Missão militar portuguesa no Afeganistão

  • 1824 Respostas
  • 575582 Visualizações
*

LM

  • Investigador
  • *****
  • 3105
  • Recebeu: 1371 vez(es)
  • Enviou: 4053 vez(es)
  • +2022/-112
(sem assunto)
« Responder #615 em: Junho 15, 2008, 11:01:33 pm »
Citação de: "Lightning"

Pois é verdade o que diz, mas acho que tem que existir um Comando para coordenar as Companhias operacionais, para decidir quem é que vai para onde, etc.

Mas olhe que no tempo do Regimento de Comandos também havia 2 Batalhões de Comandos e Companhias Pesadas, mas eu também preferia que mantivessem a unidade operacional ao nivel de companhia.


Sim, mas este tipo de coordenação pode ser feito pelo comando do Centro Tropas Comando - que deveria ter apenas a obrigação de "fornecer" 1 a 2 companhias  independentes das 3 existentes de Comandos à BRR e seria esta unidade a coordenar a actuação das forças - a grande questão aqui é se vemos os Comandos como força escalão companhia, o nosso equivalente aos Rangers US ou Special Forces Support Group do RU, com forte colaboração com as nossas FrOpEsp ou se vamos ter outro batalhão com as mesmas caracteristicas de um dos nossos BatPARA... neste caso acho que todos saem a perder, a começar pelos Comandos que não assumem um "nicho" muito válido e necessário.
Quidquid latine dictum sit, altum videtur
 

*

tyr

  • Analista
  • ***
  • 880
  • Recebeu: 2 vez(es)
  • +1/-0
(sem assunto)
« Responder #616 em: Junho 16, 2008, 12:04:54 am »
Lm estas a ter um raciocinio errado, pois defendes que uma companhia é porque é boa, mas um batalhão é porque não presta????

um batalhão de comandos consegue destacar 3 companhias ( a nivel operacional os comandos trabalham praticamente sempre a nivel companhia ou grupo) coordenadas, inclusivamente maximizar as rotações de pessoal.
A morte só é terrivel para quem a teme!!
 

*

migbar2

  • Perito
  • **
  • 334
  • Enviou: 1 vez(es)
  • +0/-0
(sem assunto)
« Responder #617 em: Junho 16, 2008, 12:09:54 am »
Citação de: "LM"
Citação de: "Lightning"

Pois é verdade o que diz, mas acho que tem que existir um Comando para coordenar as Companhias operacionais, para decidir quem é que vai para onde, etc.

Mas olhe que no tempo do Regimento de Comandos também havia 2 Batalhões de Comandos e Companhias Pesadas, mas eu também preferia que mantivessem a unidade operacional ao nivel de companhia.

Sim, mas este tipo de coordenação pode ser feito pelo comando do Centro Tropas Comando - que deveria ter apenas a obrigação de "fornecer" 1 a 2 companhias  independentes das 3 existentes de Comandos à BRR e seria esta unidade a coordenar a actuação das forças - a grande questão aqui é se vemos os Comandos como força escalão companhia, o nosso equivalente aos Rangers US ou Special Forces Support Group do RU, com forte colaboração com as nossas FrOpEsp ou se vamos ter outro batalhão com as mesmas caracteristicas de um dos nossos BatPARA... neste caso acho que todos saem a perder, a começar pelos Comandos que não assumem um "nicho" muito válido e necessário.





Nem os comados querem isso de certeza. Eles querem para eles próprios um papel que não de simples tropa de choque. Com o orçamento das nossa forças armadas é cada vez mais premente acabarmos com as redundancias, ora se não se conseguir distinguir a filosofia operacional dos comandos em relação aos páras adivinhem quem é que volta a desaparecer, quem é ?
 Isso concerteza não acontecerá.
 

*

tyr

  • Analista
  • ***
  • 880
  • Recebeu: 2 vez(es)
  • +1/-0
(sem assunto)
« Responder #618 em: Junho 16, 2008, 12:17:47 am »
Comparar os comandos com os atuais paras é no minimo ridiculo.
os paras são infantaria ligeira com capacidade de saltar de paraquedas.
Os comandos são uma tropa de choque, com um nivel de seleção e instrução incomparavel (taxa de desistencia na ordem dos 60 a 70 %).

Actualmente os comandos mantêm se uma tropa de elite, os paras têm o espirito, mas a nivel de elite só mesmo os precs (acho que actualmente esta se a fazer um esforço para aumentar o nivel de qualidade dos homens, pode ser que dentro de uns anitos voltem a ser o que ja foram).

e a missão dos comandos é bem diferente das dos paras, não é possivel confundir, a não ser que não se conheça.
A morte só é terrivel para quem a teme!!
 

