As coisas não funcionam bem assim. Os 4000 milhões por 20 aviões são para ser gastos ao logo de 15-20 anos, porque incluem todos os custos de modificação das bases aéreas, implementação da infraestrutura de manutenção, formação de técnicos, aquisição de armas, etc. Os aviões em si não custam mais que metade do valor total do pacote. Por exemplo, o fly-away cost atual do F-35A é de $80 milhões, $100 milhões quando incluis os motores.
Concluindo, há-de haver um cronograma de investimento ao longo de 15 a 20 anos, que vai ser mais caro nos anos em que recebermos aviões, obviamente, mas não se pode simplesmente dividir o custo pelo número de anos que vamos receber os aviões. Duvido que em algum ano se gastem mais de 500 milhões, pelo que haverá dinheiro para outros programas… a tarefa do EMGFA é fazer a calendarização integrada dos três ramos, de maneira a que os vários investimentos sejam desfasados e em nenhum ano a despesa total seja incomportável.
Isso vai sempre depender dos moldes do pagamento, e do que vem incluído no pacote. Não esquecendo que 4000M por 20 caças, representa apenas o investimento no batch inicial, havendo a necessidade de se comprar um segundo lote uns 10 anos mais tarde.
De forma generalizada, o problema é a falta de um plano e a incapacidade de apresentar a verba que realmente vai ser disponibilizada para a Defesa, não só em termos de % do PIB, mas sobretudo de quantos euros serão alocados a reequipamento.
Actualmente, a expectativa é que não se recebam caças novos antes de 2030, e consequentemente que qualquer pagamento seja feito a partir dessa altura. E o que é alarmante, é que entre 2025 e 2030, não se fala em mais nenhum programa relevante, seja de fragatas, seja submarinos, seja munições relevantes para F-16, seja baterias AA, nada.
Veríamos pagamento adiantado pelos caças nestes primeiros 5 anos? Vai haver a decência de se dividir como deve ser o investimento, decidindo avançar para a compra de 20 F-35, com pagamentos a começar apenas em 2030, permitindo usar a verba de 2025-2030 (1000M/ano por exemplo) para despachar outros programas?
É esta incerteza que deixa a malta inquieta. Se fossem inteligentes, cancelavam o MLU às VdG, e adiantavam a sua substituição para esta década com a compra de 3 fragatas, e na década de 30 era menos um programa para pagar em simultâneo com os caças e a substituição das BD.
Muita da despesa vais ser feita antes de 2030, independentemente do caça que for escolhido… todas as obras de modificação da BA 5, a instalação de simuladores, treino de pessoal de vôo e técnicos de manutenção, etc. Assim por alto, diria que, no mínimo, uns 1000 milhões teriam que ser gastos antes de 2030…
P.S. – Já agora, para os defensores do Rafale, a Índia acabou de assinar para 26 Rafale M e vai pagar $7.5 Bi por eles, ou seja, quase $300 milhões por aparelho…