés de três. Isso deveria aumentar o poder da força, mas na verdade só trouxe problemas, pois acarretou um aumento no número de estados-maiores e cargos burocráticos, tornando todo o processo mais lento.

O Comandante em Chefe da Regia Marina, Almirante Cavagnari, dera autorização para levar adiante as experiências do Major Teseo Tesei com torpedos-guiados, os chamados Maiali. Para isso, a Decima MAS entregou as suas lanchas torpedeiras e recebeu um submarino para transporte desses novos mezzi d’assalto [meios de ataque], o Sciré, cujo capitão seria o futuro comandante da unidade, Junio Valerio Borghese. A esquadra principal estava concluindo a construção de dois novos couraçados, o Littorio e o Vittorio Veneto, mas não tinha planos de construir a arma que vinha ganhando destaque nas grandes marinhas do mundo: o porta-aviões. Segundo os almirantes, a Itália era um grande “porta-aviões natural”, cobrindo o Mediterrâneo com o seu território. Os acontecimentos futuros provariam o terrível erro dessa teoria.

Foi feito até agora esta exposição de fatos porque ela é de extrema importância para entender-se o comportamento dos italianos no campo de batalha, e os resultados das suas investidas. Começar a explicação por aqui, sem esse prelúdio, seria cortar aspectos que indiscutivelmente devem ser levados em conta, o que constitui deturpação histórica. O soldado italiano foi terrivelmente prejudicado pelas circunstâncias, levado a uma guerra que não queria e sem preparação para ela. O exército italiano vinha lutando contra inimigos tribais nas suas colônias já há quase trinta anos, não tendo muita noção do que seria uma guerra europeia. Prova disso é que as três divisões blindadas, Centauro, Ariete e Littorio, estavam posicionadas no norte italiano. Nas colónias, somente pequenos grupos blindados estavam dispostos, e estes tinham equipamento obsoleto. Mussolini conhecia esses fatores, pois era informado pelos seus subordinados, mas o contexto de junho de 1940 o fez calcular os riscos e lançar-se contra a Inglaterra e a França.


Grandes Guerras
 

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Lusitano89

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Re: Segunda Guerra Mundial
« Responder #201 em: Abril 14, 2010, 01:14:19 am »
A Itália na Segunda Guerra Mundial - Parte 2


A Alemanha atacou a Polónia em setembro de 1939 usando táticas revolucionárias de emprego de blindados e aviação em conjunto. O resultado surpreendeu pela sua eficiência e os polacos foram derrotados em seis semanas. A Itália não declarou imediatamente guerra em apoio à Alemanha, como o “Pacto de Ferro” a obrigaria a fazer. Mussolini enviou as suas razões a Adolf Hitler, dizendo que não estava preparado para mover uma guerra. De acordo com alguns estudiosos, Mussolini não acreditava o suficiente no sucesso dos alemães, o que aliado com o relatório de Badoglio o convenceu a não agir. Mas em maio de 1940 os alemães novamente atacaram, desta vez a oeste, esmagando a Holanda em cinco dias e penetrando na Bélgica e França de forma avassaladora. Mais uma vez o desejo do “Império” subiu à cabeça do Duce, e ele calculou que se não agisse rapidamente, não teria direito aos espólios que viriam da derrota anglo-francesa. Mussolini, apesar dos protestos de seus mais próximos seguidores, como Ciano, Badoglio e Balbo, decidiu entrar na guerra no dia 10 de junho. Não havia tempo nem para grandes mobilizações, nem confecção de planos, a ação seria iminente, antes que a França caísse perante os alemães. Vê-se então que os comandantes locais não tiveram responsabilidade pelo estado das suas tropas, pois não tiveram tempo para fazê-lo. Em alguns casos, só souberam que estavam em guerra quando foram alvejados pelo inimigo.

O conceito de guerra prolongada não havia sido considerado por Mussolini, que pretendia meramente “anexar” o inimigo sem realizar uma ofensiva real. “Só preciso de alguns milhares de mortos para me sentar à mesa de negociações” dissera o Duce. Mas os seus inimigos, mais especificamente os ingleses, não colaborariam com essa vontade. Atacaram os italianos na Líbia, partindo do Egipto, desde o primeiro dia da guerra. Em meados de junho já haviam tomado um forte dentro do território inimigo. Balbo, que era o comandante das forças italianas na Líbia, telegrafou à Badoglio explicando-lhe que os seus soldados lutavam contra tanques ingleses apenas com carabinas, mas que, no entanto, “fariam milagres”. Balbo, comparativamente, estava até em boa situação se comparado ao Duque de Aosta na AOI (Africa Orientale Italiana - Abissínia, Eritréia e Somalilândia). O Duque, porém, atacou logo com tudo que podia, penetrando em pequena escala no Sudão e no Quênia. Balbo tinha planos para atacar em 15 de agosto, mas no dia 28 de junho morreu num acidente aéreo, em que o seu avião foi derrubado acidentalmente pela artilharia anti-aérea italiana em Tobruk.

