Como é que o poder político local enche os bolsos com os contratos de meios aéreos?
Não podem também os oficiais da FA beneficiar da mesma forma? São tantas ou mais as notícias de corrupção envolvendo as forças armadas e com condenações.
Posso-lhe perguntar amigavelmente porque enfiou a carapuça, por assim dizer, no que diz respeito ao poder local? Quando mencionei poder local e nacional, estava a referir-me à temática dos incêndios no seu todo e não apenas no que concerne aos meios aéreos. O problema dos incêndios florestais em Portugal é muito vasto, tem muitos fatores e razões, como estou certo que saberá. E há muitos a ganhar com a desgraça alheia, demasiados até.
No que diz respeito à alegada corrupção nas Forças Armadas, e nomeadamente na Força Aérea, não tenho nada a acrescentar àquilo que escreveu. Só tenho pena de muitos cambalachos conhecidos e falados em surdina nos 3 ramos, não sejam denunciados e punidos exemplarmente. Porém, também convém não esquecer que as Forças Armadas são constituídas por seres humanos, em si mesmo falíveis, que são muitas vezes o reflexo da sociedade onde se encontram.
Porque assume que enfiei alguma carapuça? A malta não está a habituada ao contraditório? Só vale deitar lama para tudo o que mexe sem critério?
Pois, não tenho absolutamente nada que ver com a administração pública, tampouco com o sector público. Nunca tive qualquer cargo político ou fui funcionário público.
Apenas fiquei curioso por saber, e sem qualquer outra intenção, como é que a contratação de uma coisa que é e sempre foi feita pelo poder central pode beneficiar o poder local.
Depois confesso que me incomoda o debate sobre alguns assuntos importantes, utilizando espantalhos, lugares comuns e banalidades.
O blá blá blá de negócio do fogo, dos madeireiros, dos eucaliptos, das prisões dos alegados incendiários e outras banalidades já está passado da validade por mais de 20 anos, a cada ano há mais aviões e avionetas e não muda absolutamente nada.
E não muda nada porque o problema não estão em nenhum destes espantalhos, está no ordenado do território ou falta dele, nas casas e casebres espalhados no meio das serras e florestas, o que impede um combate eficaz, no despovoamento do interior, no abandono do território rural e na falta de uma cultura de prevenção.
Isto somado ao clima que temos e é a receita para muitos e grandes incêndios e enquanto isto não mudar, não há nada a fazer. Podem contratar quantas avionetas possam pagar, podem colocar kits nos c130 que vão demorar mais de uma hora por circuito a deitar água em spray ao invés de gravidade ou outras idiotices que queiram.
E mesmo tomando as medidas correctas hoje, elas só iriam dar resultados em mais de uma década, por isso como diria o outro: "habituem-se". E se tiverem muito dinheiro para gastar, gastem em defesa a sério e não inventem muito com o "duplo uso", que é o mesmo que dizer "uso nenhum ".