Alguém aqui no FD apelidou-me de "unidimensional".
Já não me lembro quem foi.
Sr. DC;
Não vamos produzir um caça.
Mas a TEKEVER vai produzir o ARX.
A TEKEVER já desenvolveu o seu próprio Radar de Abertura Sintética.
Os desenvolvimentos futuros para o ARX incluem:
- lançamento e controlo de Drone Swarms
- Sensor fusion
- Inteligência Artificial
Não acha que nestas áreas a SAAB não teria tecnologias interessantes para transferir num acordo parecido com o estabelecido com o Brasil?
E que contrapartidas poderiamos pedir á EMBRAER para exigir que os nossos Gripens fossem produzidos no Brasil junto com os da FAB?
Estou a ser muito unidimensional?
Começando pelo fim. Então se pudéssemos usar isso dos Gripen para Portugal serem construídos no Brasil, para pedir uma contrapartida à Embraer, o que impedia de fazer o mesmo com a LM, que tem muito mais a oferecer em meios militares que a Embraer, e sem a FAP ficar entalada por 30 anos com um caça de geração 4.5?
O ARX da Tekever, em princípio será desenvolvido e voará bem antes de termos um novo caça, portanto a transferência de tecnologia nem sequer se aplica. Já o desenvolvimento de IA, "drone swarms" e "sensor fusion", não é nada que outros fabricantes não possam também fornecer.
A Saab, tal como outras empresas, têm muita coisa a oferecer. Mas não é por isso que devemos agora sentir-nos forçados a optar pelo caça deles, para ter acesso a determinada tecnologia. Era preferível negociar directamente para a obtenção das ditas tecnologias. Agora gastar milhares de milhões num caça inadequado para o futuro, só pela esperança de obter transferência de tecnologia que nos convém, é absurdo.
Se querem falar de contrapartidas verdadeiras, então que seja num negócio com a LM, em que assinas contrato para compra e recepção de um primeiro lote de (12 a 18) F-35 em 2035, juntamente com contrato de modernização de 19/22 F-16 para o padrão V (a curto prazo), obtendo algum tipo de desconto neste programa.
Se o Gripen ou qualquer outro for a porta de entrada para um possível projecto de sexta geração, poderão ser equacionadas outras propostas.
Por muito que não queiram admitir, Portugal está a tirar já vantagens de estar no projecto do KC390.
Obviamente que ainda não foram suficientes para amortizar todo o investimento, mas mal seria em meia dúzia de anos.
Por último e porque o tópico não é este, relativamente ao F35, há sempre que averiguar muito bem as contrapartidas (se as há), os custos de aquisição e operacionais, a capacidade do país em suportar tudo aquilo que a aquisição do equipamento obrigará para realmente tirarmos partido das suas supostas vantagens (pessoal, armamento, cobertura de radar...) para definir se, realmente, é uma necessidade actual.
Porque caso contrário mais vale actualizar e explorar totalmente as capacidades do que temos ao invés de partirmos para investimentos que poderemos considerar "mancos".
Quais as vantagens que Portugal, e mais concretamente a indústria aeronáutica militar, está a tirar do KC-390? Sem ser postos de trabalho qualificados por tempo limitado (e inteiramente dependente de encomendas).
Quanto aos caças, então mas que sentido faz isto?
-gastar milhares de milhões em caças de geração 4.5 na década de 30
-para ter acesso ao desenvolvimento de caças de 6ª geração (gastar ainda mais dinheiro), que é suposto fazerem o primeiro voo... nessa mesma década de 30, e começarem a entrar ao serviço na década de 40
Então vamos ter os tais caças de 4.5G durante 10/15 anos até serem substituídos? Ou vamos esperar que o caça 4.5G chegue ao fim da vida útil, por volta de 2065/70 (30/35 anos), e só aí enveredamos pelo caça de 6ª geração? Sem sequer saber se nessa altura ainda estará sequer a ser produzido?

Só existem duas hipóteses de se entrar num destes programas (FCAS/GCAP/hipotético super mega caça Saab/Embraer):
-modernizando a totalidade da frota de F-16, para que se mantenham relevantes e com vida suficiente até 2040/45
-modernizando parte dos F-16, substituindo a outra parte por F-35, e depois em 2040/45 substituir os F-16 modernizados pelo tal caça de 6ª geração, aceitando uma FAP com dois modelos de caça
A primeira opção é de risco extremamente elevado. Não só obriga a gastar dinheiro no desenvolvimento, como não sabemos quanto custará cada avião*, nem se vão ser cumpridos os prazos de entrega ou se vamos conseguir substituir os F-16 de forma rápida o suficiente. Haveria o risco de termos F-16 a fazer "horas extraordinárias" na década de 50, por possíveis atrasos no programa.
*o NGAD da USAF estima-se que poderá ter um custo unitário de perto de 300 milhões. Nada nos garante que os caças europeus seja muito mais baratos que isto. Já sabem, preço demasiado elevado, e ainda cancelavam a compra ou reduziam a encomenda para uma dúzia (quando a necessidade seria substituir 28 F-16).
A segunda opção, é ligeiramente menos arriscada, mas teria custos adicionais de manutenção de duas frotas de caça. Mas seria a opção ideal, se se achasse que o F-35 por si só era insuficiente para todas as ameaças das década futuras, e permitiria ter um caça de superioridade aérea (provavelmente bimotor) e de longo alcance (importante para ter soberania no Atlântico). No entanto esta opção é extremamente improvável.