*

sturzas

  • Membro
  • *
  • 120
  • Recebeu: 3 vez(es)
  • +0/-0
(sem assunto)
« Responder #619 em: Junho 16, 2008, 02:11:19 am »
Viva a todos:

Penso que compreendo o "receio" do forista LM. Dado que as Forças de Comandos são tidas como Forças Especiais, geralmente a sua actuação, deveria de ser tipo a da Guerra Colonial, Pelotão e/ou Grupos de Combate.

A existência de um Comando de Batalhão é imperativo, para a centralização de informação e tomada de opções, para o emprego táctico das sub-unidades, sejam elas de escalão companhia, pelotão, grupo ou equipa. Reparem que no organigrama, não há referência para a existência de sub-unidades de apoio de fogos específicos (anticarro, morteiros, etc, tal como se passa nos Batalhões Páraquedistas, com CCA (Companhia de Comando e Apoio), que engloba as áreas de apoio de serviços e combate, e de apoio de fogos.

Os comandos têm uma missão ligeiramente diferente dos "páras" e "rangers", estando na minha opinião, colocada como elo de ligação/complemento entre estas duas forças, assumindo um papel de tropa de "choque". A existência da 3ª Companhia de Cmds, deverá é significar, que não será reactivado o 3º BIPára.

Chamo especial atenção para a diferença entre Regimento e Batalhão; por exemplo, o Regimento de Infantaria 13, tem para além do Comando de Regimento, uma CCS e um Batalhão de Infantaria (1º Bat. Infª/BInt.); este último é divido em Comando e Estado-Maior de Batalhão, 1 CCS, 2 CAt e 1 Companhia de Apoio de Combate; enquanto que a 1ª CCS, geralmente tem a ver directamente com as Instalações do Regimento (serviço de messes, manutenção de instalações, Guarnição e Segurança, depósitos, manutenção geral, etc, a CCS pertencente ao Batalhão, tem mais a ver, com as transmissões, a manutenção, o transporte e reabastecimento, etc, das restantes sub-unidades do Batalhão.

Cumprimentos
NA PAZ E NA VIDA... QUE RESERVA TÃO CALMA E TRANQUILA... MAS SE OUVIRES O TROAR DA GUERRA... ENTÃO IMITA O TIGRE...
 

*

LM

  • Investigador
  • *****
  • 3105
  • Recebeu: 1371 vez(es)
  • Enviou: 4053 vez(es)
  • +2022/-112
(sem assunto)
« Responder #620 em: Junho 16, 2008, 10:40:00 am »
Citação de: "sturzas"
Penso que compreendo o "receio" do forista LM. Dado que as Forças de Comandos são tidas como Forças Especiais, geralmente a sua actuação, deveria de ser tipo a da Guerra Colonial, Pelotão e/ou Grupos de Combate.

A existência de um Comando de Batalhão é imperativo, para a centralização de informação e tomada de opções, para o emprego táctico das sub-unidades, sejam elas de escalão companhia, pelotão, grupo ou equipa. Reparem que no organigrama, não há referência para a existência de sub-unidades de apoio de fogos específicos (anticarro, morteiros, etc, tal como se passa nos Batalhões Páraquedistas, com CCA (Companhia de Comando e Apoio), que engloba as áreas de apoio de serviços e combate, e de apoio de fogos.

Os comandos têm uma missão ligeiramente diferente dos "páras" e "rangers", estando na minha opinião, colocada como elo de ligação/complemento entre estas duas forças, assumindo um papel de tropa de "choque".


Entendeu muito bem o meu receio - claro que como civil por vezes faço erros de análise de "palmatória" e confundo a arvore com a floresta... mas, repito, o meu "receio" é que estas pequenas alterações abram a porta à criação de um batalhão que se assuma como a unidade táctica de manobra principal, com (não já mas mais tarde) uma companhia de apoio... e para mim os paras são uma infantaria ligeira de elite e se não são neste momento deviam ser e é deles esse "segmento" de actuação.

Podendo estar a ser demasiado radical, não me causava problema o estudo da existencia de "Centro Tropas Op Especiais e Comando", com dois cursos e 2 unidades separadas... algo como o exercito Brasileiro tem.

O meu obrigado pelas explicações dadas. :wink:
Quidquid latine dictum sit, altum videtur
 

*

Lightning

  • Moderador Global
  • *****
  • 11451
  • Recebeu: 2562 vez(es)
  • Enviou: 3651 vez(es)
  • +942/-1084
(sem assunto)
« Responder #621 em: Junho 16, 2008, 11:20:54 am »
Citação de: "LM"
Sim, mas este tipo de coordenação pode ser feito pelo comando do Centro Tropas Comando - que deveria ter apenas a obrigação de "fornecer" 1 a 2 companhias  independentes das 3 existentes de Comandos à BRR e seria esta unidade a coordenar a actuação das forças - a grande questão aqui é se vemos os Comandos como força escalão companhia, o nosso equivalente aos Rangers US ou Special Forces Support Group do RU, com forte colaboração com as nossas FrOpEsp ou se vamos ter outro batalhão com as mesmas caracteristicas de um dos nossos BatPARA... neste caso acho que todos saem a perder, a começar pelos Comandos que não assumem um "nicho" muito válido e necessário.


