Ora os ENVC e o Governo conbinaram este embuste dos problemas grandiosos que levam a um atraso de um ano na incoporação dos 2 navios, porque ficaria mal aos ENVC (do Estado) virem para os jornais dizerem que têm os 2 primeiros NPO's prontos para entrega, mas que o Governo, ao contrário do acordado, só tem verba para os pagar em 2007.
Este é o cenário que me parece mais credível...
Este forum tem vários aspectos curiosos, nomeadamente o “dedo no gatilho” de parte dos seus membros. Sempre prontos a disparar, à primeira sombra que lhes aparece (quase sempre via internet) pela frente. O analisar com serenidade fica para depois…
Pois a mim este cenário não me parece nada credível. Para este embuste ser verdadeiro haveria que montar um operação de encobrimento enorme, envolvendo um sem número de departamentos dos ministérios envolvidos, da Marinha, dos ENVC e sem lá quem mais. Coisa pouco crível em Portugal, onde tudo (ou quase tudo) se sabe, e onde é praticamente impossível guardar um segredo. Ainda por cima com uma “comissão de trabalhadores” dos estaleiros bem activa, como se viu pelas denúncias que esta semana fizeram ao DN (05ABR06). Aliás os prejuízos para a imagem dos estaleiros não devem ser poucos para se prestarem a isso. O mesmo para a Marinha que não só necessita urgentemente dos navios como está, naturalmente, muito envolvida em todo o processo.
Mas como isto do “parece-me que” não deve ser apenas uma questão de “fé” e como deste processo em concreto apenas sei alguns aspectos gerais, mais de ordem politica do que técnica (embora estes possam ter tido alguma influência), não me quero pôr também eu a “disparar” a torto e a direito.
Assim proponho, para reflexão, a leitura de algumas passagens do livro “A Corveta Portuguesa dos Anos 70” de Rogério S. D’Oliveira”:
“…não é demais salientar, é no projecto e não na sua execução, como muita gente supõe, que se dão os passos determinantes do êxito do navio na sua missão. É do projecto que ressaltam os grandes méritos ou defeitos da obra final.
Na construção, no sentido restrito do termo, executam-se os pormenores dos planos e da boa execução resultam naturalmente boas qualidades para o navio: mas estas qualidades são de pormenor, enquanto que é do projecto que dimanam as qualidades fundamentais. Exactamente por isso um erro cometido na execução é em regra facilmente remediável; mas um erro de projecto não é em geral corrigível sem grandes prejuízos e pode ser fatal para o êxito da construção…
…Assim quando foram definidos os requisitos preliminares, foi de imediato decidido confiar-se a uma firma especializada o estudo e a elaboração do projecto do navio que se pretendia, com base numa especificação de requisitos…
…mesmo antes de se lançar o concurso para a construção dos navios houve que adquirir os aparelhos motores de propulsão….
…Na génese do programa das corvetas esteve sempre no propósito da Marinha construírem-se os navios em estaleiros nacionais, designadamente naqueles que haviam ganhado prática de construção naval militar no programa das fragatas da classe Alm. Pereira da Silva. A experiência destas construções tinha evidenciado que a capacidade de produzirem navios dentro de prazos úteis e preços razoáveis era duvidosa. Não podendo a Defesa Nacional compadecer-se com demoras e custos indefinidos e com o intuito de estimular estaleiros nacionais, o Governo decidiu abrir um concurso limitado de âmbito internacional…”Muito, mas muito mais há neste livro de interessante sobre a construção das corvetas das classes “João Coutinho” e “Baptista de Andrade”. O conhecimento do passado serve (deveria servir!) para nos guiar no presente.
Um Abraço e (espero) boa leitura,
MMachado