Guerra na Síria

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Lusitano89

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Re: Guerra na Síria
« Responder #285 em: Janeiro 17, 2014, 07:07:10 pm »
Guterres pede «solução política» para o conflito sírio


O responsável da ONU para os refugiados, António Guterres, considerou "vital" que as conversações de paz sobre a Síria, previstas para quarta-feira na Suíça, produzam uma "solução política" para o conflito.

Em paralelo, emitiu um novo apelo para uma ajuda internacional aos países que acolheram milhões de refugiados sírios, em particular na região do Médio Oriente e Turquia, desde o início do conflito interno em março de 2011.

"Sou suficientemente humilde para reconhecer que não existe solução humanitária para o problema. A solução é política", considerou o representante máximo do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR) durante um encontro na Turquia sobre a situação dos países da região que recebem desde há quase três anos contínuas vagas de refugiados.

"É por isso que é muito importante enviar uma mensagem clara à comunidade internacional que se reúne em Genebra na próxima semana de que é absolutamente central terminar com este banho de sangue e encontrar uma solução política", referiu durante a reunião dos países de acolhimento (Iraque, Líbano, Egito, Jordânia e Turquia) organizada num campo de refugiados perto de Sanliurfa (sul da Turquia).

"Os sírios necessitam de paz e de poderem regressar ao seu país para o reconstruir", insistiu Guterres, que também apelou aos países do mundo para abrirem as suas fronteiras.

"Há apenas seis anos, a Síria era o segundo país do mundo a acolher refugiados, com mais de dois milhões de refugiados... Infelizmente, a Síria é hoje o país do mundo que origina mais refugiados", assinalou.

Guterres voltou a emitir um apelo à escala global para minimizar uma situação considerada dramática. "É um dever da comunidade internacional. É por isso que apelamos à abertura de todas as fronteiras, não apenas as dos países vizinhos", sublinhou. "Para mim é inaceitável que refugiados sírios morram afogados no Mediterrâneo ou sejam expulsos de outras fronteiras".

A conferência sobre a paz na Síria (designada Genebra II e que decorre dentro de cinco dias) deve tentar encontrar uma solução política suscetível de terminar com a guerra civil que já provocou mais de 130.000 mortos e milhões de refugiados e deslocados.

A ONU calcula em 4,7 milhões de euros o orçamento necessário para assistir os refugiados e deslocados. Na quarta-feira, uma conferência de doadores, reunida no Kuwait, anunciou ter reunido 1,7 mil milhões de euros de contribuições destinados às populações civis afetadas pelo conflito.

Lusa
 

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Re: Guerra na Síria
« Responder #286 em: Janeiro 19, 2014, 09:47:17 pm »
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mafets

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"Nunca, no campo dos conflitos humanos, tantos deveram tanto a tão poucos." W.Churchil

http://mimilitary.blogspot.pt/
 

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Lusitano89

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Re: Guerra na Síria
« Responder #288 em: Janeiro 22, 2014, 07:10:09 pm »
Oposição síria pede inquérito internacional a torturas


A oposição síria apelou hoje a um inquérito internacional após as alegações de torturas em massa e mortes indiscriminadas de pessoas detidas pelo regime. "Temos de terminar com esta espiral de violência. Apelamos ao envio de uma inspeção internacional aos locais de detenção e que observe os factos relacionados com a tortura que os nossos cidadãos enfrentam diariamente", disse o líder da oposição síria Ahmad Jarba no final do primeiro dia da conferência de paz "Genebra II", na Suíça. "Temos todos de trabalhar pela Síria, por um país pluralista que não exclua ninguém, que não exclua alauitas, drusos, cristãos, e outros", acrescentou Jarba perante diversos líderes mundiais reunidos na cidade suíça de Montreux.

O dirigente oposicionista interveio após a publicação de um relatório que alega tortura e execuções "em escala industrial" de 11.000 detidos pelo regime do Presidente Bachar al-Assad. Divulgado por uma firma de advogados britânica e patrocinado pelo Qatar, que apoia os rebeldes sírios, o relatório garante existirem "provas evidentes" de subnutrição, estrangulamento e espancamentos de detidos nas prisões sírias.

O documento é baseado em análises forenses de parte das 55.000 imagens digitais alegadamente recolhidas por um desertor que disse ter sido um fotógrafo da polícia, e que terá registado cerca de 50 corpos por dia. Em paralelo, e ao intervir na conferência, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, advertiu que não deve aguardar-se um avanço imediato nas negociações entre o governo sírio e a oposição.

