Chef português conquista estrela Michelin para a Hungria
Decidiu licenciar-se em turismo por achar que teria emprego garantido. Sem nunca ter cozinhado antes, Miguel Rocha Vieira descobriu nas aulas de culinária o seu futuro. Dez anos depois, conquistou a primeira estrela Michelin para um restaurante na Hungria.
Terminou o 12.º ano sem qualquer ideia do que queria ser quando fosse grande. Trocou Lisboa por Londres para tirar um curso de gestão hoteleira e turismo e, dois anos depois de começar o curso, percebeu por onde passava o seu futuro.
«No segundo ano do curso de gestão hoteleira tive aulas de cozinha e foi 'pac', descobri o que queria fazer», descreveu, em entrevista à Lusa, o chefe Miguel Rocha Vieira.
É o próprio que caracteriza como «incrível» o facto de nunca ter cozinhado antes das aulas e de, dez anos depois de iniciar o seu percurso como chefe de cozinha, ter conquistado para o restaurante húngaro, onde foi chef-executivo durante dois anos, uma das mais ambicionadas e reconhecidas distinções internacionais na área da gastronomia: uma estrela Michelin. «Acima de tudo, é um orgulho imenso. É o reconhecimento de dez anos de trabalho, que foram bastante duros, com altos e baixos, e este é o auge», confessou.
O chef, de 31 anos, reconhece que a atribuição de uma estrela Michelin, no início desta semana, ao restaurante Costes, localizado na capital húngara, Budapeste, foi apenas uma «meia surpresa», depois de uma inspeção do guia que atribui a distinção e de uma conversa de duas horas, já com o restaurante fechado, ter deixado a possibilidade no ar. «Tive o feeling de que estava muito perto. Pensei que não fosse este ano, que fosse em 2011, mas foi mais rápido do que eu pensava e estou muito contente por isso», disse.
Miguel Rocha Vieira soube da conquista da estrela Michelin já em Lisboa, para onde regressou em Janeiro, pela necessidade «de assentar» e com o sentimento de ter cumprido o objetivo de regressar com muita experiência e um vasto currículo, depois de dez anos a trabalhar em prestigiados restaurantes e hotéis europeus, alguns também distinguidos com estrelas Michelin. A trabalhar neste momento como subchef na equipa do Hotel Ritz, em Lisboa, Miguel Rocha Vieira reconhece as diferenças entre liderar a cozinha de um restaurante para 50 pessoas, onde todas as decisões passavam por ele, e de ter, agora, num hotel com 300 quartos, que prestar contas a outra pessoa. Mas nem por isso sente que «lhe cortaram as asas» na sua criatividade.
«Há uma pessoa acima de mim, mas discutimos muito entre os dois, trocamos ideias e isso ajuda-nos a crescer aos dois, creio eu», afirmou. «A nível de exigência não será muito diferente, mas a nível de trabalho é muito, abrange muito mais, tem que se pensar em muito mais coisas. Eu estava no meu mundo, na minha cozinha e é diferente», acrescentou.
Com uma estrela Michelin no currículo - que inscreveu a Hungria no guia -, Miguel Rocha Vieira diz estar concentrado no trabalho que desenvolve no Hotel Ritz. A ideia de ter um restaurante próprio é algo que, por agora, não lhe passa pela cabeça.
Lusa