Notícias do Exército Português

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Trafaria

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Re: Notícias do Exército Português
« Responder #1050 em: Agosto 27, 2014, 01:54:31 pm »
Citação de: "Lightning"
Eu também preferia idealmente que fossem só militares a fazer a segurança às instalações militares, mas qual é o objetivo final das Forças Armadas? Eu penso que seja ter unidades operacionais. Se o Exército tiver 20 quarteis e cada quartel tiver um pelotão de guarnição a fazer segurança mas depois falta-lhe efetivo para completar os Batalhões de Infantaria para ir em missões, eu se tiver que escolher prefiro ter o tal Batalhão equipado e pronto do que os 20 pelotões a fazer segurança.
As forças armadas têm objectivos, todos válidos e respeitáveis; não têm um objectivo. Não podemos relativizar tudo, se um quartel abdica disto, um ramo daquilo, passaremos em pouco tempo a ficar sem objectivo nenhum.
Penso excatamente que a segurança dos quartéis deve ser feita pelo pessoal das companhias/batalhões operacionais, sempre assim foi, sempre foram estes que garantiram as escalas da guarda, reforço e piquete.
O pessoal das CCS têm as suas proprias escalas, de condutor de dia, de corneteiro, electricista, etc...

Ainda aqui há dias um capitão, actualmente a comandar uma companhia de infantaria, filho de um colega meu, se lamentava que uma das suas maiores dificuldades era arranjar actividades para manter aquela gente ocupada, longe do bar e da jogatana. Mas o regimento dele nao tem nem sequer sentinela à porta, porquê? Enfim....

Nada tenho contra a segurança privada mesmo em instalações militares em situações especiais, como em estruturas desactivadas, que aguardem por ser vendidas ou que por outra razão qualquer seja importante evitar que se degradem, etc...

Mas um quartel guardado por civis para que os militares lá dentro possam trabalhar e dormir em segurança é anedótico. Desculpem!
::..Trafaria..::
 
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Crypter

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Re: Notícias do Exército Português
« Responder #1051 em: Agosto 27, 2014, 02:04:44 pm »
Citação de: "Trafaria"

Mas um quartel guardado por civis para que os militares lá dentro possam trabalhar e dormir em segurança é anedótico. Desculpem!


Ora!!!!
 

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raphael

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Re: Notícias do Exército Português
« Responder #1052 em: Agosto 27, 2014, 02:42:36 pm »
Devia haver por aí uma lista de unidades, órgãos que adoptaram esse sistema.
Tenho ideia que no MDN se passa isso, mas lá durante a noite ninguém dorme...já durante o dia...bom não vou comentar. O instituto geográfico do exército também à noite fica vazio. O bunker em oeiras é misto, temos a firma de segurança no controlo de acessos sempre com um militar presente e a segurança interna é também por militares. O bunker NATO na Fonte da Telha tem controlo de acessos mas a segurança penso que ainda é feita por FZ, não haverão muitos mais exemplos.
Mas já por si é caricato, o dinheiro gasto, o jogo de interesses à volta disso e a imagem das forças armadas sai por baixo, como é habitual. Obviamente que algum ex-militar (ou ainda militar) consultor de segurança numa qualquer firma de segurança beneficiou e influenciou decisões desse calibre não haja dúvidas.
Um abraço
Raphael
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Lightning

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Re: Notícias do Exército Português
« Responder #1053 em: Agosto 27, 2014, 07:05:36 pm »
Citação de: "Trafaria"
Penso excatamente que a segurança dos quartéis deve ser feita pelo pessoal das companhias/batalhões operacionais, sempre assim foi, sempre foram estes que garantiram as escalas da guarda, reforço e piquete.
O pessoal das CCS têm as suas proprias escalas, de condutor de dia, de corneteiro, electricista, etc...

Se é assim concordo.
 