Nos Alpes e na Riviera, formou-se uma frente contra os franceses. A ordem inicial era para manter a defensiva, mas rapidamente o Comando Supremo ordenou o ataque. Mal equipados e coordenados, os italianos não foram capazes de quebrar a linha francesa, mas apenas quatro dias depois a França rendeu-se, mais precisamente devido ao potente ataque alemão pelo nordeste. Na negociação do armistício, Mussolini esperava extorquir dos franceses o máximo possível, mas foi impedido por Hitler, que não queria dar motivos aos franceses para continuar lutando, ao mesmo tempo não assustando os ingleses com termos de rendição pesados. Mussolini ficou enfurecido pela recusa do Führer em requerer a esquadra francesa, que foi autorizada a zarpar para a Argélia. O Duce também queria a ocupação da Tunísia, também negada, mas que faria imensa falta mais tarde.

A preocupação com Malta também provou-se justificada. Os aviões e a esquadra inglesa lá baseada realizavam ataques constantes ao tráfego marítimo italiano entre Europa e África. Ao declarar-se guerra, entretanto, não foi formulado um plano para a sua captura. Malta tornaria-se para os italianos, e mais tarde, os alemães, no espinho do Mediterrâneo.

Conforme a guerra progredia, o Duque de Aosta montou uma ofensiva para tomar a Somalilândia Britânica, partindo da Abissínia. Aquela pequena colónia inglesa era uma ameaça constante ao tráfego italiano no Mar Vermelho. O problema é que a situação italiana na AOI era a mais precária de todas. Dos poucos tanques de que dispunha o Duque, apenas um par de dúzias eram M 11/39s, todos os outros eram os pequenos L 3/35. Mesmo assim, todos os meios foram reunidos e em agosto foi ordenado o ataque. O avanço foi lento e as baixas pesadas, enquanto os ingleses evitavam o confronto direto e recuavam para evacuar a colónia em direção a Aden, na Arábia. Os italianos por fim derrotaram os ingleses em setembro, realizando um feito nunca igualado pelos seus aliados alemães: conquistar completamente um território do Império Britânico. Alguns autores atribuem o sucesso da ofensiva ao talento pessoal do Duque, outros ao fraco potencial inglês no local, e outros ainda às qualidades de grande parte dos oficiais lá presentes; muitos desses oficiais tinham pensamento muito “liberal”, sendo enviados (quase como exilados) pelo governo fascista àquela distante colônia. Um destaque entre esses oficiais deve ser feito para Amedeo Guillet, que organizou e liderou em batalha um grupo askari de cavalaria. Sua atuação durante o contra-ataque inglês no início de 1941 foi um exemplo de ousadia, merecendo comentários elogiosos mesmo de seus inimigos.

Com a morte de Balbo, Rodolfo Graziani foi nomeado para o comando na Líbia. Graziani também é objeto de muita discussão, e sua pessoa deve ser estudada de forma a esclarecer os eventos que se seguiram no Norte da África até fevereiro de 1941. Graziani é considerado um “covarde” por muitos, pois a sua atitude ante os relatórios de inteligência sobre a movimentação inglesa no Egipto foi, digamos, de cautela “excessiva”. No entanto, Graziani pode analisar as suas próprias forças e não ficou confiante com o que viu. Mussolini o urgia para que se movimentasse, mas o Marechal sempre recusava. O contexto deve ser analisado: após a queda da França, as forças alemãs posicionaram-se a apenas 30 km da costa inglesa, em Calais. A desastrosa retirada do exército anglo-francês em Dunquerque havia virtualmente “inoperado” os ingleses, pois, em função da fuga, tiveram que abandonar todo o seu material pesado, como veículos, canhões e morteiros, na praia. Hitler, assim como Mussolini, esperava que o povo inglês pedisse um acordo de paz, mas o primeiro-ministro Winston Churchill insistiu em continuar lutando. Como que a situação não chegasse a um ponto final, o Duce enviou um recado a Graziani:

“Pisaremos na Inglaterra no mesmo dia em que o primeiro pelotão alemão lá pisar. Nesse dia, peço-lhe que ataque. Torno a insistir que não se trata de ganhar território. O seu objetivo não é Alexandria, nem mesmo Sollum. Peço-lhe apenas que enfrente as forças inglesas que o confrontam.”

Nas palavras dessa ordem estão implícitas a confiança que Mussolini tinha na invasão da Inglaterra pelos alemães. Mas Hitler não planeava agir dessa maneira. Ele não acreditava (talvez com muita clareza) que certa investida seria malograda. Hitler queria forçar os ingleses a pedir a paz. Enviou a sua força aérea para destruir os campos de pouso da RAF [“Royal Air Force”, Força Aérea Real Inglesa], mas esperava que os ingleses tivessem consciencia da sua derrota e pedissem um acordo. Mussolini perdeu muito com essa decisão, a sua guerra curta estava agora comprometida. Teria que fazer valer as suas forças, ganhar com suor o que tanto desejava. Ordenou a Graziani para atacar com urgência, ou seria demitido. O Marechal ficou entre a espada e a parede: sabia que um exército como o seu, sem número suficiente de veículos motorizados e tanques não podia fazer muito ao avançar a pé pelo deserto egípcio em pleno verão. O seu temor íntimo dos ingleses também o afligia. Mesmo assim, atacou em 14 de setembro, inicialmente o porto de Sollum, perto da fronteira. Os ingleses, muito dispersos, não puderam reagir e recuaram para o interior do Egipto. No dia seguinte, os italianos chegaram a Buqbuq, e no dia 16 alcançaram Sidi Barrani, onde Graziani ordenou uma paragem, concluindo o seu ataque após um avanço de 80 km. Segundo o seu relatório, as suas linhas de abastecimento estavam por demais estendidas, ameaçando o seu sucesso.

