Quanto tempo levaria um ST a levantar de Evora e a intercetar drones vindos do norte de africa por exemplo? Ou lançados de um navio ao largo da nossa costa?
Menos que um drone…
E se viessem 20 drones?
Pode explicar o seu raciocínio? Porque defende que é menos tempo?
O meu racional:
- Tempo para a tripulação chegar ao avião: 5–10 min
- Check rápido + ligar motores + taxi: 5–10 min
- Descolagem: 1–2 min
Portanto não menos que 20 minutos. Fora o tempo em que se teria que decidir enviar ST ao invés de F16 por exemplo. Mas como não como estimar, vamos ignorar essa parte da equação.
Depois teria que interceptar antes da entrada em territorio nacional. Vamos supor Faro. De Évora a Faro vão ~180km.
Ora à velocidade cruzeiro (520km/h) o ST levaria cerca de ~20minutos a chegar a Faro.
Ou seja, desde a ativação até à interceção são cerca de 40minutos.
Se Portugal tivesse drones anti drones no Algarve, mesmo considerando as versões FPV de interceção, com 120-180km/h, estes drones chegariam sempre mais cedo ao encontro dos drones inimigos que o ST, por um custo inferior e mais uma vez, sem expor tripulações.
Colocando um cenário hipotetico de um exame ser lançado por um navio, ao largo da costa do algarve:
Um drone de ataque a 150km/h (dos mais lentos), no tempo que o o ST chegaria ao algarve, já teria tido tempo de percorrer ~88km. Ou seja, teria conseguido entrar em território nacional e fazer o ataque. No cenário que o John coloca (varios drones), teria sido uma catástrofe nacional.
O mesmo cenário, mas com drones defensivos colocados no sul: Tempo de reacção de 2-5min estimados para levantar voo e posicionar na direção do alvo. Velocidade média de interceção 150km/h (há mais rapidos mas vamos manter os drones equiparados para justiça da comparação). Se o alvo estiver a 20km da costa, então o tempo de interceção será cerca de 10min. Ou seja, seria possivel interceptar os drones antes que eles atingissem território nacional.
E ainda poderíamos complicar mais, que era no cenário do enxame atacante se espalhar por diversos alvos, ai nesse cenário como o ST iria parar esta ameaça?
Os ST poderão ser complementares mas continuo a não acreditar que sejam o meio anti-drone que o querem pintar.
Nada me move contra o Super Tucano. Sou sim movido pelos interesses nacionais e são esses que me interessam. Estou de mente aberta para me mostrarem que a minha linha de raciocínio está errada, desde que o façam de forma factual
A tua linha de pensamento não está errada de todo. Os argumentos que apresentas são absolutamente válidos, mas apenas reforçam o facto que drones anti-drone são o elemento de defesa de ponto de uma defesa anti-drone, que forçosamente terá que ter várias camadas, desde drones, a aviões turbo-hélice, a aviões a jato, isto sem contar com a s várias camadas de mísseis e canhões, desde canhões autopropulsionados até NASAMS e eventualmente, Patriot e THAAD, quando o ataque de drones é complementado por mísseis balísticos e hipersónicos. Eu nunca disse que os ST são a última bolacha do pacote” na defesa anti-drone, mas sim um elo muito importante da kill chain. Eu estou a pensar num cenário de utilização num cenário tipo Ucrânia, não na defesa contra um ataque pontual de surpresa a partir de um navio ao largo da costa portuguesa, que apresenta desafios completamente diferentes.
Num cenário de conflito (ou pré-conflito) aberto, é preciso perceber o que é que os drones conseguem (ou não) fazer. Um drone normalmente ataca um alvo (um kamikaze anti-kamikaze, se quiseres); tens drones capazes de atacar múltiplos alvos, mas poucos, dois a três no máximo, por questões de peso, desempenho e quantidade e tipo de armas carregados. Um F-16 ou um ST equipados com canhões e múltiplos pods APKWS II podem, em teoria, atacar numa única missão, dezenas de drones, além de que o tempo de reação para enfrentar novas ameaças vindo de múltiplos eixos simultaneamente é muito menor. Virá um da em que enxames de drones de longo alcance conseguem colaborar com o recurso a IA na defesa contra ataques de saturação por múltiplos tipos de veículos, mas como dizem os bravos gauleses da aldeia do Astérix “amanhã não será a véspera desse dia”. Até lá, uma combinação de meios tripulados, não-tripulados, mísseis e guerra eletrónica vai continuar a ser a melhor solução. Cada meio tem o seu nicho.
Ab
Totalmente de acordo que as capacidades de AA devem possuir várias camadas e os aviões (e até mesmo helicópteros) terão um papel determinante nas várias camadas. O objetivo será ter sempre o meio mais barato a desempenhar a missão e portanto terão que existir diversas opções.
O nosso caso nunca será similar ao da Ucrânia pois o país não tem profundidade estratégica suficiente para manter bases aéreas num cenário de invasão. Seriam das primeiras a cair. Num cenário de conflito na europa as nossas ameaças viriam sobretudo por mar e do norte de africa. De Espanha a ameaça poderia ser sobretudo a nivel de sabotagem (não feita pelos espanhois entenda-se). Algo semelhante a como os Ucranianos fizeram com aquele camião na russia.
No fundo o ST vai sendo um pouco como um canivete suiço, não é com certeza o melhor em nenhuma das coisas que pode fazer, mas contrapõe com uma versatilidade grande. Veremos se estas caracteristicas serão suficientes para gerar encomendas em numero suficiente para abrir uma fabrica em Portugal (e possivelmente já a pensar num Safe 2).