Iberismo e a dissolução de Portugal: ameaça real

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C. E. Borges

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« Responder #435 em: Outubro 26, 2006, 12:33:43 pm »
«Podes dar-nos mais informações acerca disso ?».

Infelizmente não mais do que o que ouvi na TSF, tal fosse um "manifesto" para uma suposta unidade política com Portugal a pretexto do abandono do Governo central de Madrid em relação aos dois mil fogos que aconteceram este Verão na Galiza.
Não se trata de uma notícia bem palpitante, mas tem a «graça» que decorre, aqui sim, de uma identidade cultural partilhada de Norte a Sul, em todo o Oeste da Península.
 

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Doctor Z

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« Responder #436 em: Outubro 26, 2006, 02:09:14 pm »
Citação de: "garrulo"
Exactamente, el mundo es lo que es y no lo que les gustara que fuera.
Lo de Unidad alavesa,lo comento por que es un dato que conozco y si el resto del informe es tan verdadero como eso, no es mas que basura.


Se o resto da informação é tão verdadeiro quanto isso, não é mais que "basura" ?

O que quer dizer "basura" ?
Blog Olivença é Portugal
"Se és Alentejano, Deus te abençoe...se não
és, Deus te perdoe" (Frase escrita num azulejo
patente ao público no museu do castelo de
Olivença).

:XpõFERENS./
 

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Rui Conceicao

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« Responder #437 em: Outubro 26, 2006, 02:42:12 pm »
basura-lixo
Hoje dia 12 de Junho de 2006, dois F 18 Espanhois
faziam exercicios sobre territorio Portugues(concelho de Mértola, entre 8am e 9am)
 

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Lancero

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« Responder #438 em: Outubro 27, 2006, 03:22:41 pm »
Falando de lixo, gostava de ter visto o programa. De uma isenção impoluta concerteza  :?

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Top Spanish TV programme paints bleak picture of Portugal

28/10/2006

While the government has in recent days stepped of up its campaign announcing the end the economic crisis, a respected and popular Spanish investigative television programme has depicted Portugal as an impoverished and unequal country.

Aired in prime time last Friday evening by national broadcaster TVE, En Portada told viewers about the most unequal country in Europe, where 20 percent of its population live in poverty.
Viewers were further informed that Portuguese have the lowest self-esteem of all the 25 European Union member states, and are caught up in a state of depression and disillusionment.
Criss-crossing Portugal, the team of Spanish journalists questioned a wide array of influential officials and laymen to gather their thoughts on the country and to obtain their predominantly negative conclusions.
Living conditions in rural areas covered most of the airtime in this 45-minute documentary.
Referring to metropolitan Portugal, En Portada argued that while the economy has grown since joining the EU, it has not been modernised.
Proof of Portugals difficulties, according to the Spanish programme, is that the cost of the football stadiums for Euro 2004 exceeded forecast expenditure by 60 million euros, along with problems in Lisbon city centre, such as the completion of the Underground or the Marqus Tunnel.
This is a serene, polite, sometimes slow country, fighting in its own particular way to come out of a crisis, or rather, various crises, concludes the programme.


http://google.the-news.net/display.aspx?id=880-7
"Portugal civilizou a Ásia, a África e a América. Falta civilizar a Europa"

Respeito
 

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manuel liste

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« Responder #439 em: Outubro 27, 2006, 03:48:29 pm »
Tranquilo, esa tv no la ve casi nadie  :roll:
 

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Jorge Pereira

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« Responder #440 em: Outubro 27, 2006, 10:03:03 pm »
Citação de: "sierra002"
Haber si estamos entendidos de uma vez por todas. Yo no estoy de visita en este foro. En el momento en me registré acepté las normas que se me impusieron y se me aceptó como forista por lo cual soy miembro de pleno derecho. Lo que pido es que esas normas de obligado cumplimiento se cumplan. Los argumentos están presentados con claridad y son irrebatibles, si el foro no los acepta e imcumple sus normas entonces si que quedaré entendido de una vez por todas.

Por cierto, la denuncia por racismo y xenofobia a Paulo Mendonça ante as autoridades portuguesas está en marcha, veremos si no se llevan por delante también a este foro ante los pantallazos que adjunto.

Citação de: "manuel liste"
Caro Sierra: te recomiendo la siguiente página:

Código Penal Português

Artículo 153º: Ameaça
Artículo 180º: Difamaçao
Artículo 181: Injúria
Artículo 183º: Publicidade e calúnia
Artículo 236º: Incitamento à guerra
Artículo 239º: Genocidio
Artículo 240º (muito recomendável): Discriminaçao racial ou religiosa.

Buena suerte  :arrow: sierra002 e manuel liste:

Se há coisa que não iremos tolerar neste fórum são ameaças, por mais absurdas e patéticas que estas sejam.

Um fórum como este é promovido e organizado por pessoas, que o disponibilizam, e não poderá continuar a ser utilizado por pessoas que de forma descontraída e leviana, colocam em causa os seus organizadores, com ameaças veladas, além de ilegítimas, dando a entender que o fórum é algum tipo de organização ilegal, e não apenas aquilo que é. Ou seja, um lugar público, onde se tem um especial apreço pelas coisas portuguesas, entre as quais, a própria História do país.