É só um pormenor, mas o 75º Regimento de Rangers do Exército dos Estados Unidos já enviou unidades de escalão Batalhão, o Regimento é composto por 3 Batalhões operacionais, mas não sei se possui apoio de fogos.

Operações dos Rangers a nivel Batalhão:
- 2ª Guerra Mundial
- Granada
- Panamá
- Afeganistão

PS: Durante a guerra da Coreia e do Vietname operavam a nivel Companhia.

Mas a maior parte das unidades similares aos Comandos que conheço operam a nivel Companhia.
> SFSG no RU
> CSOR no Canadá
> 4º Batalhão de Comandos na Austrália

Mas agora que penso nisso a Legião Estrangeira e a Legião Espanhola podem operar a nivel Batalhão :wink: .
 

*

Lancero

  • Investigador
  • *****
  • 4217
  • Recebeu: 88 vez(es)
  • +74/-5
(sem assunto)
« Responder #622 em: Junho 16, 2008, 11:40:42 am »
Citar
Afeganistão Como os soldados portugueses viveram no sul

16.06.2008,

Durante 42 dias, cerca de 140 militares portugueses viveram numa pequena base, no sul do Afeganistão, em zona considerada hostil. No regresso a Cabul, o soldado Duarte, o cabo-adjunto Lamela, o tenente Varandas e a socorrista Santos contaram ao P2 como foi. Por Alexandra Lucas Coelho, em Cabul




