Fundação do PSOE demite coautor do estudo do FMI sobre PortugalA Fundação Ideas, vinculada ao PSOE, demitiu Carlos Mulas Granados, diretor da instituição e um dos coautores do relatório do Fundo Monetário Internacional sobre Portugal (FMI) - no qual são feitas sugestões para a reforma do Estado e para o corte de 4 mil milhões de euros - depois de comprovar que recebeu trabalhos e assinou com um pseudónimo.A fundação Ideas, presidida por Alfredo Perez Rubalcaba (líder do PSOE), justifica a decisão com o facto de ter verificado “as informações que apontavam a falsa autoria de um conjunto de trabalhos pagos pela fundação a quem assinava com o nome de Amy Martin”.
O comunicado, assinado pelo vice-presidente da instituição, considera que a atuação de Carlos Mulas Granados “é inconcebível, tanto pela sua solvência intelectual e excelente currículo académico, como pelo facto de desde segunda-feira tem reiterado a sua versão sobre a autoria dos citados trabalhos”.
Jesús Caldera acrescenta ainda que a instituição estuda eventuais ações legais contra Granados e que este caso representa “uma gravíssima quebra de confiança naquele que foi até agora diretor da Ideas”.
A instituição ordenou “uma investigação imediata e exaustiva” sobre a gestão de Carlos Mulas Granados, tendo este de devolver à Fundação as quantias que recebeu em 2010 e 2011 em nome de Amy Martin - o pseudónimo que utilizava.
“A Fundação já entregou o caso aos seus advogados para estudarem as possíveis ações legais contra o senhor Mulas”, conclui o comunicado assinado por Jesús Caldera que ainda hoje poderá prestar mais esclarecimentos sobre este assunto.
Investigação do “El Mundo”A demissão de Carlos Mulas Granados surge na sequência de notícias publicadas pelo jornal espanhol “El Mundo” que acusaram a identidade falsa de Amy Martin, uma especialista que cobrava três mil euros por artigo e que escrevia sobre os mais diversos temas, mas com pontos de vista idênticos ao de Mulas.
A investigação do jornal chegou à conclusão de que Amy Martin cobrava 16 cêntimos por carácter escrito em espanhol e 10 em inglês. A analista política tinha marca e logótipo, que estavam registados por Carlos Mulas.
Carlos Mulas Granados inventou Amy Martin, uma suposta analista em assuntos globais que escrevia artigos pagos a preço de ouro para a Fundação Ideias. Tendo recebido cerca de 50 mil euros entre 2010 e 2011.
Quando confrontado pela investigação do diário espanhol, Mulas não reconheceu a fraude a afirmou ter-se cruzado “apenas uma vez com a autora a quem chegou a fornecer um e-mail e um número de telemóvel americano".
Carlos Mulas Granados, um dos coautores do estudo do FMI sobre Portugal, é professor de economia na universidade Complutense em Madrid, é membro do PSOE e foi assessor económico do governo de José Luís Zapatero. Em 2012, lançou na rede social, Twitter, uma campanha contra a austeridade.
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