Não leio nada disso nas notícias, o que leio é que os países pretendem adicionar fundos ao programa para aquisição de mais aeronaves.
Qual seria o ponto dos países compraram as suas próprias aeronaves para depois as entregarem a uma entidade terceira e depois contratarem horas de voo nas suas próprias aeronaves?
Posso estar a ver mal algum aspecto, mas faz-me pouco sentido.
Mais uma vez, ao que julgo saber, as aeronaves são propriedade da NSPA, funcionam como num ALD, os países disponibilizam fundos para aquisição colectiva e contratam horas de voo, sendo que existem bastantes limitações quanto à calendarização dessas horas.
A Bélgica vai adicionar 265M de euros, para financiar um MRTT adicional. A aeronave pode não ser deles, mas foi fundamentalmente comprada (ou financiada se assim preferires), por eles.
Se Portugal quisesse o mesmo nível de participação no programa que a Bélgica, teria que financiar a compra de mais uma aeronave.
eu continuo a achar que MRTT exclusivamente português é overkill para as nossas necessidades no triângulo estratégico. Sobrevivemos sem esta capacidade até hoje, mas agora temos que ir logo para o MRTT? É como nunca teres tido carro e de repente o teu primeiro carro é um Ferrari, com todos os custos de aquisição e manutenção associados, quando se calhar um carro mais barato chega para as tuas necessidades. Por vezes o ótimo é inimigo do bom… mas esta é a minha opinião, outros que se queixam de o estado português fazer despesas com equipamento que não é prioritário acham que nada menos que o MRTT português serve…
Se há coisa que tu não podes fazer aqui, é opinar acerca de prioridades. Defendes a compra de Super Tucanos, e até já sugeriste que Portugal comprasse uns 15 KC-390. Não tens como falar em "overkill".
A tua analogia com carros é desonesta. Consideras overkill comprar 1 Ferrari de 200 mil (ou 2 de 200k cada), mas quando sugeres a compra de 10 BMWs de 100k cada já não é. Ou temos dinheiro ou não temos, simplesmente decidam-se.
Também preciso que se decidam quais é que são as nossas necessidades. Num tópico insinuam que é o nosso triângulo estratégico, noutro dão a entender que a prioridade é África.
Eu defendo que temos 3 "frentes". Uma que é o nosso território, outra que é a NATO e UE, e outra que é África/Atlântico Sul e outras regiões do globo onde possamos ter interesses e/ou cidadãos nacionais (Timor-Leste, Venezuela...).
Com base nestas 3 áreas, defendo aquisições que tenham utilidade em pelo menos 2 delas, ao invés de compras de nicho que só são semi-úteis numa.
Os MRTT facilmente encaixam nas 3.
A isto somam-se as soluções de cibersegurança do MRTT, que desconhecia até hoje.
Podemos olhar para o "ideal é inimigo do bom", mas apenas quando houver uma alternativa real ao MRTT. Até lá, o "bom" não existe, restando-nos o ideal ou nada. Entrar no consórcio MMF era uma opção boa, se permitisse ter parte da frota na Península Ibérica. Caso contrário, é-nos inútil para o nosso triângulo. O mesmo para um consórcio Sul.
Entretanto, eu desaconselhava seriamente a não usares o argumento de "Sobrevivemos sem esta capacidade até hoje". Isto pode aplicar-se a literalmente todas as aquisições militares, inclusive o F-35.