No fim do almoço, os soldados Duarte e Lamela vão falar à desgarrada das papoilas que cercavam os portugueses por todos os lados menos um, no sul do Afeganistão.
Mas agora ainda não é meio-dia. Cabul escalda, numa convulsão de carros aos solavancos nas ruas esburacadas até ficarem engarrafados na próxima esquina. De cada vez que os carros param, mulheres e crianças vêm pedir dinheiro ou vender coisas. Muitas destas mulheres estão cobertas por burqas já gastas e algumas andam descalças. O ar é poeirento e poluído e há polícias sinaleiros com máscaras cirúrgicas. As bancas de rua estão carregadas de mangas maduras, pequenas bananas a ficarem pretas, tomates, batatas, melancias. Um rapaz atravessa a rua com uma pilha de grandes pães espalmados. O pão, aqui, é mesa, prato e talher. Além de ser comido, come-se em cima dele e com ele. É tão comprido que se dobra e leva debaixo do braço. Passa pelas mãos de toda a gente e sacode-se como um pano.
Andando para leste, blocos de betão, muros, barricadas, rolos de arame farpado, patrulhas, armas pesadas. Nesta zona situam-se duas instalações da ISAF, a força internacional liderada pela NATO no Afeganistão. Mas a base principal, Camp Warehouse, ainda está a 15 minutos do centro de Cabul. É lá que se encontram os soldados portugueses - quase todos Comandos e alguns membros da Força Aérea -, recém-regressados da província de Kandahar, última missão no terreno deste destacamento, antes do regresso a Portugal, entre Julho e Agosto.
Chega-se a Camp Warehouse por uma longa estrada repleta de camiões, armazéns e contentores.
A base fica do lado direito. Uma fortaleza cercada por betão e muros, a perder de vista até ao recorte das montanhas que cercam Cabul. O táxi tem que ficar muito antes da guarita dos soldados. Depois, o visitante vai a pé por uma passagem entre blocos de betão até encontrar os vigias, neste momento franceses.
Frederico Varandas, médico da missão portuguesa, é o elemento de coordenação do outro lado. A comunicação demora uns minutos. Abertas as grades de ferro, passa-se por uma revista sumária e a seguir por uma revista detalhada. Os telemóveis ficam à porta. E a partir daqui o tenente Varandas conduz o caminho pelo terreiro ao sol, até ao pedaço de Camp Warehouse onde todas as coisas são portuguesas: bandeiras, carros, fardas, música, clubes de futebol e um totem de placas de sinalização, de Oliveira de Frades a Elvas.
Como é 10 de Junho, vai haver uma breve cerimónia antes de almoço. O comandante da força portuguesa, tenente-coronel Carlos Bartolomeu, recebe o P2 com um café que é quase uma bica, raridade em Cabul. "Não vamos celebrar o 10 de Junho com toda a pompa porque não sabíamos se estaríamos cá. Era impossível comprometermo-nos com uma festa. Podíamos ter imprevistos durante o movimento."
O "movimento" foi a vinda de Kandahar para Cabul, 600 quilómetros numa estrada infiltrada por taliban e gangues. Os afegãos comuns deixaram de a percorrer. Todas as organizações humanitárias voam por cima dela. Mas os militares têm que deslocar colunas de viaturas. Assim, finda a missão no sul, os portugueses partiram numa coluna de 22 viaturas e 92 homens. A 80 quilómetros de Cabul, noite escura, foram emboscados num vale, estiveram 15 minutos sob fogo intenso, e dois militares ficaram ligeiramente feridos (ver edição de 11 de Junho).
Tudo isto está muito fresco, aqui, agora. Aconteceu há duas noites. Foi o momento mais tenso de toda a estadia no Afeganistão, hão-de dizer, um a um, os soldados durante o almoço.
O comandante Bartolomeu vai preparar-se para a cerimónia e o tenente Varandas fica a fazer as honras da base. Lisboeta da Praça de Londres, 28 anos, médico no Hospital de Santa Marta e da equipa do Vitória de Setúbal, este sorridente surfista de olhos verdes nunca se tinha visto num cenário de guerra, ainda por cima cercado de terra. "O que me custa mais é não haver mar."
E começa a descrever o cenário em que a missão portuguesa esteve, no último mês e meio. Um pequeno grupo ficou na base aérea de Kandahar, mas o grosso da força, 140 militares, foi acabar de construir e inaugurar uma FOB (Forward Operating Base), uma pequena base bastante isolada, a 120 quilómetros da cidade, na província de Maywan.
"Estávamos junto a uma povoação e o resto eram campos. Não tínhamos ar condicionado, dormíamos em tendas, com 40 e tal graus à sombra - nem sei quantos estariam ao sol! Durante o dia não se podia entrar na tenda. Foram 42 dias a rações de combate e para tomar banho tínhamos um poço de onde tirávamos água."
Estas condições são comuns nas pequenas bases avançadas, mas por pouco tempo. "Os outros contingentes que ocupam as FOB ficam no máximo uns 10, 15 dias. Nós, como somos poucos, não tivemos possibilidade de fazer rotação."
Havia uma rotina clara. Todos os dias a força dividia-se em três. "Um grupo fazia a segurança nas torres e no portão, porque estávamos numa zona de ameaça séria. Outro grupo fazia patrulhas pela povoação, comunicando com os civis, explicando que a nossa missão era para a segurança deles, e nestas patrulhas ia sempre um tradutor e um enfermeiro ou eu. O terceiro grupo ficava de QRF [Quick Reaction Force, Força de Reacção Rápida], para sair em socorro, se algo acontecesse."
99 por cento de papoila
Cumprida a cerimónia, com parada e discursos ao sol, o almoço é volante, na frescura de uma grande sala. Mais de 150 homens a segurar pratos de plástico, entre mesas cheias de camarões e salgados, refrigerantes e águas, e de vez em quando um sorriso de mulher no bruá masculino e eufórico. Já lá vamos.