De volta a Roma, Mussolini preparava mais um golpe, desta vez para “vingar-se” de Hitler por não ter lhe avisado sobre o seu ataque à França (e também pela recusa em invadir a Inglaterra). Ele queria tomar a Grécia de assalto, estendendo o seu domínio sobre o Mar Egeu e encurtando distâncias até aos seus domínios nas Ilhas do Dodecaneso [conjunto de ilhas ao sul da Grécia, possessão dos italianos desde a década de 1910]. Mais uma vez, o Duce ordenou a ação sem preparação prévia, o que resultou num impasse desastroso. Em 28 de outubro, sete divisões italianas vindas da Albânia e comandadas pelo General Sebastiano Visconti Prasca cruzaram a fronteira grega. Após poucos dias, o seu avanço foi parado pelos gregos liderados pelo General Alexander Papagos. Os gregos então começaram a empurrar os italianos de volta, num movimento que somente parou com a substituição de Visconti Prasca pelo General Ugo Cavallero, que também assumira o cargo de Chefe de Estado-Maior Geral de Pietro Badoglio.

No Egipto, um carregamento de armamentos chegou em novembro. Nele estavam 50 tanques pesados Matilda II, que seriam o pilar da força de contra-ataque do General Richard O’Connor. Em 9 de dezembro foi iniciada a “Operação Compasso”, onde os ingleses infligiram aos italianos derrotas consecutivas, recuperando território perdido em setembro e penetrando na Líbia, capturando um por um os portos e chegando a meio caminho de Trípoli, quando pararam em fevereiro de 1941, em El Agheila [cidade que marca a divisão oeste-leste da Líbia, entre Tripolitânia e Cirenaica]. Foi essa ação que lançou o mito da “covardia italiana”, propagado pela imprensa inglesa. Mas existem fatores escondidos por trás do estudo daquela situação. A aparente superioridade numérica italiana de 7 homens para 1 dos ingleses era uma falácia. A maioria das tropas italianas era colonial, muito mal-treinadas e equipadas. Os ingleses tinham 50 tanques pesados, algo nem sonhado pelos italianos na época, e que também não podiam ser destruídos pelas suas armas anti-tanque. Existe também outro fator de peso que nem sempre é levado em conta: os italianos estavam dispersos em guarnições de diversos “pontos fortes” ao longo do litoral líbio. Como se vê, a estratégia de guerra estática dos generais fascistas não era párea para os movimentos rápidos dos blindados ingleses.

No entanto, o avanço de O’Connor foi parado para que parte de suas forças fosse desviada para a Grécia, que havia aceite a ajuda inglesa. Essa ajuda, no entanto, fez mais mal do que bem para os gregos, pois devido a ela os alemães intervieram na ação. Em abril de 1941, Hitler lançou a “Operação Marita”, que deveria conquistar rapidamente a Jugoslávia e a Grécia. Com o apoio de renovadas forças italianas, os tanques alemães concluíram vitoriosamente a campanha em pouco mais de um mês. A ação novamente se deslocava exclusivamente para África.

No leste do continente negro, os ingleses partindo do Quénia e do Sudão desfecharam uma ofensiva contra a AOI, fazendo o Duque de Aosta recuar as suas posições. Sem esperança de receber reforços, o Duque rendeu-se aos ingleses, enviando-lhes ainda uma carta de agradecimento pelo comportamento cavalheiresco que apresentaram perante as mulheres e crianças.

A história da guerra no Norte da África tomou um rumo diferente em fevereiro de 1941, com a chegada das primeiras forças do Afrika Korps, comandado pelo General Erwin Rommel. Assim que desembarcou, Rommel iniciou uma perseguição aos ingleses auxiliado pelos italianos, que agora contavam com a 132ª Divizione Corazzata Ariete na Líbia. A Ariete era a melhor equipada das divisões blindadas italianas, e tomou parte ativa na luta, e conseguindo resultados bastante produtivos, embora sempre utilizando veículos obsoletos. Essa face das ações do Eixo em África quase nunca é digna de nota, prevalecendo o estudo das ações alemãs. A qualidade dos soldados italianos pode ser comprovada por este depoimento do general alemão Friedrich Wilhelm von Mellenthin, do Estado-Maior do Afrika Korps:

“Não tenho nenhuma simpatia por aqueles que falam negativamente do soldado italiano, sem parar para considerar as desvantagens nas quais eles operaram. O armamento do exército italiano estava abaixo dos padrões modernos: os tanques eram muito leves e pouco confiáveis do ponto de vista técnico, e os rádios italianos não eram adaptados para a guerra móvel e não podiam funcionar com o veículo em movimento. Durante a campanha do Norte da África as tropas italianas deram muitos exemplos de ousadia e coragem: isso aplica-se principalmente àqueles que provinham dos regimentos de cavalaria.”

O avanço do Eixo parou na fronteira egípcia por causa do alongamento das linhas de abastecimento. Além disso, Rommel havia atacado sem o total dos seus efetivos, num ataque audacioso, mas que não tinha esperanças de chegar à vitória completa. Os ingleses logo contra-atacaram, lançando a “Operação Cruzado”, que atacou as forças ítalo-germânicas não sendo capaz, entretanto, de destruí-las. Rommel executara uma retirada organizada até uma linha segura, onde esperou que seus efetivos se completassem.

