Caro P44, não, não existe esse risco. Senão vejamos:
O problema é lateral ao programa dos submarinos em si. E o programa continua o seu curso normal.
Estamos a falar de dois processos que correm em paralelo: um sobre a eventualidade de terem sido contabilizadas contrapartidas que não foram de facto realizadas e outro que tem a ver com o eventual pagamento de comissões.
Estas duas eventuais acusações, a serem provadas, poderiam provocar acusações nos tribunais que nunca poriam em causa o contrato inicial de adjudicação.
Estaríamos a falar do consórcio repor efectivamente o valor das contrapartidas em causa, e os eventuais beneficiários das comissões serem condenados por isso. E convém lembrar que a escolha foi efectivamente confirmada como sendo aquela que a Marinha pretendia e não foi em nada “adulterada” pelas ditas eventuais comissões. Aliás, já aqui estamos fartos de discutir que a opção alemã era muito superior à Francesa.
Mas de tudo isto que tem sido revelado fico com muitas dúvidas:
Viram as declarações ontem do homem da MAN Ferrostaal? Não podia ser mais duro e contundente com a investigação.
E o absurdo do “desaparecimento” do contrato?
Agora, o que é uma realidade, e tal como ontem foi referido pelo mesmo indivíduo, é que isto causa uma péssima imagem ao consórcio, numa fase crucial de concursos internacionais em que está envolvido, e onde ainda está muito “fresco” o dossier “Papanikolis”.
A anulação do contrato é impossível, por muito que gostassem ignorantes (que todos nós pagamos para estar no Parlamento e a estudarem os dossiers antes de dizerem as borradas que dizem) como o Fernando Rosas do BE, que ontem deu uma bela imagem de absoluta ignorância, demagogia e falta de preparação para questões chaves da nossa defesa e soberania, ao questionar a utilidade dos submarinos.
É impossível porque isso implicaria pagar compensações astronómicas ao consórcio.
É impossível porque isso seria uma machadada, talvez fatal, no próprio consórcio que ainda tem entre mãos o berbicacho “Papanikolis”.
É impossível porque a retaliação alemã (como já dá a entender a notícia que o P44 aqui colocou) seria devastadora para a economia portuguesa. E as relações económicas entre Portugal e a Alemanha não se limitam à Autoeuropa.
É impossível porque não se consegue justificar que menos de mil milhões de euros são fundamentais para conter o défice, quando estamos a falar de meios essenciais para garantir a segurança e soberania nacional, mas mais de oito mil milhões para a construção do projecto absurdo do TGV já não têm relevância para a contenção desse mesmo défice.
É impossível porque os acordos assinados pelo Estado português são para cumprir, sob pena de perdermos toda a nossa credibilidade (lembram-se de quem disse isto?).
Estejam sossegados, que por muito irresponsáveis e ignorantes que sejam os nossos políticos, felizmente, os submarinos estão seguros!