Apetece-me gritar bem alto, FO...

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Re: Apetece-me gritar bem alto, FO...
« Responder #3780 em: Dezembro 19, 2025, 07:18:25 pm »


Mais um chegano de certeza
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 
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miguelbud

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Re: Apetece-me gritar bem alto, FO...
« Responder #3781 em: Dezembro 19, 2025, 09:14:13 pm »
Quando for o Ramadao, nao vao servir refeiçoes.
 

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Re: Apetece-me gritar bem alto, FO...
« Responder #3782 em: Dezembro 20, 2025, 12:03:19 pm »
Quando for o Ramadao, nao vao servir refeiçoes.

A brincar a brincar
"[Os portugueses são]um povo tão dócil e tão bem amestrado que até merecia estar no Jardim Zoológico"
-Dom Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas
 

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HSMW

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Re: Apetece-me gritar bem alto, FO...
« Responder #3783 em: Dezembro 20, 2025, 02:46:38 pm »
"Está tudo bem. Isso sempre aconteceu..."
https://www.youtube.com/user/HSMW/videos

"Tudo pela Nação, nada contra a Nação."
 
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Re: Apetece-me gritar bem alto, FO...
« Responder #3784 em: Hoje às 10:37:02 am »
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Cresci sem Natal. Nunca pedi que o apagassem

Quando a escola confunde inclusão com neutralização simbólica, perde-se mais do que um cenário: perde-se a capacidade de lidar com a diferença.

Foi com estupefacção e alguma apreensão que li a notícia da retirada dos cenários de Natal que serviriam como fundo para as fotografias escolares, tão características desta altura do ano. A decisão da direcção do Agrupamento José Maria dos Santos, em Pinhal Novo, parece ter sido motivada pelo cumprimento do “objectivo de garantir que todos os alunos fossem tratados igualmente, independentemente de celebrarem ou não a quadra natalícia”.

De acordo com as notícias veiculadas, a directora Maria Pena terá explicado que “nem todas as famílias assinalam o Natal por razões culturais, religiosas ou pessoais e que, nesse sentido, a opção por um fundo neutro procurou criar um ambiente inclusivo para todas as crianças”.

Quando li isto, fiquei, como por vezes me acontece, a digerir a notícia em silêncio. Há temas que não pedem uma reacção rápida, mas reflexão. Este foi um deles.

O desconforto que senti não vinha de uma posição ideológica nem de um reflexo cultural. Vinha de um lugar mais profundo. Vinha da memória.

É que eu cresci sem poder festejar o Natal.

Digo isto hoje com alguma distância emocional, mas durante muitos anos foi uma frase carregada de tensão. Cresci num contexto religioso onde o Natal não era apenas ignorado — era activamente rejeitado como algo errado. Não se celebrava. Era apresentado como algo do qual nos devíamos manter afastados, enquanto “verdadeiros cristãos”.

Enquanto os meus colegas ficavam num frenesim com a expectativa da noite de Natal e com os presentes que iriam receber, eu aprendia a sorrir e a dizer que “não celebrava, porque o Natal era de origem pagã”. Não porque tivesse pensado seriamente sobre isso, mas porque me tinham ensinado assim. Tinha já o discurso interiorizado e assumia com convicção essa rejeição que, a princípio, foi imposta e depois passou a fazer parte de mim, com o ritual anual de explicações a colegas e professores.

Aprendi assim, desde muito cedo — na realidade, desde que me lembro como pessoa — a normalizar a ausência. Apesar de gostar do espírito natalício, convencia-me a mim mesmo de que não fazia falta. Via o mundo à minha volta a celebrar algo que para mim, não passava de uma celebração sem base bíblica. Um resquício do paganismo romano.

Hoje reconheço isso como uma aprendizagem eficaz: quando se convence uma criança de que aquilo que lhe falta não tem valor, ela deixa de reclamar. Mas acaba por pagar um preço silencioso. Um preço que só se revela mais tarde.

Lembro-me bem de como eram vividos os dias escolares quando o Natal se aproximava a passos largos. Dos trabalhos manuais com motivos natalícios. Das conversas antes das férias. Lembro-me da excitação dos outros e do meu esforço constante para parecer indiferente. Eu estava presente, mas sempre à margem. Pedia sempre aos professores para fazer outro tipo de trabalhos, qualquer coisa que não tivesse a ver com o Natal. E sempre fui respeitado nesse pedido, mesmo, por vezes, a contragosto.

E, curiosamente, nunca senti que o problema fossem os outros celebrarem. Nunca me passou pela cabeça pedir que deixassem de o fazer por minha causa. Nunca senti que a existência dessas actividades fosse um ataque pessoal. A escola respeitava a minha posição religiosa, sem quaisquer dramatismos e sem discursos inclusivos. Sem ressentimentos. Ninguém se sentia atacado. Ninguém se sentia silenciado. E isto importa dizê-lo com clareza: nunca vi uma escola anular actividades de Natal para satisfazer a sensibilidade da minoria de alunos que não celebrava, incluindo eu.

