Estudo mostra que democracia perdeu terreno no mundo em 2012
A democracia no mundo perdeu terreno em 2012 pelo sétimo ano consecutivo, e o impacto de fenómenos como a Primavera Árabe perdeu-se ou, inclusivamente, provocou retrocessos em alguns países do Médio Oriente, segundo um relatório da ONG norte-americana Freedom House.
As liberdades públicas também sofreram retrocessos no ano passado na América Latina, sobretudo no Equador, Paraguai e Suriname. Um total de 90 países podem ser considerados livres actualmente, um aumento de três nações em relação às 87 em 2011.
Em todo o mundo, cerca de 3 mil milhões de pessoas, 43% da população, desfrutaram de liberdades públicas, enquanto que 1,6 mil milhões residiam em países parcialmente livres. Os 34% restantes, 2,3 mil milhões de pessoas, vivem em países considerados não-livres pela Freedom House.
«Existe uma necessidade crítica de liderança por parte dos Estados Unidos e outras democracias», afirma-se no relatório «Liberdade no Mundo 2013», que defende um maior compromisso dos Estados Unidos com a sociedade civil em nações oprimidas.
Regsitaram-se alguns progressos em termos democráticos, com melhorias significativas desde 2008 na Líbia, Tunísia e Mianmar.
Egipto, Zimbabué, Moldávia e Costa do Marfim também estão entre os países onde as restrições repressoras foram aliviadas.
No entanto, o Mali, que sofreu um golpe militar no ano passado, lidera a lista das nações em que as liberdades foram eliminadas e que registaram «um dos maiores declínios da história da liberdade em apenas um ano».
Na China, por sua vez, os líderes comunistas continuam a operar «o mais complexo e sofisticado aparelho de controlo político do mundo», segundo o estudo.
Na Rússia e no Irão, a repressão contra jornalistas e bloguistas prosseguiu. Na América Latina, a organização constata o resultado eleitoral na Venezuela, que concedeu um terceiro mandato presidencial a Hugo Chávez, que, no entanto, não pôde tomar posse na semana passada ao cancro que o fez ser internado em Cuba.
As eleições na Venezuela foram uma demonstração do «esbanjamento» do dinheiro do petróleo, segundo a Freedom House.
Segundo a ONG, «Chávez beneficiou do uso maciço dos recursos do Estado», mas a região pode estar a assistir ao início de uma era pós-Chávez devido à gravidade da doença. Por outro lado, o Equador «perdeu terreno devido às irregularidades generalizadas no processo de registo de organizações políticas e mudanças na redistribuição de vagas que favoreceram o poder», explica o texto.
A Freedom House também caracterizou como «retrocesso» a destituição do presidente paraguaio Fernando Lugo, um processo que «privou os paraguaios de qualquer oportunidade séria de debate».
Finalmente, no caso do Suriname, o presidente Desiré Bouterse e outros 24 suspeitos de assassínio de 15 opositores políticos em 1982 conseguiram que o seu julgamento fosse adiado.
Lusa