Há poucos meses, vinha o BE a dizer que se devia retirar verba da Defesa para colocar na Saúde, por causa da pandemia. Agora queixam-se do estado a que as coisas chegaram, imaginem se cortassem ainda mais o orçamento da Defesa.
As questões dos deputados sociais-democratas incluem ainda apurar que impacto na manutenção de outros navios tem a permanência do submarino “Arpão” na doca do Arsenal do Alfeite.
Querem ver que a culpa é do Arpão? Os submarinos realmente servem de bode expiatório sempre surgem problemas.
“O maior problema da Marinha de Guerra hoje reside precisamente no estado de degradação a que os governos deixaram chegar o Arsenal do Alfeite”, diz ao Expresso António Filipe, o deputado mais decano da comissão parlamentar de Defesa. A notícia da degradação dos equipamentos da Armada “reflete uma realidade que não sendo propriamente uma surpresa é extremamente preocupante”, afirma. E projeta uma solução, que também responsabiliza mais o ministro das Finanças, João Leão, do que o próprio João Gomes Cravinho: “Se não houver um investimento sério das Finanças no Arsenal, o colapso pode ser uma realidade a curto prazo com consequências trágicas para a Marinha.”
Não é bem assim. Mesmo que tivéssemos o Alfeite a funcionar a todo o gás, com o pessoal e equipamento necessário, e até a dar lucro, a MGP continuava a ser obsoleta, com falta de pessoal, com lacunas enormes e com situações caricatas, como navios com meio século de idade e NPOs desarmados. Quem acha que espetar dinheiro no Alfeite resolve milagrosamente todos os problemas, desengane-se. Salvar o Alfeite, é apenas uma parte do processo. Se o AA desaparecesse, continuariam a haver estaleiros (estrangeiros) capazes de realizar manutenção a toda a frota portuguesa, só que lá está, para isso é preciso pagar a horas, algo que por cá é difícil. O fim do AA, a acontecer, é apenas devido à péssima gestão que é feita e o desinvestimento, tanto no estaleiro, como na Marinha para pagar a manutenção no dito.
Num país decente, o AA não teria problemas de pagamentos/falta de pessoal, a Marinha não teria um orçamento para manutenção tão baixo, e os tais 20 milhões que se falam para injectar no Alfeite, não seriam para salvar, mas sim expandir capacidades, e/ou incentivar a construção de novos navios/lanchas.
“O que é fundamental é assegurar que as missões da Armada não ficam por cumprir, o que tem sido sempre conseguido”, desdramatiza o coordenador do PS na comissão de Defesa. Isto, apesar de os dias e horas de navegação terem caído cerca de 30% na última década.
E pronto, conclui-se com uma boa dose de desinformação/tangas. Metade da frota inoperacional, e conseguem cumprir com as missões? Só se for por milagre, ou desgastando os poucos navios operacionais, por terem de fazer do dobro das missões. Mas também, quando veio a notícia da aquisição das Lanchas para a GNR, justificavam esta compra pela indisponibilidade das lanchas da Marinha, que metade delas estava encostada... Afinal em que ficamos?