Resta perceber se, caso sigam o caminho dessa "reorientação", vai se realizado algum upgrade aos F-16, nomeadamente para V, ou se vão ficar como estão.
Uma coisa é certa, para algumas missões, o F-35 ou qualquer outro caça de 5ª geração, ficaria muito caro de operar, nomeadamente para interceptar Cessnas em espaço aéreo nacional, missões de ataque em espaço aéreo seguro, etc. E nesse aspecto, o F-16V serve perfeitamente. Para não falar que o F-35 para passar do IOC para FOC seriam alguns anos, logo era sempre inevitável o uso de ambas as aeronaves em simultâneo.
Se as coisas continuarem como estão, haverá mais questões a colocar entretanto porque dificilmente conseguiremos adquirir uma plataforma de 5ª geração, e tão pouco teremos capacidade para operação simultânea de 2 tipos diferentes de caça. Por isso, a não ser que as circunstâncias e contexto internacional mudem, é muito complicado ver uma coisa dessas a acontecer, por muito que fosse o passo mais lógico dado o potencial de exploração ainda existente nas células F-16 e a ambição de querer também apanhar o comboio da 5ª geração com o F-35.
Não concordo contigo, acho que vamos ter um caça 5º geração mas em números reduzidos (uma esquadra e com poucos aviões) numa primeira fase. Continuando a outra com F-16 e se calhar passando alguns pilotos e aeronaves(F-16B) para a 103.
Bom, antes de mais nada como é óbvio qualquer pessoa é livre de concordar ou discordar, ainda para mais num fórum de discussão. Se as coisas continuarem como estão, foi o que escrevi (ou seja, se tudo permanecer como no decurso da década passada até 2030 sem quaisquer alterações), sim, vai ser uma tarefa complicada teres ao dispor uma plataforma aérea de combate de 5ª Geração se não existirem verbas para a manter e armar. "Achar" é futurologia, e ninguém mais do que eu gostaria de ver um cenário onde teríamos a Esq. 201 equipada com 20 a 25 F-16V e a 301 com uma dúzia de F-35A, mas temos de ser realistas e sim, se as coisas durante esta próxima década se mantiverem como têm estado é muito difícil sequer conceber essa perspectiva.
Eu entendo perfeitamente onde queres chegar. E tendo em conta esse caso, não seria de todo descabido, caso não houvesse de facto dinheiro para comprar (e manter) o F-35, seja em pequenas quantidades ou uma frota completa, optar por fazer um upgrade a todos os F-16 para o padrão V. Até por questões o horizonte temporal em que se planeava substituir os F-16, em simultâneo com a substituição das fragatas, P-3, helis navais e sabe-se lá mais o quê.
E aqui acabo por levantar outra questão. Dado o custo de compra de um novo caça, e tudo o que lhe é inerente no contrato, até que ponto não ficaríamos a ganhar ao manter F-16V com todo o armamento possível e imaginável, em vez de ter F-35 e uma dúzia de AMRAAMs e pouco mais?
É precisamente isso a que me estava a referir. O estudo aponta, e com razão, que qualquer nova aeronave de combate a ser adquirida para ter uma IOC em 2030 tem de ser contratada até 2025/26. Nessa altura é suposto o valor de cada célula F-35A já rondar ou estar abaixo dos 80M$,
flyaway cost (ou seja, o valor da célula completa Lot 13/14, porém ficando de fora sobressalentes e manutenção), o que para uma dúzia de aparelhos daria algo como 800M€.

Porém, a esses 800M€ tem de se juntar tudo o resto, isto é, formação de pessoal, manutenção, cadeia logística (sobressalentes), motores e a sua manutenção, armamento e construção ou adequação de infraestruturas para o F-35. Quanto a este último aspecto, por exemplo, a Bélgica irá gastar algo como 400 a 500M€ na construção de novas infraestruturas para acomodar os seus futuros F-35A, e se transpusermos esse valor para o nosso caso com somente 12 células e novos edifícios/estruturas daria algo a rondar os 1200 a 1300M€. Depois soma-se o resto e facilmente se chega perto de algo em torno dos 2000M€, isto se os quisermos operacionais e não guardados no hangar ou em exposição estática para fazer inveja aos outros.
Depois, modernizar e rearmar os F-16 MLU serão mais umas tantas centenas de milhões (em 2017 uma modesta modernização equivalente à V para 30 aeronaves estava orçada em 500M€); e em seguida tudo aquilo que nos 3 ramos precisa começar a ser substituído com urgência (que não vale a pena estar a enumerar de tão sobejamente conhecido que é) entre o final desta década e o princípio da próxima de modo a não ser votados à irrelevância no seio da NATO ou obrigados a alugar a nossa soberania a terceiros. Por isso é mesmo tão difícil perceber como um cenário destes é bastante complicado tendo em conta
as actuais circunstâncias? Porque para fintar a obrigatoriedade dos 2% do PIB na Defesa até 2024 os nossos governantes estão prontos, mas para nos dotar de capacidades minimamente credíveis que permitam a manutenção da nossa soberania continental e insular é que já não.