Queixa na Procuradoria contra ministro Mário Lino por defender iberismo
Parabéns ao sr. ministro Lino, fez acordar algumas consciências neste país adormecido e conformado, a precisar como sempre de um abanão para saír do comodismo letárgico e subserviente em que por norma se encontra.
Esta "história" talvez sirva para que se refreiem os já tradicionais impulsos para o "inocente disparate" (sem consequências para os autores), que parece estar a fazer escola na classe política portuguesa, e ponha fim ao
Complexo de Calimero, espécie de convicção beata, de que por mais disparates que se digam, ou se façam, uma qualquer desculpa
parola serve para calar as consciências, e daí não venha nenhum mal ao mundo.
Tenho pena que não tenha ido mais longe na sua dialética iberista.
O abanão seria maior.
O andar a reboque das atitudes do nosso vizinho parece já ser um reflexo instalado.
Espanha: Universidade de Coimbra deve retirar grau doutor a Franco
Coimbra, 10 Nov (Lusa) - O professor de Relações Internacionais José Pureza defendeu hoje que a Universidade de Coimbra (UC) deve retirar o título de doutor "honoris causa" ao ditador espanhol Francisco Franco, seguindo o exemplo da congénere galega de Santiago de Compostela.
Ressalvando que a competência para tomar essa iniciativa cabe ao Senado da UC, José Manuel Pureza frisou que aquele grau honorífico da instituição, fun dada há 716 anos pelo rei D. Dinis, deverá galardoar "homens que se distinguiram pelos grandes valores do humanismo e da decência universal".
"Manifestamente, não é este o caso de Francisco Franco", sublinhou.
Na opinião do docente da Faculdade de Economia da UC, onde é responsáve l pelo programa de doutoramentos em Política Internacional e Resolução de Conflitos, o ditador espanhol "está muito longe de ser alguém que dignifica" a Universdade de Coimbra.
A direcção da Universidade de Santiago de Compostela deliberou hoje, por unanimidade, retirar o título de doutor "honoris causa" concedido a Francisco Franco Bahamonde em 1965, pedindo o mesmo à Universidade de Coimbra.
Uma fonte da Universidade de Coimbra disse à Lusa que o reitor, Seabra Santos, que esta semana apresentou a sua candidatura a um segundo mandato de qua tro anos no cargo, "não comenta, para já, o pedido" da Universidade de Santiago de Compostela.
Pedro Santos, do Gabinete de Comunicação e Identidade da UC, sublinhou uma eventual decisão de anular o título de doutor "honoris causa" de Francisco F ranco "será sempre levada ao Senado".
Escusou-se também a esclarecer se Seabra Santos (para já o único candidato conhecido à governação universitária, cujas eleições se realizam no dia 15 d e Janeiro de 2007) tomará aquela iniciativa numa próxima reunião do Senado, órgão a que preside o reitor.
Pedro Santos adiantou que o pedido da Universidade de Santiago não chegou ainda, durante a tarde, à reitoria da instituição de Coimbra.
Francisco Franco, que há 70 anos, com apoio do ditador português António Salazar, encetou a insurreição golpista que derrotaria pelas armas o governo d a República, eleito democraticamente, recebeu em 25 de Outubro de 1949 o grau de doutor "honoris causa" pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (FD UC).
O último destes doutoramentos pela Faculdade de Direito foi atribuído a o presidente do Parlamento Europeu, o espanhol de origem catalã Josep Borrel Fon telles.
Mário Soares, ex-Presidente da República português e opositor à ditadur a de Salazar (1997); o falecido papa João Paulo II (1982); Juan Carlos I, rei de Espanha (1989); e Javier Pérez de Cuellar, antigo secretário-geral das Nações Unidas (1987) figuram, ao lado de Franco, na lista de doutorados "honoris causa" propostos pela FDUC.
A lista inclui ainda, entre outras figuras políticas e académicas, os a ntigo presidentes da Itália e da Alemanha, Amintone Fanfani (1982) e Richard Von Weizsõcker (1990), respectivamente, e os homólogos do Brasil João Café Filho (1 955), Juscelino Kubitschek de Oliveira (1960), Tancredo Neves (1985), José Sarne y (1986).
Doutorado em Sociologia, José Manuel Pureza obteve a sua licenciatura e m Direito na FDUC.
Na sua opinião, retirar o título de doutor "honoris causa" ao ditador F rancisco Franco constitui "uma homenagem aos povos de Espanha, à democracia e aos direitos humanos".
O reitor da Universidade de Santiago de Compostela, Senén Barro, ao anunciar hoje essa decisão, explicou aos jornalistas que o ditador espanhol "não tinha os méritos académicos suficientes" para lhe ser atribuído o título que lhe foi concedido em 1965.
Franco "não reúne os méritos científicos nem pessoais para ostentar esta honra e, em consequência, o seu nome é retirado da lista de ilustres 'honoris causa' desta Universidade, bem como do livro de honras", refere a instituição galega em comunicado.
É a primeira vez que a Universidade de Santiago de Compostela adopta um a decisão deste tipo, que começou a ser debatida há um ano, sendo tomada agora coincidindo com a aprovação pelo Parlamento de Espanha da Lei de Memória Histórica, que visa reabilitar a memória das vítimas da Guerra Civil, em especial dos vencidos republicanos.
Senén Barro revelou que a sua universidade contactou já as congéneres de Coimbra e Salamanca (Espanha) para que tomem uma decisão no mesmo sentido.
"Embora eu não faça parte do Senado, serei francamente favorável a que este órgão da Universidade de Coimbra acolha esta iniciativa com toda a prioridade", declarou à Lusa José Manuel Pureza.
Porque diabo é preciso ser a Universidade de Santiago de Compostela a pedir a retirada do título
honoris causa ao ditador Franco, para que isso aconteça?
Será que o legado histórico de Franco mudou nestas últimas décadas?
Ou existiu o medo de ferir suceptibilidades castelhanas?
Vamos ver algum ministro, iberista convicto, a defender a manutenção do titúlo honorífico, se em Espanha isso acontecer?