O facto de um país fazer parte do mesmo conjunto de alianças, não é infelizmente razão que determine a impossibilidade de um conflito.
Veja-se o caso da Grécia e da Turquia.
As possibilidades de conflitos dentro da peninsula ibérica, são remotas, como evidentemente já todos concluímos à muito tempo (embora pareça que alguns espanhóis gostam de afirmar que estamos paranoicos

).
As análises que fazemos são na sua maioria apenas análises sobre possiblidades tácticas e não sobre politica e estratégias envolventes.
Os problemas políticos e as "instabilidades" numa sociedade podem sempre resultar em conflitos armados ou mais ou menos armados.
Quando começou a República Espanhola, também havia "boas relações" entre Portugal e a Espanha Repúblicana, pesando embora o facto de a Espanha ser uma democracia e Portugal uma ditadura.
Mas isso não impediu nunca, que os Estados Maiores planeassem as suas respectivas actuações em caso de conflito.
Portugal, partiu muito cedo do principio de que a caminhada da Espanha Repúblicana, acabaria em conflito armado, e que se isso não acontecesse, o apoio da República à oposição portuguesa, acabaria por gerar conflitos, ou uma acção armada da Espanha contra Portugal para "apoiar" os democratas no exílio.
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No futuro, as possibilidades de conflito, passam também por uma análise sobre o que é que a Espanha vai ser, como vai ser e o que pretende ser.
Essas análises, determinam e condicionam as opções dos estrategas, as quais deveriam influenciar as decisões do poder político.
O que acontece nos dias de hoje em Espanha, é parecido com o que ocorreu em 1931, mas a presença da Espanha na NATO e na União Europeia, o facto de o país ter atingido um nivel mais elevado de desenvolvimento, acaba por jogar a favor da estabilidade.
Mas independentemente disso, os problemas existem.
A possibilidade de um golpe de estado em Portugal, por algum general maluco não é muito credível, a não ser que a situação se degradasse muito, como aconteceu durante a 1ª República 1910-1926.
Mas na realidade, comparados com os governos da Primeira República, os actuais governos são quase eternos. No Portugal dos anos 20, considerava-se que um governo que durasse dois anos, se estava a transformar numa ditadura. Ora, o Cavaco esteve 8 anos no poder, o Guterres, 6 anos e o actual vai lá estar pelo menos 4 anos.
A democracia portuguesa atingiu um nivel de maioridade, que provavelmente seria considerada impossivel nos anos 20.
Portanto, as nossas razões para instabilidade, estão muito reduzidas.
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Ao contrário, em Espanha o problema das autonomias, dos nacionalismos etc... continua a crescer e não há sinais de melhoras.
Aos que estão de fora não interessa nada o que pensaram as pessoas na Andaluzia ou na Catalunha, o que conta, é que de facto essas separações e divisões são factos com os quais é preciso contar.
Tendo essas realidades em consideração, é perfeitamente natural desenhar cenários tendentes a estudar os problemas decorrentes das tensões "nacionalistas" e regionalistas em Espanha.
Essas tensões entre partes da Espanha, foram SEMPRE razões de conflito em que inevitavelmente Portugal acabou envolvido.
Enquanto os espanhóis não deixarem de produzir razões de preocupação, não há razão nenhuma porque não se devam estudar possibilidades de conflito.
Cumprimentos