Em tempo de paz o objetivo e ter permanente 1 Esquadrao operacional, sendo os outros 2 em estado de reserva activados em caso de emergencia.
E preciso ter em conta que se deve adquirir o material antes de um eventual conflito. Ver o nosso exemplo em Africa, onde tivemos dificuldades em adquirir material em qualidade durante o conflito por causa dos embargos.
Temos de ter sempre um minimo de stocks em tempo de paz.
Assim fazem todos os Exercitos.
Creio que já tivemos discussões sobre este tema.
A questão não é o que se deve ter em tempos de paz, a questão é outra:
Para que servem os tanques em tempo de guerra ? …
Qual é a utilidade deste tipo de equipamento ?
Nos dias de hoje, nós não podemos ter carros de combate de reserva para depois os «preencher» com pessoal pouco formado e que não pode utilizar as potencialidades da viatura.
Pura e simplesmente não adianta.
Na fase final da II guerra mundial, quando os alemães estavam já equipados com tanques Panther e Tiger-II, os alemães começavam a perder os recontros com os americanos e ingleses principalmente porque não havia tempo para formar as tripulações para sistemas que para a época eram extremamente sofisticados.
Um Leopard-2 é muito mais complexo que um M60, e só se justifica possuir este carro de combate, quando e se, houver gente suficiente para permitir colocar uma unidade no campo e mantê-la em operações durante uma semana.
Não adianta nós pensarmos em mais quantidades de Leopard-2 quando por muito que os custe, nós teríamos dificuldade em manter um esquadrão em operações durante sete dias.
Os Leopard-2 são armas poderosas, cujo poder depende não só da arma principal, mas da possibilidade de beneficiar do poder dessa arma, quando conjugado com os sistemas adicionais de recolha de dados e informação, e com a capacidade de auto-defesa da unidade.
Ora como todos sabemos, nós não temos capacidade de defesa contra ataques aéreos e as nossas unidades estariam praticamente à mercê de uma força que dispusesse de meios para atacar carros no solo. Nós não temos capacidade de defesa anti-aérea que se veja, logo os nossos tanques seriam «sitting ducks».
Daqui decorre que pelo que podemos concluir das nossas capacidades, em princípio, as nossas forças «blindadas» não são forças destinadas a combater hordas de Panzers invasores, destinam-se muito mais a constituir núcleos defensivos à volta de uma secção (de dois ou três veículos), que se vão proteger com a utilização intensiva de camuflagem (todos os nossos veículos partem do principio de que perdemos o controlo aéreo e é por isso que os vemos sempre com vários tipos de camuflagem).
A outra utilização para este tipo de viatura, é o reforço de forças expedicionárias como acontece com o exército do Canadá, que comprou Leopard-2 para enviar para o Afeganistão.
Ali, sob a protecção da superioridade aérea dos americanos, os tanques podem ter a sua palavra a dizer. Eles resistem até a RPG’s dos mais antigos e apresentam um elevado grau de resistência mesmo a explosivos improvisados.
Quanto à dificuldade em obter material na guerra de África:
O que nós tivemos foi dificuldade em obter material NATO fornecido gratuitamente pelos americanos.
De resto a proibição de venda de armas não existiu.
De onde vieram os FIAT G-91 ?
De onde vieram as G-3 ?
De onde vieram as centenas de UNIMOG ?
De onde vieram as BERLIET-Tramagal ?
De onde vieram as Panhard AML com morteiro de 60mm ?
De onde vieram as Panhard-EBR com peça de 75mm ?
De onde vieram os mais de 150 Allouette-III ?
De onde vieram os SA-330 PUMA ?
De onde vieram as corvetas Baptista de Andrade
De onde vieram as fragatas João Belo ?
De onde vieram os submarinos do tipo Daphnè ?
De onde vieram os planos do V-100, que levariam à Chaimite ?
Hoje não temos império e estamos reduzidos à nossa realidade continental e às ilhas.
A defesa do território continental é impossível em caso de guerra a sério. Isso já se sabe desde há séculos.
A única coisa defensável hoje em dia são os Açores, enquadrados dentro de uma estratégia atlântica.
A única coisa que temos com algum valor, é um eventual direito económico a uma grande extensão de água.
E isso não se defende com tanques.