Embora toda a gente seja muito bem vinda, há regras que nós consideramos de maior importância, e uma delas, é que quem faz uma visita a casa alheia, deve aceitar as regras da casa, e não deve insultar ou colocar em causa as regras dos visitados.

Ninguém é obrigado a participar do ForumDefesa, e quem o faz, deve ter isso em consideração.

O não cumprimento desta regra que é elementar, implica o cancelamento definitivo da conta de utilizador.
Um dos primeiros erros do mundo moderno é presumir, profunda e tacitamente, que as coisas passadas se tornaram impossíveis.

Gilbert Chesterton, in 'O Que Há de Errado com o Mundo'






Cumprimentos
 

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manuel liste

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« Responder #441 em: Outubro 27, 2006, 10:33:35 pm »
Vocês podem fazer o que criam mais apropriado. Este é um lugar público, e nada têm que temer se cumprem com as leis portuguesas. Somente se não o fizessem teriam motivos para preocupar-se. Recordar as leis de seu país não viola o regulamento, que eu saiba. :bye:
 

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Jose M.

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« Responder #442 em: Outubro 28, 2006, 09:10:18 am »
A Espanha as leis nao sao uma ameaça, mas uma garantia de liberdade. Acho que é assim no resto dos paises democráticos. So temen as leis os criminosos.

    Parabens por chegar a este ponto na conversa.
 

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papatango

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« Responder #443 em: Outubro 28, 2006, 12:41:43 pm »
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A Espanha as leis nao sao uma ameaça, mas uma garantia de liberdade. Acho que é assim no resto dos paises democráticos. So temen as leis os criminosos.
O que em Espanha é ou não é uma ameaça, não tem a mais pequena relevância neste fórum.

A Lei não é uma ameaça para ninguém. O que é uma ameaça, é a alegação de que cidadãos honestos não o são, utilizando a referência à Justiça, para reafirmar a mensagem.

além disso, há esta pérola:
Citar
Un enlace imprescindible para todo participante en este sitio: Policia Judiciária


Isto dá a entender, que todos os participantes deste fórum não passam de criminosos. E isto é inaceitável, da parte de quem se disfarça num fórum, unica e exclusivamente para denegrir e insultar os seus participantes, apenas porque não está de acordo com as pessoas que nele participam.

Se a discussão chegou a algum nível menos positivo, isso deve-se apenas à falta de respeito por parte de participantes espanhóis, que não conhecem Portugal e não o entendem, nem fazem o mais pequeno esforço para o entender.

No entanto, as expressões infelizes do Manuel Liste, acabam por ser interessantes e por vir confirmar aquilo que já aqui tenho dito.

Se um dia os iberistas mandassem, os restantes portugueses seriam todos vistos como terroristas. O facto de defender a História de Portugal sería considerado crime, e teríamos que nos calar, para não ter problemas com a "Guardia Civil".

É a Lei da Rolha, que infelizmente começa a notar-se no Estado Socrático, com a perseguição movida na Internet a quem se atreve a falar dos crimes da Máfia.

Infelizmente, temos razões para nos preocuparmos. Temos um governo que está no caminho certo para se transformar num agente objectivo dos interesses dos espanhóis.

O Ibérismo não é um problema externo, como uma pneumonia que se apanha involuntariamente.

O Ibérismo é um cancro. Está cá dentro.

Cumprimentos
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
Contra a Estupidez, não temos defesa
https://shorturl.at/bdusk
 

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Jose M.

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« Responder #444 em: Outubro 28, 2006, 05:29:16 pm »
Citação de: "papatango"
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A Espanha as leis nao sao uma ameaça, mas uma garantia de liberdade. Acho que é assim no resto dos paises democráticos. So temen as leis os criminosos.
O que em Espanha é ou não é uma ameaça, não tem a mais pequena relevância neste fórum.


  No comment.

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  Nolite mitere margaritas ante porcos (Mateo 7-6)
 

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Elikan

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« Responder #445 em: Novembro 02, 2006, 03:06:08 pm »
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La unión de España y Portugal

Una encuesta de un diario portugués daba a conocer un resultado sorprendente: un tercio de los ciudadanos lusos estarían dispuestos a la unión de España y Portugal, basándose fundamentalmente en la mayor prosperidad económica de la primera.

Esta inesperada opinión de una parte importante de la ciudadanía lusitana ha suscitado numerosos comentarios y reacciones por el lado periodístico hispano. Desconozco, sin embargo, las provocadas en el ámbito portugués.

El catedrático de la Universidad Complutense, Santiago Petschen, escribía un artículo en un periódico que se edita en Madrid sobre el tema y recordaba el proyecto iberista del republicano federalista luso Teófilo Braga (1843-1924), que llegaría a presidente de la República entre mayo y agosto de 1915 en sustitución de Manuel Arriaga. Braga propugnaba una federación ibérica de régimen constitucional republicano. Semejante propuesta encontraría eco en Cataluña, donde el poeta Joan Maragall, abuelo del todavía presidente de la Generalitat, o el periodista Agustí Calvet Gaziel, abogarían por el proyecto, considerándolo atractivo, racional y lógico. El mismo Francesc Cambó no desdeñaría tampoco la perspectiva iberista. Cabría, no obstante, señalar que bajo un prisma análogo Latino Coelho (1825-1891) o desde un posicionamiento más tradicionalista Oliveira Martins (1845-1894) se mostrarían favorables a la unión ibérica.