A luta no Mar Mediterrâneo foi renhida desde o começo. Em 11 de novembro de 1940, aviões torpedeiros ingleses atacaram a esquadra italiana ancorada em Taranto [porto no sul da Itália], destruindo três couraçados: Cavour, Diulio e Littorio. O comandante da frota, Almirante Inigo Campioni, foi substituído pelo Almirante Angelo Iachino, assim como Cavagnari foi substituído pelo Almirante Arturo Riccardi na chefia da Regia Marina. Mesmo em desvantagem e não querendo arriscar tanto, Iachino partiu em março de 1941 para enfrentar a esquadra inglesa do Almirante Andrew Cunningham ao largo da Grécia, onde se encontram no Cabo Matapan. O resultado desastroso do combate que se seguiu nos dias 28 e 29 ficou registado como prova da inépcia dos marinheiros italianos e da coragem dos ingleses. A Regia Marina perdeu, em combate noturno, três cruzadores: Zara, Fiume e Pola, e dois destróieres. Mas o fundo da história mostra outro lado: Iachino tinha consciencia das deficiências de seus navios, e não queria arriscar-se dessa forma no mar sem cobertura aérea adequada e reconhecimento prévio. Foi convencido a ir com a promessa (nunca concretizada) de que esses requisitos seriam atendidos. Mas a vantagem crucial de Cunningham nessa batalha foi o uso de um engenho novo, que já tinha salvado os ingleses na Batalha da Inglaterra: o radar. A esquadra de Alexandria tinha sido equipada recentemente com radares e pode se aproximar bastante dos italianos sem que estes os percebessem, à noite. Cunningham, então, abriu fogo à queima-roupa contra os navios inimigos, deixando-os virtualmente sem reação. Logo após isso, as esquadras se afastaram e retornaram aos portos. Iachino foi recebido por Mussolini,  Duce disse-lhe:

“O senhor não teve sobre a esquadra, durante toda a operação, nenhum avião italiano ou alemão... A sua situação era a de um cego a combater adversários de olhos bem abertos. O caso é grave e esta situação não pode continuar... não se concebe que as operações navais se efetuem em águas controladas pelo inimigo, sem esclarecimento e cobertura aérea. Dei ordens ao Chefe do Estado-Maior Geral afim de que mande construir imediatamente um porta-aviões e espero que o tenhamos pronto dentro de um ano. Até lá, a esquadra não deve agir fora do alcance de nossos aviões de caça.”

Iachino dissera depois: “Eu admirava muito a compreensão de Mussolini, mas pensava que, se não tínhamos um porta-aviões, era muito por culpa dele.” De fato, os estaleiros italianos começaram a construção de dois porta-aviões, o Aquila e o Sparviero, mas nenhum deles jamais seria completado. Depois da Batalha do Cabo Matapan, a esquadra inglesa ficou em boa vantagem no Mediterrâneo, mas essa vantagem seria seriamente comprometida pelos italianos, não por imensos couraçados, mas por pequenos e audaciosos homens-rãs.

Em 19 de dezembro de 1941, três torpedos-guiados da Decima MAS entraram silenciosamente no porto de Alexandria. Os corajosos homens-rãs prendem explosivos aos cascos de três navios ingleses. Dentro de poucos minutos, toda a situação naval no Mediterrâneo foi modificada, pois foram afundados os couraçados Queen Elisabeth e Valiant, além de um grande petroleiro. A notícia foi recebida com grande alegria na Itália. Por causa dessas perdas, a esquadra de Alexandria ficou impedida de escoltar comboios de abastecimento até Malta, o que deu início ao sufoco da ilha e a pôs, mais uma vez, em posição de invasão.

Mais uma vez sem avisar Mussolini com antecedência, Hitler lança um ataque de peso, o maior já realizado, contra a União Soviética [operação Barbarossa, em 22 de junho de 1941]. O Duce, ávido para mostrar-se adepto da “cruzada contra o comunismo”, envia um corpo de exército e um grupo de caças, no que seria conhecido por Corpo di Spedizione Italiano in Russia, ou CSIR. Apesar do sucesso inicial, que apenas seguia o compasso do sucesso alemão, à medida que o inverno se aproximava os erros de composição do CSIR iam se mostrando: sem nenhum aparato contra o frio russo e sem armas de grosso calibre, os italianos estiveram em maus-lençóis nas profundezas da URSS. Em 1942 o contingente foi ampliado [sendo redesignado ARMIR - Armata Italiana in Russia] e colocado sob o comando do General Italo Gariboldi. De acordo com os planos alemães, os italianos deveriam cobrir o flanco esquerdo de seu avanço até Stalingrado [cidade às margens do rio Volga], mas com as dificuldades materiais e morais daqueles soldados num clima tão hostil e numa guerra tão cruel como era a frente leste, o colapso estava por um fio. E em dezembro de 1942 o general russo Giorgi Zhukov lançou a “Operação Urano”, um cerco completo das forças alemãs em Stalingrado. O eixo norte do ataque de Zhukov atingiu em cheio os italianos, que pouco puderam fazer além de recuar ou render-se perante o poderoso ataque soviético. Ao ser capturado, os soviéticos interrogaram um sargento italiano sobre o porquê de seu batalhão ter se entregado sem disparar um único tiro: “Não respondemos aos disparos porque achamos que isso seria um erro.” A questão do envolvimento na “causa” da luta aplica-se muito bem a esse depoimento. Para os soldados italianos, aquela não era a “sua” guerra, e não valia a pena morrer por ela. As forças que conseguiram fugir ao cerco retornaram à margem do rio Don, de onde empreenderam uma retirada para casa no primeiro semestre de 1943.