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Trafaria

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Re: Notícias do Exército Português
« Responder #1054 em: Agosto 27, 2014, 08:23:07 pm »
No meu tempo era isso que acontecia, em todas as unidades, fossem elas grandes ou pequenas.
O pessoal das CAT (e similares) fazia a guarda, reforço e piquete, a que se lhe juntavam todos os das CCS que não estavam integrados numa escala de especialidade.
::..Trafaria..::
 

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CruzSilva

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Re: Notícias do Exército Português
« Responder #1055 em: Agosto 28, 2014, 10:04:57 am »
Pessoalmente concordo em absoluto com Trafaria. A utilização de elementos da privada para fazer segurança a instalações militares é no mínimo ridícula e anedótica.

A triste realidade é que as chefias (refiro-me aos Oficiais superiores e à tutela) mostram cada vez menos competência em resolver os problemas fulcrais das nossas FA. Os militares são os guardiões da pátria e da nação e independentemente da situação da segurança europeia ou mundial a prioridade deve ser sempre Portugal. Unidades operacionais para missões? Se o mínimo estiver garantido, nomeadamente esta questão da segurança dos quartéis, então acho que elas devem existir, caso contrário que se lixe a NATOUEONU. E relativamente a missões de resgateevacuação de portugueses no estrangeiro não é preciso uma grande força (números) para o fazer.

A questão que o Trafaria falou relativamente ao Capitão que se queixava de não ter trabalho para dar aos seus homens é a triste realidade da maioria das unidades do Exercito. Eu sei, porque quando fui militar senti isso na pele enquanto Sargento contratado. Não há nada para fazer porque o equipamento e as viaturas estão datadas ou danificadas e não existem verbas para reparar as mesmas ou comprar novas. Não há munições para praticar na carreira de tiro, combustível, sobressalentes, coletes ou capacetes de jeito, armas como a HK21 não se adequam ao combate dos dias de hoje, etc.  Lembro-me de proibir um Cabo de conduzir uma viatura porque a mesma estava em muito mau estado e não garantia as condições de segurança mínimas para os ocupantes. O pessoal anda todo desmotivado e os Oficiais e Sargentos têm dificuldade em manter o pessoal ocupado e evitar "fodões" da cadeia de comando porque o Soldado X ou o Cabo Y passa a vida encostado a beber minis. Fazer segurança ou manutenção ás unidades, assim como o treino físico, acaba por ser uma excelente maneira nos tempos que correm de manter a disciplina e aumentar a motivação dos nossos militares.
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Camuflage

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Re: Notícias do Exército Português
« Responder #1056 em: Agosto 29, 2014, 08:27:01 pm »
Mandem oficiais embora e cortem nas reformas douradas de muitos deles, certamente sobrará mais alguns milhões todos os anos para fazer face a algumas das necessidades. Dada a inversão da pirâmide, alguém tem que começar a sujeitar-se a fazer o que antes era do soldado, a bem ou mal, sendo que a porta da rua está sempre aberta, já chega de chefinhos e lordes por todo lado.
 
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Clausewitz

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Re: Notícias do Exército Português
« Responder #1057 em: Agosto 30, 2014, 03:54:47 am »
Citação de: "Lightning"
Eu também preferia idealmente que fossem só militares a fazer a segurança às instalações militares, mas qual é o objectivo final das Forças Armadas? Eu penso que seja ter unidades operacionais. Se o Exército tiver 20 quartéis e cada quartel tiver um pelotão de guarnição a fazer segurança mas depois falta-lhe efectivo para completar os Batalhões de Infantaria para ir em missões, eu se tiver que escolher prefiro ter o tal Batalhão equipado e pronto do que os 20 pelotões a fazer segurança.

