A estratégia do sierra002, como eu já demonstrei por diversas vezes, é esconder-se atrás de conflitos no fórum e de uma suposta má percepção dos textos dos outros devido a dificuldades de interpretação dos textos portugueses.
Desmacarado, uma e outra vez, em relação a erros de interpretação histórica ou de simples descrições falsas de factos, o sierra002 regressa sempre a uma estratégia de manipulação das intervenções dos outros intervenientes.
Não vou perder tempo a dar exemplos destes factos que poderão encontrar abundantemente neste fórum. Para além disso, nada diferencia a argumentação do sierra002, da produzida pela Falange Espanhola: a mesma insensibilidade em relação à anexação de populações não espanholas, o “culto” do direito de conquista, o desprezo pela democracia, a leitura exacerbada da história castelhana e o repetido desafio militar a um adversário que julga inferior.
Na argumentação específica sobre Olivença, a estratégia é tentar bloquear a decisão do Tratado de Viena (1815) e o seu reconhecimento pela Espanha (1817), através do recurso a mirabolantes comparações com o sucedido na Idade Média – de uma ignorância atroz – ou de episódios laterais da época, com um valor jurídico e moral absolutamente nulo.
O sierra002 é um inimigo de Portugal, um insinuador compulsivo e um representante, puro e duro, da extrema-direita espanhola.
O seu pensamento sobre Olivença resume-se à defesa – ao melhor estilo fascista – do direito de conquista.
Não reconhece a ilegalidade da ocupação espanhola de Olivença, defende a extinção da língua portuguesa e trata esta questão – de forma repetida – como uma tentativa de anexação.
Sei que estou a ser duro na apreciação ideológica do sierra002, mas é assim que o analiso. Dei-lhe, por três vezes, a oportunidade de poder afirmar a defesa de ideais democráticos e por três vezes ele iludiu as questões.
Ainda assim, vou dar-me ao trabalho de desmontar, uma vez mais, os argumentos produzidos por o sierra002 e de reafirmar, em síntese, a minha posição sobre esta questão.
1)A questão do argumento estratégico que o senhor não vê (não quer ver!):
Já por duas vezes que lhe mostrei que discordo que a conquista de Olivença fosse estrategicamente fundamental para a Espanha. Relembro o que escrevi:
A ocupação de Olivença em 1801 nada tem de urgência estratégica – Portugal não era, naquela época, uma potência com potencial militar para ameaçar a Espanha e o território de Olivença não tinha qualquer valor ofensivo sobre interesses estratégicos espanhóis importantes, além de que os acessos eram absolutamente impraticáveis para a movimentação de um exército numeroso a partir de Portugal – ou de justificação étnica (linguística). Tratou-se, pura e simplesmente, de uma anexação territorial, aproveitando a debilidade do dispositivo militar de Portugal naquela época. A população anexada não possuía qualquer afinidade especial com a Espanha, era tão portuguesa como qualquer outra;
Quem conhece minimamente a correspondência diplomática deste período sabe que nunca Portugal considerou a hipótese de apoiar uma eventual invasão do Império Francês, através da Península. Só o facto da Espanha se ter revoltado contra os franceses, praticando uma guerra de guerrilha implacável, é que permitiu uma penetração militar inglesa/portuguesa na Espanha contra as tropas de ocupação francesas. Todos sabem isso hoje, como todos sabiam isso na época.
É verdadeiramente incrível que você faça este tipo de análises, completamente ignorantes e mal-intencionadas, porque você sabe – não pode deixar de saber – que está inventando argumentos.
Que quer que lhe diga mais sobre esta questão? Que você nunca leu, uma letra que fosse, de um relatório diplomático da época. Que você não percebe nada deste assunto, de que é um completo leigo. Nem imagina a sensação de perda de tempo que sinto em falar deste assunto com um personagem que ostenta tamanha ignorância.
2) A questão de Olivença, da sua ocupação, do incumprimento de um Tratado Internacional, da perseguição linguística é um facto que se arrasta, sem interrupção, há duzentos anos.
É condenável porque se tratou de uma agressão não provocada.
É condenável porque a Espanha matou e perseguiu milhares de oliventinos, ao longo da história, para obter a sua submissão.
É condenável porque, até datas bem recentes, o português estava proibido em Olivença (1976).
É condenável porque o Governo da “Estremadura” mente às entidades europeias quando diz que o português morreu em Olivença (eu já falei com muitos desses "mortos" e você, tenho a certeza, nunca esteve sequer em Olivença).
Tudo isto é condenável, tal como o é a inquisição, a escravatura, o franquismo, o nazismo ou o holocausto (será que para você existiu?). A leitura moral dos acontecimentos não se restringe ao presente, deve abranger o passado. É essa análise moral do passado que permite a evolução civilizacional que o senhor nega;
3) Só me faltava ouvir um imperialista castelhano dar-me o exemplo do mirandês (um dialecto do Asturiano ou Bable). Este é exactamente o último exemplo que um espanhol deve dar.
A língua mirandesa é co-oficial em Portugal, enquanto em Espanha nem o é no Principado das Astúrias. Se a língua asturiana é hoje oficial, a Portugal deve esse estatuto.
Todos os organismos internacionais de defesa das línguas regionais tecem rasgados elogios a Portugal no âmbito da conservação do Mirandês. Exactamente o oposto do que a Espanha faz em Olivença, em relação ao português.
O catalão, o basco e galaico-português só agora começam a recuperar de séculos de tentativas de extermínio;
4) O Tratado de Alcanizes:
Olivença passou para a posse de Portugal a partir de 1164, durante a conquista do sul de Portugal aos muçulmanos, por parte de D. Afonso Henriques. Devido a uma ofensiva muçulmana o território é mais tarde perdido para os muçulmanos, mas constitui, historicamente, uma zona de expansão do Reino de Portugal, durante a reconquista. O Tratado de Alcanizes, assinado em 1297, apenas reconheceu isso mesmo.
Pondo fim a estes assuntos laterais, com que os espanhóis tentam fazer perder tempo, vamos à questão essencial. Como vai a ocupação espanhola de Olivença terminar?
Democraticamente! Por mais que a palavra lhe fira os ouvidos. O povo de Olivença, tal como o Basco, o Catalão e o Galego, irá consciencializar-se, lentamente, que não é castelhano, por maior que seja a aculturação actual.
Um Partido que recupere a verdadeira essência nacional do povo oliventino, tenderá a crescer e a tornar-se politicamente decisivo.
Se um dia se tornar maioritário, a posição da Espanha tornar-se-á insustentável.
Não é preciso inventar nada, é apenas necessário que um partido “nacionalista” nasça em Olivença.
Exemplos? É só olhar para a geografia política espanhola.
Tem de ser agora, enquanto não morrerem os últimos a falar português.
Faltam dirigentes locais?
Dentro de um ano e meio espero estar a residir em Olivença. Outros dirigentes políticos da zona terão de comprar ou alugar casa e estabelecer residência – pelo menos parcial – em Olivença (é isso que a lei espanhola estabelece para as eleições municipais).
Os portugueses residentes têm direito a voto (e já são quase duzentos). Num prazo de quatro anos será possível a eleição de um representante (340 votos). Outros lhe seguirão.
(PS) Bom, cada vez tenho menos tempo para manter esta participação no fórum. Nos próximos tempos não estarei presente por motivos profissionais, mas assim que tiver novidades anunciáveis regressarei. Os fóruns são um local fantástico de divulgação de ideias e de recolha de informação.
Até sempre!