Uma coisa me faz espécie: a leitura de opiniões, e curiosamente de monárquicos. É que assim, meus amigos(se me permitem o tratamento) até aqueles que sentem uma simpatia natural pela causa, vocês espantam. Porque isso não é um debate sereno(mensagens muito mais atrás neste tema), isso são gritos "histéricos" e palavras de ordem, e depois sempre as "maçonarias", os "maçons" sempre na boca ou o teclado - faz lembrar padres miguelistas beatos a vociferar e a nomear os "pedreiros livres" e os malhados liberais e maçons a cada frase - não literalmente, claro - e sem ofensa para os caros confrades participantes neste forum, que me merecem todo respeito( ainda para mais sendo eu novato em mensagens neste forum) mas assim não vão lá no seu objetivo proselitista e na causa.
Para já isso da Maçonaria(da qual tenho lido ultimamente), se pensam em 1910, chegam com mais de 100 anos de atraso. A Carbonária implantou a Republica, com maçons e outros talvez, mas foi a carbonária.
As Organizações Maçónicas implantaram e fizeram a Monarquia Liberal de 1820 e 1832. Todos, Cartistas ou Setembristas era maçons nas elites principais- eram maçons, D. Pedro I e IV Grão Mestre(Mação no Brasil e em Portugal), D. Pedro II do Brasil também, Gomes Freire de Andrade, Duque de Saldanha Grão Mestre, Duque de Palmela(acredita-se), Sá da Bandeira Maçon, Passos Manuel, António Augusto Aguiar Grão Mestre, Costa Cabral Grão Mestre, Alexandre Herculano, Rei Consorte Fernando Duque de Saxo Burgo, todos os Reis e Príncipes de D. Pedro IV a D. Luis ligados á Ordem maçónica. D. Carlos não tenho a certeza, mas penso que também(terei que consultar as diversas fontes que li). Os dois criadores de "A Portuguesa" mais tarde, Gago Coutinho entre outros ilustres.
E apesar de abolirem as ordens religiosas e separarem a Igreja do Estado, depois de vencerem os Realistas de D. Miguel, mantiveram o Estado confessional Católico na Constituição. Todos ou a maioria Cristãos crentes fervorosos(um ou outro menos talvez) e mesmo Católicos naturalmente na origem, menos ou mais anti-clericais conforme o caso.
Um Cardeal Patriarca de Lisboa no século XIX constitucionalista foi também Maçon.
Embora a Monarquia Constitucional de 1820 e 1834 e da bandeira monárquica constitucional azul e branca seja criação Maçónica(e não a Republica 90 anos mais tarde em 1910, pelo menos não no mesmo grau, longe disso) os maçons no poder já datam também dos tempos da Monarquia tradicional no governo absoluto, autoritário e iluminista de Pombal. Sofreram foi um revés no tempo da viradeira pós D. José I.
Sebastião José foi-o ao que parece em Viena etc. e apresenta segunda prova irrefutável no seu quadro em Oeiras: abraçado ao seus irmãos Francisco Xavier, governador no Brasil e Paulo de Carvalho Monsenhor e Prior de Guimarães, em braços cruzados rituais, sobre chão preto e branco do Sagrado Templo de Salomão, duas colunas brancas á dextra e uma coluna preta á sinistra(Rei Jaquim(Joaquim) e Rei Boaz), o génio em cima que preside á entronização. No passado também não sabia, agora já sei o que significa. E o quadro sempre á vista de todos e sem subterfúgios - com todas referências simbólicas em detalhe. Impressionante.
O grande Fernando Pessoa defendeu e amava a Maçonaria Portuguesa, na vertente mais idealista, original e iniciática, sobre a qual escreveu abundantemente, como depositária da tradição espiritual e da gnose, (aparte desvios mais materialistas de algumas actuais no ramo francês não regular também presente em Portugal como sabemos - e já fora em parte desse ideal e iniciação original, abandono e deturpação de alguns que Pessoa criticaria) e o mesmo grande Poeta desancou as "bestas" da carbonária.
Bom, e tudo isto a propósito de termos aqui utilizados, mas mais do que isso.
A nossa história é cada vez mais interessante, á medida que vamos lendo e aprendendo.