Eu acho que toda esta discussão está mal centrada. O problema principal não é se a segurança deve ser feita por militares ou privados e se devemos ter unidades operacionais ou fazer a segurança das instalações. A questão é o Exército ter os tais 20 quartéis (na realidade são mais). E a segurança é só um dos problemas que essa dispersão territorial cria, por cada quartel da treta e por cada unidade fantasma há uma série de funções de comando e apoio que vêm atrelados e que sugam orçamento e pessoal. Faz algum sentido a quantidade de instalações militares num país e Exército do tamanho dos nossos?
Com a concentração das unidades e a utilização de equipamentos de segurança o pessoal que existe chegaria perfeitamente para realizar a segurança das instalações.

Citação de: "CruzSilva"
Os militares são os guardiões da pátria e da nação e independentemente da situação da segurança europeia ou mundial a prioridade deve ser sempre Portugal. Unidades operacionais para missões? Se o mínimo estiver garantido, nomeadamente esta questão da segurança dos quartéis, então acho que elas devem existir, caso contrário que se lixe a NATOUEONU.

Ou seja, se as necessidades de segurança das instalações do Exército não permitirem aprontar unidades operacionais, a função do Exército passa a ser vigiar os quartéis, ou seja, passa a ser servir-se a si próprio. Fala em guardiões da pátria e da nação e que a prioridade deve ser sempre Portugal, mas passa-lhe pela cabeça que numa situação em que nem sequer consiga aprontar os míseros contingentes que temos enviado para o estrangeiro o Exército consiga fazer face a alguma ameaça directa a Portugal? Disse que era ridículo seguranças privados a guardarem instalações militares, e eu concordo, mas um Exército cuja função principal é guardar quartéis é ainda mais ridículo e inadmissível.

Não queria fugir muito ao tema, mas gostava de comentar a sua visão sobre a participação de Portugal na segurança e organizações internacionais, porque acho que tem tanto de equivocado como de pensamento típico português.
A situação da segurança europeia ou mundial não é irrelevante para a situação de segurança de Portugal e para os seus interesses, sobretudo no mundo globalizado em que vivemos. As guerras nos Balcãs, em plena Europa e às portas da UE e com toda a situação de tráfico de armas, movimentos de refugiados e fortalecimento do fundamentalismo islâmico foram uma ameaça para Portugal também, independentemente de importantes considerações humanitárias. A pirataria é também uma ameaça para um país marítimo e fortemente dependente do comércio internacional. Existem inúmeras potenciais ameaças à nossa segurança e aos nossos interesses antes de quaisquer “Castelhanos” atravessarem a fronteira do Caia.

As missões no estrangeiro não são (ou não deveriam ser…) coisas que fazemos para agradar aos outros, porque somos obrigados ou porque queremos aparecer na fotografia. Acho que não devemos ser Maria-vai-com-todas e devemos privilegiar os nossos interesses mais directos e ter a nossa agenda. Mas Portugal aderiu de livre vontade e por interesse próprio à ONU/NATO/UE e portante faz parte dessas organizações, com os respectivos direitos e obrigações. Se não tem interesse em continuar deve sair. Estar dentro estando fora, aproveitar as vantagens e mandar os outros lixarem-se quando nos convém é um comportamento oportunista e rasteiro.
 
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night_runner

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Re: Notícias do Exército Português
« Responder #1058 em: Agosto 30, 2014, 09:14:19 pm »
Acho que começa a ser impossível sequer discutir/debater qualquer particularidade das FAs sem se falar do todo. E tenho a certeza que quer os politicos quer as chefias têm consciência que as decisões inevitáveis estão cada vez mais próximas de ter de ser tomadas. A bem das próprias FAs....