A luta da Regia Aeronautica é sempre tomada em comparação com a da Luftwaffe e menosprezada pelos baixos números comparativamente registados. Mas os pilotos italianos começaram a sua guerra com equipamento muito inferior, e quando este foi reposto por algo melhor, nunca atingiu grande disponibilidade. Isso nos leva de volta ao fato de que a compra de diversos tipos de aviões, ao invés da concentração num tipo, diminuiu a operacionalidade da força aérea italiana. Mesmo assim, diversos pilotos mostraram a qualidade dos aviadores italianos, como Mario Visintini, Luigi Gorrini, Ugo Drago, Adriano Visconti, Teresio Martinoli, Leonardo Ferrulli e Franco Lucchini. Uma característica dos aviadores italianos era a sua paixão pela perfeição do voo, algo incutido na década de 1930 pela doutrina de acrobacia aérea do General Rino Corso-Fougier, que receberia em 1941 o comando da força aérea. Mesmo com tantas complicações operacionais, a Regia Aeronautica realizou grandes feitos durante a guerra. Em outubro de 1940, Ettore Muti liderou quatro bombardeiros Savoia-Marchetti SM.82 num vôo de 15.000 km para bombardear as refinarias de petróleo inglesas em Manama, na Arábia. O leve, mas bem-sucedido bombardeio, teve o efeito positivo de desviar contingente britânico da frente africana para defender as refinarias. A Itália também foi o único país do Eixo a operar (mesmo que em pequenos números) um bombardeiro estratégico: o quadrimotor Piaggio P.108. Finalmente levando ao pé da letra a teoria de Douhet, os italianos construíram um grande avião de quatro motores, semelhante aos Boeing B-17 norte-americanos, e com eles realizaram ataques a Gibraltar, Argélia e Tunísia. Em 1943 os novos caças da Serie 5 começaram a entrar em combate, finalmente com armamento pesado, capaz de derrubar os grandes bombardeiros americanos, mas em números insuficientes para representar ameaça real.

De volta à África, Rommel renovou o seu ataque contra os ingleses, empurrando-os até a linha Gazala em junho de 1942. Nesse ataque do Eixo, a maior unidade participante era justamente a divisão blindada Ariete, que entrou em batalha super-reforçada, com cinco regimentos blindados, ao invés dos três usuais. De Gazala, Rommel avançou até El Alamein [entroncamento ferroviário egípcio considerado a última paragem antes de Alexandria], onde fez uma paragem para reorganizar-se. Nesse meio tempo, os ingleses em Malta atacavam com cada vez mais ferocidade os comboios de abastecimento inimigos, fazendo com que os reforços de Rommel fossem parar ao fundo do Mediterrâneo. Sem ter mais recursos, o Afrika Korps foi apanhado de surpresa pela ofensiva inglesa do General Bernard Montgomery em 4 de novembro de 1942, onde a Ariete se envolveu no núcleo do ataque e acabou destruída. O que Rommel pode salvar foi retirado até a fronteira da Tunísia (agora ocupada pelo Eixo), na Linha Mareth. Em 8 de novembro houve um desembarque anglo-americano em Marrocos, e o exército ítalo-germânico logo se viu numa guerra de duas frentes. Com a Ariete destruída, os italianos tinham somente mais duas divisões blindadas em África, a Centauro e a Littorio. Ambas lutaram até a destruição em abril de 1943. Sem abastecimentos e confrontados por forças imensamente superiores, os italianos e alemães renderam-se em 13 de maio de 1943.

O que se seguiu foi o desembarque Aliado na Sicília, em 10 de julho. Apesar de o Comando Supremo enviar tudo que dispunha para reforçar a ilha, acabaram por perde-la em agosto. E a perda da Sicília seria a gota d’água que levaria à queda de Mussolini. O Duce é preso a mando do rei Vittorio Emmanuele III, e Badoglio assume o comando do governo provisório, garantindo aos alemães que a luta continuaria. Mas Badoglio, secretamente, iniciara conversações de paz com os Aliados, que resultam no armistício de 8 de setembro de 1943. A partir daí a Itália se divide em duas: o sul, pró-Aliados e governado pelo rei e Badoglio, e o norte, governado por Mussolini, na república fantoche de Salò [Republica Sociale Italiana (RSI)].

O pedido de paz italiano foi muito fortuito, pois ao contrário dos alemães, que foram levados à destruição por Hitler em 1945, os italianos foram capazes de se livrar de Mussolini quando o momento surgiu. Mas em setembro de 1943 os alemães agiram rapidamente e ocuparam a metade norte do país, dando o poder (apenas aparentemente) para Mussolini. No sul, controlado pelos Aliados, a atividade militar praticamente cessou, sendo a mais representativa das forças armadas a Aeronautica Co-Belligerante, que era a nova Regia Aeronautica transformada pelos Aliados. Washington e Londres não cederam em suas intenções de isolar os italianos da batalha, e por mais que estes quisessem ajudar, foram impedidos, permanecendo assim até o fim da guerra.