"Não esperamos um avanço imediato", disse o responsável da ONU em conferência de imprensa no final da sessão inaugural da Conferência de paz para a Síria.
O mediador da ONU e da Liga Árabe para a Síria, Lakdar Brahimi, também anunciou hoje que vai tentar que no início das negociações entre oposição e governo sírios, previstas para sexta-feira em Genebra, as duas partes se sentem pela primeira vez "frente a frente e numa mesma sala". "O processo será extraordinariamente difícil. As declarações que escutámos esta manhã confirmam que existe uma profunda divisão entre as partes", disse o diplomata argelino em conferência de imprensa.

No entanto, Brahimi recordou que já foi garantido um primeiro passo fundamental, após Damasco e a oposição síria terem aceitado participar no processo, e na base de um documento onde se declara que o objetivo consiste na formação de um governo transitório.

Lusa
 

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Re: Guerra na Síria
« Responder #289 em: Janeiro 23, 2014, 08:53:18 pm »
Há países preparados para criar força de paz na Síria


O secretário de Estado norte-americano, John Kerry, declarou hoje, em Davos, na Suíça, que alguns países poderão estar preparados para enviar forças de manutenção da paz para a Síria.

"Se houver um acordo de paz, há vários países que se ofereceram como voluntários para uma força de manutenção da paz na Síria", declarou John Kerry numa entrevista ao canal de televisão Al-Arabiya, à margem do Fórum Económico de Davos. "Nós estamos todos preparados para fornecer uma proteção às minorias, quaisquer que elas sejam", acrescentou o secretário de Estado norte-americano numa altura em que a ONU está a fazer esforços para que se realize uma negociação entre os beligerantes.

No entanto, Kerry indicou que não serão enviados soldados norte-americanos para território sírio.

O mediador da ONU para o conflito, Lakhdar Brahimi, encontrou-se hoje com representantes do regime sírio e da oposição para convencê-los a começar negociações de paz na sexta-feira, em Genebra, depois de um diálogo já realizado também em Montreux, na Suíça.

Lusa
 

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HSMW

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Re: Guerra na Síria
« Responder #290 em: Janeiro 26, 2014, 01:24:11 pm »
Síria. A nova casa da Al-Qaeda.
Tudo o que presisamos de saber sobre um conflito que se arrasta desde 2011.

E uma operação de recuperação de uma BMP2 após ter partido o trilho por azelhice.
https://www.youtube.com/user/HSMW/videos

"Tudo pela Nação, nada contra a Nação."
 

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Re: Guerra na Síria
« Responder #291 em: Janeiro 30, 2014, 09:32:38 am »
Síria converteu-se num "íman gigante para o extremismo"


O chefe dos Serviços Secretos norte-americanos, James Clapper, afirmou-se "muito preocupado" porque a Síria se converteu num "íman gigante para o extremismo", sobretudo na Europa e no Médio Oriente, o que radicalizará ainda mais a guerra.

Numa audiência realizada quarta-feira na Comissão do Senado para os Assuntos Secretos, Clapper afirmou que se estima em mais de 7.000, os combatentes estrangeiros "que foram recrutadas em mais de 50 países, muitos deles na Europa e no Médio Oriente".

O mesmo responsável referiu que esta tendência é de "grande preocupação" para os Estados Unidos e "preocupa tremendamente" a Europa, já que esses radicais viajam para a Síria onde estão a ser treinados em combate e podem regressar aos seus países de origem "para realizar atos terroristas". As advertências de Clapper não são as primeiras sobre o intenso movimento de islamistas europeus que estão a participar na guerra civil síria, onde grupos ligados à Al-Qaeda estão envolvidos numa luta contra o Presidente Bashar al-Assad e também com outros grupos opositores, noticia a Efe.

Estes grupos, nomeadamente a Frente al-Nusra e o Estado Islâmico no Iraque e Levante (sunitas), estão a estender a luta sectaria entre sunitas e xiitas fora das fronteiras sirias.

Por seu turno, o diretor do Centro Nacional Anti-Terrorista, Matthew Olsen, alertou na mesma audiência para "os potenciais ataques terroristas que podem vir da Síria em direção ao Ocidente".

Olsen também se referiu ao medo que o radicalismo islamista efetue um ataque durante as Olimpíadas de inverno que se realizam em Sochi, no norte da Rússia, onde operam grupos extremistas.

O responsável disse que as autoridades russas estão conscientes dos riscos existentes, especialmente depois do atentado nos arrediores de Volgogrado, em finais do ano passado.