Vivíamos com isso. Crescíamos com isso. Aprendíamos todos a coexistir.

É por isso que olho para esta decisão com bastante perplexidade. Aquilo que antes se resolvia com bom senso, diálogo e alguma maturidade, parece hoje exigir soluções automáticas, quase administrativas.

E qual a solução encontrada? Em nome da inclusão, apaga-se. Em nome do respeito, neutraliza-se. Em nome de ninguém se sentir diferente, retira-se significado ao espaço comum e aos rituais simbólicos.

Mas posso dizê-lo com a autoridade de quem viveu a diferença por experiência própria: não é assim que a inclusão devia acontecer.

Enquanto criança que não celebrava o Natal, nunca me sentiria mais protegido se os outros deixassem de o celebrar. Pelo contrário. O que mais me isolava era perceber que havia algo vivo, alegre, carregado de memória e sentimento e que eu estava proibido de participar.

O problema nunca foi o Natal dos outros. O problema foi a forma como me ensinaram a olhar para ele: como algo errado, corrupto e negativo.

Não vejo uma fotografia escolar com um cenário de Natal como uma catequese. Não é uma doutrinação religiosa. É um retrato do tempo. Um fragmento de infância. Um pedaço de memória que muitos guardam durante décadas, não pelo símbolo em si, mas pelo que transporta: afecto, contexto, pertença.

Num país como Portugal, o Natal é também isto — um tempo que estrutura memórias, relações e histórias familiares, independentemente da fé de cada um.

Quando se substitui isso por um fundo neutro, não se está a proteger ninguém. Está-se a transmitir uma mensagem silenciosa às crianças: para não incomodar, é melhor não significar nada. E essa é uma aprendizagem bastante pobre, sobretudo numa fase da vida em que o sentido, o símbolo e a pertença são fundamentais para o desenvolvimento emocional.

Há ainda outro aspecto raramente discutido. Ao retirar símbolos para evitar o desconforto, ensina-se às crianças que a diferença é algo a eliminar, não a compreender. Que o conflito saudável deve ser evitado, não trabalhado. Que o mundo só é seguro quando é reduzido ao mínimo comum. Que, para se agradar a todos, deve existir a anulação do indivíduo e da sua matriz cultural. Essa é uma lição perigosa.

Ao longo da vida, vi esta lógica repetir-se noutros contextos. Sempre que uma comunidade acredita que a paz se constrói pela eliminação do que incomoda, acaba por criar ambientes cada vez mais estreitos. Menos curiosos. Menos humanos. O espaço encolhe. O pensamento encolhe. A possibilidade de escolha encolhe. A liberdade tende a desaparecer.

O que verdadeiramente me inquieta em toda esta história não é a ausência de um cenário de Natal numa fotografia escolar. É o gesto que ele representa. Quando uma comunidade começa a acreditar que a melhor forma de lidar com a diferença é retirar símbolos, calar práticas e reduzir o mundo ao mínimo denominador comum, algo essencial se perde. Não se está a ensinar a conviver — está-se a ensinar a eliminar a diferença.

Eu, que cresci num ambiente onde o mundo era constantemente reduzido para caber dentro dos limites estreitos da visão ideológica do grupo, sei onde isso conduz.

Uma escola não devia ensinar as crianças a viver num espaço cada vez mais vazio, mas a aprender a habitar um mundo diverso sem medo. A perceber que é possível não participar sem exigir que os outros deixem de existir. Que é possível discordar sem apagar. Que é possível viver juntos sem nos anularmos.

Talvez o verdadeiro desafio não seja proteger as crianças do desconforto, mas ensiná-las a lidar com ele. Ensinar que o mundo é plural. Que nem tudo gira à nossa volta. Que a maturidade começa quando deixamos de exigir que o mundo mude para nos acomodar.

Eu aprendi a viver sem Natal.
O que nunca aprendi, nem quis aprender, foi a pedir que o apagassem.

Um Feliz Natal a todos os leitores.

https://observador.pt/opiniao/cresci-sem-natal-nunca-pedi-que-o-apagassem/
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MMaria

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Re: Apetece-me gritar bem alto, FO...
« Responder #3785 em: Hoje às 01:50:05 pm »
Na verdade não passa de um choque 'religioso': o ateísmo buenista europeu consegue indispor-se com a religiosidade judaico-cristã-muçulmana.

 ::)
« Última modificação: Hoje às 01:50:35 pm por MMaria »
Não vim para somar e sim para dividir
JC

Eu não vim para explicar, eu vim para confundir
Chacrinha
 

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Re: Apetece-me gritar bem alto, FO...
« Responder #3786 em: Hoje às 01:55:13 pm »
Mais uma opinião acerca da "proibição" do Natal



Diga-se em abono da verdade, que os "inclusivos" são os maiores semeadores de ódios e divisões na sociedade.
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