Cumprimentos
 

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CruzSilva

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Re: Notícias do Exército Português
« Responder #1059 em: Agosto 30, 2014, 11:32:01 pm »
Citação de: "Clausewitz"
Ou seja, se as necessidades de segurança das instalações do Exército não permitirem aprontar unidades operacionais, a função do Exército passa a ser vigiar os quartéis, ou seja, passa a ser servir-se a si próprio. Fala em guardiões da pátria e da nação e que a prioridade deve ser sempre Portugal, mas passa-lhe pela cabeça que numa situação em que nem sequer consiga aprontar os míseros contingentes que temos enviado para o estrangeiro o Exército consiga fazer face a alguma ameaça directa a Portugal? Disse que era ridículo seguranças privados a guardarem instalações militares, e eu concordo, mas um Exército cuja função principal é guardar quartéis é ainda mais ridículo e inadmissível.

E desde quando é  que falo em ameaça externa? As catástrofes naturais por exemplo são ameaças externas?

Você acha mesmo que seguranças privados são o tipo de profissionais que queremos a vigiar instalações militares? Eles servem empresas cujos os objectivos são apenas o lucro. Acho que a historia do nosso sector privado fala por si, com corrupção q.b. Se os nossos militares já traficam armas (ver caso dos Fuzileiros e Comandos) então e os seguranças privados? Armas, equipamento, informações, acessos a instalações militares sob vigilância privada? Mas isto tem algum jeito?

E eu nunca disse que a missão principal fosse guardar quartéis mas que deve ser algo que deve ser exclusivo dos nossos militares.

Citação de: "Clausewitz"
Não queria fugir muito ao tema, mas gostava de comentar a sua visão sobre a participação de Portugal na segurança e organizações internacionais, porque acho que tem tanto de equivocado como de pensamento típico português.
A situação da segurança europeia ou mundial não é irrelevante para a situação de segurança de Portugal e para os seus interesses, sobretudo no mundo globalizado em que vivemos. As guerras nos Balcãs, em plena Europa e às portas da UE e com toda a situação de tráfico de armas, movimentos de refugiados e fortalecimento do fundamentalismo islâmico foram uma ameaça para Portugal também, independentemente de importantes considerações humanitárias. A pirataria é também uma ameaça para um país marítimo e fortemente dependente do comércio internacional. Existem inúmeras potenciais ameaças à nossa segurança e aos nossos interesses antes de quaisquer “Castelhanos” atravessarem a fronteira do Caia.

Pensamento típico português? Mas você sabe o que está a dizer? O pensamento típico português é o que você vê actualmente Forças Armadas. O pensamento do show off. Ou seja, as chefias militares quando os nossos sucessivos governos pedem contingentes para o estrangeiro baixam as calças e lá arranjam um companhia para ir para o exterior. Mas a realidade é que o treino dessas mesmas unidades e o equipamento são sempre deficientes na fase inicial. Basta ver a nossa missão no Afeganistão com os nossos Comandos a patrulhar de boina e camuflado DPM que está orientado exclusivamente para áreas verdes. Depois de alguns anos de missão lá compraram coletes balísticos modernos e uniformes em camuflado para o deserto e mesmo esse não é o ideal para uma área como o Afeganistão. Ah e sabia que as nossas FND estão quase sempre em missão de reserva? Quando as chefias da ISAF começaram em pensar em usar a nossa FND para combate na linha da frente o nosso Ministro da Defesa borrou-se e disse que não por causa das baixas e das suas consequências politicas. Ou é ou não é. Ou estamos lá para participar activamente ou não vamos, estas FND acarretam muitos custos.

Citação de: "Clausewitz"
As missões no estrangeiro não são (ou não deveriam ser…) coisas que fazemos para agradar aos outros, porque somos obrigados ou porque queremos aparecer na fotografia. Acho que não devemos ser Maria-vai-com-todas e devemos privilegiar os nossos interesses mais directos e ter a nossa agenda. Mas Portugal aderiu de livre vontade e por interesse próprio à ONU/NATO/UE e portante faz parte dessas organizações, com os respectivos direitos e obrigações. Se não tem interesse em continuar deve sair. Estar dentro estando fora, aproveitar as vantagens e mandar os outros lixarem-se quando nos convém é um comportamento oportunista e rasteiro.