Lusa
 

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Veritas

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Re: Guerra na Síria
« Responder #292 em: Janeiro 30, 2014, 09:27:05 pm »
Síria: O ataque com armas químicas do 21 de agosto de 2013 não veio de Bashar al Assad.

http://www.ilfattoquotidiano.it/2014/01 ... sa/848362/
O MIT (Massachusetts Institute of Technology), o confirma. Vejam o estudo exaustivo do 16 de janeiro 2014.
http://s3.amazonaws.com/s3.documentclou ... igence.pdf
 

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Lusitano89

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Re: Guerra na Síria
« Responder #293 em: Fevereiro 01, 2014, 04:10:33 pm »
Gelo sírio longe de quebrar


A primeira ronda de negociações entre o Governo e parte da oposição síria terminou ontem em Genebra sem “avanços substanciais”, segundo o mediador destacado pela ONU, Lakhdar Brahimi, que se diz “muito contente por ainda haver diálogo”.

O diplomata argelino ficou responsável pelas negociações bilaterais que se seguiram à cimeira internacional da semana passada. Mas com uma delegação governamental proibida pelo Presidente Bashar al-Assad de fazer qualquer tipo de concessão e um grupo opositor focado em não perder a pouca credibilidade que lhe resta junto dos que lutam no terreno, resta a Brahimi a consolação de ver que “o gelo está a quebrar, devagar mas a quebrar”.

Palavras que se seguiram ao primeiro sucesso negocial, na quinta ronda diária de conversas. Na quarta-feira, opositores e governantes aceitaram discutir “o comunicado de Genebra, parágrafo a parágrafo”, segundo informou em Damasco a porta-voz de Assad, Bouthaina Shaaban. O texto em questão, acordado na capital suíça em 2012, já fora o alvo da discórdia entre Estados Unidos e Rússia na cimeira internacional, devido ao ponto em que se refere à constituição de um órgão governativo transitório. Para os rebeldes e os seus aliados ocidentais, esse ponto implica a saída de Assad, para a comitiva do Governo e para a Rússia isso é uma “interpretação parcial” do comunicado.

A porta-voz do ditador sírio lembrou que “o primeiro ponto do comunicado refere-se ao fim da violência, que se transformou em terrorismo” e diz que a vontade do grupo dos opositores liderado pela Coligação Nacional Síria (CNS) em “saltar para a parte que fala do governo transitório” prova que estes “estão apenas interessados em chegar ao poder”.

Sem surpresas, a interpretação dos rebeldes é diferente: “Pela primeira vez poderemos falar do governo transitório, cuja responsabilidade principal é acabar com a ditadura e avançar para a democracia, para o fim da violência e da pobreza na Síria”, disse o porta-voz da CNS, Louay al-Safi.

A promessa de analisar o documento abre novas expectativas para a segunda ronda negocial que se inicia no dia 10 de Fevereiro, sendo que a aposta da ONU continua a centrar-se na abertura de corredores humanitários que permitam o acesso aos campos de refugiados e às cidades cercadas. No início da semana, o Governo de Assad propôs deixar sair as mulheres e crianças da cidade de Homs, bastião rebelde onde o exército impôs um isolamento que há quase dois anos impede a entrada de bens de primeira necessidade na cidade. A CNS rejeitou a proposta, com o seu líder Ahmed Jarba a revelar no Twitter a crença de que Assad pretendia “deixar sair as mulheres e as crianças e depois massacrar e deter os homens”.

Hoje, o secretário-geral das Nações Unidas pressionou os EUA e a Rússia para que estes países ajudem a garantir que as negociações se reiniciem no dia 10 de Fevereiro, de “acordo com o calendário estabelecido”. As declarações foram feitas depois do ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia ter afirmado, também este sábado, que é "muito difícil" levar o governo de Bashar Assad a fazer concessões.

SOL
 

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Re: Guerra na Síria
« Responder #294 em: Fevereiro 04, 2014, 01:25:21 pm »
Rússia diz que Síria entregará mais armas químicas e participará no diálogo


A Rússia ofereceu hoje garantias de que o governo sírio participará numa nova ronda de negociações de paz na próxima semana, e que em breve irá enviar mais agentes químicos para serem destruídos no exterior, nos termos de um acordo destinado a eliminar o arsenal químico do país.

As declarações parecem destinar-se a aplacar as preocupações ocidentais acerca do envolvimento do presidente sírio, Bashar al Assad, no processo de paz iniciado este mês e do seu compromisso com a eliminação das armas químicas de Damasco até meados deste ano, conforme o acordo mediado pela Rússia e os Estados Unidos.
Além disso, o governo russo recebeu o líder da Coligação Nacional Síria, principal grupo de oposição, algo inédito em três anos de um conflito que já matou mais de 100 mil pessoas.