O tenente Varandas apresenta o soldado Daniel Duarte, 23 anos, que vai na sua segunda missão afegã. Leia-se o que se segue com sotaque de Penafiel: "Foram 42 dias complicados por causa do calor, não tínhamos ar condicionado nas tendas. E a ração come-se bem 15 dias, depois o sabor é sempre o mesmo."
"A guerra era por causa dos batidos", diz o cabo-adjunto João Lamela, 30 anos, irrompendo na conversa, com sotaque de Barcelos.
Os homens do Norte estão em maioria e, com à vontade de soldados, Duarte e Lamela começam a contar o que viveram no Sul afegão, onde os campos de papoilas produzem grande parte da heroína e ópio que circulam no mundo.
Duarte - A segurança era o mais aborrecido, ficávamos ali na seca. As patrulhas apeadas e motorizadas era o melhor, o contacto com a população, as crianças.
Lamela - A zona de patrulha era de forte cultivo da papoila e da cannabis, grande parte era mesmo dentro dos campos de papoila.
Duarte - Nunca tinha visto tanta papoila.
Lamela - Eles trabalham 24 horas sobre 24 naquilo, havia lá sempre gente. Durante a noite havia a preocupação da rega e durante o dia de limpar a planta, para depois fazerem a seiva, que este ano estava a 80 dólares o quilo.
A cabeça de papoila tem umas sementes que são doces e as crianças utilizavam muito isso para comer, a cabeça da papoila depois de seca. Isso e umas árvores com amoras. Sempre que passávamos nessa árvore havia um ou dois pendurados, outros dois cá em baixo, eles a abanar os ramos. Devia ser a única coisa que naquele dia iriam comer, provavelmente.
Duarte - Ali, a agricultura é baseada na papoila.
Lamela - Às vezes lá encontrávamos um bocadinho com centeio ou trigo, mas 99 por cento era papoila.. No princípio, eles pensavam que a gente estava lá para a erradicação, que era o que se tinha feito anteriormente. Mas a gente tratava de esclarecer que não.
O tenente Varandas intervém, para contextualizar:
- A nossa missão era garantir segurança à população e manter as vias rodoviárias íntegras.
Duarte - Se o nosso trabalho fosse erradicar a papoila de certeza que íamos ter muito mais problemas. Ainda bem que não foi. É o ganho deles, claro que iam responder.
Lamela - É o único meio de subsistência que têm. Trabalham aqueles quatro meses para o ano todo. A nossa FOB era um rectângulo e só um dos lados era junto às casas, de resto era tudo área de cultivo.
Duarte - Quase toda a população que trabalha ali, é nisso.
Lamela - Os homens da zona mais os de fora. Num campo, estavam sempre 18, 20 pessoas a trabalhar na papoila.
A povoação
Lamela - Havia uma parte da população que nos aceitava e outra que nos hostilizava.
Duarte - Não éramos bem vistos.
Lamela - Eles eram simpatizantes taliban.
O tenente Varandas intervém, para contextualizar:
- Não era bem. Havia um certo receio, a princípio, de que pudéssemos atrair problemas para eles. Mas com o tempo as pessoas foram aceitando.
Duarte - Dávamos-lhes sempre água, parte da ração.
Lamela - Também nutriam alguma simpatia por nós porque tínhamos barba e identificavam-nos como muçulmanos. Dizíamos "salamaleikum" e eles pensavam que éramos afegãos.
Duarte - O uniforme do exército afegão não é muito diferente do nosso.
Lamela - Eu tinha uma barba assim [pelo peito]. Eles diziam que a barba era um sinal que não éramos mentirosos, que éramos sábios.
Normalmente tentávamos abordar os homens mais velhos, que são os que têm mais aceitação na povoação, e levávamos um enfermeiro connosco. Na primeira patrulha apeada que fizemos, abordámos um mais velho para perguntar se estava tudo bem, se precisavam de alguma coisa, e ele para nossa surpresa disse logo: "Precisamos, precisamos." Então precisa de quê? "Estou aqui com uma dor nas costas, com uma dor na perna..." A gente queria ajudar, mas ele levou para o lado pessoal.
Duarte - Os adultos não se metiam connosco.
Lamela - As crianças são mais fáceis.
Mas perto da nossa FOB, no final da missão, já muita gente dizia "bom-dia", "Portugal", "obrigada", que em pashto é "manana".
Tempos mortos
Lamela - Fora da actividade operacional, tínhamos os nossos tempos mortos, que tentávamos colmatar entre jogar voleibol, ir ao ginásio, jogar futebol, que aqui a rapaziada é toda virada para o desporto.
Lamela - Pronto, não é bem ginásio
Duarte - É algo improvisado.
Lamela - Com uns paus, umas redes de camuflagem para fazer sombra.
Duarte - Com uns pesositos.
Lamela - Com umas paletes do avião que trazia as nossas coisas fizemos o chão, com madeira fizemos os bancos, levámos daqui os alteres, tínhamos feito lá uma barra, era uma forma de passar o tempo. Também o voleibol, em conjunto, por exemplo, com os elementos do ANA, que é o exército afegão, jogávamos todos os dias, no final da tarde, uma equipa deles e várias nossas. O futebol, era gravilha e tudo, mas pronto.
Duarte - Um bocadito de sangue, pronto.
Lamela -Depois era as conversas à noite, junto à máquina de café, no refeitório.
Duarte - Também jogávamos uma suecazinha, que eu dava ali cada coça no João [Lamela].
Lamela - Falar para casa, era via telemóvel, essencialmente. Se não conseguíssemos, a força iria disponibilizar o telefone satélite, mas não houve necessidade. Era curioso porque só tínhamos rede das cinco da manhã às sete da tarde. Às sete da tarde em ponto terminava. Havia quem dissesse que era por causa dos IED's. Os IED's são engenhos improvisados explosivos. Eles [os taliban] activam o engenho e nisto destroem uma viatura e quem vai lá dentro. Havia quem dizia também que aquilo era a energia solar, e assim que terminava o sol deixava de haver rede.