Esta é uma questão que deve ser abordada pelos nossos políticos. Quais as vantagens de pertencermos á ONUNATOUE? Qual deve ser o nosso papel nestas organizações? O que lhes demos e o que recebemos em troca? As nossas capacidades militares são suficientes?
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Clausewitz

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Re: Notícias do Exército Português
« Responder #1060 em: Agosto 31, 2014, 02:58:28 am »
CruzSilva, nunca escrevi que defendia que seguranças privados fizessem segurança de quartéis, bem pelo contrário, se ler a minha mensagem.
O que não pode acontecer é a necessidade de segurança às instalações levar à redução ou eliminação da operacionalidade do Exército. As duas coisas são e têm que ser compatíveis, desde que o Exército não continue a mudar tudo para não mudar nada.

O apoio em catástrofes naturais é uma missão importante do Exército, mas não é a razão da sua existência ou o seu factor de diferenciação e especificidade. Não é admissível manter um Exército que serve para guardar os seus quartéis e para apoio em catástrofes naturais. Se ficar reduzido a isso, a única coisa sensata a fazer é extinguir o Exército e reforçar a Protecção Civil e os Bombeiros.

Citação de: "CruzSilva"
Pensamento típico português? Mas você sabe o que está a dizer? O pensamento típico português é o que você vê actualmente Forças Armadas. O pensamento do show off. Ou seja, as chefias militares quando os nossos sucessivos governos pedem contingentes para o estrangeiro baixam as calças e lá arranjam um companhia para ir para o exterior. Mas a realidade é que o treino dessas mesmas unidades e o equipamento são sempre deficientes na fase inicial. Basta ver a nossa missão no Afeganistão com os nossos Comandos a patrulhar de boina e camuflado DPM que está orientado exclusivamente para áreas verdes. Depois de alguns anos de missão lá compraram coletes balísticos modernos e uniformes em camuflado para o deserto e mesmo esse não é o ideal para uma área como o Afeganistão. Ah e sabia que as nossas FND estão quase sempre em missão de reserva? Quando as chefias da ISAF começaram em pensar em usar a nossa FND para combate na linha da frente o nosso Ministro da Defesa borrou-se e disse que não por causa das baixas e das suas consequências politicas. Ou é ou não é. Ou estamos lá para participar activamente ou não vamos, estas FND acarretam muitos custos.


CruzSilva, eu estou perfeitamente consciente das lacunas das Forças Armadas e do improviso nas FND. Nada do que escreveu é novo para mim. A consequência que cada um de nós parece tirar disso é que é diferente. A sua opinião é mais ou menos que dadas as dificuldades deveríamos ficar restringidos ao território nacional, guardar os quartéis, apoiar a protecção civil em caso de catástrofe, etc. A minha opinião é que é inadmissível manter um Exército inoperacional e sem capacidade nenhuma de projecção, restrito a esse tipo de funções. Nesse caso deixaríamos de ter um Exército.

Sobre baixar as calcinhas eu vejo a questão numa perspectiva um pouco diferente. As chefias militares são é apanhadas com as calças na mão de cada vez que o Exército precisa de enviar uma companhia (1 companhia!) para o exterior, devido a um péssimo planeamento e definição de prioridades. Mesmo com todas as dificuldades financeiras e com as tutelas políticas fracas, havia a obrigação de estarmos melhor preparados do que temos estado.

Com que moral é que as chefias militares não baixariam as calças para mandar uma companhia para onde for, ao mesmo tempo que mantêm dezenas de instalações militares e inúmeras chafaricas espalhadas pelo país? Com que lata diriam que não iam porque não têm camuflados para deserto e coletes balísticos ao mesmo tempo que gastaram milhões na compra de carros de combate, que dificilmente servirão algum dia para alguma coisa? As lacunas que apontou relativas à missão no Afeganistão, e que poderíamos estender a todas as outras missões, são acima de tudo da responsabilidade do próprio Exército e a falta de verbas/homens são desculpas fáceis para mascarar interesses próprios/incompetências/resistência à mudança. Antes de pensar em recusar-se a cumprir missões, o Exército tem muito trabalhinho de casa por fazer.
 
