Portugal ameaça bloquear acordo europeu na energiaA Península Ibérica é uma ilha isolada do resto da Europa em matéria de energia. Em 2002 a UE estabeleceu uma meta de 10% para as interconexões energéticas até 2012, mas até hoje esse valor é de apenas 3%. Por isso Lisboa e Madrid rejeitam a manutenção dos 10% no novo acordoPortugal prepara-se para bloquear um acordo europeu sobre energia e clima caso o mesmo não inclua metas vinculativas para as interconexões energéticas. Um agravo partilhado com Espanha, mas Madrid já fez saber que o tema "não é uma linha vermelha", pelo que Lisboa pode ficar isolada nesta discussão.
O assunto é o tema principal do Conselho Europeu que arranca quinta-feira, em Bruxelas, e a posição portuguesa foi assumida pelo secretário de estado dos assuntos europeus: "não apoiaremos um acordo que não inclua uma meta vinculativa porque precisamos de criar um quadro regulatório estável e previsível, para atrair investimento privado", afirmou Bruno Maçães à Reuters, esta quarta-feira.
Pouco depois, o secretário de estado reproduzia na sua conta de Twitter o título da notícia da agência ("Portugal pode bloquear acordo europeu sobre clima"), acrescentando em inglês que "o Conselho Europeu é amanhã...".
Esta é até o momento a única posição pública assumida pelo governo português, numa altura em que as negociações prosseguem entre os 28 países da União e os focos de conflito não se limitam à questão das interconexões.
O objetivo é atualizar as metas climáticas fixadas pela União Europeia (UE) para 2020, através do estabelecimento de novos objetivos para 2030: redução em 40% das emissões dos gases de efeito estufa (com referência a 1990); aumento da eficiência energética entre 25% e 30%; uma percentagem de 27% de energias renováveis no mix energético europeu; alcançar 10% de interligações. A renovação destas metas é considerada indispensável para a Europa manter a liderança global na luta contra as alterações climáticas.
Para Portugal e Espanha, o principal problema reside no facto de a Península Ibérica ser uma autêntica "ilha energética" no seio da União.
O valor exato de cada uma destas percentagens e o seu caráter vinculativo ou facultativo são precisamente os aspetos que continuam a dividir os países da União.
Para Portugal e Espanha, o principal problema reside no facto de a Península Ibérica ser uma autêntica "ilha energética" no seio da União, devido à escassez de ligações com o resto da Europa, através de França. Uma situação que tem impedido os dois países de, além de escoar o excesso de energia renovável que produzem, poderem servir como porta de entrada para o gás proveniente de África. E funcionar assim como uma verdadeira alternativa ao gás russo.Em 2002 a UE estabeleceu uma meta de 10% para as interconexões energéticas até 2012, mas até hoje esse valor é de apenas 3%. Por isso Lisboa e Madrid rejeitam a manutenção dos 10% no novo acordo
Em 2002 a UE estabeleceu uma meta de 10% para as interconexões energéticas até 2012, mas até hoje esse valor é de apenas 3%. Por isso Lisboa e Madrid rejeitam a manutenção dos 10% no novo acordo (exigindo um aumento da fasquia para 15%) e, sobretudo, querem que esse objetivo seja de cumprimento obrigatório e não apenas indicativo como até aqui.
Fontes diplomáticas europeias apontam Portugal, Espanha e, por outras razões, a Polónia, como os países com mais reservas em relação a um acordo nesta Cimeira. Mas enquanto Portugal parece ter decidido assumir e manter a sua oposição, Madrid parece ter optado por uma postura mais cautelosa. De acordo com uma fonte diplomática espanhola na capital belga, a meta de 15% de interligações "não é uma linha vermelha para Espanha", que acredita que haverá um acordo "satisfatório".
Neste domínio as decisões são tomadas por maioria, mas devido à delicadeza do tema, o objetivo é alcançar um acordo por consenso.
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