Não existe qualquer razão para acabar com a NATO. Acabar com a NATO seria péssima ideia para todos os envolvidos, e só beneficiava o "eixo do mal". O processo de transição poderia demorar anos, principalmente sem ter um "grande líder" como a NATO teve com os EUA. Se para coisas simples já é difícil gerar consenso, alguém acha que vai haver consenso sobre quem iria liderar esta aliança nova, qual o rumo, etc?
Depois, estaríamos a formar uma aliança nova com um aglomerado de países que dizem que vão gastar 5% até 2035, mas que à mínima oportunidade vão retrair-se?
Bom, o caso português já sabemos como é. Nunca vamos atingir aqueles 3.5% para a Defesa, e os 1.5% adicionais provavelmente serão gastos em mega obras públicas sem nexo.
Espanha também não quer chegar aos 5%, preferindo chegar aos 2.1% realmente gastos na Defesa (nós nem isso).
Outros casos serão parecidos.
Dizer que os países europeus "já perceberam" não é inteiramente verdade, com alguns ainda a achar que se pode continuar na mediocridade em termos de Defesa.
Depois a ideia de um Exército federal não faz qualquer sentido. Nos EUA funciona, porque são todos americanos, na Europa não funciona, porque são muitas nacionalidades, culturas, e interesses diferentes.
Não vais conseguir obrigar militares húngaros a combater pela UE num TO que não seja do seu interesse.
Para muitos países seria suicídio politico entrar numa aliança em que as suas FA são absorvidas para umas FA federais, e em que podem ser usadas em combate sem terem qualquer voto na matéria.
Daí dizer que do ponto de vista NATO/UE, o mais racional é formar blocos regionais dentro da aliança, que possuam interesses regionais alinhados.
Ninguém absorve ninguém, os estados mantém FA independentes, mas que são desenhadas com base nas suas necessidades regionais, e consequentemente nas necessidades do bloco em que estão inseridos.
Agora, há uma mudança de rumo? Há. Mas esta mudança, não tem sido vista em todos os países europeus. Enquanto Espanha avança para um porta-aviões puro, nós tentamos arranjar despesas de outros ministérios para atingir os míseros 2%.
Entretanto, na Rússia já se diz que a independência do Azerbaijão não faz sentido e nunca devia ter acontecido, indiciando potencialmente o próximo alvo.
Também na Rússia já afirmam que uma guerra com a Europa é inevitável nos próximos anos.
A China já veio avisar que não pode deixar a Rússia perder na Ucrânia. Fica claro que a China poderá vir a rearmar a Rússia neste e futuros conflitos. E provavelmente fará o mesmo com o Irão e outros países que lhes convenha.
Num mundo onde a conflitualidade não deve reduzir tão depressa (pelo contrário), resta saber qual a nossa posição no meio disto tudo. Se vamos levar este assunto a sério, ou continuar na mesma a fingir que não se passa nada.