... na minha humilde ignorância parece-me que o dinheiro dos submarinos se poderia aplicar em meios que satisfizessem necessidades com maior intensidade (...) equipar melhor as forcas de segurança (...) ps: a minha opinião está baseada no facto de presumir que os submarinos apenas servem para afirmar a armada portuguesa logo agradecia que me corrigissem se isto for errado
cumprimentos
O problema, é que a necessidade de maior intensidade, é exactamente a da garantia de soberania.
Se um país não tem capacidade para garantir a soberania do Estado sobre uma determinada área, dizem as leis, desde as dos homens às da inércia, essa área passará a ser controlada por outra entidade que aproveitará esse controlo conforme melhor lhe aprouver.
Não adianta afirmar que o que precisamos é de polícia.
imagine o seguinte cenário:
Portugal abolia as forças armadas e ficava restringido apenas à policia para garantir a segurança interna.
A História prova, que existem situações em que as forças pretorianas ou pequenas forças policiais pura e simplesmente não são capazes de responder.
Perante uma situação de convulsão social em Portugal, em que a policia não tivesse capacidade para intervir, e em que o estado se visse obrigado a tomar uma posição de força como é que você resolvia o problema ?
A sua solução pode apenas passar por um único vértice.
Você pedia ajuda aos espanhóis.
Não lhe adianta mesmo dizer que pedia ajuda a outros, porque quando Portugal se anular como «Estado» todo o planeta terra interpretará isso como uma aceitação de que em caso de necessidade serão os espanhóis a agir.
Todo o mundo teria interpretado que ao prescindir de forças armadas estariamos a aceitar a tutela espanhola, que seria a força que «de facto» poderia intervir.
Aliás, isto foi o que aconteceu em 1580. A convulsão social e a incapacidade de um Estado controlar o país, levou a que se apressasse a solução alternativa.
Agora transfira o mesmo tipo de problema para o Atlântico.
No dia em que Portugal prescindir de ter meios de dissuasão efectiva -
e que não haja dúvidas de que é para isso que servem os submarinos - todo o mundo, ou pelo menos os países vizinhos vão entender que Portugal se absteve de garantir de facto a soberania sobre a Zoa Economica Exclusiva.
A partir desse momento, você acha que o governo português passará de facto a ter relevância quando for necessário garantir a segurança de alguma iniciativa económica nessa área ?
Meu caro JoaoPedroG. No mundo «Cão» e cruel da Realpolitik, só conta quem for capaz de, chegada a altura, dar porrada em alguém, ou quem tiver capacidade para mostrar que tem força para o fazer.
Quem não tiver essa capacidade pura e simplesmente não conta nem contará para nada. Quando for necessário negociar alguma coisa, ninguém vai contactar um governo em Lisboa, quando sabe perfeitamente que aqueles que têm capacidade para garantir aquilo que assinam estão em Madrid !
Os submarinos, pretendem garantir a Portugal o mínimo possível de capacidade para ter uma palavra a dizer.
No passado, as chamadas «Grandes Potências» acusavam Portugal de ter um império demasiado grande. Os britânicos e os americanos afirmavam no inicio do século que Portugal não tinha condições para ter um grande império e que era inadmissível que um país tão pequeno tivesse mais territórios que a Alemanha.
Nos dias de hoje, não oficialmente, você também ouvirá os nossos amigos de Madrid, a dizer exactamente a mesma coisa.
A ZEE portuguesa não pode ser defendida pelos portugueses e não faz sentido que a Espanha, quatro vezes maior que Portugal tenha uma ZEE mais pequena.
No mundo real longe das televisões e dos apertos de mãos e acordos sorridentes entre países, os nossos supostos aliados, só não nos cravam uma faca nas costas se não puderem faze-lo de maneira nenhuma.
Isto é o que dizem as circunstâncias que todos nós podemos identificar.
Cumprimentos