Relativamente ao assunto do tópico, mesmo que o presidente da França tivesse intenção de vender Rafales. isso nunca poderia transparecer e nunca seria notícia, pela simples razão de que ninguém quer criar notícias que possam afrontar o Trump.
Existem pela internet e na imprensa internacional imensas referências relativamente ao facto de Portugal considerar o eventual estudo da compra de uma aeronave como o F-35.
Este simples facto já dá em muitos lugares, a compra de F-35 como favas contadas.
Seria bonito, se agora alguém viesse falar no Rafale e de Portugal numa mesma notícia.
Internacionalmente seria uma bomba, com noticias como "Discursos de Trump levam antigo aliado a abandonar o F-35 em favor do caça europeu Rafale".
E o pior é que o balofo alaranjado provavelmente acreditava e aumentava as tarifas dos tapetes de Arraiolos em uns 500%
= = = = = =
Portugal atrasou a aquisição da aeronave substituta do F-16 tanto, mas tanto, que agora estamos no mato sem cachorro, como dizem os brasileiro.
Ao mesmo tempo, o atraso tem a vantagem de nos permitir ficar de sobreaviso sobre as compras de material aos americanos.
Se a Lockeed Martin já precisa de andar a dizer a alguns clientes que isto é "Business as usual" esse é um sinal demolidor de que os rumores que se vão escutando pela boca de alguns comentadores mais informados são muito mais importantes que o que se poderia pensar.
E já não são só os comentadores dentro da União Europeia, não são apenas os comentadores mais à direita no Reino Unido, são também comentadores americanos que avisam sobre o que pode vir de seguida.
A Europa andou durante o governo Biden, a fingir que investia em defesa, e a enviar para a Ucrânia equipamentos dos seus stocks sem fazer nada para os repor.
Agora está aflita e não sabe o que fazer.
Mais grave, muito mais grave que isso, é que aparenta haver na Europa quem ache que isto são quatro anos e depois volta tudo ao normal...
Trump afirmou em 2021 que o seu maior erro foi ter abandonado a Casa Branca, mesmo depois da certificação dos votos pelo vice presidente Mike Pence.
O atual vice-presidente, já disse preto no branco, que não teria certificado as eleições.
Depois de Trump virá Trump. E se não for Donald Trump será alguém da mesma área, ainda pior porque mais novo, e menos estúpido.
Logo, a única coisa que parece fazer sentido, é tentar fazer o possível para modernizar os F-16 até onde for possível e ficar à espera que dentro da Europa haja consenso para o desenvolvimento comum de um novo caça.
Para isto, franceses, alemães, espanhóis e polacos vão ter que tomar uma decisão em conjunto já que para já os italianos parecem estar fora do barco.
Neste momento, o Trump (e o Musk e os outros cromos todos) tem feito tanta porcaria, que não me admirava nada se o mandato nem sequer durasse estes 4 anos. Vai ser difícil isto ocorrer, há grandes desafios e neste momento não passa de "wishful thinking", mas continua a ser uma possibilidade bem viva.
Quanto ao Macron, mesmo que ele propusesse Rafales, não só não fazia sentido para o país, como não há nem de perto nem de longe uma verba suficientemente alta para, num prazo de 5 anos, conseguir comprar caças novos.
Mais depressa propunha N outros produtos de Defesa, desde fragatas a submarinos, passando por helicópteros navais, pelo Eurodrone ou outro drone francês/europeu, EBRC Jaguar, até mesmo a nossa entrada no FCAS, ou que nos tornássemos clientes do A321Neo MPA (pendente de clientes para avançar), procurava vender SAMP/T, etc.
Já a questão dos nossos F-16, bem, sabendo da instabilidade política e geopolítica que sentimos, e das incertezas acerca das relações transatlânticas, e das incertezas acerca de quando e como é que vamos substituir os F-16, já devíamos ter decidido em modernizar os F-16 para ontem.
Seria um programa que permitia manter relações decentes com o outro lado, sem gastar tanto dinheiro por aí além nisso. Não avançar com isto, é pura casmurrice.
O Macron não veio em nenhuma visita de cortesia. Veio tratar de negócios: vender comboios, tratar do dossier TAP, propor fragatas e os seus sistemas (basta estar atento às entrelinhas do que a imprensa veiculou).
E é lógico que tivesse falado do substituto dos F-16 (qualquer fornecedor conhece as nossas necessidades), talvez com a oferta de um Falcon, tal fizeram com a Grécia e Indonésia. Seguramente que não veio em passeio.
Também acho menos improvável acabarmos a comprar fragata Francesas ou Italianas, que Rafales. Quer se queira, quer não, o F-35 é a única possibilidade realista para adquirirmos um caça de 5a geração , quer pelas capacidades, quer por questões de interoperabilidade com os restantes parceiros europeus coreanos e turcos não contam). E como não vamos ter dinheiro para entrar na 6a geração, a resposta é óbvia. Alem disso, politicamente é vantajoso fazermos pelo menos uma (e provavelmente não mais que isso) aquisição significativa aos Estados Unidos, para não corrermos o risco de chatear o Trump ainda mais.
Já com fragatas e submarinos, a Europa tem sistemas com capacidade semelhante ou até superior aos Estados Unidos efaz todo o sentido ir para uma solução totalmente europeia em termos de radares (SM400 e APAR 2, ou qualquer dos franceses ou italianos, or exemplo), mísseis (Aster 30 Block 1/1NT/2 para luta ABM e anti-hipersónico, Aster 15 EC ou CAMM MR/ER para contrariar mísseis sub e supersónicos e CAMM para defesa contra drones e como CIWS), torpedos (MU90 ou Stingray) e mesmo helicópteros ASW.
Na altura de decidirmos comprar um novo caça, o Trump é capaz (espera-se) de não estar na Casa Branca, logo não haverá tanto essa questão, a não ser que o seu sucessor seja igual ou pior. O problema é que precisávamos de tomar uma decisão face à modernização dos F-16
agora. Esta modernização tinha o mesmo efeito do ponto de vista bilateral, ao mesmo tempo que dava mais tempo para decidirmos o que fazer com o seu substituto, e em que timeframe.
De resto, concordo, o único senão, é que entrámos no consórcio do ESSM Block II, e se calhar convinha tirar partido dele. É possível que, se não for em fragatas, que mais tarde se opte por usar estes mísseis noutros navios, com os respectivos VLS Mk-41. Mas isto até pode ser para futuros módulos contentorizados, quem sabe.
Existem N outros produtos europeus que nos davam jeito. Um futuro MPA da Airbus, que precisa desesperadamente de clientes para avançar. UAVs e UCAVs europeus. Seria igualmente interessante certificar mais armamento europeu para os F-16 e P-3, como por exemplo Brimstone, SPEAR 3, Taurus KEPD, StormShadow, JSM, Meteor (e outro armamento não-europeu, tipo Rampage, Air LORA).