Ah, e tinha uma curiosidade, que era o banho. De início não tínhamos água armazenada, e aí era uma diversão. O poço tinha uma manivela, a gente fazia a extracção de água para um balde azul, e era onde tomávamos banhos. E nos mesmos baldes tínhamos que lavar a nossa roupa.
Duarte - Mas não lavávamos muitas vezes, o pessoal usava sempre a mesma.
Lamela - E depois era as refeições. Ao início, como era novidade, toda a gente queria experimentar, e no final de 15, 20 dias olhávamos para o menu e já sabíamos o que íamos comer. Havia aquele que tinha o batido, o que tinha os m&m's, o que trazia o bife com cogumelos. Porque as nossas refeições, de pequeno-almoço, almoço e jantar eram uma ração americana. Exceptuando ao domingo que alternávamos com uma ração portuguesa, que a gente já conhece bem.
Taliban invisíveis
Lamela - Se abordássemos alguém a perguntar se precisavam de ajuda e eles nos respondessem "não, estamos bem, o problema são vocês que andam aqui a assustar as nossas mulheres e crianças", a gente já sabia que havia de ser um simpatizante taliban. Mas contacto directo com quem se afirmasse taliban acho que nunca.
O tenente Varandas intervém, para contextualizar:
- Houve apenas situações em que tivemos de sair em apoio a colunas de civis que passavam na nossa área e tinham sido atacadas. Por mais de uma vez.
Lamela - Chegávamos a uma área, e víamos vestígios, por exemplo várias granadas disparados junto a umas casas. Íamos abordar a população e ninguém tinha visto nada. Taliban nesta zona? Não! Eles tinham medo de serem repreendidos pelos taliban. A gente sabia que eles estavam lá na zona, agora contacto directo, não.
Duarte - Uma vez fomos lá bater a uns 'compounds' onde se dizia que eles podiam estar e só vimos umas mulheres que disseram que os homens tinham ido embora porque tinham medo de serem vistos pelos taliban a falarem connosco.
A única mulher
Na missão portuguesa está incluído um módulo sanitário, que além do tenente Varandas, médico, inclui dois enfermeiros e dois socorristas.
Um dos socorristas é Liliana Santos, 26 anos, vinda de Macedo de Cavaleiros para a Carregueira, onde estão os Comandos, a sua unidade. Já esteve uma vez no Afeganistão, uma vez em Timor e aqui está em Cabul, a ajeitar a boina ao pé da enfermaria de campanha. Era a única mulher na base de Maywan.
"Foi um bocado complicado, principalmente com os banhos, lavar o cabelo..." Mostra o cabelo apanhado por baixo da boina. "Enchíamos um saco com água, aquecíamo-lo ao sol e alguém me ia deitando água no cabelo."
E a parte do duche? "Tinha um chuveiro de campanha, com cortinas." E não dormia numa tenda. "Tinha uma divisão para mim, num edifício que lá havia."
Então, o que custou mesmo mais? "A comida!"
Liliana não ia na coluna que veio por estrada para Cabul e portanto não viveu a emboscada. E também não fazia patrulhas. Todos os contactos que teve com a população foram através dos feridos que a enfermaria portuguesa recebeu. Manteve-se dentro da base durante 42 dias.
Pensando melhor, afinal, mais que a comida o que lhe custou mesmo "foi ter lá ficado tanto tempo".
Gente brava
Durante um mês e meio, uns pais em Lisboa andaram convencidos de que o filho estava a trabalhar num hospital em Kandahar. O tenente Varandas poupou-os à descrição da pequena base isolada, cercada de papoilas, numa zona considerada hostil. Neste 10 de Junho, já sabem da verdade.
"Em Lisboa, eu estava assustado porque não sabia o que poderia encontrar. Mas o ser humano é uma máquina muito perfeita. Custa no primeiro dia, ao segundo já não. Foi uma experiência muito rica como médico. O desafio foi trabalhar com os meios que tínhamos. Para os dois enfermeiros foi puxado, porque as patrulhas diárias tinham que ter um enfermeiro ou médico, e eram patrulhas até nove quilómetros, com colete, armamento, aí uns 15, 20 quilos."
Se o susto da emboscada foi o maior, tratar dos civis é a grande memória. "São um povo bravo, corajoso. É impressionante a coragem que as crianças já trazem. Como um menino de 12 anos que me apareceu com a cabeça aberta até se ver o osso, a andar pelo seu próprio pé e sem chorar. Disse que tinha levado uma pedrada. Veio sozinho, porque sabia que tínhamos médico."
O tenente Varandas suturou-o, e não foi o único. "Vinham frequentemente. Quando chegámos, os ingleses tinham ferido dois irmãos e garantíamos o tratamento deles. Herdei aqueles dois feridos." Um tinha 20 anos e o outro oito. Ambos com tiros que tinham entrado e saído. "Todos os dias iam lá à enfermaria. E as condições de assépsia eram complicadas. Ter uma sala esterilizada é utópico. Felizmente correu tudo bem."
Além dos civis, houve aquele "polícia afegão que furou o pé de um lado ao outro ao limpar a arma", conta o tenente Varandas. "Tive oportunidade de ver ferimentos que em Portugal são raros." E deu formação de reanimação e sinais vitais aos 40 soldados do exército local que estavam com a força portuguesa em Maywan.
Os afegãos, em suma? "São um povo com grande instinto de sobrevivência. Espertos e rápidos. Muito rápidos."
No princípio da visita, ao descrever a base, o tenente Varandas dissera que estava cercada de campo, mas não falara em papoilas. É um oficial muito bem-educado. E então? Sorri, sem ir mais longe: "Em Abril são bonitas."


