A questão não é "se se deve fazer" mas sim "como se deve fazer". Este tipo de cooperação, quando feita com pés e cabeça, tem potencial para beneficiar ambos. Quando Portugal cede material obsoleto, o retorno é zero, servindo apenas para limpar o pouco que podia ser considerado "reserva de guerra". O próprio país que os recebe, acaba por ficar ali com um meio que irá ser usado e abusado até avariar, e repete-se o ciclo, connosco a ter que ceder mais tralha.
O que devia acontecer, é o fornecimento de material novo de fabrico nacional, dentro de vários moldes de pagamento, consoante o meio em questão.
-cedência a custo zero, em que o país receptor paga apenas a manutenção e operação;
-financiamento parcial, tal como aconteceu com as nossas VdG, em que Portugal paga uma percentagem do produto se for fabricado em Portugal;
-vendido a preço inteiro, com um modelo de pagamento condizente.
Excepção a isto seriam casos em que Portugal não dispõe de capacidade de produzir determinado equipamento, mas possui uma empresa capaz de realizar a manutenção, e portanto o mesmo racional aplicava-se.
Em alguns casos, tivéssemos nós uma indústria de Defesa, até seria possível negociar com a UE o pagamento da doação de material para alguns destes países, com o objectivo de receber deles o material soviético que possuem, para ser cedido para a Ucrânia.
Se se tivesse tido vontade de produzir pelo menos as SCAR-L e o calibre 5.56 em Portugal, podia fazer troca pelo armamento e munição soviética. Mesmo sem produzir a SCAR, e produzindo apenas munição, esta ideia continuaria a ser viável.
Se o contrato dos Pandur não tivesse sido denunciado, poderíamos produzir Pandur para vários países, e o mesmo raciocínio aplicava-se, e a UE provavelmente ajudava.
Para meios navais, a maioria daqueles países, com excepção talvez de Angola e Moçambique, não terão grandes capacidades financeiras para os adquirir. No entanto, Portugal produzindo patrulhas costeiros, conseguiria ceder/vender com desconto um par deles a STP, à condição de que a sua manutenção seria feita no AA (e paga) e que eles tratavam de o guarnecer. A formação do pessoal podia ser ministrada pela nossa Marinha.
Também não ficava mal ir lá fazer umas demonstrações com os drones nacionais, como os Ogassa, os AR3 e AR5, etc, que sempre são muito mais baratos que aeronaves tripuladas, para missões de patrulha marítima.
Claro que nada disto contaria para a % do PIB gasto na Defesa.
Isto é um tema que dava perfeitamente para o seu próprio tópico.