A Síria planeia retirar do país este mês um grande carregamento de agentes tóxicos, concluindo o processo até 1 de Março, segundo o vice-ministro russo, Gennady Gatilov.

«Literalmente, ontem os sírios anunciaram que a remoção de um grande carregamento de substâncias químicas está planeada para Fevereiro. Eles estão prontos para completarem o processo até 1 de Março», disse Gatilov à agência de notícias RIA. A Rússia, principal apoio diplomático a Assad, está sob pressão para convencer Damasco a acelerar a retirada dos materiais químicos desde que a Reuters revelou, na semana passada, que apenas 5 por cento dessas substâncias tinham sido enviadas.

A operação está muito atrasada, e o prazo para que todos os agentes tóxicos sejam retirados da Síria, que termina nesta semana, não será cumprido. As autoridades dos EUA acusam Damasco de protelar o processo, e o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, pediu na sexta-feira passada ao ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, para que pressione o governo de Assad para acelerar a operação. O ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Laurent Fabius, também se queixou do atraso. «O governo de Bashar al Assad deve respeitar os compromissos que fez», disse hoje a uma estação de rádio.

A Rússia diz que as preocupações ocidentais são exageradas, e rejeitou as acusações de que a demora é deliberada, citando questões logísticas e de segurança. Na segunda-feira, o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergey Ryabkov, disse que a Rússia continua confiante em que o prazo final para o desmantelamento do arsenal químico, a 30 de Junho, poderá ser cumprido.

Apesar das profundas diferenças a respeito do conflito na Síria, a Rússia e os Estados Unidos uniram-se para lançar uma negociação de paz que começou no mês passado em Genebra, e em Setembro concordaram com um plano para eliminar o arsenal químico sírio, evitando assim uma reacção militar norte-americana a um ataque com gás ocorrido a 21 de Agosto nos arredores de Damasco.

Assad aceitou o plano, mas o Ocidente suspeita que queira usar o processo para alavancar as suas posições na negociação de Genebra II, que deve recomeçar na segunda-feira, embora a delegação do governo não se tenha comprometido a voltar.

Lusa
 

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Re: Guerra na Síria
« Responder #295 em: Fevereiro 15, 2014, 04:56:22 pm »
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Re: Guerra na Síria
« Responder #296 em: Fevereiro 15, 2014, 07:00:23 pm »
A tragédia síria
Alexandre Reis Rodrigues


Ninguém esperava qualquer resultado relevante das conversações em paz em Genebra (Geneve Peace Talks II), mas mesmo assim trinta países estiveram presentes, não se sabe bem com que expectativas. Talvez com alguma esperança de que se tornasse viável acertar uma forma segura de fazer chegar ajuda humanitária aos setores mais desesperados da população. Falava-se também num possível acordo de troca de prisioneiros. No entanto, nem estes objetivos limitados foram alcançados. A tragédia síria vai continuar sem qualquer solução à vista e, provavelmente, por muito tempo mais.

No final da semana de conversações, Lakhdar Brahimi, enviado especial das Nações Unidas e da Liga Árabe para o conflito sírio, destacava o facto de se ter conseguido reunir à mesma zona as partes em litígio, o que em si mesmo seria um avanço. No entanto, nem isso pode ser seriamente reclamado e Brahimi sabe-o melhor do que ninguém poque a guerra civil que grassa na Síria há quase três anos já há muito que deixou de ser um conflito apenas interno, se é que alguma vez o foi.

Para estarem representadas todas as partes de quem depende o desfecho teria que ter estado presente também o Irão, o que Brahimi tentou mas foi vencido pela recusa da oposição síria, Arábia Saudita e EUA. Foi ignorado mais uma vez que conflitos como o que existe na Síria podem tornar-se “eternos” enquanto houver potências externas a “alimentar” a luta, com fornecimento de armamento e motivando as fações que protegem. Sempre foi assim. Dito por outras palavras, o sucesso de uma iniciativa de paz, nestes casos, depende tanto, senão mais, de um entendimento externo do que do interno.

Obviamente, Teerão, talvez até mais do que Moscovo, tem a solução na mão. Seria, na prática, retirar o apoio que está a ser dado a Assad para permitir um governo de transição e a preparação de eleições em que todos possam confiar. Esse, aliás, era o objetivo para que valeria verdadeiramente fazer as conversações de paz. Mas Teerão precisa de Assad ou de um regime que controle a maioria sunita que Riade quer ver, finalmente, no poder, para acabar com a “anomalia” da ditadura da minoria alauita. O problema é que estes dois objetivos são inconciliáveis e os seus defensores, por um lado o Irão, por outro lado, a Arábia Saudita não se pouparão a esforços para fazer prevalecer o seu.