http://jornal.publico.clix.pt/ - P2
"Portugal civilizou a Ásia, a África e a América. Falta civilizar a Europa"

Respeito
 

*

Creoula

  • Membro
  • *
  • 155
  • +0/-0
(sem assunto)
« Responder #623 em: Junho 16, 2008, 10:39:26 pm »
De acordo com o relato deste militar, publicado no jornal Público do passado dia 11 de Junho, o veiculo atingido por RPG terá sido o 4º da coluna, onde seguia o Major da companhia. Assim sendo, presumo que tenha sido este o veiculo danificado e que não tenha havido feridos nesta viatura, dado que os 2 feridos (números oficiais) foram o Cabo Inácio e o Sargento António, que não seguiam naquela viatura.

Citar
A calma do cabo Inácio no momento do ataque

Quinze minutos sob fogo intenso marcaram toda a estadia no Afeganistão da coluna portuguesa que veio de Kandahar
11.06.2008, Alexandra Lucas Coelho (texto e foto), em Cabul

A t-shirt branca diz Comandos, as muletas dizem o resto. Este é o cabo Lenate Inácio, a assistir à parada do 10 de Junho em Cabul, depois de ter sido atingido num ataque, domingo à noite. “Uma muniçãozita que fez ricochete feriu-me aqui na perna”, explica, batendo na coxa.
Os militares portugueses haviam partido de madrugada da província de Kandahar, numa coluna de 22 viaturas e 92 homens. Tinham que percorrer 600 quilómetros até Cabul, por uma das estradas mais temidas do Afeganistão – taliban, milícias, bandos armados. A viagem demorou 24 horas, com várias paragens.
Estavam perto do fim, quando tudo aconteceu, num vale, em noite de lua nova. Não se via nada.
“O meu veículo era o terceiro da coluna, tinha uma avaria e estava a ser rebocado, com cinco homens dentro”, conta o cabo Inácio, apoiando as muletas na gravilha de Camp Warehouse, a base onde os portugueses ficarão agora, a 15 minutos do centro da capital afegã.
“Apercebi-me de que estávamos a ser flagelados à esquerda, com tiros, e gritei pelo rádio: “Inimigo à esquerda!” No caso de flagelação, o procedimento é responder ao fogo e acelerar. Mas o nosso major, que ia no veículo atrás, tinha sido atingido por RPG [granada]. A partir desse momento a minha decisão foi mandar desembarcar para o lado direito e responder ao fogo.”
Sem esquecer que a viatura da frente possuía pouca blindagem de protecção, por ser um reboque, e tinha lá dentro dois militares, um sargento e um condutor.
“Fui a correr buscá-los. E foi nesse momento, entre os dois carros, que eu fui atingido na perna e o sargento António foi atingido no braço. Ele não se apercebeu, mas eu senti logo, apontei a lanterna, vi um buraco, mas como não tinha muito sangue continuei a responder ao fogo. O meu socorrista fez logo uma avaliação e eu disse que não era preciso o médico, para não o estar a expor.”
Ainda com dores nos tendões e dificuldade em abrir a mão, o sargento Custódio António lembra-se de as duas viaturas da frente terem seguido e a dele ter ficado parada, por estar a rebocar a do cabo Inácio. “Ele veio buscar-me pelo lado direito, e pelo caminho eu senti como uma coisa a ferver no braço. Depois começou a doer-me o tendão. Penso que foi um estilhaço, fez um buraco pequeno e queimou. Deve ter sido o mesmo que atingiu a perna do cabo Inácio”.
Alentejano de Grândola a viver em Setúbal, 31 anos, casado, sem filhos, diz o sargento António: “Isto aqui não há heróis: tive medo. A minha especialidade é mecânica, agradeço a eles.” Eles, a companhia do cabo Inácio. “Eles é que são atiradores. Se eu fosse sozinho, não podia fazer fogo. Tive sorte em os levar rebocados.”
O comandante desta força de 160 homens, tenente-coronel Carlos Bartolomeu – lisboeta, 44 anos, casado, dois filhos, pela primeira vez “neste tipo de teatro” –, não revela em que lugar ia na coluna, por razões de segurança. “Estava numa posição que me permitia ver tudo. Houve rebentamentos do lado esquerdo, foi identificado o local de onde vinham os tiros e o pessoal reagiu eficazmente.”

