Acho que não haverá ninguém que se possa legitimamente queixar por lhe aparecerem lá na empresa candidatos ao emprego com o 12º ano ao invés do 6º ou 9º ano de escolaridade. Mais conhecimento (ainda que apenas conhecimento geral) não faz de ninguém um pior trabalhador, muito antes pelo contrário.
As empresas fixaram o 12º ano por 2 motivos:
1º Para filtrar candidatos pois são imensos sobretudo nas profissões que não requerem conhecimentos aprofundados em nada;
2º Porque a lei actualmente já obriga as pessoas a terem 12 anos de escolaridade.
Eu quero uma escola que me ensine a ser apto para a vida, não quero escolas que sejam repositórios de putos porque os pais estão demasiado ocupados. E o que é uma escola que ensina para a vida? É aquela que nos prepara profissionalmente, que nos ensina a preencher a porra do IRS, a fazer um CV, primeiros socorros, a cozinhar etc. Sim porque naquele ensino de horror que está no top dos rankings de educação (Finlândia) essas aptidões são ensinadas!
Eu se quiser cultura geral vou à internet, biblioteca ou compro livros, não preciso da escola para isso.
O problema está que antigamente as empresas não viviam de subsídios. Um patrão que queria ganhar dinheiro de forma sustentada tinha que investir em trabalhadores, dar-lhes formação adequada, e pagar-lhes o justo para que os mesmo não quisessem trocar de empresa. É assim que acontece na Alemanha, no Reino Unido, na França, etc.
As empresas devem dar formação em áreas pontuais que respeita a algo muito especializado ou procedimentos internos, não são as empresas que devem dar cursos de mecânico, serralheiro, contabilista etc.
Em Portugal infelizmente os empresários vão pelo caminho fácil. Preferem abrir uma empresa que dê lucro rápido, se possível à conta de subsídios, e que quando começa a dar prejuízo acumular dividas até à inevitável falência, deixando muitas vezes os trabalhadores com vários meses de salários em atraso.
Noutro país qualquer o patrão via todos os seus bens serem arrestados por forma a pagar as dividas, em Portugal isso não acontece e os patrões safam-se quase sempre mesmo deixando na miséria dezenas ou centenas de pessoas.
Este sim é o mal de Portugal. Não o excesso de estudos, antes fosse...
A maioria dos patrões tem em média o 9º ano, não seria de esperar muito mais e grande parte do tecido empresarial nacional são as PME's. No entanto pergunto: então essa gente com o 12º ano rica em conhecimentos de cultura geral, porque não abre a sua própria empresa? Qualquer um se pode candidatar aos fundos nacionais e comunitários para constituição de empresa, mas a maioria não o faz, quer trabalhar para terceiros! Terceiros que tu e outros tanto criticam, mas criam postos de trabalho.
Esta mentalidade de trabalhar para terceiros demonstra a má preparação das pessoas para o mundo do trabalho, passam 12 anos a serem entretidos e a maioria é incapaz de ser trabalhador por conta própria ou empresário porque simplesmente não é dotado de conhecimentos como: gestão, contabilidade, finanças ou direito, em vez disso sabe tudo sobre os Maias, Lusíadas, equações, matrizes, psicologia, filosofia etc. Ah rica cultura geral, pena não servir para nada nem para encher a barriga!
Em vez de se demonizar os patrões, vamos incitar mais gente a criar empresas, incitar à fiscalização e celeridade da justiça. Se calhar teríamos menos desempregados, por outro lado a malta parece esquecer que o mercado pode não ter capacidade para absorção de toda a gente (nenhum mercado tem, haverá sempre desemprego).
Eu concentraria tudo o que foi dito na seguinte afirmação:
Enquanto for possível a um patrão ter uma empresa lucrativa sem que a mesma seja productiva não podemos esperar uma evolução séria do trabalho e da economia em Portugal.
Não percebo o que significa.