Vicente Verdú, escritor y sociólogo, se mostraba entusiasmado ante la posibilidad de una unión ibérica, arremetiendo de paso contra los nacionalismos periféricos, inspirados en el «freudiano narcisismo de la pequeña diferencia». La demonización periférica parece que goza de buena salud en los pagos hispánicos lo que parece mostrar un «complejo edípico parricida».

El escritor Rafael Sánchez Ferlosio desdeña tal propuesta, porque la unidad a la fuerza es «una superchería que acaba con la amistad», asegurando que «el origen del concepto unidad no es otro que la dominación y la guerra». Quizá la perspectiva de Sánchez Ferlosio no sepa diferenciar exactamente entre unidad, que se vincula a voluntariedad, y uniformidad, más relacionada con imposición.

Si repasamos en breves trazos la historia de Portugal encontraremos un haz de luz en este pequeño laberinto. El origen de Portugal se sitúa en el condado portucalense, que formaba parte del reino de Galicia y era feudo de Alfonso VI, rey de León y Castilla. Fue ofrecido a Enrique de Borgoña, casado con la hija de Alfonso, Teresa, hermana de Urraca. Afonso Enriques, hijo de Enrique y Teresa, sería el primer rey de Portugal, que surge, por tanto, como reino autónomo, específico, diferenciado y unitario en el siglo XII, con tres siglos de anterioridad a las plurales «Españas» y seis siglos antes que la singular «España».

El reino de Castilla intentará en sucesivas ocasiones la conquista del nuevo reino, destacando en esta hilera belicosa la victoria portuguesa de Aljubarrota (1385), que cercenó la pretensión castellana de la incorporación. El triunfo convirtió al condestable D. Nuno Alvares Pereira, que dirigió el combate, en héroe mítico de la independencia lusa. Hasta en las más pequeñas poblaciones portuguesas goza D. Nuno del privilegio de una calle o monumento, como hemos podido comprobar de propio visu. Castilla se vería obligada a reconocer definitivamente el reino luso en 1411.

Otro hito ineludible en la saga de las relaciones hispano-lusas es la ocupación castellana de Portugal en 1580 en tiempos de Felipe II, tras la muerte del rey Sebastián en Alcazarquivir, que duraría hasta 1640, reinado de Felipe IV. Durante estos sesenta años de sometimiento al poder castellano, denominados decadentes frente a la Restauraçao de 1640, los portugueses se percataron de la mentalidad castellana fronteriza de conquista, de sus tendencias belicosas y de su carácter imperialista. Esta experiencia dejó un poso anticastellano y antiespañol, que resurge y se expresa en la coyuntura más insospechada. Ni siquiera las buenas relaciones en la época de los dictadores, Salazar y Franco, disiparon esos temores. Los portugueses recelan, y con razón, de cualquier pretensión iberista, porque tienen miedo al imperialismo hispano, que en caso de unión terminaría por absorberlos como traga el pez grande al chico. A este respecto vienen a nuestra mente algunos recuerdos personales, anecdóticos quizás, pero significativos. A comienzos de los sesenta uno de nosotros viajó por primera vez al país vecino. En una ciudad fronteriza de un pequeño cañón, que miraba al otro lado de la frontera con su tenebroso ojo negro, pendía esta leyenda: «Ai de España se te moves». Durante las vacaciones de la Semana Santa de 1991, coincidentes con el epílogo de la guerra del Golfo, muchos turistas cambiaron su periplo vacacional hacia los países árabes y se dirigieron a Portugal, donde se hallaba uno de los suscribientes y su familia. Un diario lisboeta editorializaba bajo el título: «A invasao dos espanhois» y rememoraba la triste tesitura de la dominación de los tres felipes entre 1580 y 1640.

Sin embargo, nadie se ha parado a pensar que precisamente desde la periferia podría llevarse a cabo la unidad ibérica desde un prisma confederativo. En la década de los 40-50 surgieron en el exilio diversos proyectos de este cariz, auspiciados desde Londres por Manuel de Irujo y desde Buenos Aires, principalmente por Castelao. En ellos también intervenían dos portugueses, el ex ministro Domingues dos Santos y el geógrafo Cortessao. Propugnaban una Confederación ibérica de naciones, unión libremente pactada, voluntaria y reversible de Euskal Herria, Galiza, Catalunya, Castilla y Portugal. La hegemonía castellana quedaba contrarrestada y limitada por un régimen equilibrado de poder, donde Portugal se sentía entre iguales, sin miedo a la imposición española, porque Galiza como puente y Galeuzca como freno y gozne articulaban un sistema de armónica contención.

* Xosé Estévez y José Luis Orella Unzué - Historiadores
 

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PereiraMarques

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« Responder #446 em: Novembro 02, 2006, 03:57:45 pm »
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A Revista Militar e a Memória da Nação: Argumentação Histórica em Torno da Questão Ibérica
 
 
 
Sargento‑Ajudante José Luís Assis*
 
 
A Revista Militar, desde a sua fundação, procurou estar a par de todos os movimentos culturais que se foram registando em Portugal durante a segunda metade do século XIX. Estes tiveram no periódico um lugar de grande destaque, tendo a sua elite intelectual assumido a dimensão política do nacionalismo em determinados momentos da nossa história, como aconteceu na reacção ao Iberismo e depois ao Ultimato Inglês, através de um enorme sentimento patriótico com que se dirigiram ao país.
 
