Essa história da República igualitária e cheia de oportunidades é toda muito bonita, mas sabemos que na realidade não se passa nada disso.
Também eu não fui sempre Monárquico. Aliás, foi há pouco tempo que me decidi, completamente farto destes políticos, desta República e do rumo para onde está a levar Portugal.
Acredito que porventura haja políticos que até sejam bastante competentes, patriotas, e que pudessem de forma competente levar este País a levantar de novo o seu esplendor. Agora se os há, ou já morreram, ou andam escondidos por Alcácer Quibir.
O Professor Salazar incorporava algumas destas qualidades, mas como tudo, tinha os seus defeitos, que foram a sua perdição.
Há até uma história engraçada, sobre a possibilidade de Salazar partilhar alguns ideiais monárquicos:
Em 1948 insistiram com ele alguns amigos para que apresentasse a sua candidatura às eleições para Presidente da República. Chegou a zangar-se.
Alguém que julgava conhecê-lo disse então:
- É um homem coerente. Sendo monárquico, tem a consciência de que, se ocupasse o lugar de Chefe do Estado, usurparia uma função que de Direito lhe não pode pertencer. Como Presidente do Conselho está à vontade, da mesma forma que o estaria como primeiro-ministro numa monarquia, à direita do seu rei. Depois, não tem saúde, nem feitio, nem tempo para se deslocar aqui e acolá, presidir a cerimónias, receber todo o bicho careta, cortar fitinhas inaugurais - toda essa massada a que um Chefe de Estado está sujeito...
Não é possível deixar de associar este comentário à história da estátua de Nuno Álvares, transferida para a Batalha por sugestão de Salazar e com uma frase que era muito do seu gosto.
Pelos anos 60 a Câmara Municipal de Lisboa quis erigir uma estátua ao Condestável. Escolheu para local a Praça da Figueira, onde foi ao depois levantada a estátua de D. João I.
Houve duas vozes que se levantaram contra a escolha do local: a do deputado Francisco do Cazal-Ribeiro e a do «Diário da Manhã». Achavam essas vozes que a praça não tinha a grandeza suficiente para o monumento a uma das principais figuras da História portuguesa Salazar concordou e, por sugestão sua, a estátua de Nuno Álvares, que já estava concluída, foi colocada junto ao mosteiro da Batalha.
- Ali é que o herói está bem - dizia Salazar. - À estribeira de seu rei, como em vida sempre andou.
Nesta frase se revelará porventura uma consciência de monárquico por sentimento, que servia o seu País não como rei, que legitimamente não poderia ser, mas à estribeira de quem ocupava, ainda que em usurpação necessária, o lugar do Rei legítimo.
Por sinal que, nas cerimónias de inauguração do monumento, manifestou ao Secretário de Estado da Presidência o desejo de ler os discursos que iam ser proferidos ali. Excluiu desse desejo o discurso que Monsenhor Moreira das Neves diria no templo. Fazia parte da cerimónia religiosa e não da civil. Não se intrometia naquela, como não permitia que bulissem no poder civil. Em todo o caso fez uma prevenção:
- Diga ao Moreira das Neves que tome cuidado, não vá ele atrás do gosto das pessoas que fazem comparações. Não gostaria nada que ele fosse comparar-me ao Nuno Álvares. E muito menos ao cavalo...