Quando isto tudo passar teremos muitas lições aprendidas.
-A Proteção Civil deve ter um Hospital de Reserva proprio, construido seguindo normas de proteção NBQ, situado numa zona estratégica, guarnecido por pessoal médico e para-médico reservistas e reformados activos que serão chamados em caso de necessidade. Este Hospital sera a resposta avançada em caso de calamidade.
-O tão desejado navio polivalente com o seu Hospital embarcado, deve-se tornar uma realidade.
-Todas as unidades militares e policiais assim como todas as corporações de bombeiros, incluindo os BV, devem ter o seu pessoal treinado e equipado NBQ.
- A CP deve ter a capacidade de medicalizar um comboio, (um comboio Hospital), equipado e gerido pela Proteção Civil.
- No ambito da CPLP deveria existir uma Força de Proteção Civil de intervenção rapida .
Alguns outros exemplos a considerar:
- Preservar o laboratório militar e reforçar os seus meios;
- Ter planos de contingência para estes casos nas principais infraestruturas de transporte e previsão de meios para os executar;
- Manter reservas de equipamentos médicos de protecção individual e de outro material básico e de reagentes farmacêuticos.
Sobre a força da CPLP é que não entendi… Passa a vida a tentar desacreditar a União Europeia e vem falar de CPLP? O que é isso de CPLP, na prática, e que tipo de resposta teria neste cenário em concreto? Só se fosse para nós ajudarmos os outros por razões humanitárias, porque de resto, entre um Brasil transformado num verdadeiro manicómio a céu aberto e uma série de países que já têm dificuldade para fazer face às suas próprias carências básicas, incluindo um que é um verdadeiro Estado falhado, não sei bem o que poderia existir de concreto a nível de protecção civil neste cenário de pandemia.
Passo a vida a desacreditar a UE e agora tambem a OTAN. Estas duas instituições, nesta altura de crise, deixam muito a desejar. A UE fabrica dinheiro, pelo menos serve para alguma coisa...mas a solidariedade entre Estados membros, enfim...até nos confiscam o nosso material médico quando este transita pela terra deles. Quanto à OTAN, fiquei desapontado por ter recusado auxilio à Espanha, ou terei lido mal ?
A UE tem há muito tempo as costas bem largas para servir de desculpa e justificação para todo o tipo de problemas, vários dos quais são problemas ou decisões internas dos países ou questões mais amplas e globais. É o bode expiatório perfeito para políticos incompetentes e para gente manipuladora.
A realidade é que a solidariedade europeia nesta crise do corona vírus tem sido incomparavelmente maior e mais forte do que qualquer ajuda ou solidariedade de qualquer outro país do mundo. E é preciso ter em conta que isso acontece mesmo estando todos os países europeus a braços com uma brutal crise sanitária, sendo justamente os maiores os que têm sido mais gravemente atingidos.
Sobre o material médico, a verdade é que a UE ajudou a levantar as restrições de exportação que alguns países momentaneamente adoptaram para material de saúde para fazerem face às suas próprias insuficiências, mas claro, se quisermos podemos concentrar-nos em relatos pontuais de situações especificas e tentar generalizar e colar isso à UE enquanto instituição, essa fonte dos nossos males.
O mesmo em relação à ajuda, eu agradeço sinceramente a ajuda de terceiros mas não é um avião da Rússia ou da China num determinado Estado-membro que me fará dizer que esses países é que nos ajudam e a Europa não faz nada. Um avião com equipamento e um monte de jornalistas à chegada é uma coisa mais imediata e visível e por esses motivos também uma boa forma de propaganda – também faz parte do objectivo – mas eu nem sequer me atrevo a comparar isso com o que tem sido feito a nível europeu nas diferentes áreas, numa altura em que já se fala abertamente até de mutualização de dívidas.
Desacreditar a UE não significa desacreditar a CPLP.
- A GBR vê com grande interesse a Commonwealth e espera tirar dai muitas vantagens, sobretudo agora, que mandou a UE às urtigas.
