A unica coisa que eu vejo no texto, é que a pessoa que o escreveu, tem uma visão completamente distorcida da História, e fica completamente preplexa perante outros dados e outras visões.
Na realidade, como já aqui dissemos muitas vezes, o periodo da dinastia dos
Austrias até teve vantagens e acima de tudo, os Austrias foram tolerados e apoiados por parte das elites portuguesas.
É sintomático o caso da tentativa inglesa de invadir Portugal em apoio do D. António, no ano seguinte ao da derrota da armada invencível.
São as tropas do Duque de Bragança que expulsão os ingleses e não as poucas e praticamente inúteis forças do rei, que eram na sua maioria constituídas por um montão de soldados bêbados de manhã à noite...
Há no entanto erros grosseiros nas afirmações encotradas.
O erro mais grosseiro diz respeito à população. Nunca existiu uma proporção de 24:1 na peninsula ibérica.
Aliás em 1580, a «invasão», que só se deu depois de Filipe-I ser declarado rei foi feita com grande numero de tropas de fora da peninsula, exactamente porque havia falta de gente em Castela.
Os dados que tenho apontam para a seguinte população [1]:
Coroa de Castela e Leão, aprox. 6.500.000
Coroa de Aragão: aprox. 1.500.000
Total: aprox. 8.000.000
Portugal: aprox. 1.200.000
De qualquer forma a ideia de que o Habsburgo não estava interessado, vai contra tudo o que conhecemos da História dos reinos da peninsula.
Muitos monarcas se declararam imperadores, para frisar os seus direitos a governar toda a peninsula, pelo que afirmar que Filipe-II não queria juntar o reino de Portugal aos restantes, é no minimo mirabolante.
Não tem nada a ver com a riqueza do país propriamente dito.
Além disso, o que Portugal controlava,l era ainda extremamente valioso.
Rotas de comércio, que tinham de facto grande valor.
Achar que Filipe-II não estava interessado, é ridículo.
A tomada de Portugal foi difícil, porque a situação económica, especialmente da Coroa de Castela era muito complicada, entrando mesmo em bancarrota.
A debilidade populacional, também era um problema, o que levava a contratar alemães e italianos para lutar e a Coroa de Castela não tinha dinheiro para tudo.
Portugal representava, como sempre representou um problema para a Coroa de Castela ou para a Espanha, por causa da sua política de alianças, que sempre teve como objectivo ajudar a garantir a independência.
Que grande novidade, afirmar que Portugal passou para a órbita dos Habsburgos, para impedir o funcionamento dessa política de alianças.
Este autor, cai também no erro tradicional de considerar a Espanha como um todo, quando na realidade nunca o foi.
No final, o senhor escritor não fez o trabalho de casa e demonstrou a visão anglo-saxonica da História, que é extremamente fechada e pouco lúcida no que respeita à peninsula ibérica. A jornalista que falou com ele, não soube - provavelmente por falta de conhecimentos - desmontar os argumentos, entender as mentiras do senhor inglês, para perceber que ele quer vender livros, e nada mais.
[1] Os valores apresentados são as estimativas mais elevadas. Segundo um estudo publicado pela revista História Moderna i Contemporanea, da Universidade Autónoma de Barcelona, em 1592 a população total de Castela + Aragão + Navarra era de aproximadamente 6.500.000 de habitantes, ou seja, pouco mais de metade do valor que é referido no texto.
Cumprimentos