Cólera no Haiti foi levada por tropas nepalesas da ONU
Um relatório elaborado por um epidemiologista francês confirmou ontem aquilo que os haitianos têm vindo a afirmar: a epidemia de cólera que está a afectar o país teve origem num campo de capacetes-azuis do Nepal.
Citada pela AFP, uma fonte próxima do professor que realizou o estudo, Renaud Piarroux, afirmou que o "primeiro foco da doença foi localizado com muita precisão".
Situada em Mireblais, no centro do país, a base nepalesa das Nações Unidas fica junto ao rio Artibonite, tido como principal meio de propagação da epidemia. Os primeiros casos foram detectados a 15 de Outubro, afectando milhares de pessoas em poucos dias.
Até agora, foram registados 92 mil casos de cólera, uma doença que já causou duas mil vítimas mortais no país.
Após a investigação, realizada a pedido das autoridades haitianas, Piarroux concluiu que a epidemia "não se deve ao sismo nem provém de questões ambientais: foi importada".
"Não há mais nenhuma explicação possível para a propagação desta epidemia, uma vez que não existia cólera no país, e tendo também em conta a intensidade e a velocidade da transmissão e a concentração de bactérias no delta do Artibonite", referiu a mesma fonte.
Os testes realizados confirmam que se trata de um surto com origem asiática. Contudo, a 25 de Novembro, o chefe da missão da ONU no Haiti (Minustah), Edmond Mulet, afirmou que todos os testes realizados à água desta base nepalesa deram negativo.
"Não posso afirmar que a doença não teve origem nos soldados da Minustah, mas também não posso dizer que sim, porque todos os testes são negativos", declarou.
Nessa altura, tiveram início protestos violentos por parte de grupos de cidadãos convencidos de que a doença chegou ao país através dos soldados. Seis pessoas perderam a vida durante protestos no Norte do país.
Recentemente, 12 pessoas foram mortas à catanada no Sudoeste do país, acusadas de feitiçaria ligada à doença.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros francês indicou ontem que já enviou o relatório de Piarroux às Nações Unidas e que esta organização, por sua vez, já abriu um inquérito.
DN