« Responder #728 em: Fevereiro 07, 2008, 05:43:41 pm »
Iraque: um atoleiro de problemasMarcelo Rech 
Actualmente as forças de ocupação dos Estados Unidos no Iraque regista a presença de 162 mil homens. Até Julho de 2008, está prevista a retirada de três brigadas ou cerca de 30 mil soldados. Pelo menos 15 brigadas devem permanecer no atoleiro que se transformou o Iraque para os norte-americanos.
Para este ano, a tendência é que haja uma intensificação dos problemas relacionados com a intervenção dos Estados Unidos naquele país. Um dos problemas mais sérios com os quais os norte-americanos têm dificuldades para lidar é a oposição crescente da população iraquiana quanto à presença das tropas de ocupação. Pesquisas recentes mostram que 72% dos iraquianos têm certeza de que a presença dessas deteriorou a segurança do país. Percentualmente semelhante não tem dúvidas de que há graves falhas na segurança interna, mesmo com mais soldados norte-americanos.
Enquanto isso, o Presidente do Irão Mahmoud Ahamdinejad exigiu que as tropas de ocupação deixem o Iraque o mais rapidamente possível. "A presença de forças de ocupação no Iraque provoca instabilidade neste país", disse Ahmadinejad, numa reunião com Abdul Aziz Al-Khakm, líder do partido político xiita Conselho Supremo para a Revolução Islâmica no Iraque, que visitou Teerão recentemente.
Há um entendimento de que o povo iraquiano, sem qualquer assistência estrangeira, já é capaz de estabelecer a ordem no país e reforçar a sua soberania.
Ao mesmo tempo, o general David Petraeus, comandante-em-chefe das forças norte-americanas no Iraque, culpou o regime iraniano de apoiar os rebeldes iraquianos. Ele disse que "o Irão é responsável pela transferência de armas e pela formação e apoio financeiro dos elementos radicais no país vizinho". De acordo com o militar, não há dúvidas que o Irão está relacionado com os mortíferos ataques aos soldados norte-americanos no Iraque.
Além desses problemas, os Estados Unidos têm de lidar com o elevado número de mortos. Durante dez meses de 2007, 855 homens e funcionários foram mortos no país. É o maior número de baixas em todos os quatro anos e oito meses da campanha militar norte-americana no Iraque. Antes, o recorde era de 2004, quando 849 militares foram mortos. Desde 20 de março de 2003, quando foi iniciada a campanha militar, as forças dos Estados Unidos perderam 3.829 militares. E o número de vítimas tende a aumentar. Para piorar, 60% dos iraquianos considera justificáveis os ataques às tropas dos Estados Unidos, conforme sondagens realizadas pela rede ABC, o canal japonês NHK e a rede britânica BBC.
Enquanto o Comandante David Petraeus afirmava no Congresso dos Estados Unidos que a situação no Iraque era de estabilização, a embaixada norte-americana mantinha 300 postos vagos devido à falta de segurança do pessoal diplomático. O medo de servir no Iraque deve fazer com que o Departamento de Estado obrigue os indicados a assumirem as vagas.
Por outro lado, é preciso esperar algum tempo para saber se a estratégia de segurança para 2007-2010 realmente vai funcionar. A meta é promover a conciliação nacional e restabelecer a estabilidade econômica e a segurança no país. Mais do que isso, a nova estratégia de segurança nacional do Iraque pretende fortalecer e manter estáveis e amigáveis, as relações com os Estados Unidos e com todos os países da região. O documento que trata do assunto ressalta que os principais inimigos à paz e à estabilidade no Iraque são o terrorismo, o crime organizado e os grupos armados ilegais.
Essa estratégia também prevê a criação de forças armadas nacionais e a formação de funcionários qualificados para servir nas estruturas de segurança do país. Na esfera da economia, o documento faz previsões para a criação de condições necessárias para as reformas econômicas radicais, com uma solução para a crise inflacionária, o abastecimento de água potável, e o combate à lavagem de dinheiro.
Atualmente, as autoridades iraquianas exercem o controle pleno de oito das dezoito províncias: Kerbala, Maysan, Muthanna, Dhi-Qar, Najaf, Erbil, Dahuk e Sulaymaniyyah. Dois milhões de iraquianos que estavam refugiados na Síria e Jordânia começaram a retornar.
Apesar das sucessivas negativas dos Estados Unidos, o momento é propício para que as tropas sejam retiradas do Iraque. É hora de dar aos iraquianos, a oportunidade de reconstruírem o seu país.
Jornal de Defesa