Acho que a substituição das VdG e das BD deve ser analisada no contexto geral do que se pretende fazer até ao final da década. Assim, os pressupostos para a substuição das fragatas serão (a meu ver):
1. Falta de vontade crónica de gastar dinheiro com a Defesa e falta de habilidade de planear e executar algo a longo prazo, tão típico da cultura Portuguesa.
2. Extensão das águas territoriais, o que vai requerer mais capacidade de patrulha e fiscalização. Ao contrário de alguns foristas, eu acho que isso quer dizer que o segundo lote de 6 NPOs é necessário e vai ser construído. Um total de 10 NPO é suficiente para ter um em permanência nos Açores, outro na Madeira e mais um em missões anti-pirataria, com os restantes assegurando rotativamente a preseça em àguas continentais. Mais abaixo elaboro um pouco mais...
3. Necessidade de assegurar a contribuição de um navio em permanência (ou quase) para forças-tarefa NATO e mais um navio operacional em permanência, para contingências. Em caso de emergência/mobilização, deveriamos ter 3 navios operacionais, já que faz parte do nosso CONOP a proteção ASW das aproximações a Gibraltar.
4. A probabilidade de entrarmos em conflito unilateral com outra nação par é basicamente zero... qualquer conflito dessa natureza envolverá sempre a NATO... não vamos entrar em guerra sózinhos com Marrocos, por isso esqueçam...
Assim, acho que um cenário mínimo realista para a esquadra portuguesa em meados da década de 30 será (ou deveria ser):
1. Cobrir as necessidades de baixa intensidade, p.ex., combate à pirataria e proteção e desminagem de portos (essencialmente Lisboa, Sines, Leixões e, talvez, Setúbal) com NPO equipados com módulos anti-desminagem (talvez os resultantes do programa PESCO que lideramos) e de auto-proteção SPIMM. Três a quatro módulos de cada, em que um seria para treino em terra e os outros 2-3 seriam embarcados conforme as necessidades, em conjunto com UAVs leves seriam suficientes para cobrir os cenários de baixa intensidade. Claro que os NPO (todos, até os 4 originais, pós-MLU que será necessário entre 2030 e 2035) deviam ter um radar militar (algo como um Thales NS 50), capacidade EO e FLIR e uma peça de maior calibre (57 mm ou 76mm Sovraponte), mas isso são outros quinhentos...
2. Ter no mínimo 4 fragatas, com foco em luta ASW. Todos gostaríamos que fossem mais, mas isso custa dinheiro e, se é verdade que se está a pensar “encostar” a CR, então dificilmente voltaremos a ter 5 ou 7. Além disso, também todos gostaríamos que tivessem capacidade AAW de àrea, mas o nosso CONOP não dá prioridade a isso e uma fragata equipada com ESSM 2 é suficiente para auto-defesa ou defesa de àrea local contra tudo menos um ataque em massa por um regimento de Backfires... como a Marinha está contente com a colaboração com os holandeses, já seria fantástico comprarmos 4 ASWF (o novo nome das M) para entrega entre 2031 e 2035 (as belgas e holandesas serão entregues a um ritmo anual entre 2027 e 2030). Além disso, os Belgas já veram dizer esta semana que as suas apenas vão ter um módulo Mk-41 (8 células) para poupar dinheiro e que os segundo módulo vai ser FFBNW... estão a ver onde isto vai dar na versão portuguesa... Claro que o ideal, do meu ponto de vista, seriam 2 Damen XO (para garantir um operacional) e 3-4 fragatas (ASWF, T31, F110, Constellation... não sou esquisito), mas acho demasiada fruta... E claro que, no meio disto tudo, não me admirava que se comprassem 2-3 EPC e 2 ASWF...
Abraço que este post já vai longo...