Cavalos de «Príncipe da Pérsia» e «Robin Hood» equipados por portugueses
Uma empresa de artigos equestres de Leiria “veste” os cavalos que entram nas grandes produções cinematográficas de Hollywood, de que são exemplo os filmes, recentemente estreados, “Robin Hood” e o “Príncipe da Pérsia”.
No currículo da Equicouro - Correeiros, Lda., com sede na freguesia de Milagres, constam ainda outras obras épicas como “O Último Samurai”, “Irmãos Grimm”, “Alexandre, o Grande”, “O Senhor dos Anéis – O Regresso do Rei” ou “Crónicas de Nárnia 2”.
Da unidade, discretamente instalada num pequeno armazém, saíram para estes filmes selas, cabeçadas, mantas, loros, estribos, cilhas e peitorais ou, resumidamente, o equipamento completo do cavalo.
“Têm todos a nossa marca, made in Portugal”, afirmou à Agência Lusa o sócio gerente, Victor Domingues.
A empresa, onde trabalham seis pessoas e que no ano passado faturou cerca de um milhão de euros, tem no cinema 35 por cento da sua actividade e no estrangeiro o seu grande mercado.
Victor Domingues explicou que foi há cerca de 25 anos na Feira Nacional do Cavalo, na Golegã, que a 'sétima arte' se cruzou com a família que há três gerações cria e produz acessórios para equipar cavalos.
Deste acaso com um fabricante francês surgiu o primeiro contacto com um produtor cinematográfico e a marca portuguesa “Sócouro” passou a fazer parte de muitos filmes.
“Temos tido sorte”, admitiu o empresário, reconhecendo, contudo, que “bons produtos” e “bons preços” levam a “novos clientes”.
Por outro lado, Victor Domingues não esconde que existiu da parte dos empresários “vontade” em expor os produtos “nessas montras complicadas e muito difíceis”, e onde a “concorrência é grande”.
“Queremos divulgar muito o que é nosso para os outros países. Isso também é uma meta que nós temos”, acrescentou, certo de que quando os filmes onde a marca nacional está presente têm sucesso, o mesmo é dizer mais encomendas.
“Os filmes só são bons quando têm sucesso. Quando eles têm sucesso a gente tem mais uma oportunidade de trabalho”, declarou.
O responsável sustentou que uma das características que diferencia a empresa é a forma quase artesanal de produção, exemplificando que cada uma das 60 selas para igual número de cavaleiros feitas para o filme “Robin Hood” teve pelo menos um dia de trabalho.
Além do cinema, a produção de artigos equestres para o lazer é outro dos mercados “mais fortes” da empresa de Leiria para a qual a crise é uma ficção e a dificuldade em contratar pessoal a realidade.
Victor Domingues reconheceu que esta situação impede a unidade de ter capacidade de resposta, apesar de nunca ter feito publicidade para aumentar os milhares de peças que anualmente são produzidas.
Algumas dessas peças “vestem” o cavalo montado por Jake Gyllenhaal e Gemma Arterton em “O Príncipe da Pérsia – As Areias do Tempo”, réplicas que o empresário mostra orgulhoso, habituado, quando visita estúdios de cinema, a ouvir a pergunta: “É este o português?”.
Lusa