Desde meados do século XIX, a questão ibérica1 adquiriu em Portugal uma significativa projecção na imprensa portuguesa, mobilizando indivíduos das mais diversas profissões e grupos sociais: jornalistas, escritores, políticos, eclesiásticos, militares e professores, o que demonstra a dimensão nacional dessa problemática. Esta questão, que durante algumas décadas alimentou intensas polémicas nos meios culturais portugueses de oitocentos, não foi estranha à Revista Militar que fez dela objecto de aturado tratamento e a sua argumentação ocupou um lugar relevante nas páginas do periódico. Nas décadas de cinquenta e sessenta de oitocentos, a frequente teoria das nacionalidades, concretizada através de prolongados processos de unificação como o que aconteceu na Alemanha e na Itália, levou a que em Portugal surgissem diversas correntes iberistas. Estas foram encaradas por um sector alargado da elite intelectual onde incluímos a imprensa, nomeadamente, a Revista Militar e alguns sectores da opinião pública portuguesa. Esta problemática apareceu como uma ameaça à independência de Portugal pelo que, no entender dos intelectuais da Revista Militar, tinha de ser combatida com todos os meios ao seu alcance.
 
Em simultâneo à atitude destes intelectuais, existia uma outra inversa como nos revelaram as fontes: Portugal não tinha nada recear com a tão desejada pretensão Ibérica e hegemónica da Espanha defendida pelos partidários do Iberismo.
 
Desde as primeiras décadas da publicação do periódico, a questão ibérica ocupou os debates nas suas páginas a par de outros grandes temas da cultura portuguesa: o movimento cultural da Geração de 70, as Conferências do Casino, o Tricentenário da Morte de Camões, a questão colonial, a comemoração do Centenário da Guerra Peninsular e o Congresso Nacional de 1910 organizado pela liga Naval Portuguesa.
 
Em qualquer uma destas temáticas, a perspectiva histórica e cultural adquiriu lugar de relevância nas páginas do periódico através das posições tomadas por aquele grupo de intelectuais, tendo sempre em atenção o progresso que se ia registando pela Europa. É nosso objectivo dar a conhecer qual a posição tomada pela Revista Militar face a este assunto e que argumentos de natureza histórica e cultural foram invocados no periódico em defesa das suas posições.
 
Antes de entrarmos no tema propriamente dito, importa esclarecer, ainda que de forma sucinta, os momentos mais significativos na origem das ideias iberistas no século XIX e o seu sentido ideológico.
 
Ao atendermos à conjuntura política entre o final da Guerra Peninsular e a Revolução de 1820 e à incerteza política quanto ao destino da colónia brasileira onde a coroa se manteria até 1821, (independentemente da sua elevação ao estatuto de reino em 1815), surgiu na imprensa periódica portuguesa publicada em Londres a eventualidade de uma união entre Portugal e a Espanha2. A revolução de 1820 em Espanha e as dificuldades, então sentidas, em manter a relação com o Brasil e com a Grã‑Bretanha explicam, como defende o Professor Sérgio Campos Matos, esse aparente contraditório propósito nacionalista de ideais ibéricos presente em alguns liberais radicais3. Procuravam com essa atitude evitar a ingerência das grandes potências – Grã‑Bretanha e França na Península Ibérica alimentada por liberais espanhóis exilados em 1823 que viam em D. Pedro de Bragança, Imperador do Brasil, o soberano que deveria assumir a coroa de uma monarquia constitucional ibérica. Esta ideia não era exclusiva dos espanhóis, pois em Portugal também havia adeptos dessa iniciativa – alguns portugueses próximos de Saldanha, Ministro da Guerra em 18274 e emigrantes portugueses em França5 que idealizaram a “Santa Aliança dos Povos” e ainda alguns estudantes da Universidade de Coimbra que em 1848 defenderam uma Federação Ibérica6.
 
Pela iniciativa que tiveram no desencadear da questão ibérica, salientam‑se dois artigos publicados em dois periódicos diferentes: um na La Revista Militar (1849), que depois seria transcrito para a Revista Militar por Fortunato José Barreiros (Sócio Fundador da Revista – Coronel Art. Faleceu no posto de General de Divisão), na qual se defendia a unidade da Península Ibérica com apenas um único povo7 e alguns anos depois a Ibéria de Senibaldo de Mas8 – ex‑ministro plenipotenciário de Espanha na China (1848‑1851) – com um prólogo não assinado de J. M. Latino Coelho, primeira exposição sistemática de um programa para a união ibérica e de propaganda a seu favor. De imediato se desencadeariam posições contrárias, desde as apreciações positivas de Custódio José Vieira e de J. F. Henriques Nogueira até às atitudes críticas de J. M. Casal Ribeiro e do periódico Imprensa (de que era redactor Ribeiro da Silva)9. As repercussões no debate nacional foram de tal forma evidentes que prolongar‑se‑iam durante várias décadas.
 
