Publicação: 22-10-2010 21:45 | Última actualização: 23-10-2010 01:01
Documentos secretos revelam que os EUA encobriram actos criminosos no IraqueO canal de televisão Al Jazeera disse esta sexta-feira que as revelações prometidas pelo site Wikileaks sobre o Iraque referem que os militares dos EUA tem "encoberto" a tortura de civis iraquianos e a morte de centenas de civis em bloqueios organizados por militares.
O canal de televisão enviou um comunicado à Agência France Press com as "principais conclusões" da Wikileaks, que abrangem o período entre 1 de Janeiro de 2004 a 31 de Dezembro de 2009 no Iraque.
"Embora um dos objectivos da guerra contra o Iraque fosse encerrar os centros de tortura de Saddam Hussein, os documentos da Wikileaks mostram numerosos casos de tortura e de abuso de prisioneiros iraquianos por soldados e polícia iraquiana. Além disso, revelam que os EUA estavam cientes da tortura autorizada pelo Iraque, mas ordenaram aos seus soldados para não intervir", diz a Al Jazeera.
A televisão acrescenta que "de acordo com os documentos (WikiLeaks)", centenas de civis foram mortos durante a guerra com ciladas orquestradas pelos militares dos EUA.
O canal diz também, citando essas "descobertas" que o saldo de civis mortos é muito maior do que o anunciado. Os EUA estabeleceram um número de mortos durante a guerra, apesar de o negarem repetidamente.
"Os relatórios dos militares dos EUA sobre as acusações que ligam o primeiro-ministro Nouri al-Maliki a esquadrões da morte" que semeou a morte e o terror no início do conflito também são mencionadas pelo site, de acordo com a Al-Jazeera.
A cadeia também fala "a partir de relatórios da inteligência dos EUA da revelação de novos casos envolvendo (uma empresa de segurança privada norte-americana), a Blackwater, em tiroteios contra civis. Não foram feitas acusações contra a empresa".
Entre as "principais conclusões" do Wikileaks está também "o envolvimento secreto do Irão no financiamento de milícias xiitas". "Os documentos explicam em detalhe a guerra secreta no Iraque e, no Irão sugerem o papel da Guarda Revolucionária como fornecedor de armas para supostos insurgentes xiitas," refere a televisão.
O Ministério da Defesa norte-americano assegurou hoje que não espera "grandes surpresas" da grande quantidade de documentos sobre a guerra no Iraque que o WikiLeaks vai divulgar, se bem que voltou a alertar que poderão pôr em risco as tropas norte-americanas no país.
O WikiLeaks convocou a comunicação social, através do Twitter, para uma conferência de imprensa, algures na Europa, presumivelmente em Londres, para divulgar os documentos, no que será a maior fuga de informação da história dos Estados Unidos.
O Pentágono considera que os documentos a divulgar, estimados em 400 mil, são relatórios de terreno sobre a guerra no Iraque, conhecidos como "Significant Activities", ou SIGACT, no jargão militar.
A ser feita, esta divulgação será muito maior do que a já protagonizada pelo WikiLeaks em julho, quando revelou 92 mil relatórios secretos das forças armadas norte-americanas sobre a guerra no Afeganistão.
Com Lusa
http://sic.sapo.pt/online/noticias/mund ... Iraque.htm