Caro Leonardo,
Por favor, leia as participações anteriores e analise-as criticamente. O que lhe posso dizer é que o que o SSK diz por experiência, faz todo o sentido do ponto de vista de recursos humanos. Muitas vezes não basta o conhecimento explícito, como regras e procedimentos, importa também um mais implícito, de aprendizagem mais pessoal, mais longa e complexa que necessariamente requere experiência prática, tempo, trocas com outros profissionais. Não falamos de meses mas de anos. E isto não é apenas no contexto militar, sublinho.
Para lhe dar um exemplo simples, a diferença entre um bom mecânico e um mau mecânico pode não estar no que cada um sabe de conhecimento explícito mas no modo como o sabem aplicar, nos pequenos truques que foram recebendo ou desenvolvendo por si próprios, por saber como devem fazer, quando devem fazer. Outro exemplo, na área militar: nos anos de 1980 uma empresa brasileira, de que já deve ter ouvido falar, a ENGESA forneceu blindados Cascavel 6x6 a um país do Médio Oriente, garantiu o processo de formação, mas os condutores continuavam a enfrentar problemas nas mudanças automáticas do veículo danificando muitos deles. Porquê? Porque estavam habituados a guiar veículos com mudanças manuais. Uma caixa automática requeria um tipo de condução diferente e práticas diferentes e, simplesmente, eles tinham "vícios" herdados da sua experiência anterior. Em última análise, o problema foi ultrapassado com treino e prática, mas não era de resolução imediata. Não basta dizer, não trave assim, faça isto, é preciso que a pessoa interiorize essas práticas.
A Marinha, devo dizer, tem sabido fazer gestão de conhecimento no que toca à Esquadrilha de Submarinos - registando procedimentos e formalizando práticas desde há alguns anos, uma espécie de "lições aprendidas". Lembro-me de perguntar isso há uns anos, em Sines, a um oficial a bordo do
Delfim. Mas não é suficiente. Muito conhecimento importante não pode ser transmitido por essa via, nem, na verdade, o seu registo é imediato - de forma simples, é impossível sentarmos uma guarnição a uma mesa e numa semana registar todos os conhecimentos importantes, muita coisa escapa até porque se tornou intuitiva, natural. Se eu ler estes documentos que vêm sendo feitos, e muito bem, diga-se, não fico apto a embarcar num submarino e a operar nele. Se for formado pelo pessoal da HDW não fico apto a operar um submarino tirando dele o máximo rendimento. Se perguntar a um gestor de recursos humanos o que é mais fácil, formar um pessoal num curto espaço de tempo a partir do zero, ou incluir novos elementos num grupo com experiência, imagine qual a hipótese que ele escolhe? Podíamos dividir as guarnições dos dois novos submarinos para melhor a qualidade da terceira? Mas aí baixava a qualidade das outras, hipotecando a operacionalidade da frota que teria os seus primeiros anos de vida operacional dedicados à formação de uma geração de submarinistas - que, como disse o SSK, existe e tem experiência.
Pode não achar, mas o que o SSK diz faz todo o sentido, senão do ponto de vista militar, pelo menos da gestão de recursos humanos. Se as empresas não o fariam, porque haveria de fazer uma força militar que, pelo menos é assim que a entendo, deve ter uma capacidade real para conduzir operações de combate?
Cumprimentos,
Pedro Monteiro
SSK agora pense um pouco se o sub vier novo quanto tempo irá levar para construírem ele, se for o grego e Portugal cobrar que ele venha igualzinho ao0 Tridente e o Arpão, quanto tempo se levaria nessa conversão? Até ele ficar pronto o pessoal pode embarcar nos outros submarinos e ter um treinamento pratico. Cara com o sub nuclear é a mesma coisa a Marinha do Brasil nunca teve um sub desse tipo, e vai embarcar nessa aventura. Ai você me diz mas a França vai fornecer treinamento para o pessoal que vai embarcar nesse sub. Pronto Portugal que cobre o mesmo dos alemães, o sub padronizado e estalando de novo e treino para o pessoal que irá embarcar nele. Tudo se resolve basta vontade. Preguiça e pessimismo não ajudam em nada, não minto ajudam sim, ajudam no fracasso.