Como vimos anteriormente, no que respeita à questão Ibérica, esta começou por ser repelida na Revista Militar em Junho de 1849 através de um artigo do distinto escritor Fortunato José Barreiros em resposta a um artigo publicado na La Revista Militar, onde se defendia a União Ibérica. Esta problemática viria a ser tratada nas páginas do periódico, logo no ano seguinte, através do artigo Mais duas Palavras sobre a Nacionalidade Portuguesa 10. Continuaria nas décadas seguintes com a publicação de um conjunto de artigos nos quais, movidos por sentimentos patrióticos, defendiam a nacionalidade portuguesa11.
 
No artigo O Passado e o Futuro, Sousa Pinto iniciou a sua resposta anti‑iberista, referindo‑se a alguns dos argumentos utilizados pelos defensores do iberismo publicados em A Ibéria de que Portugal só tinha a beneficiar com a união Ibérica12.
 
A essas pretensões, contrapõe António Florêncio de Sousa Pinto (Sócio Fundador da Revista – Cap Art. Faleceu no posto de General de Divisão) com um discurso de forte propaganda anti‑iberista caracterizando de forma sucinta o período em que Portugal esteve sob o domínio dos Áustrias e em que o povo viveu um período de opressão, escravidão e miséria13. Nesta abordagem alertou para o que poderia vir a ser o futuro do país se, porventura, perdesse a sua indepen­dência pela qual tinha lutado durante toda a sua existência14. Continua com um discurso de valorização da memória dos grandes feitos e dos grandes homens como Viriato, D. Afonso Henriques, D. João I, Vasco da Gama e Afonso de Albuquerque15. Termina o artigo com um discurso de vitória que podemos considerar de triunfo e apologético em relação ao feito dos nossos antepassados16. Esta atitude de rememoração dos feitos heróicos é entendida em si mesma, não apenas como um tributo à sua memória, um dever de gratidão para com os antepassados ilustres, mas com o seu prolongamento ou reedição na actualidade17.
 
Ainda no quadro desta temática, surgem em 1869 dois artigos, Ruido do Trovão 18 e Questão do Dia 19, como resposta, mais uma vez, aos defensores do iberismo que defendiam para Portugal um sistema de república federativa. Sousa Pinto começou por referir que, em relação à tão fantasiada união ibérica dos dois países por meio de uma república federativa, seria uma enorme desgraça para a península inteira, pois sucederia o mesmo que nas repúblicas hispano‑americanas onde pretenderam seguir o sistema político dos Estados Unidos. Naquelas, como não estavam preparados para esse sistema, termi­naram em revoltas e guerras sanguinolentas durante cerca de cinquenta anos e acabariam por destruir os recursos das repúblicas do México, Bolívia, Venezuela, entre outras20. Continua, reforçando o seu sentimento anti‑iberista, com a descrição da situação política do país vizinho, através da apreciação de um jornal publicado na altura21. Mais uma vez temos presente nestes artigos um discurso de vitória e de triunfo, enaltecendo‑se os grandes feitos dos nossos antepassados, alcançados em Aljubarrota, Ameixial e Montes‑Claros22.
 
Em 1872, Sousa Pinto no artigo Portugal em 1872 – Vida Constitucional d’um Povo da Raça Latina, exprimiu de forma clara a diferença do povo português relativamente ao espanhol, acentuando a ideia de uma verdadeira incompatibilidade de carácter proveniente da diferença radical do génio entre os dois povos e da História de Portugal em relação à de Espanha. O autor considerou que, tanto nos defeitos como nos costumes, as diferenças não podiam ser mais acentuadas. Essas diferenças manifestavam‑se desde o comportamento político militar até à tradição da vida política constitucional dos dois povos23.
 
Ao longo dos artigos é frequente uma alusão à História de Portugal, relevando a união do povo à coroa portuguesa, com o objectivo de resistir a qualquer ameaça externa. Encontramos um discurso onde se teoriza acerca do que se considerava a falta de despotismo do sistema político espanhol e da particular aptidão dos portugueses para viverem num sistema político constitucional. Estas particularidades são justificadas, fundamentando‑se em termos históricos e recorrendo à invocação da tradição e costumes de cariz essen­cialmente nacionais.
 
Como forma de tornar o seu discurso mais acutilante, recorreu‑se do ancestral ódio de sete séculos24 entre portugueses e espanhóis de que já falava Alexandre Herculano num dos seus memoráveis panfletos políticos e reconhecendo aquilo a que o Professor Sérgio Campos Matos designa de “eterna adversidade do caracter das nações”. Face ao género de discurso utilizado pelo autor não nos surpreende que o mesmo tenha sido extremamente empolado para efeitos de propaganda junto dos seus leitores.
 
Na questão ibérica, a evocação da experiência histórica adquiriu um papel especial, pois até partidários dessa união davam ênfase a que a memória de cada uma das nações não se perderia. Os defensores da ideia iberista assentavam a sua proposta no desejo de poder recuperar o passado glorioso numa comunhão de esforço entre as duas nações. As propostas iberistas portuguesas acrescentavam que o ideal do passado e a consciência do declínio contemporâneo beneficiariam Portugal com a união peninsular.
 
