O que torna o ST mais caro que o PC-21 são os sistemas tácticos, porque a versão básica do ST fica dela por ela. De todo o modo, a virem usados a baixo preço como tem sido falado, esse argumento deixa de fazer sentido e ainda ficamos com uma aeronave táctica. A diferença de agilidade pouco interessa para as missões em questão. O PC-21 ser melhor para o treino que o ST é muito subjectiva.
Se houvesse poucos utilizadores do ST até concordava com a questão da logística, mas dado que está em uso em 17 ou 18 países, não me parece pertinente.
Pois, mas nós não vamos adquirir a versão básica. Adquirindo a versão básica, apenas para treino, que custe o mesmo que o PC-21, vamos estar a pagar o mesmo, por uma aeronave inferior para a função.
A performance da aeronave é um factor importante quando queres fazer treino avançado e conversão operacional para caças a jacto. Estamos a falar de uma aeronave que é claramente mais rápida que a outra, e com limites de g's mais próximos das de um caça.
Sim, à partida viriam em segunda-mão. Mas, se forem mesmo em segunda-mão, isto implica que terão de ser substituídos mais cedo do que se fossem novos, logo a questão do preço irá colocar-se mais tarde ou mais cedo. Existem no entanto muitas questões neste hipotético negócio. Com as aeronaves a serem assim tão baratuchas, praticamente como novas, oferecidas quase e meio mundo, e ninguém as quis.
Por outro lado, a compra do PC-21, se calhar até podia ser feita em conjunto com os vizinhos, tornando tudo mais barato pelo volume da compra. Mas para isto era preciso fechar os olhos às "oportunidades colaterais" que o negócio do ST poderá ter.
Quanto a ser melhor para treino, não, não é subjectivo. Se fosse, o ST ganhava muitos mais concursos como aeronave de treino. O concurso sueco, país este que jurou a pés juntos que comprava a aeronave da Embraer caso o Brasil optasse pelo Gripen, optou por uma solução completamente diferente. Porque será.
Quanto à logística, lá por que 17 ou 18 países usam a aeronave, não quer dizer que a logística seja facilitada. A logística facilitada vem dos nossos parceiros habituais usarem o mesmo (exemplo dos nossos F-16, usados em grande quantidade pela Europa), e ninguém na Europa usa o ST, logo é irrelevante se Angola e Nigéria e demais países da região, da América do Sul e do Médio Oriente usam, porque não vamos operar com eles de forma recorrente (já com os espanhóis, que usam o PC-21...).
As missões no Sahel são uma prioridade da política externa portuguesa.
Não, são porque têm apoio externo, e é uma missão semi-pacífica. Caso as coisas apertem por lá, mandam para trás o pessoal todo e não voltam a lá meter os pés, porque aí já se veriam obrigados a ter umas FA a sério. Pena que em todas as outras missões tão ou mais importantes que essas, não se tem a vontade (súbita) de investir tanto em meios que as permitam executar tais missões (NPO desarmado a combater pirataria no Golfo da Guiné, Fuzileiros enviados para a Lituânia sem veículos minimamente blindados e com armamento velho, uma força da BrigInt enviada para a Roménia sem porta-morteiros nem SHORAD). É preciso continuar?
Coincidência que, nas missões que podem ser executadas por um meio mais versátil e útil naquele e tantos outros TOs (helicópteros), vamos adquirir um meio dedicado para uma função específica e que naquele TO não pode fazer mais nada (ST). Nas missões em que era essencial adquirir algo específico para algo tão simples como o cumprimento da missão em segurança (Marlin nos NPOs, SHORAD para apoiar as Pandur, etc), não se adquire nada, e a malta lá tem que se desenrascar/pedinchar a terceiros.
Irónico que, em África, há mais países ali ao lado que operam ST. Não podem ser eles a fazer COIN com estas aeronaves?

A principal vantagem do ST é ficar com uma aeronave que pode fazer missões de treino e tácticas
Substitui "principal", por "a única". E como já foi dito, é preferível usar outros meios mais versáteis para as missões tácticas, em vez de uma aeronave que só pode ser utilizada em TOs de baixa intensidade, e onde haja infraestrutura (pelo menos uma pista de terra batida) que os permita usar. Qualquer "coisa táctica" contra uma ameaça mais séria, os ST ficam a apanhar banhos de sol em Beja, porque a sua utilidade será perto de nula por não terem a performance de uma aeronave a jacto, nem a facilidade de voo a baixa altitude/entre obstáculos de um helicóptero.
O ST foi testado e aprovado por pilotos de F-16 portugueses para essas funções
Pessoal que está a ser pago pelo ramo. Como tal, e sabendo que há interesses envolvidos, não admira nada que dissessem que sim para não perder o emprego.
A realidade é esta, não é a mesma coisa disparar a partir de uma aeronave turboprop e de uma aeronave a jacto. Ainda por cima quando estamos a falar de canhões, em que a velocidade de aproximação ao alvo e ângulo de ataque podem ser bem diferentes. No máximo, os pilotos aprenderiam noções básicas nos ST, sendo que tinham que fazer as horas todas nos F-16, eliminando por completo o raciocínio que fica mais barato treinar o lançamento de armas nos ST, porque não são equiparáveis.
Vai lá à NATO dizer isso "não tenho experiência a disparar as armas dos F-16, mas tenho a lançar dos ST, que disseram-me que era igual" e ainda os vês a rirem-se disso.
Não esquecendo claro que, a partir do momento em que os ST são considerados aeronaves de combate, com pilotos próprios para estas funções, isto vai obrigar a que se arranja pessoal de propósito para esses fins. Das duas uma, ou formam mais pilotos (algo que até agora tem sido difícil de fazer, mas se calhar o milagreiro do ST ajuda), ou vai-se retirar das esquadras 201 e 301. Nem falo dos mecânicos, que de repente precisas de formar pessoal para manter as aeronaves cá dedicadas ao treino, e formar pessoal extra para realizar manutenção das aeronaves nas missões externas.