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CruzSilva

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Re: Notícias do Exército Português
« Responder #1061 em: Agosto 31, 2014, 05:12:07 am »
Citação de: "Clausewitz"
Antes de pensar em recusar-se a cumprir missões, o Exército tem muito trabalhinho de casa por fazer.

Tenho que reconhecer que nesta única frase você acabou por dizer tudo. Voltemos (tentemos) então regressar ao assunto central deste tópico, as noticias do nosso Exercito.
"Homens fortes criam tempos fáceis e tempos fáceis criam homens fracos - homens fracos criam tempos difíceis e tempos difíceis criam homens fortes."
 

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typhonman

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Re: Notícias do Exército Português
« Responder #1062 em: Agosto 31, 2014, 03:27:20 pm »
Meus caros,

TODOS têm culpa:

-Temos unidades espalhadas pelo país a fartazana...

-Não há dinheiro para substituir o material mais antigo e comprar novo, assim como para uma actividade operacional digna desse nome.

-Há contratados que estão no café a dizer a boca cheia que se "fartam de não fazer nada", ou que "fizeram mais nas férias do que no quartel", (...) (.........)

A conta disto fartei-me de defender as FAº´s publicamente, agora quem quiser falar mal, que fale, pois eu não me oponho....

-Compram-se 37 carros de Combate, mas andamos de G-3 e coletes balísticos do século passado;visão nocturna é a pobre...

-O paulo portas queria comprar 10 Blackhawks para o Exército, mas as chefias queriam NH-90, agora nem uns nem outros...

-Andamos sempre com as calças na mão quando a coisa aperta, e não tenham duvidas que se apertar de novo, o único ramo que pode dar alguma resposta é a FA com os F-16MLU e P-3C ou a Marinha com as KD e os U-209.


....
 
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nelson38899

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Re: Notícias do Exército Português
« Responder #1063 em: Agosto 31, 2014, 10:17:20 pm »
Citação de: "typhonman"
Meus caros,

TODOS têm culpa:

-Temos unidades espalhadas pelo país a fartazana...

-Não há dinheiro para substituir o material mais antigo e comprar novo, assim como para uma actividade operacional digna desse nome.

-Há contratados que estão no café a dizer a boca cheia que se "fartam de não fazer nada", ou que "fizeram mais nas férias do que no quartel", (...) (.........)

A conta disto fartei-me de defender as FAº´s publicamente, agora quem quiser falar mal, que fale, pois eu não me oponho....

-Compram-se 37 carros de Combate, mas andamos de G-3 e coletes balísticos do século passado;visão nocturna é a pobre...

-O paulo portas queria comprar 10 Blackhawks para o Exército, mas as chefias queriam NH-90, agora nem uns nem outros...

-Andamos sempre com as calças na mão quando a coisa aperta, e não tenham duvidas que se apertar de novo, o único ramo que pode dar alguma resposta é a FA com os F-16MLU e P-3C ou a Marinha com as KD e os U-209.


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Eu acho o mesmo, não percebo que vantagens existem em haver quartéis vazios. Se o problema é dar trabalho aos majores e tenentes coronéis, há sempre uma solução, porque não os pôr a comandar pandures e leos em vez de serem os capitães ou sargentos.
"Que todo o mundo seja «Portugal», isto é, que no mundo toda a gente se comporte como têm comportado os portugueses na história"
Agostinho da Silva
 

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HSMW

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Re: Notícias do Exército Português
« Responder #1064 em: Agosto 31, 2014, 10:48:01 pm »
Porque cada posto tem funções especificas. Queres colocar um juiz ou um policia a servir almoços na cantina de uma escola?
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