Os 15 minutos mais longos
Mas o ataque à coluna portuguesa não aconteceu de raspão. Os militares estiveram debaixo de fogo por duas vezes, a primeira das quais durante 15 minutos, os mais longos e tensos de toda a estadia destes homens no Afeganistão.
“Foram 15 minutos a sermos batidos e estivemos quase duas horas para sair dali”, descreve o cabo Inácio. “O fogo ainda voltou por uns minutos.”
Nunca viram quem disparava. “Só víamos os tapa-chamas das armas no escuro. Nós estávamos num vale e eles estavam numa linha de água na montanha, espalhados ao longo de uns 200 metros, aí uns quatro campos de futebol.”
Entretanto, já o tenente José Barros, da Força Aérea – presente, com sete homens, numa missão em que os comandos são a grande maioria – chamara um caça. “O apoio aéreo demorou seis minutos a chegar”, resume este oficial. “Fez uma passagem baixa com largada de “flares” [luzes] e não fez largada de armamento porque não houve identificação positiva do alvo e havia o risco de danos colaterais.”
Mas quem os atacava não abandonou o local. Quando a coluna recomeçou a sua marcha, ainda estava a ser atingida. “Após a segunda vez em que fomos batidos, fomos avançando debaixo de fogo”, relata o tenente Varandas, médico da coluna, que seguia dois carros atrás do cabo Inácio.
Lisboeta, 28 anos, pela primeira vez numa missão de guerra, o tenente Varandas diz que “esta emboscada foi o que impressionou mais”, numa estadia de resto “muito rica”, que incluiu assistir clinicamente afegãos da aldeia junto à base dos soldados portugueses em Maywan, província de Kandahar.
Durante aqueles 15 intermináveis minutos, soube como reagia numa situação de perigo. ”Acho que tive medo, mas fiquei estupidamente calmo. A minha preocupação foi com os feridos.”
E o cabo Inácio, 27 anos, algarvio de Faro, olhos claros como focos de luz? “Naquele momento, medo foi coisa que não senti. As coisas fluem naturalmente. Garanto-lhe que estava tão calmo como estou agora.”
Avança para o almoço com os seus camaradas, assentando as muletas numa passadeira forrada a malha de ferro, entre bunkers de protecção.
Está prestes a terminar a sua vida de militar contratado. Kandahar foi a sua última missão. Em 2001 esteve na Bósnia, em 2004 em Timor, em 2006 no Afeganistão. E, se tudo correr bem, em Agosto estará de volta a Portugal, para a festa de uma menina que faz quatro anos. É sua filha e chama-se Vitória.
(sublinhado meu)

http://jornal.publico.clix.pt/
 

*

satans13

  • 5
  • +0/-0
(sem assunto)
« Responder #624 em: Junho 18, 2008, 10:42:10 pm »
Depois de ler e analisar o que foi descrito quero dar tudo o meu apoio, pois sei que não deve ser facil reagir com esse decernimento debaixo de fogo. Força Comandos vão no caminho certo. Embora não seja Comando é como Português que vos apoio. :headb:
 

*

HSMW

  • Moderador Global
  • *****
  • 13063
  • Recebeu: 3286 vez(es)
  • Enviou: 7928 vez(es)
  • +1133/-1898
    • http://youtube.com/HSMW
(sem assunto)
« Responder #625 em: Junho 20, 2008, 04:37:15 pm »

De 2005
https://www.youtube.com/user/HSMW/videos

"Tudo pela Nação, nada contra a Nação."
 

*

HSMW

  • Moderador Global
  • *****
  • 13063
  • Recebeu: 3286 vez(es)
  • Enviou: 7928 vez(es)
  • +1133/-1898
    • http://youtube.com/HSMW
(sem assunto)
« Responder #626 em: Junho 20, 2008, 05:06:59 pm »
https://www.youtube.com/user/HSMW/videos

"Tudo pela Nação, nada contra a Nação."
 

*

PereiraMarques

  • Moderador Global
  • *****
  • 8056
  • Recebeu: 1376 vez(es)
  • Enviou: 360 vez(es)
  • +5277/-242
(sem assunto)
« Responder #627 em: Junho 20, 2008, 05:18:21 pm »
De que país são estes tipos com a camuflagem "folclórica" :?
 

*

Xô Valente

  • Perito
  • **
  • 409
  • +0/-0
(sem assunto)
« Responder #628 em: Junho 20, 2008, 05:22:27 pm »
Por falar em camuflagem, tenho uma dúvida:
O Exército têm camuflagem de deserto (aquela creme ou bege) própria para ambientes desérticos e quentes ou só tem aquela verde?
Além disso, aquela camuflagem que se vê (verde) deve fazer um pouquito de calor por terras arabes...
http://valente-city.myminicity.com/  -  Cria a tua minicidade também.
 

*

HSMW

  • Moderador Global
  • *****
  • 13063
  • Recebeu: 3286 vez(es)
  • Enviou: 7928 vez(es)
  • +1133/-1898
    • http://youtube.com/HSMW
(sem assunto)
« Responder #629 em: Junho 20, 2008, 05:23:29 pm »
Citação de: "PereiraMarques"
De que país são estes tipos com a camuflagem "folclórica" :?

É Afegão
https://www.youtube.com/user/HSMW/videos

"Tudo pela Nação, nada contra a Nação."