Na RSI, a situação era um pouco diferente, mas ao mesmo tempo similar. Forças armadas foram constituídas, mas estas foram usadas meramente em funções anti-guerrilha (inclusive a Decima MAS), deixando o combate direto a cargo de unidades alemãs. A exceção pôde ser encontrada na Aeronautica Nazionale Reppublicana (ANR) [Força Aérea da RSI], que lutou com reconhecida bravura pela defesa da base industrial, localizada na parte norte do país. Os esforços de guerra da RSI foram, no entanto, muito prejudicado pelas exigênciasdas duas outras frentes da guerra: Rússia e França.

Em abril de 1945 Mussolini tentou fugir para a Suíça num comboio alemão, mas foi interceptado por guerrilheiros comunistas, que o capturaram e assassinaram, linchando e expondo seu corpo em praça pública em Milão. A morte de Hitler aconteceria apenas alguns dias depois em Berlim, completamente dominada pelo Exército Vermelho. Uma semana depois, a guerra na Europa terminou, deixando metade do continente em ruínas.

O balanço final da campanha italiana é compreensível se bem estudado. Ao contrário do povo alemão, que tem na obediência uma de suas características mais intrínsecas, o povo italiano possui um sentimento de liberdade e alegria bastante sensível. A aliança com a Alemanha não foi bem vista e aceite por considerável parte da população, e o apoio à declaração de guerra (que pode ser sentida até hoje através da gravação sonora) se deu por entusiasmo momentâneo, visto que para todos, uma vitória fácil e limpa se apresentava. Os italianos sentiam-se desconfortáveis lutando contra franceses e ingleses, na opinião de muitos preferiam lutar contra os alemães, como fizeram durante a Primeira Guerra Mundial.

Tudo leva a crer que o soldado italiano não queria aquela guerra. Mussolini é que queria um império. Mesmo assim, aqueles soldados lutaram com os meios que lhes estavam disponíveis, combatendo com honra e fazendo a sua parte até que a situação se mostrou insuportável. Justiça deve ser feita à memória daqueles que morreram nos campos de batalha da África, URSS, Grécia e Itália, para não permitir que um embuste histórico seja consolidado e se torne eterno.

Grandes Guerras
 

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papatango

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Re: Segunda Guerra Mundial
« Responder #202 em: Abril 14, 2010, 02:26:07 pm »
Relativamente às ordens dadas às tropas irregulares na área da Chancelaria do Reich, não creio que elas tenham tido qualquer tipo de influência no desenrolar das operações.
Hitler suicidou-se na tarde de 30 de Abril e nessa mesma noite, foram pela primeira vez iniciadas negociações com as tropas de Zhukov.
O Chefe de Estado Maior, tanto quanto sei não era o general Hans Krebs, mas sim o Marechal W. Keitel.
Desde a tarde de 30 de Abril, até ao meio da manhã do dia 1 de Maio, o «Fuhrer» foi o ministro da Propaganda Goebels, que se suicidou.

A partir do meio-dia do dia 1 de Maio de 1945, o comandante da Alemanha era efectivamente o Almirante Doenitz, que se encontrava fora de Berlim.

Nesses dias e a partir das 22:25, altura em que a notícia da morte de Hitler foi dada a conhecer pela rádio, o comandante efectivo de Berlim passou a ser o general Weidling, o chefe do 56º corpo de exército. Os grupos de militares estrangeiros, faziam apenas parte dos varios grupos desorganizados que lutavam contra os russos com medo dos esquadrões da morte das SS.

Naturalmente que não tinham lugar para onde ir, pois eram estrangeiros na Alemanha. Mas a sua presença não teve qualquer significado em termos das operações mlitares. Depois da morte de Hitler, foi dada ordem aos que ainda se encontravam no Bunker e no que restava da Chancelaria para irem para casa.
Por isso creio que o que aconteceu em Berlim depois da morte de Hitler, já nada tem a ver com a II Guerra Mundial.

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Outra questão que gostaria de vêr abordada no Forum é o comporamento dos italianos na guerra que para todos suscita dúvidas
Quais são essas dúvidas ?


Cumprimentos
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Re: Segunda Guerra Mundial
« Responder #203 em: Abril 15, 2010, 12:36:14 pm »
Papatango, as 330 franceses da divisão charlemagne , eram voluntários, estavam fora de Berlim, e quando entram em Berlim , os próprios civis alemães  pensavam , que era Russos ou diziam que eram loucos.
Juntaram-se ás Nordland, em que o batalhão de esquerra , também está presente.
Os Franceses ainda conseguem destruir 62 tanques soviéticos, e são os últimos defensores do bunker de Hitler.
Estes soldados não foram obrigados a lutar , nem eram soldados da fortuna, lutavam por um ideal e camaradagem, podia haver outros combatentes que poderiam ser obrigados, mas poucos.
A divisão de Vaslov , não eram obrigados as combater, já no fim da guerra , mudaram de lado, mas o Vaslov teve o triste fim em Moscovo , barbaramente torturado.
Tens razão em dizer , pouco ou nada influenciou, o destino da guerra, mas temos reflectir profundamente , o que motivou a lutarem até ao fim.
Poucos franceses e da divisão Nordland, e espanhois sobreviveram, os regimentos "Norge" e "Danmark" foram destruidos.
Acho que nós os portugueses não entendemos esta gente, porque em Portugal o fascismo e o nazismo nunca existiu, ou foi morto logo á nascença , com o movimento de Rolão Preto a ser ilegalizado.
Salazar encerra as delegações deste movimento, em 1934, após o assassinato do primeiro ministro austriaco, pelos nazis.
Mas é importante procurar entender esta faceta da historia.
Considero a II Guerra Mundial,  na fase inicial como uma guerra civil europeia, não como uma guerra entre países, basta ver a quantidade de colaboracionistas , que os alemães tiveram em todos os países ocupados, e vê-se nos documentários .