Nestes termos, a presença de uma representação iraniana em Genebra não iria mudar as perspetivas. Evitaria, no entanto, a afronta da sua exclusão depois de ter recebido um convite formal para estar presente, ou seja, mais um passo no sentido da sua marginalização em relação a um processo em que será sempre
indispensável.

De momento, as partes em confronto, quer as internas, quer as externas, não terão à vista qualquer incentivo para dar passos no sentido de um entendimento. Ali Haidar, que tem servido o Governo sírio do Presidente Assad como uma espécie de ministro da reconciliação nacional (!), deixou muito claro que Damasco não espera nada de conversações de paz. Só acredita numa vitória militar como a única saída possível, ou seja, o esmagamento da oposição. Assad não tem este desfecho garantido, mas o registo estatístico de situações semelhantes aponta, como regra geral, para uma vitória do Governo. Assad espera vencer, pelo menos, por cansaço de uma população desesperada.

Que esperanças podemos ter neste contexto tão complexo? Mesmo que se conclua com sucesso o acordo nuclear com Teerão não é realista esperar que se seguirá um realinhamento com os EUA e daí alguma convergência de esforços para a solução do problema sírio. Teerão não vai ceder mais do que o mínimo indispensável para se manter a salvo de um regresso às sanções que quase destruíram a sua economia. A Arábia Saudita não dá sinais de se conformar com a decisão americana de se aproximar do Irão e de não fazer o necessário para depor Assad.

No entanto, o Presidente Obama está limitado nas suas opções pela prioridade de resolver a questão iraniana e pela falta de uma alternativa credível para o afastamento de Assad. A verdade, talvez até já não esteja longe de ter que vir a arranjar alguma forma de entendimento com o atual regime sírio. Parece algo quase impossível de imaginar mas é o desfecho previsível se vier a ser reconhecido que a manter-se a situação o grande beneficiário da crise é a al Qaeda que, sem ter feito qualquer esforço, está a ver chegar-lhe às mãos um novo santuário para continuar a sua luta.

O território sírio que o Governo não controla já está a funcionar como uma plataforma que grupos afiliados à al Qaeda usam para lançar mais instabilidade no
martirizado Iraque. Se não forem detidos, não é difícil imaginar como essa situação se tornará o mais urgente problema regional e, certamente, o único que pode levar todos os outros intervenientes a fazer as cedências necessárias para encontrarem uma solução para a questão síria.

Jornal Defesa
 

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Re: Guerra na Síria
« Responder #297 em: Fevereiro 17, 2014, 08:55:40 pm »
Hezbollah diz que deixa a Síria se árabes pararem de interferir


O líder do grupo xiita Hezbollah, xeque Hassan Nasrallah, pediu no domingo às forças políticas árabes que «parem a guerra na Síria», prometendo em troca retirar de lá os respectivos combatentes.

A guerra civil síria, que já se prolonga há três anos, alimenta a tensões entre sunitas e xiitas no vizinho Líbano - país de origem do Hezbollah - e no mundo árabe em geral. Muitos militantes de outros países estão na Síria a lutar para ambos os lados, e tanto o governo como a oposição recebem ajuda financeira externa.

«Se querem evitar que esta região mergulhe no caos que não acabará durante décadas, parem a guerra na Síria», disse Nasrallah, dirigindo-se às forças políticas árabes. «Retirem os combatentes da Síria, deixem que os sírios se reconciliem», afirmou o líder do movimento xiita libanês, que conta com apoio do Irão e é aliado do governo de Bashar al Assad. «É claro que, se tal acontecesse, tampouco permaneceríamos na Síria», disse.

O discurso de Nasrallah pareceu conter uma resposta ao político libanês Saad Hariri, que na sexta-feira prometeu conter a militância dentro do seu próprio lado sunita, mas disse que o Hezbollah também deveria suspender o seu envolvimento no conflito sírio, a fim de evitar um «holocausto sectário».

Lusa
 

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Alvalade

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Re: Guerra na Síria
« Responder #298 em: Fevereiro 17, 2014, 09:38:51 pm »
 

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Re: Guerra na Síria
« Responder #299 em: Março 03, 2014, 02:49:29 pm »
MTF homie!
Gangs de LA na Síria...  :shock:
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