À ideia de iberismo contrapõe a Revista Militar uma perspectiva nacionalista patriótica, procurando confrontar os portugueses com a memória negativa do tempo passado sob a dinastia dos Áustrias, reconhecendo um conjunto de acontecimentos que alimentavam a vontade de independência. Outro pormenor argumentado pelos anti‑iberistas foi o reconhecimento de que Castela sempre procurou a anexação de Portugal.
 
Esta atitude pode ser encontrada nos trabalhos de Fortunato José Barreiros e António Florêncio de Sousa Pinto, distintos escritores e publicistas intervenientes nas polémicas do iberismo, que insistiram na excepcionalidade da História de Portugal, na liberdade e soberania nacional alicerçada nas diferenças e nas glórias do povo português.
Face à atitude anti‑iberista, desde logo assumida pelo periódico neste momento da História de Portugal, interessava determinar qual a receptividade do periódico por parte do seu público leitor, não apenas nos maiores centros culturais do país como Lisboa e Porto, mas também nas outras cidades do Reino. Esta situação interessante que só nos seria possível avaliar através do número de tiragens do periódico, mas tornou‑se inexequível face à dificul­dade de elementos de consulta.
 
No não prosseguimento das ideias iberistas teve particular importância a Comissão 1º de Dezembro que alargou a reacção patriótica e acentuou a consciência da ameaça externa que vinha a ganhar relevo desde 1850. Após 1880, a estabilização política em Portugal e Espanha com o especial relevo para o nacionalismo destes dois países retirariam força à ideia de iberismo.
 
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* Sargento‑Ajudante Pára‑quedista. Licenciado em História (Ensino de) e Mestre em Estudos Históricos Europeus pela Universidade de Évora. Prepara doutoramento no âmbito da História da Imprensa Científica Especializada e Ciência da Comunicação pela Universidade de Évora e Universidade Nova de Lisboa. Membro convidado da equipa de investigadores da Universidade de Évora no projecto de investigação Espaços de Ciência e Construção de «Memória». De Lisboa ao Alem Tejo. Praticas Culturais de uma Comunidade Científica (Portugal XVIII‑XX), financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia. No momento actual desempenha funções na Comissão Portuguesa de História Militar.
 