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papatango

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Re: Segunda Guerra Mundial
« Responder #204 em: Abril 15, 2010, 09:16:08 pm »
Pessoalmente considero que a questão não está relacionada com a II guerra mundial.
Há algo a que podemos chamar «energia do desespero» que explica muitos comportamentos por parte dos seres humanos. Os indefectíveis de um regime são normalmente os lutadores mais fanáticos. Podem ser uma espécie de tropas especiais, mas nas guerras a sério, aquelas que como a II guerra mundial, são guerras em que a vitória se mede pela vontade de um povo a importância das «tropas especiais» é desprezível no cômputo final.

As acções desses «indefectíveis» enquadram-se dentro das movimentações do 101º Corpo de Exército, como flanco esquerdo do 9º exército, que foi empurrado para dentro de Berlim, pelas forças soviéticas do 2º Exército Blindado da Guarda e do 2º e 5º exército de choque, que o Marechal Zhukov mandou entrar em Berlim, com o objectivo de tomar o Reichtag.

Foram esmagados, como todos os restantes soldados da Wermacht e das SS e da Policia e dos bombeiros e do Volsturm que se opuseram aos russos.
As tropas das SS eram mais politizadas e por isso mais fanáticas.
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Re: Segunda Guerra Mundial
« Responder #205 em: Abril 15, 2010, 10:48:09 pm »
Outro aspecto , que é pouco conhecido , descrito num documentário do canal história , é que a guerra fria começou, antes de acabar a II guerra mundial , havendo combates aéreos entre americanos e russos, e alguns aviões americanos de reconhecimento foram abatidos em missões de descoberta de campos de prisioneiros aliados.
Muitos prisioneiros Ingleses e americanos tiveram como destino a Sibéria como reféns , porque Stalin exigia uma ajuda económica do ocidente , nomeadamente americano.
 

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Carlos Rendel

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Re: Segunda Guerra Mundial
« Responder #206 em: Abril 18, 2010, 08:15:08 pm »
Outro asssunto interessante na guerra foi a actuação e perda de navios de superfície da Royal Navy e da Navy dos EUA.
Julgo que numa 1º fase os U-Boot se impuseram (face à tonelagem afundada),mas a  partir de 1942 essa supremacia foi
ofuscada pela aparição de aviões anti submarinos,de que há que pôr em relevo o torpedeiro e bombardeiro ligeiro italiano "Sparviero"que bateu e afundou diversas unidades inglesas.Teve o grande defeito de,sendo um avião extraordinário ter chegado atrasado,já  a Itália se degladiava numa Guerra Civil.
Desculpem,se volto atrás,ao bunker de Hitler  para voltar aos voluntários estrangeiros que se bateram com rara bravura,já
Hitler era morto.E porquê? Porque só tinham um destino,a morte,ou morriam de arma na mão ou eram executados depois do repatriamento.Finalmente,volto ao assunto do às dos pilotos H.J. Marseille que não só abateu 158 aviões (confirmados)
por"Fighting Aces of the Luftwaffe" de Toliver e Constable,foi o piloto que individualmente mais aparelhos da R.A.F. destruiu em combate,como apresentou um rácio espantoso médio de 15 tiros por abate.
Agora uma história tétrica que não sei se deva ou não acreditar:nos combates travados em solo russo,os cadáveres dos
alemães não eram sepultados pelos russos,por serem indignos do solo da mãe Rússia e os ossos foram acumulados em grandes armazéns costruídos com esse fim e de que existem muitas dezenas  espalhados.Será verdade?
 Boa Semana!                                                                                                                                                           C.R.
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nelson38899

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Re: Segunda Guerra Mundial
« Responder #207 em: Abril 18, 2010, 09:43:14 pm »


"Que todo o mundo seja «Portugal», isto é, que no mundo toda a gente se comporte como têm comportado os portugueses na história"
Agostinho da Silva
 

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papatango

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Re: Segunda Guerra Mundial
« Responder #208 em: Abril 19, 2010, 12:57:32 am »
Relativamente ao conto dos aviões abatidos, eu apenas contesto as competições entre torcedores e entusiastas. A possibilidade de o numero de «vitórias» ser confirmado de fonte segura é mínima. Na esmagadora maioria dos casos os livros fazem referência ao numero de abates que o piloto reclamou como sendo de sua autoria.
A maioria dos números aparentam ser demasiado optimistas. É muito mais relevante do ponto de vista da história militar saber que a maior parte das perdas de aeronaves durante a II guerra mundial (mais de 50%) deveu-se a acidentes e não foi resultado de combates.