- A França tem tambem grande interesse na Organisation Internationale de la Francophonie. Quer que lhe detalhe o mercado que a França tem em Africa ? Quer que lhe explique onde é a que a França vai buscar as suas matérias primas e onde e como coloca os seus produtos e serviços ? Se vc ja esteve num pais africano francofono, não precisa das minhas explicações.
- Portugal e a Lusofonia ??
Qual o nosso interesse ? os paises da Lusofonia, principalmente os africanos e Timor têm algo que Portugal não tem : recursos, espaço, mercados. Portugal tem certamente algo para dar em troca...?
Ah esses delírios neo-coloniais… A CPLP já existe e nada nos impede de ter relações económicas com esses países e inclusive temos e não são poucas. E uma parte do peso e interesse que ainda vamos tendo junto desses países deve-se justamente ao facto de sermos membros da UE e do Euro.
Não me vou alongar muito sobre a França e o Reino Unido, mas só referir o óbvio: ambos os países têm um peso económico e político incomparavelmente superior ao nosso, o que faz com que também tenham uma expressão muito mais forte nas respectivas organizações do que nós alguma vez teríamos na CPLP. Sabe como são as negociações na CPLP? Como decorre o processo de tomada de decisão, em questões infinitamente mais simples do que na UE por exemplo? E sobre o Reino Unido vamos ver se a pulsão imperialista não resolvida não acabará por redundar num Reino Pouco Unido e numa situação de capacho dos Estados Unidos, ainda mais do que já são hoje.
A sua proposta é uma reedição do império colonial, ter acesso a recursos, espaço e uma espécie de mercados mais ou menos cativos, pouco sofisticados e com pouca concorrência. Se isto fosse assim já seria mau demais, esta foi justamente uma das razões para o nosso atraso económico e técnico e até para alguns vícios empresariais hoje designados por corrupção.
Só que na realidade isto nunca seria sequer assim. À pergunta “Portugal tem certamente algo para dar em troca...?” a resposta é nada mais do que já dá hoje. Aliás, fora da UE até seria bem menos na verdade. Até porque o principal que existe para dar em troca de recursos, espaço e mercados é dinheiro, guita, cheta, carcanhol ou coisas que dele necessitam. E desse não iríamos ter, sobretudo para concorrer com potências que estão atrás do mesmo, nos mesmos países, como a China, que tem capacidades astronómicas de financiamento e concede somas altíssimas aos países ou constrói infraestruturas imensas “sem cobrar nada”, ficando com o acesso a esses recursos e inundando os mercados com os seus produtos.
Tem-se vindo a reforçar a lógica de blocos e potências no mundo - China, Rússia, EUA como os principais - e não por acaso estes têm apostado muito na divisão da Europa e em alimentar esse tipo de ideias e movimentos. É o velho dividir para reinar, os países europeus divididos no mundo actual são quase todos uns paísecos sem expressão e completamente à mercê das intenções que os outros tenham.
Quanto a Portugal, mesmo com todas as insuficiências e problemas que a UE tenha, não tenho dúvidas que estar fora seria muito pior para nós em tudo e que o tipo de aproximação/substituição que parece propor acabaria por redundar em tornar-nos uma espécie de região autónoma do Brasil, uma plataforma para negociatas com países africanos, com uma economia a distanciar-se da modernização e uma corrupção aí sim galopante.
A criação de uma Força Lusofona de Proteção Civil seria um dos contributos maiores de Portugal para prestar auxilio a paises menos equipados da CPLP em caso de calamidade. O retorno sobre este investimento, em termos de imagem, seria enorme.
Portugal já ajuda na medida das suas possibilidades esses países sempre que têm catástrofes e nada impede que continue a fazê-lo ou até aumente, com ou sem arranjos na CPLP. E como medida de proteção para Portugal no contexto de uma pandemia – que foi como a apresentou – essa suposta força não teria de facto nenhum efeito prático muito provavelmente.