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 1 No que diz respeito a este tema veja‑se Innoccencio Francisco da Silva, Diccionario Bibliographico Portugues, Lisboa, Typographia da Academia, Lisboa, vol. X, MDCCCLXIII, pp. 35‑48.
 2 Veja‑se Valentim Alexandre, “O Nacionalismo Vintista e a Questão Brasileira: esboço de Análise Política”, O Liberalismo na Península Ibérica na Primeira Metade do Século XIX, vol. I, Lisboa, s. n., 1982, p. 292.
 3 Cfr., Sérgio Campos Matos, “Iberismo e Patriotismo: argumentações históricas em torno da questão ibérica”, in Historiografia e Memória Nacional no Portugal do Século XIX (1846‑1898), Lisboa, Edições Colibri, p. 279.
 4 Revista de História das Ideias, vol. 10, 1988, pp. 489, 491 e 494.
 5 Nesses portugueses residentes em Paris que defendiam a Federação Ibérica encontrava‑se Sousa Brandão e Joaquim Tomás de Lobo d’Avila. Idem p. 91. De acordo com A. X. da Silva o periódico que primeiro se empenhou em defender a unidade política da Península Ibérica como uma república federal foi o jornal clandestino a Península Federal e Democrática (Out1848). Idem, pp. 205‑206.
 6 Maria Manuela Tavares Ribeiro, Portugal e a Revolução de 1848, Coimbra, 1990, pp. 89‑91 e 108.
 7 Veja‑se Fortunato José Barreiros, “Crónica Interna. Nacionalidade Portuguesa”, RM, Tomo I, 1849, n.º 7, pp. 434‑440. Inclui a transcrição do artigo em defesa da união ibérica publicado na La RM, vol. IV, 1849, n.º 10.
 8 Cfr., Maria da Conceição Meireles Pereira, A Questão Ibérica: Imprensa e opinião, Porto, Universidade do Porto, 1995. Tese de Doutoramento.
 9 Para um estudo mais aprofundado sobre esta matéria veja‑se: Sérgio Campos Matos, “Iberismo e Patriotismo: argumentações históricas em torno da questão ibérica”, in Historio­grafia e Memória Nacional no Portugal do Século XIX (1846‑1898), Lisboa, Edições Colibri, pp. 280‑284.
10 Redacção, “Crónica Interna. Mais duas palavras sobre a nacionalidade Portuguesa”, RM, Tomo II, 1850, n.º 1.
11 “(...) emquanto se hastear uma bandeira das quinas lá nos acharemos; emquanto uma voz appellidar os portuguezes para a defeza da patria, responder‑lhe‑hemos”, António Florencio de Sousa Pinto, “O Passado e o Futuro”, RM, Tomo XXI, 1869, n.º 5, p. 49.
12 Sobre os argumentos defendidas pela A Ibéria para a união ibérica veja‑se: Idem, p. 50.
13 “(...) promessas fez aos portuguezes Filipe II, que já elle mesmo rompeu e que os seus dois successores despedaçaram completamente: durante sessenta annos soffreu Portugal o mais que é possivel soffrer um povo: até que em 1640, o deses levado ao apogeu e o patriotismo despertado, produziram a nossa heroica redempção politica (...)” Idem, p. 51. Veja‑se ainda: Idem, “Portugal em 1872”, RM, Tomo XXV, 1873, n.º 5, pp. 116‑118.
14 Idem, “O Passado e o Futuro”, RM, Tomo XXI, 1869, n.º 5, pp. 51‑53.
15 Idem, p. 52; Idem, “Portugal em 1872”, RM, Tomo XXV, 1873, n.º 4, p. 95.
16 “Nos fins do seculo decimo sexto era a Hespanha o colosso dos estados, o gigante das monarchias. Pois contra esse gigante se ergueu ao occidente o pequeno Portugal e como o filho de Jessé saiu vencedor em porfiada lucta em vinte e oito annos (...). Esteja porém álerta e unido o povo e o exercito (...) e de mãos dadas, (...) dessa união virá a força (...). Fazei como fizeram nossos paes (...) e ficaes certos que o homem é tão forte em sua propria casa que já dizia grande Pombal até depois de morto precisa de quatro vivos para d’ella o tirarem. As lições do passado sirvam para animar o presente e para dar‑nos gratas esperanças do futuro”. Idem, “O Passado e o Futuro”, RM, Tomo XXI, 1869, n.º 5, pp. 51‑53.
17 Sérgio Campos Matos, “Patriotismo e Historiografia: diferentes atitudes perante o passado”, in Historiografia e Memória Nacional no Portugal do Século XIX (1846‑1898), Lisboa, Edições Colibri, p. 242.
18 Idem, “Ruido do Trovão”, RM, Tomo XXI, 1869, n.º 13.
19 Idem, “A Questão do Dia”, RM, Tomo XXI, 1869, n.º 17.
20 Idem, 323.
21 Idem, “Ruido do Trovão”, RM, Tomo XXI, 1869, n.º 13, p. 207.
22 Idem, Ibidem.
23 “não é só a raça nem o idioma, nem a religião, que servem para distinguir um povo de outro. Uma nação que habita uma região desde muitos seculos, que tem lingua sua, distincta litteratua, historia separada, e, além d’isso tradições, glorias, costumes, caracter, que o tempo formou, e que são totalmente differentes de identicos predicados dos outros povos – essa nação constitue uma perfeita nacionalidade. De commum com a Hespanha, Portugal só tem o clima – o que não quer dizer nada. (...) o que falta a esse povo hespanhol, tão nobre, tão cavalheiro, para ser uma grande nação, uma potencia de primeira ordem não é a união com Portugal, que lh’o ha de dar. A Hespanha possue já um territorio vasto e população importante, para ser uma grande potencia. Falta‑lhe o bom senso, a educação, a instrucção, os costumes politicos, que só a pratica regular das instituições liberaes pode dar; falta‑lhe a civilisação, em uma palavra, a civilisação que não se adquire n’um dia, a civilisação que destroe preconceitos, erros, habitos, vicios enraisados no animo das gerações por tres seculos de intolerancia, de fanatismo, de corrupção e tyrannia, e por meio seculo de lutas sanguinarias Idem, Portugal em 1872 – Vida Constitucional d’um Povo da Raça Latina”, RM, Tomo XXV, 1873, n.º 6, p. 153.
24 Idem, “Portugal em 1872 – Vida Constitucional d’um Povo da Raça Latina”, RM, Tomo XXV, 1873, n.º 5, pp. 121‑122
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Fonte: http://www.revistamilitar.pt/modules/ar ... .php?id=96
 

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papatango

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(sem assunto)
« Responder #447 em: Novembro 04, 2006, 02:18:14 pm »
Texto interessante, sem dúvida, mas que parece ser apenas uma colecção de informações sobre o movimento ibérista do século XIX.

Creio que um dos principais problemas dos anti-iberismo, é no neu ponto de vista, o exagerado "bater na tecla" do dominio espanhol.

Sendo os portugueses, no século XIX na sua essência uma mole imensa de analfabetos, é natural que se tenha despertado um sentimento anti-espanhol, apresentando como oposição ao ibérismo, o ocorrido no periodo de 1580 a 1640.

No entanto, acredito que há um terrível erro de análise, em que me parece que o próprio autor do texto cai.

É que a "Hespanha" de que Portugal fez parte entre 1580 e 1640, não é a mesma Espanha que hoje conhecemos e que foi criada em 1715, depois da guerra da sucessão, em que os Austrias foram definitivamente afastados da península íberica pela mão dos franceses.

A partir de 1715, a Espanha, passou a ser pouco mais que um apêndice dos franceses, e portanto extremamente ligada ao chamado bloco continental, que mais tarde (século XIX e XX) teve a Alemanha como o seu principal elemento.

A diferença entre estas duas "Espanhas" é enorme.

A actual, é uma cópia do Estado Francês, e é por natureza avassaladora e unificadora. A Espanha afrancesada, destruiu  tudo o que não tivesse origem em Castela, porque foi em torno de Castela que os franceses construiram o Estado Espanhol.

Já a Hespanha dos Habsburgos, era um império. Um império onde os vários países ou nações constituintes, seguiam os seus próprios ritos, respeitavam a sua própria cultura, mas aceitavam um monarca, que era ao mesmo tempo monarca de outros países e nações.