Eu apenas contesto a importância que esses detalhes têm para o resultado final do conflito.

Relativamente à guerra no mar, 1942 constituiu o pico dos ataques, mas há um facto curioso, e que diz respeito à percentagem de navios afundados por aviões durante a batalha do Atlântico. A relação é a seguinte:

1939 – 35%
1940 – 26%
1941 – 44%
1942 – 14%
1943 – 42%
1944 – 47%

Ou seja, os submarinos afundaram a maioria dos navios, mas a guerra também foi uma guerra contra os navios, levada a cabo por aviões com base em terra. Normalmente quando falamos da guerra no Atlântico, esquecemos que uma grande porção das vitórias dos alemães se deveu também aos bombardeiros que os alemães utilizaram para atacar aeronaves.

http://www.usmm.org/images/sunksub.gif

Citação de: "Carlos Rendel"
 ... há que pôr em relevo o torpedeiro e bombardeiro ligeiro italiano "Sparviero"que bateu e afundou diversas unidades inglesas.Teve o grande defeito de,sendo um avião extraordinário ter chegado atrasado,já a Itália se degladiava numa Guerra Civil.

Aqui não entendi muito bem. A Itália rendeu-se oficialmente em 8 de Setembro de 1943, na sequência dos desembarques americanos, que levaram à prisão de Mussolini (posteriormente libertado pelos alemães num golpe-de-mão).
Não havia nenhuma guerra civil, o que acontece é que a Itália perdeu a guerra. A República Social Italiana, foi posteriormente criada pelos alemães mas era um estado fantoche, que naturalmente não tinha qualquer autonomia e fazia o que os alemães mandavam que fizesse.

Depois, não entendi muito bem a sua afirmação relativamente ao bombardeiro Sm.79 «Sparviero». Esse avião entrou ao serviço em 1936 e foi o bombardeiro mais fabricado pelos italianos (1200 exemplares).

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Desculpem,se volto atrás,ao bunker de Hitler para voltar aos voluntários estrangeiros que se bateram com rara bravura,já
Hitler era morto.E porquê? Porque só tinham um destino,a morte
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nos combates travados em solo russo,os cadáveres dos
alemães não eram sepultados pelos russos,por serem indignos do solo da mãe Rússia e os ossos foram acumulados em grandes armazéns costruídos com esse fim
Estas questões fogem um pouco do tema militar.
Este tipo de temas não está directamente ligado com a guerra, mas enfim.
O enterro dos cadáveres, não é uma questão política é uma questão de necessidade. Um corpo apodrecido é um problema de saúde para o lugar onde estiver.

É verdade que os russos não enterravam muitos alemães (e russos também) durante o inverno. Os corpos congelados não apodreciam e por isso eram muitas vezes empilhados em armazens.
Isto também acontecia porque com temperaturas muito baixas, escavar uma vala comum era dificil, pois a terra era como pedra.

O normal era esperar pela Primavera. Logo que a temperatura aumentava, enterravam-se os mortos. Deixar os mortos por enterrar, por muito sagrada que fosse a terra russa era um perigo para os vivos.
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
Contra a Estupidez, não temos defesa
https://shorturl.at/bdusk
 

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Carlos Rendel

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Re: Segunda Guerra Mundial
« Responder #209 em: Abril 19, 2010, 09:52:27 pm »
Papatango afirma:"Eu apenas contesto a importância que estes detalhes têm para o resultado final do conflito"
Discordo porque as guerras são travadas por homens e mulheres,pessoas que riem e que choram,se entristecem e alegram.O estado de espírito de cada um é um miligrama de ingrediente para a vitória ou derrota.Tive a oportunidade de lêr parte da biografia do cap.Marseilleque todos os dias abatia aviões
inimigos(quando os encontrava)e o pessoal de terra fazia apostas,entusiasmáva-se e quando o cap. fez
o 100º abate houve festa rija.Rommel procurava incutir nos seus homens um estado de espírito positivo
sabendo que na hora decisiva teriam que dar  TUDO.É que Rommel,mesmo nas campanhas que desencadeou esteve sempre em inferioridade.
                         
                               Papatango escreveu:"não havia nenhuma guerra civil,o que acontece é que a Itália
                                                             perdeu a guerra...
 O que aconteceu é que nas zonas libertadas pelos americanos,houve de imediato lutas intestinas,entre
fascistas e antifascistas,leigos  e religiosos,ricos e pobres,assim como houve mortes violentas entre a
população civil por ajuste de contas,julgo que este clima pode ter sido fomentado pelos americanos
para uma operação de limpeza.Mas tem todos os contornos de uma guerra civil...
                                 Papatango afirmou:"a Itália rendeu-se a 8 de Setembro de 1943...a RSI era um
                                                             "estado fantoche,sem autonomia,e faria o que os alemães
                                                              mandassem"      
A república de Saló  como era conhecida pelos italianos atraíu pode dizer-se parte considerável da elite
militar,como os paraquedistas e a aviação agora chamada Aeronautica Nazionale Reppublicana (ANR)
que com a ajuda da LW formou pilotos e pessoal de terra e quando chegou o novo "SPAVIERO" mod.
SM79S,os alemães foram para a Alemanha defender o Vaterland e deixaram aos Spaviero a defesa  aérea
da Itália meridional.                                                                                   Cumprimentos,C.R.
CR