Esse modelo, resistiu até à I Guerra Mundial, pois o Império Austro-Húngaro, é uma fotografia fiél do que era a "Hespanha" dos Habsburgos no século XVI ou XVII.

O império Austro-Hungaro existia, mas a Áustria e a Hungria tinham povos completamente diferentes, que falavam línguas diferentes e eram países separados.

o Imperador Habsburgo tinha que ser coroado Rei da Hungria, e obedecer às leis do país, tinha que falar Hungaro, e garantir que a Hungria continuava a ser um país independente.

Também os croatas tinham estatutos idênticos, embora os Croatas não fossem tão importantes, porque os Hungaros eram muito mais ricos.

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Ora, entre 1580 e 1640, Portugal teve um rei, nessas mesmas condições.
Os Habsburgo tinham em Portugal, mais um dos reinos da sua coroa, mas esse país, nunca fez parte de Espanha ou de qualquer Espanha como entidade nacional, primeiro porque isso não faría sentido para os Habsburgo e depois porque não existia nenhum país chamado Espanha para Portugal fazer parte dele.

Espanha era, como foi até 1715, uma referência geográfica que designava uma peninsula no sudoeste europeu, da mesma forma que Ibéria hoje o designa.

= = = =

O velho argumento do papão do tempo dos Habsburgos não procede, porque o Ibérismo de hoje nada tem a ver com a União de coroas separadas sob um mesmo monarca.

Hoje Iberismo, é sinonimo daquilo em que a Espanha se transformou, o império dos castelhanos, que conseguiram impor a sua cultura, os seus costumes, a sua musica, a sua língua a todos os restantes povos (excepto Portugal) criando esta ideia de que existe um só país.

Hoje a Hespanha segundo o modelo dos Habsburgos, ou seja, uma espécie de União Europeia, não faria sentido, porque já existe uma, muito mais ampla.

A outra Espanha, aquela que fala, come, respira e exala espirito castelhano por todos os poros, é-nos absolutamente contrária, e só a destruição de Portugal pode servir os seus objectivos.
Para os Espanhóis, a Espanha é Castela, por muito que eles o queiram negar, e qualquer união de Portugal com Castela, é contra-natura.

O sentimento Xenófobo dos castelhanos (já infelizmente demonstrado aqui)  vem piorar ainda mais a situação.

Aliás, foi a Xenofobia castelhana, que levou a que muitos dos portugueses que estavam na corte dos Áustrias se sentissem mal e entendessem que se continuassem assim, acabariam por perder os seus empregos para os castelhanos, e não haveria Portugal para voltar, porque também em Portugal os castelhanos estavam a ocupar todos os lugares na administração. Queixaram-se os portugueses, como se queixaram os nacionais de outros países, como a Catalunha ou Navarra e até os Valêncianos criticavam os castelhanos.

Um número significativo de funcionários públicos portugueses, estão infelizmente entre aqueles que mais gostariam de ser espanhóis, aguardando um salário mais alto. Mas quando entendessem que os seus lugares estaríam em risco, porque para ser funcionário público é necessário ser "Buen Español" ou seja de origem castelhana, então voltariam todos a ser «revolucionários lusitanos».

O grande problema da Península Ibérica, chama-se nacionalismo castelhano. Não é a Espanha como realidade geográfica que é um problema. O problema é a entidade anacrónica que os castelhanos criaram e a que incorrecta e ilegitimamente apelidaram de Espanha.

Cumprimentos



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PS.
Lembro que este é um fórum português, e que se dispensam comentários em língua castelhana, como os que infelizmente já se tornaram comuns.
É muito mais fácil enganar uma pessoa, que explicar-lhe que foi enganada ...
Contra a Estupidez, não temos defesa
https://shorturl.at/bdusk
 

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G3

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« Responder #448 em: Novembro 07, 2006, 11:29:16 am »
O que eu acho em relação a esta questão, que a nível da política Portuguesa é de facto uma das mais preocupantes, é que espanha é uma ameça real à soberania Portuguesa. E isso está provado tendo em conta as politicas tomadas pelos nossos vizinhos em relação ao nosso país.

Num artigo do site areamilitar.com sobre a revista "tiempo" é possível confirmar que espanha e o seu povo ainda gostaria de ver anexado Portugal. E o que mais me preocupa no meio disto tudo é que há muita gente que não os considera uma ameaça real e quase que ignora esta posição. Pricipalmente os nossos governantes que vão para lá "lamber-lhes as botas" literalmente falando.

Felizmente que ainda há pessoas que os consideram uma ameaça. Eu já começava a ficar preocupado em relção a isto... No nosso governo não há patriotas, conscientes e não fanáticos é claro, que pensem nesta questão seriamente.

O constante desarmamento e enfraquecimento económico por parte de Portugal só os encoraja a terem este tipo de ideias cada vez mais frequentes, e que nunca tinham desaparecido do seu pensamento. :D  

cumprimentos a todos!
 

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Johnnie

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« Responder #449 em: Novembro 08, 2006, 12:11:37 am »
Acho grande piada a estes tópicos, mais depressa Espanha se desagrega do que anexa seja o que for...
«When everything is coming your way... You are in the wrong lane!!!!"